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Crises fianceiras e caso backer

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Crises fianceiras
Introdução
	Crises financeiras são muito comuns no mercado financeiro, em se tratando de empresas. E dentre os principais motivos para isso acontecer, está os aspectos financeiros das empresas.
Dentre exemplos que podemos destacar de empresas que passaram por esse obstáculo de crise, e que iremos analisar neste parecer, são as empresas em todo país afetadas pelo Covid-19 e a consequente pandemia mundial, e a cervejaria Backer, originária de Belo Horizonte/MG, que por uma intoxição causada por seus produtos, a empresa foi condenada judicialmente a prática de vários crimes, tendo seu patrimônio sido bloqueado para satisfação das execuções sofridas, afetando sua economia. 
Desenvolvimento
Como já é sabido, o Covid-19 afetou de forma drástica a população mundial, causando milhares de mortes, além de ter abalado a economia em todo o globo, devido a rápida contaminação e agravamento das doenças por ele causadas, obrigando grande parte das empresas a paralisarem suas produções e seus negócios, com a imposição do isolamento social, necessário para a contenção do vírus. 
Com isso, o impacto não poderia ser outro nas empresas em todo o mundo a não ser a crise financeira enfrentada por elas, se agravando especialmente no Brasil, conforme publicação datada de 03/04/2020 do site “Exame”, intitulada “Como está o caixa das empresas abertas para sobreviver à pandemia”, na qual expõe que o coronavírus surgiu quando as empresas daqui ainda estavam se recuperando da crise econômica de 2016.
A publicação ainda deixa claro os impactos econômicos e financeiros nas empresas de capital aberto na Bolsa de Valores, das quais 23,3%, após um mês da decretação de isolamento social, ficariam com caixa negativo, no segundo mês esse percentual aumentaria para 37,1% e já no terceiro mês após a implantação daquela medida, 48,6% das empresas pesquisadas fechariam o mês em vermelho, sendo que setores mais sensíveis do mercado a sofrerem esses impactos são os de automóveis e motocicletas, construção e engenharia, embalagens, materiais diversos e químicos.
Quanto as empresas fechadas, familiares ou pequenos negócios, a referida publicação alerta para um impacto ainda mais grave, uma vez que diferentemente das companhias abertas, aquelas não têm uma disponibilidade maior de capital para financiar suas operações, ameaçando a sobrevivência dos seus negócios, mesmo realizando adaptações como vendas onlines, demonstrando os números estes impactos causados:
A pesquisa, feita entre os dias 20 e 23 de março, junto com um universo de 9.105 donos de pequenos negócios, revelou que, na média, a redução no faturamento das empresas foi de 69%. Os empresários ouvidos pelo Sebrae ressaltam que, mesmo adotando uma estratégia de venda online, o faturamento anual do negócio sofreria queda de 74%, caso as políticas de isolamento social sejam mantidas por um período de dois meses. 
	A empresa Backer não é diferente quanto ao seu abalo econômico sofrido, porém neste caso além das questões financeiras envolvidas, também está em pauta questões criminais cometidas pelos funcionários da empresa, uma vez que houve intoxicação dos consumidores por substâncias tóxicas encontradas nas cervejas comercializadas, ocasionando a morte de 10 pessoas e a contaminação de 29 vítimas.
	Dentre os referidos impactos econômicos sofridos está o bloqueio, pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, de R$ 50 milhões de reais sobre os bens da empresa para o pagamento de indenização das vítimas, além de, conforme publicação do dia 06/01/21, denominada “Cervejaria Backer”, encontrada no site Wikipedia: 
No dia 15 de fevereiro de 2020, a Cervejaria Backer teve todos os bens bloqueados para fins de pagamento de despesas médicas e indenizações para as vítimas. Dias depois, a Justiça de Minas Gerais determinou também o bloqueio de todos os bens da Empreendimentos Khalil Ltda, cujos sócios eram os irmãos Munir Franco Khalil Lebbos e Hayan Franco Khalil Lebbos, proprietários da Backer. A ação se deu após os dois deixarem a sociedade da Khalil Ltda. 
Resta claro que ambos os exemplos expostos acima, as empresas afetadas pelo Coronavírus e a empresa Backer, passaram por crises financeiras, se diferenciando, porém, no quesito de suas respectivas recuperações econômicas, uma vez que aquelas, por serem em sua maioria, pequenos negócios terão mais dificuldade de se recuperarem, o que não é o caso da cervejaria que, conforme pesquisas, é a responsável por mais da metade do faturamento do setor no estado de Minas Gerais, tendo na época de seu funcionamento, antes da intoxicação ocorrer e as investigações começarem, 650 empregados diretos e indiretos.
Diante desse cenário, à referida cervejaria não restará outra alternativa a não ser ajuizar o requerimento para Recuperação Judicial, ação prevista na Lei nº 11.101, de 09 de fevereiro de 2005, visto que se enquadrará em todos os requisitos necessários para o seu deferimento, previstos no artigo 48 da referida lei, sendo eles: 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
A referida ação tem como objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira da empresa, preservando sua função social e criando uma segurança jurídica para esta, bem como tem os mesmos objetivos a Recuperação Judicial Especial, prevista na Lei Complementar nº 126/2006, destinada a microempresas e empresas de pequeno porte, como se enquadram a grande maioria das empresas impactadas pelo Covid. 
Estas empresas poderão apresentar um plano especial de recuperação judicial, conforme artigo 71 da Lei nº 11.101/05, dispondo:
Art. 71. O plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo previsto no art. 53 desta Lei e limitar-se á às seguintes condições:
I - abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
II - preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas, acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, podendo conter ainda a proposta de abatimento do valor das dívidas; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
III – preverá o pagamento da 1ª (primeira) parcela no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial;
IV – estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.
Parágrafo único. O pedido de recuperação judicial com base em plano especial não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano.
Esses tipos de ações de recuperação podem dar bons resultados, como é o exemplo da empresa Kepler Weber (KEPL3), que somava em 2006 dívidas no valor de R$ 500 milhões, sem nenhum capital de giro, devendo para os fornecedores e sem crédito, devido a companhia ter apostado em expansão em um momento errado no mercado, então foi ajuizada a recuperação judicial, pelaqual a companhia poucos dias depois conseguiu iniciar sua reestruturação. 
Sendo assim como exposto pelo artigo do infomoney: 
O acordo feito resultou na divisão da dívida em 3 partes: a primeira convertida pelos bancos em equity, a segunda, em debêntures, enquanto a última consistiu na entrada de dinheiro novo de acionistas. Isso fez com que a companhia conseguisse reestruturar o perfil de sua dívida, que passou a ser de longo prazo, com carência de 3 anos para a debênture, e preparasse terreno para um turnaround que tomou vulto rapidamente.
A reviravolta se consolidou com as novas políticas de austeridade da empresa, que, aliadas ao sucesso na reestruturação da dívida, fizeram com que o mercado passasse a acreditar mais na companhia, que começou a entregar resultados cada vez melhores, acompanhando de perto o movimento positivo do agronegócio brasileiro. Com duas altas anuais superiores a 10% nos lucros líquidos de 2011 e 2012 e uma alta acumulada de 140% na bolsa em 2013, a Kepler Weber prova que é possível dar a volta por cima e recuperar bons resultados. 
Já no tocante a possibilidade da aplicação da revisão dos contratos pactuados com os clientes destinatários finais e com as empresas fornecedoras de insumos, as referidas empresas afetas pelo coronavírus, diferentemente da Backer, poderão realizar tal ato, uma vez essa instabilidade econômico-financeira ocorreu de forma mundial, encontrando, essa revisão, fundamento na teoria da imprevisão, em que a onerosidade excessiva se caracteriza perante a ocorrência de fato superveniente à formação do contrato, extraordinário e imprevisível para os contratantes e que torne a prestação extremamente sacrificante para um deles e desproporcionalmente vantajosa para o outro.
Conclusão
Para ser aplicada, porém, a teoria da imprevisão, é crucial que haja a boa fé do contratante, o que não é encontrado no caso de intoxicação da empresa Backer, uma vez que se constatou que essa contaminação por substâncias tóxicas nas cervejas ocorria há pelo menos 1 ano antes das primeiras vítimas aparecerem, o que demonstra de forma cabal a má fé da empresa que não paralisou e suspendeu a venda de seus produtos.
Conclui-se que crises financeiras todas as empresas podem passar um dia, porém havendo boa fé e medidas judiciais eficazes, pode-se superar esse obstáculo.

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