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Antes de mais nada, a relação terapêutica na psicoterapia infantil é permeada, de acordo com Castro e Stürmer (2009), por três fatores específicos: A dependência de terceiros, O solicitante da psicoterapia e a Forma de comunicação. Antes de mais nada, precisamos compreender que a criança é dependente e influenciada por terceiros o tempo todo. Por serem legalmente menores e dependentes de suas famílias, sofrem, de forma mais aguda, a de terceiros, no vínculo psicoterápico (CASTRO; STÜRMER, 2009). Se na psicoterapia infantil, existem “terceiros” no processo, o sigilo é algo que deve ser levado em consideração. Quando se estabelece um “contrato terapêutico” com a criança, este também deve ser construído com os pais, principalmente em relação ao sigilo. Nesse sentido, a construção de um vínculo e uma aliança terapêutica é essencial, visto que, os pais precisam ter confiança e estar cientes que jamais poderemos detalhar palavra por palavra da sessão de seus filhos; bem como, as crianças precisam sentir que a psicoterapia é um para elas, e que para isso, existe o sigilo. O solicitante da psicoterapia normalmente não é a própria criança, o que torna o processo mais delicado. Geralmente, a busca do atendimento é realizada pelos adultos responsáveis, muitas vezes, mobilizados por indicações ou sugestão da escola ou de médicos (CASTRO; STÜRMER, 2009). Ou seja na maioria das vezes, nem a própria criança sabe o que está fazendo alí, e muitas vezes nem mesmo os pais sabem. Assim, é na construção do vínculo terapêutico, que cada um pode encontrar o seu papel nesse espaço. A criança e o adolescente, ainda não usam a palavra no mesmo nível que o adulto, eles não sentam e conversam sobre seus problemas. Normalmente, utilizam outras formas comunicativas. No caso de crianças, a forma mais comunicativa sempre será o brincar (CASTRO; STÜRMER, 2009). Não significa, que na hora de A relação terapêutica desenvolvida na psicoterapia infantil, é singular em relação a outras formas de trabalhar a psicoterapia. Peculiaridades envolvem essas faixas etárias e diferenciam os tratamentos dos de adultos (CASTRO; STÜRMER, 2009). trabalhar com elas, vamos observar cada brinquedo e cada gesto, meticulosamente, mas sim compreender os fins terapêuticos desse brincar. Ou seja, dependendo da abordagem, as técnicas são as mesmas, mas não existe um molde e um manual de instruções, a psicoterapia infantil, é uma caixinha de surpresas. A relação terapêutica é um vínculo genuíno, com características próprias e diferente dos relacionamentos comuns da vida do paciente (CASTRO; STÜRMER, 2009). Essa relação se difere das demais relações da criança, em alguns pontos principais: A relação com a criança vai sendo construída no vínculo, baseada na funcionalidade terapêutica do vínculo estabelecido a partir de um contrato e de uma que é formada (CASTRO; STÜRMER, 2009). Diferente de outras relações, essa relação terapêutica, se dá em um espaço específico onde ocorrem os encontros. O paciente irá sempre no mesmo consultório, mesmo horário, nos mesmos dias etc... então não é algo sem finalidade como visitar a casa de uma tia no final de semana (CASTRO; STÜRMER, 2009). Essa relação é construída de forma assimétrica, com papéis e funções diferenciadas para paciente e psicoterapeuta, algo que precisa ser acordado com os pais também. O psicoterapeuta, estará disponível para ouvir e interagir com a criança ou adolescente, mas, por outro lado, a sua vida pessoal e emocional não é dividida com o paciente (CASTRO; STÜRMER, 2009). Ou seja, não é tão recíproca quanto outras relações, essa relação é construída, com base na Aliança terapêutica com os responsáveis e com as próprias crianças, sem essa aliança, dificilmente o processo poderá continuar. A questão do sigilo, também está ligada a essa aliança. É algo que é explicado e de certa forma, “combinado” com os pais e com a criança, desde o início do processo. Devemos trazer a compreensão para ambos, de que a relação possui um sigilo, e este não deve ser quebrado (apenas em casos específicos etc...). A construção da aliança terapêutica, também implica no contrato terapêutico firmado com os pais e com as crianças, no qual são explicitadas as combinações e a formalização do vínculo terapêutico (CASTRO; STÜRMER, 2009). Nesse contrato, são explicitados as normas e os acordos dessa , que precisa de certas “regras” para funcionar. O espaço é da criança, mas isso não significa que não existem limites. Eles deverão se responsabilizar pela cooperação, manter as condições externas de levar, buscar e cumprir horários das sessões, estando assim, disponíveis sempre que necessário (para as sessões com os pais que devem ser combinadas), além de se responsabilizarem financeiramente pelos honorários e respeitarem o sigilo do processo (CASTRO; STÜRMER, 2009). Com a criança ou com o adolescente combina-se sobre a frequência e duração das sessões, faltas, férias, enfatiza-se a questão do sigilo e confidencialidade dos dados das sessões, explica-se o que é a terapia.... (CASTRO; STÜRMER, 2009). Sem esse estabelecimento, dificilmente o vínculo pode ser construído, e sem um vínculo, Como já foi mencionado, a psicoterapia infantil, tem como uma de suas particularidades a participação de terceiros no processo, o que pode, muitas vezes, abrir brechas para uma confusão quanto a diferença da psicoterapia da criança onde os pais participam ativamente e são necessários e uma psicoterapia familiar. Quando chamamos a mãe, o pai etc... para conversar nas sessões, não somos os terapeutas deles no momento, mas sim de seu filho. Chamar os pais para a sessão precisa ter um objetivo definido, ou seja, um objetivo terapêutico baseado na criança que está em psicoterapia. Ela é definida como uma relação positiva e estável entre terapeuta e paciente, que permite levar a cabo uma psicoterapia. Esse processo, foi instituído primeiramente por Freud (CARVALHO; FIORINI; RAMIRES, 2015). Essa aliança é a confiança que é construída sobre o processo terapêutico tanto com os pais, quanto com as próprias crianças, ou seja, não é por que foi incialmente instituído por por Freud, que outras formas de atuação não possam trabalhar com a construção desse vínculo e da aliança de outras formas. Frente a psicoterapia, nos deparamos com as nossas expectativas, e com as expectativas dos pais. Nesse processo precisamos lidar com as frustrações decorrentes dos planos que fazemos para a sessão e que de uma hora para outra podem ir por água a baixo. Diante dessas situações nos questionamos a respeito de: O manejo dessas situações, dependerá do posicionamento e da construção de confiança que o psicoterapeuta tem com a criança desde o princípio. A psicoterapia infantil, como já foi mencionado, também está vinculada a uma espécie de expectativa e ansiedade por parte dos pais ou responsáveis daquelas crianças. Sabe-se que o primeiro contato realizado, raramente parte das crianças, essa atitude pode revelar muito do que esse pai espera da terapia. Por um lado, muitos enxergam o processo terapêutico como uma “cura” mágica para o seu filho, ou como uma forma de controla-lo, como se a terapia fosse um curso de etiqueta para crianças “problemáticas”. Podemos escutar discursos como: Diante dessas falas precisamos manter uma postura de neutralidade, não vamos “dar uma lição de moral” nesses pais, sobre o que é a terapia, mas vamos trabalhar aos poucos a psicoeducação sobre o seu filho e a psicoterapia. Os objetivos da terapia, não são: atender ao desejo dos pais, adaptar à criança e “normalizar” seu comportamento, e muito menos apenas a remissão dos sintomas (é algo importante principalmente paraabordagens como a TCC, mas não é o único foco). A TCC infantil tem cada vez mais favorecido o relato verbal da criança e atribuído força à relação de interação entre terapeuta e paciente, assim, exige do terapeuta diferentes manejos para fazer a criança verbalizar ou expressar suas emoções, como: desenhos, atividades de role-play, jogos, livros, baralho das emoções entre outros. Além disso, a relação terapêutica desenvolvida tanto com os pais quanto com a criança também é fundamental no manejo da TCC na psicoterapia infantil (RIBEIRO; GOMES, 2020). CASTRO, Maria da Graça Kern; STÜRMER, Anie. Crianças e adolescentes em psicoterapia: a abordagem psicanalítica. Artmed Editora, 2009. CARVALHO, Cibele; FIORINI, Guilherme Pacheco; RAMIRES, Vera Regina Röhnelt. Aliança terapêutica na psicoterapia de crianças: uma revisão sistemática. Psico (Porto Alegre), Porto Alegre , v. 46, n. 4, p. 503-512, dez. 2015 . RIBEIRO, Eliane Gusmão; GOMES, Ana Maria. Estudo de Caso Clínico: Avaliação Clínica Psicológica Infantil com Enfoco na Terapia Cognitivo-Comportamental-TCC. Revista Enfermagem e Saúde Coletiva-REVESC, v. 3, n. 2, p. 27-39, 2020.
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