RELATÓRIO DE ESTÁGIO I (ADAPTADO COVID)

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
CURSO: BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL	
RANIERI HELENA GONÇALVES OVÍDIO
	RELATÓRIO SOCIOINSTITUCIONAL DESENVOLVIDO 			SOBRE O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL III
Santa Luzia - Minas Gerais
2021
RANIERI HELENA GONÇALVES OVÍDIO
RELATÓRIO SOCIOINSTITUCIONAL DESENVOLVIDO 
SOBRE O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL III
Trabalho apresentado ao Curso de Serviço Social da Universidade Unopar, para a disciplina de Estágio Curricular Obrigatório I.
Santa Luzia - Minas Gerais
2021
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ………………………………………………………………....…… 4
2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA INSTITUIÇÃO ……………………… 5
2.1. Identificação da Instituição …………………………………….……………………… 5
2.2. Estrutura Organizacional …………………………..……………………………………6
3. OBJETIVO INSTITUCIONAL ………………………………………………….….. 6
3.1. Natureza dos Programas e Projetos…………………………………………… ...…….6
3.2. Política Social…………………………………………………………………...……...7
3.3. Recursos Financeiros…………………………………………………………………..7
4. ÂMBITO INSTITUCIONAL ………………………………………………… ... …. 7
4.1. Caracterização da População……………………………………………………....…...7
4.2. Processo Decisório……………………………………………………………….…….8
4.3. Relação Demanda/Cobertura do Atendimento……………………………………….….8
4.4. Serviço Social na Instituição……………………………………………………….…....8
4.5. Cotidiano do Exercício Profissional………………………………………………..…….8
4.6. Relação Profissional de Trabalho com os Demais Atores Institucionais…………………...9
4.7. Dimensão Ético Política……………………………………………………………..…..9
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ………………………………………………….. 10	
1. INTRODUÇÃO
No presente relatório será abordado através do estudo da disciplina Estágio em Serviço Social I, a contextualização histórica, objetivo e âmbito institucional do Centro de Atenção Psicossocial III, baseado ademais em pesquisas e entrevista via email com a coordenadora, Janette Brito de Oliveira, responsável pelo CAPS III “Maria José Sabarense”, localizado no município de Santa Luzia - Minas Gerais.
	O estágio supervisionado busca agregar conhecimento ao discente por meio da práxis, sendo de suma importância para a formação do mesmo. Mediante a práxis, obtêm-se um complemento ao ensino e benefícios ao vivenciar situações reais do cotidiano do assistente social, possibilitando uma formação completa e eficiente, conferindo ao mercado de trabalho um profissional de excelência.
	A reforma psiquiátrica tem em principal pauta o tratamento humanizado do usuário e o CAPS compartilha da mesma filosofia, a médica psiquiatra Nise da Silveira, afirma que “aquilo que se impõe a psiquiatria é uma verdadeira mutação, tendo por princípio a abolição total dos métodos agressivos, do regime carcerário, e a mudança de atitude face ao indivíduo, que deixará de ser paciente para adquirir a condição de pessoa, com direito a ser respeitada.”
	
2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA INSTITUIÇÃO
2.1. Identificação da Instituição
O CAPS surge em 1992 por meio da Portaria/SNAS nº224 - 29 de Janeiro de 1992, a partir de uma idealização da Reforma Psiquiátrica por um atendimento humanizado, garantia de cidadania e respeito aos direitos sociais e individuais para pacientes em tratamento de doenças mentais e a substituição de hospitais psiquiátricos por centros onde os clientes seriam acompanhados por uma equipe multidisciplinar, teria acesso a recursos terapêuticos, atividades coletivas e individuais, visando a recuperação da saúde mental e sua ressocialização para com a comunidade e família, tornando-se uma pessoa independente, diante das suas limitações. A Reforma Psiquiátrica é articulada dentro de um contexto brasileiro onde os hospitais psiquiátricos tornaram-se verdadeiros “depósitos de gente”. Os hospitais recebiam majoritariamente pessoas mal vistas pela sociedade, no caso: mães solteiras, homossexuais (sendo o homossexualismo considerado uma doença até meados dos anos 90), mendigos, militantes etc. Todos aqueles que eram rejeitados por não se encaixarem nos padrões da sociedade vigente, eram levados aos “depósitos de gente”. O primeiro CAPS a ser fundado no Brasil data de 1987 em São Paulo, SP, denominado Prof. Luís da Rocha Cerqueira, comumente conhecido como CAPS Itapeva. Ainda em 2004 existiam apenas 516 CAPS no Brasil, apresentando forte crescimento em pouco mais de uma década, indo para 2.462 em 2017.
O coordenador dos Ambulatórios do Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas de São Paulo, Rodrigo Leite, em entrevista a Veja Saúde, evidencia que “quando comparado a hospitais psiquiátricos, os CAPS custam menos e funcionam mais.”.
No decorrer do relatório será apresentado o Centro de Atendimento Psicossocial III - CAPS Adulto “Maria José Sabarense”, localizado na Rua José Silvino Teixeira de Melo, 200 - Boa Esperança, Santa Luzia - MG. A princípio em 1992 foi implantado um ambulatório de Saúde Mental formado por 04 psicólogos e 01 psiquiatra que atendia ao público adulto e infantil, em 2005 houve uma reestruturação da equipe e hoje o CAPS III (credenciado em 21/04/2011, portaria nº351) dispõe de 05 leitos noturno e atendimento 24 horas. 
2.2. Estrutura Organizacional 
O CAPS Maria José Sabarense fica localizado em Santa Luzia - MG, no bairro Boa Esperança, e atende a toda população luziense, hoje com 220.444 moradores. A sua principal missão é atender e ressocializar os usuários dentro da sociedade, gerenciar projetos terapêuticos, dar suporte e supervisionar os atendimentos em saúde mental na rede básica, como os: PSF (Programa de Saúde da Família), PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde).
Organograma CAPS III
3. OBJETIVO INSTITUCIONAL
3.1. Natureza dos programas e projetos
 A finalidade do Centro de Atenção Psicossocial Adulto III é levar auxílio à população de sua área de abrangência, efetuando atendimento humanizado junto a equipe e a ressocialização dos usuários através do acesso ao lazer, exercício dos direitos civis, consolidação dos laços sociais e familiares, assim como também, acesso ao trabalho. O Ministério da Saúde ainda complementa afirmando que
os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS: serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental.
3.2. Política Social
	As políticas sociais são apresentadas da seguinte forma: 
· Atendimento individual;
· Grupos interdisciplinares terapêuticos e de promoção de saúde;
· Roda de conversas.
 As ações são orientadas:
· Para a possibilidade de convivência, da diversidade, para produção de saúde e transformação, possibilitando garantir as condições de uma cidadania e a construção de uma nova trajetória de vida, levando em consideração os laços afetivos, familiares e comunitários dos usuários.
3.3. Recursos Financeiros 
Para o funcionamento adequado e eficiente da instituição, os recursos financeiros advêm do governo federal e municipal. O governo federal, através da Portaria nº 3.089, de 23 de Dezembro de 2011, Art. 1º, parágrafo III, estipula o valor de R$ 84.134,00, a ser repassado mensalmente ao CAPS III.
4. ÂMBITO INSTITUCIONAL 
4.1. Caracterização da População
Os usuários do CAPS III são predominantemente do sexo masculino e em situação vulnerável, sendo a classe média também atendida num percetual pequeno. Na busca por atendimento, majoritariamente são moradores de favelas, muitos sem saneamento básico, sem acesso cultural e em situação econômica próxima ou na faixa da pobreza. 
4.2. Processo Decisório
O processo decisório é feito semanalmente com toda a equipe para a discussão de casos clínicos e informes administrativos. Já decisões que demandam resolução imediata são discutidas diariamente com a equipe.
4.3. Relação Demanda/Cobertura do Atendimento
Estima-se que em Santa Luzia, existam 220 mil habitantes numa área de 233.759 km², e o CAPS Maria José Sabarense atende a toda essaárea e a média é de que 3.000 mil usuários são atendidos mensalmente. A procura por atendimento durante a pandemia obteve um aumento, devido ao isolamento social que fez com que grande parte da população desenvolvesse algum transtorno mental, tais como: depressão, ansiedade, entre outros. Entretanto, ao observar a área e seus munícipes, constatamos que a demanda é baixa. 
4.4. Serviço Social na Instituição
O assistente social desenvolve, na instituição supracitada, função de Técnico de Referência, realiza atendimentos individuais, acolhimentos, entre outros. Inclusive, o projeto terapêutico singular (PTS) que é desenvolvido para cada paciente que está em acompanhamento. 
4.5. Cotidiano do Exercício Profissional
No CAPS III encontra-se um profissional em Serviço Social, sendo este responsável por:
· Acolhimentos duas vezes na semana;
· Avaliação e definição juntamente com o médico plantonista a conduta que será tomada com cada paciente;
· Acompanhamento dos pacientes que estão inseridos em regime de Permanência Dia;
· Atendimentos individuais que englobam os direitos do cidadão com: Benefícios de Prestação Continuada (BPC);
· Como tirar os documentos; 
· Visitas domiciliares;
· Busca ativa dos pacientes em abandono do tratamento;
· Elaborar relatório;
· Fazer contato telefônico com familiares quando paciente encontra-se em Pernoite;
· Oficinas com pacientes em Permanência Dia. 
4.6. Relação Profissional de Trabalho com os Demais Atores Institucionais
A relação do assistente social para com os demais profissionais (médicos, psicólogos, enfermeiros, terapeuta ocupacional), se dá pela discussão sobre a problemática do paciente, bem como participa da elaboração dos projeto terapêutico singular (PTS) conduzidos pela equipe, quando em benefício do usuário, sobretudo os pacientes em vulnerabilidade social.
4.7. Dimensão Ético-Política
Os pacientes com transtornos mentais já lograram amplos êxitos, contudo resistem frente a discriminação pelo respeito, pelo tratamento humanizado e digno, cessando o tratamento infantilizado que muito se têm para com os usuários, pela quebra de estigmas e preconceitos, a equiparação de oportunidades e porquê não dizer, reparação histórica, por tudo que já sofreram (ainda sofrem) no passado e a efetivação da justiça e equidade. Paulo Amarante, Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, em entrevista à Radis, diz: "David Cooper observava que a psiquiatria usava o mesmo modelo que estuda pedra, planta e animais para estudar a subjetividade. E na psiquiatria não se tem objeto, se tem sujeito”.
Alguns dos objetivos do assistente social é devolver a dignidade a esses usuários, levar autonomia para que sejam ressocializados de maneira efetiva, diligenciando para que seus direitos civis sejam exercidos e respeitados. Efetuando reflexões autocríticas para problematizar as demandas e as intervenções, atuando em defesa da luta antimanicomial, da reforma psiquiátrica que têm por objetivo humanizar esses clientes aos olhos da sociedade que culturalmente é preconceituosa. A trajetória do assistente social pela mudança social, torna-se também uma busca pela mudança cultural. Nise da Silveira, psiquiatra revolucionária e forte voz na luta antimanicomial, em entrevista para Posfácio: Imagens do Inconsciente, nos traz uma grande contribuição, dizendo que “em qualquer indivíduo - mesmo no mais esfarrapado, mendigo egresso de um hospital psiquiátrico - existem forças criadoras, existem forças auto curativas esperando de apoio, esperando de amor, esperando de calor humano.”.
O Código de Ética do Assistente Social, vem corroborando em Princípios Fundamentais no parágrafo VI. “Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças.” e no parágrafo X. “Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional.”.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BARROCO, Lucia Maria, Terra, Sylvia Helena. Código de ética do/a Assistente Social Comentado. São Paulo, Cortez 2019. 262p.
BERNARDO, André. Saúde mental: a evolução dos tratamentos psiquiátricos no Brasil. Disponível em:<https://saude.abril.com.br/> Acesso em: 26 abr. 2021.
BORBA, Caroline, MELLO, James. Centros de Atenção Psicossocial oferecem atendimento para diversos tipos de aflições mentais. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/humanista> Acesso em: 26 abr. 2021.
BRASIL. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como Lugares da Atenção Psicossocial nos Territórios: Orientações para elaboração de projetos de construção, reforma e ampliação de CAPS e de UA. 1 ed. Brasília - DF: Ministério da Saúde, 2015. 60p.
BRASIL. Portaria nº 3.089, de 23 de dezembro de 2011. Dispõe, no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial, sobre o financiamento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/> Acesso em: 26 abr. 2021.
BRAZILIENSE, Correio. Crescem iniciativas de resgate à importância das mulheres na psicanálise. Disponível em:<https://www.correiobraziliense.com.br/> Acesso em: 26 abr. 2021.
DOMINGUEZ, Bruno. Amarante: ‘É a cultura que faz pessoas demandarem manicômio, exclusão, limitação’. Disponível em:<https://portal.fiocruz.br> Acesso em: 26 abr. 2021.
DULCE, Emily. Nise da Silveira: a mulher que revolucionou o tratamento mental por meio da arte. Disponível em:<https://www.brasildefato.com.br/> Acesso em: 26 abr. 2021.
LOUREIRO, Michele. Janeiro branco: Nise da Silveira lutou pela saúde mental no Brasil. Disponível em:<https://www.uol.com.br> Acesso em: 26 abr. 2021.
MEDICINA, Associação Paulista Para o Desenvolvimento da. Centro de Atenção Psicossocial “Prof. Luís da Rocha Cerqueira”. Disponível em:<https://www.spdm.org.br/> Acesso em: 26 abr. 2021.
SAÚDE, Ministério da. Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Disponível em:<https://www.gov.br> Acesso em: 26 abr. 2021.
SENADO, Agência. Após 20 anos, reforma psiquiátrica ainda divide opiniões. Disponível em:<https://www12.senado.leg.br/> Acesso em: 26 abr. 2021.