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1 Keyse Mirelle – 6° Semestre Obstetrícia – 08/09/2021 HEMORRAGIAS DA SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO - Sangramento que ocorre na segunda metade da gestação. - Realizar o diagnóstico corretamente para instituir o tratamento de forma precoce. - Corresponde a umas das principais emergências obstétricas. Porque o problema é na mãe e no bebê já está grande e viável, então temos que salvar os dois. Obs: na segunda metade da gravidez vamos pensar no binômio, ou seja, na mãe e no bebê, porque já são bebês maiores e viáveis. CAUSAS Os principais são: - Deslocamento prematuro de placenta (DPP) - Placenta prévia (PP) - Acretismo placentário Temos três diagnósticos auxiliares que são: Outros: - Ruptura uterina - Ruptura de vasa prévia - Ruptura de seio marginal DESLOCAMENTO PREMATURA DE PLACENTA A placenta é aquilo que faz a perfusão do bebê, sendo assim ela leva oxigênio da mãe para o bebê. Então, quando ocorre a separação dela é uma DPP. O que é DPP? - Separação parcial ou total da placenta em gestações maiores que 20 semanas e antes da expulsão fetal. Isso ocorre antes da expulsão, porque se for depois já chamamos de dequitação placentária que ocorre pós parto. Consequência? - Causa sangramento uterino e redução do aporte de oxigênio para o feto. E pode causar óbito fetal. EPIDEMIOLOGIA - Ocorre em 0,5 a 1% das gestações - Causa mortalidade materna em 0,4/1.000 casos e perinatal em 20% dos casos. Ela causa uma alta mortalidade fetal, então é necessário identificar essa alteração e proteger o bebê. - Riscos: • Materno -> desenvolver coagulação intravascular disseminada (CIVD) • Fetal -> depende do tamanho da área de deslocamento (quando essa área é maior que 50% tem um risco de morbidade fetal grave) x idade gestacional precoce (quanto mais prematuro o bebê tem pior prognóstico, logo interrompemos essa gestação mais cedo e acaba gerando morbidade e mortalidade maior para ele). FATORES DE RISCO CAUSAS NÃO TRAUMÁTICAS - DPP anterior - Síndromes hipertensivas As duas de cima são as principais, então quando a paciente é hipertensa crônica, tem pré-eclâmpsia ou hipertensão gestacional, logo essa paciente tem um risco grande de ter DPP. Então, quando damos o diagnóstico de DPP sempre buscamos ver se essa paciente tem hipertensão. - Tabagismo/Cocaína - Anemia e má nutrição 2 Keyse Mirelle – 6° Semestre Obstetrícia – 08/09/2021 - Consumo de álcool - RPMO (bolsa rota que é aquela ruptura antes da hora do parto) - Corioamnionite (infecção do líquido amniótico) - Idade materna >35 anos - Trombofilias CAUSAS TRAUMÁTICAS - Brevidade do cordão umbilical (é um cordão umbilical breve que liga a placenta ao bebê, se esse cordão for muito curto o bebê pode puxar essa placenta e descolar ela) - Versão cefálica externa (ocorre quando o bebê está pélvico e quero virar ele para cefálico, tendo como objetivo realizar o parto normal, vale ressaltar que pode causar deslocamento) - Retração uterina intensa (Polidramnia /Gemelar) – útero muito grande e pode fazer deslocamento - Miomatose uterina (deixa o útero grande também e pode fazer o deslocamento - Traumatismo abdominal (como acidentes automobilísticos) FISIOPATOLOGIA DO DESLOCAMENTO PREMATURO DE PLACENTA - Ruptura de artérias espiraladas -> Hematoma retroplacentário (sangue materno) Temos o bebê dentro do útero e temos a placenta, nele temos os vasinhos chamados de artérias espiroladas. O qual se rompe (círculo rosa na imagem 2) e faz um hematoma atrás da placenta, o qual provoca o deslocamento da placenta do útero, fazendo com que o bebê fique sem oxigênio e a mãe sangre muito. CONSEQUÊNCIAS Óbito fetal: Se mais de 50% de área de deslocamento. Hipertonia uterina: ocorre porque o sangue me contato com útero provoca a irritação. O tônus fica aumentado, logo ele fica bem duro. Útero de Couvelaire: miométrio infiltrado por sangue (imagem abaixo), geralmente faz hipotonia uterina que já é uma evolução da hipertonia, porque primeiro ele fica duro e depois fica amolecido cheio de sangue. Geralmente evolui para histerectomia, ou seja, a mulher perde esse útero. CIVD: lesão tecidual/reduz fibrinogênio e causa trombocitopenia. A mãe tem uma coagulação intravascular disseminada, essa mãe sangra muito e está associada a uma lesão no tecido dela, isso reduz fibrinogênio, reduz a plaqueta, logo faz trombocitopenia e então a paciente faz um quadro de coagulação em todos os tecidos, são eles: pulmão, cérebro, rim, coração. Sendo assim, faz um quadro materno grave. DIAGNÓSTICO - Eminentemente clínico Sangramento: O diagnóstico é dado porque a paciente sangra muito, ela vai chegar com essa queixa de sangramento em grande quantidade, mas esse sangramento pode se apresentar em três formas: sangramento + dor (clínica da paciente com DPP). Primeiro: Pode ter aquele sangramento que sai pela vagina, começa atrás da placenta (seta rosa) e escorre pela lateral do útero e sai. Obs: Quando pensamos em fator de risco para DPP não podemos esquecer da DPP anterior e das síndromes hipertensivas, que 90% das vezes é o que justifica. 3 Keyse Mirelle – 6° Semestre Obstetrícia – 08/09/2021 Segundo: Aquele sangramento que não sai, sendo assim ele fica dentro do líquido amniótico e o bebê fica banhado de sangue, esse é chamado de hemoâmnio. Terceiro: Pode ter aquele sangramento que também não sai, que fica atrás da placenta (seta azul), então a paciente não chega com queixa de sangramento, mas tem uma hemorragia oculta e ela chega com queixa de dor abdominal. PACIENTE COM DPP: SANGRAMENTO + DOR NA BARRIGA. - Exame físico: • Dados vitais maternos • Toque vaginal mas ao fazer o toque vaginal vemos que a bolsa que o bebê está dentro está tensa, conhecida como bolsa das águas tensa -> aumento da pressão intra-amniótica Ao examinar o útero dessa paciente está bem duro porque infiltrou de sangue, ela vai tá com dor intensa, pode ter sangramento ou não. OBS: A bolsa tem o bebê, líquido e sangue. • Monitorização fetal -> Padrão não tranquilizador Obs: Ao auscultar o bebê ele geralmente está taquicardica ou bradicardica, ou seja, há alteração no batimento cardíaco, logo depende da gravidade da doença. OBS: O diagnóstico da DPP é clínico!!! - Exames laboratoriais: Tem como objetivo rastrear complicações do DPP. Hemograma (Hb/Ht, leucograma e plaquetas) Tipagem sanguínea (grupo sanguíneo e RH) Coagulograma (TP e TTPa) Rotina DHEG = Doença hipertensiva específica da gravidez (hemograma, TGO, TGP, BT e frações, ureia, creatinina, LDH e ácido úrico) – esses exames são utilizados para confirmar se tem alguma alteração causada pela pressão. CLASSIFICAÇÃO O caso assintomático a paciente não tem queixa nem de dor e nem de sangramento, mas depois que o parto é realizado e olhamos a placenta tem um hematoma retroplacentário. (diagnóstico retrospectivo) Quando a paciente tem um DPP leve, tem um sangramento vaginal discreto, sem dor abdominal, após o parto ao olharmos a placenta temos um hematoma. E isso justifica o sangramento que ela tinha antes. Quando tem uma DPP intermediária (II) é mais grave, o bebê está vido, mas tem um sangramento vaginal moderado ou intenso, tem hipertonia uterina, dor abdominal e alterações dos dados vitais. Nesse devemos pensar na mãe e no bebê. O grau III é grave, tem tudo igual ao grau II, mas a diferença é que o bebê está morto. Nesse grau vamos pensar somente na mãe, porque o bebê já morreu. No grau III que é o grave, a mãe pode fazer ou não coagulopatia. Se tiver coagulopatia é chamado de III A e se não tiver é chamado de III B. O que é coagulopatia? Alargamento do TP e TTPa, plaqueta baixa. É o que chamamos de CIVD nesse caso do deslocamento de placenta. CONDUTA - Com feto vivo: • Parto via cesariana(via mais rápida) • Se período expulsivo -> Parto via vaginal - Com feto morto: • Parto via vaginal • Se hemorragia volumosa -> Parto via cesariana Obs: Se suspeitarmos de DPP, ou seja, paciente jovem, grave, na segunda metade da gravidez, com dor abdominal intensa e útero duro, devemos pensar em DPP, e então essa paciente vai direto para o Centro cirúrgico independentemente da idade gestacional, só não vai para o CC se estiver sangrando ou parindo. Antes de chegar no CC podemos Sempre realizar amniotomia, ou seja, romper a bolsa dela, porque se for esperar para ela estar anestesiada vai demorar em torno de 20 min, e se rompermos antes vamos diminuir a pressão dentro do útero e aumenta a chance do bebê sobreviver. COMPLICAÇÕES - Choque hipovolêmica 4 Keyse Mirelle – 6° Semestre Obstetrícia – 08/09/2021 • Insuficiência renal aguda (geralmente sobe a creatinina pós parto) • Necrose hipofisária (síndrome de Sheehan) OBS: AMBOS CAUSADOS PELO SANGRAMENTO. - Coagulação intravascular disseminada - Útero de Couvelaire/Atonia uterina (Aquele útero ‘’arrocheado’’ que leva a histerectomia da mulher) Resumindo... DPP é um deslocamento prematuro de placenta, ou seja, é aquela placenta que descolou, tem um sangramento atrás e ela descola em uma paciente grávida que está no 2-3° trimestre. O bebê está grande, mãe apresenta sangramento, dor abdominal intensa e tônus uterino aumentado. O diagnostico é clínico, logo não precisa fazer exame de USG ou de imagem para diagnóstico e geralmente vamos levar a mãe direto para o CC e fazemos o parto. PLACENTA PRÉVIA Placenta prévia: - Presença de tecido placentário recobrindo total ou parcialmente o orifício interno do colo do útero. Placenta de inserção baixa: - Borda placentária insere-se no segmento inferior do útero e localiza-se há 2cm de distância do OI do colo. Ela não cobre o orifício interno, mas está bem perto. Só conseguimos dar diagnóstico de PP depois de 28 semanas de gestação, porque antes o útero é pequeno e a placenta é grande, logo tem mais chance dessa placenta estar na parte inferior do útero. Então, as vezes o útero vai crescer e a placenta sobe junto, sendo assim não pensamos em PP quando a idade gestacional é precoce. Então se tiver um diagnostico com 28 semanas, vou repetir a USG após 28 semanas para sabermos se realmente é isso, e se então vamos mudar a conduta de acordo com o diagnóstico. A placenta normal é igual a da imagem 1, onde ela fica em cima e o colo do útero em baixo. A placenta marginal, imagem 2, é aquela que está baixa, mas não recobre o orifício interno do colo. Ela está em torno de 1-2cm próximo do orifício interno. A placenta prévia de verdade, imagem 3 e 4, pode ser parcial ou total. Total é quando ela recobre o orifício interno do colo totalmente e a parcial é quando ela recobre parcialmente o orifício interno do colo. Elas são diferentes da marginal, pois a marginal não chega ao orifício interno, mas ela está perto. EPIDEMIOLOGIA - Incidência 0,25 -1% das gestações - Aumenta risco de hemorragia antes, durante e após o parto Obs: O risco de sangramento é progressivo, diferente da DPP que na DPP a paciente sangra e choca. Já nesses casos de PP é o rompimento dos vasinhos e sangrando, ou seja, ela pode não sangrar tudo de uma vez só. - Risco de acretismo placentário (=quando a placenta invade o útero) e apresentações fetais anômalas (a placenta está em baixo, então o bebê diminui o espaço dele, então pode ficar pélvico ou transverso. - Complicações neonatais (menor apgar, maior internamento em UTIN, anemia, síndrome do desconforto respiratório, ventilação mecânica, hemorragia intraventricular) FATORES DE RISCO - Cesáreas prévias - Curetagem (procedimento ‘’a cegas’’ que geralmente lesiona bem o endométrio) - Tabagismo (2x) - Gestações múltiplas (30-40% maior) - Antecedente de placenta prévia 5 Keyse Mirelle – 6° Semestre Obstetrícia – 08/09/2021 - Multiparidade (útero distendido várias vezes) - Idade materna >35 anos - Reprodução assistida (ainda não se sabe o porque) Não se tem uma explicação do porque, mas parece que aquelas pacientes que já fizeram procedimentos no útero como cesárea ou curetagem que tem cicatriz a placenta vai invadindo aquela área ‘’mais frágil’’, ou seja, aquela área que tem cicatriz prévia. FISIOPATOLOGIA - Patogênese desconhecida • Áreas de decídua pouco vascularizada na parte superior do útero -> implante do trofoblasto em direção à parte inferior do útero (o objetivo é encontrar mais oxigênio) ou na área onde já se tem uma cicatriz uterina (cesariana, curetagem). • Aumento da área placentária -> maior probabilidade de alcançar o orifício cervical (=parte inferior do útero). - Migração placentária: • Aumento do segmento inferior do útero • Crescimento do tecido trofoblástico em direção ao fundo do útero • Aproximadamente 90% daquelas diagnosticadas antes de 20s, desaparece antes do parto. Obs: O diagnóstico só deve ser dado após 28 semanas de gestação, por conta da migração placentária. ATENÇÃO: Se diagnosticada antes de 28s em pacientes assintomáticas -> repetir USG após 28s. Essa paciente não tem dor abdominal, ela só tem sangramento!!! Quando suspeitar? (DIAGNÓSTICO CLÍNICO) • Sangramento indolor, vermelho vivo, início súbito, reincidente, progressivo. Ela não sangra de vez, mas sim aos poucos. • Segunda metade da gestação • Tônus uterino normal OBS: Não realizar toque vaginal Observação: A DPP – Sangramento doloroso, vermelho escuro que não é reincidente e nem progressivo, logo sangra de uma vez só e ela pode chocar. DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO - Rastreamento: USG obstétrica abdominal - Padrão-ouro: USG transvaginal Obs: Doppler para pesquisa de acretismo e vasa prévia Placenta de inserção baixa-> relatar distância do OI O diagnóstico não é clínico. A paciente chega com sangramento, vamos encaminhar para USG e na USG, geralmente obstétrica, mas confirmamos pela vagina porque fica mais perto e conseguimos ver melhor, sendo assim dou o diagnóstico de placenta prévia. Nessa imagem acima temos o colo do útero (círculo rosa), orifício externo do colo (seta azul) e o orifício interno do colo (seta amarela). Temos a cabeça do bebê (retângulo verde), líquido amniótico (círculo vermelho) e temos a placenta (retângulo laranja) é uma placenta baixa, mas como não chega próximo ao orifício interno do colo é uma placenta prévia marginal. Mas se chegasse até o orifício interno do colo seria uma placenta prévia parcial, mas se ela ultrapassasse seria uma placenta prévia total. 6 Keyse Mirelle – 6° Semestre Obstetrícia – 08/09/2021 Obs: Quando tenho uma placenta mais baixa, ela se localiza na parte do útero na parte mais fragilizada, podendo invadir o útero (=acretismo) pela placenta é uma invasão da placenta no útero é uma consequência da placenta prévia. OBS: Só investigo se tiver placenta prévia, se não tiver não preciso investigar. CONDUTA Pacientes assintomáticas: • Acompanhamento ambulatorial • Orientar a paciente - Abstinência sexual - Evitar atividade física - Sinais de alarme/riscos • Seguimento ultrassonográfico (32s -> 36s) • Parto: 37s (FEBRASGO) – porque não quero que ela entre em trabalho de parto, porque se ela entrar em trabalho de parto o bebê vai apertar a placenta e ela vai sangrar, e também não ira conseguir nascer normal porque a placenta está na frente da cabeça. OBS: CHAMADA DE PLACENTA PRÉVIA PORQUE É PRÉVIA A APRESENTAÇÃO DO BEBÊ. Pacientes sintomáticas: • Hospitalização e monitorização materno-fetal (para monitorizar o sangramento) • Manter estabilidade hemodinâmica materna: hidratação/avaliar necessidade de hemotransfusão • Avaliação do bem-estar fetal com CTG (=cardiotocografia, é aquele exame que amarramosa barriga da mãe e vemos o batimento do bebê por 20 minutos) • Solicitar exames laboratoriais • Reserva de Concentrado de Hemácias • Determinar necessidade de parto cesáreo imediato Temos o manejo ativo e o manejo expectante em pacientes sintomáticas, ou seja, com sangramento. Vou fazer o manejo expectante se tiver idade gestacional <34 semanas, porque antes disso temos que realizar o corticoide para amadurecer o pulmão do bebê, mas só deve realizar se a mãe e o bebê estiver bem, sendo assim tem que estar sangrando pouco. Se a paciente tiver indicação de manejo ativo temos algumas justificativas, são elas: trabalho de parto ativo, vamos operar ela porque o bebê não vai nascer, e ai a mãe só vai sangrar e chegará uma hora que vai sangrar muito sem parar, sofrimento fetal, hemorragia grave da mãe, idade gestacional maior que 34 semanas, sendo que o bebê tem pulmão maduro já e a mãe está sangrando, logo indicamos uma cesariana. No paciente assintomático é um manejo expectante até 37 semanas. Via de parto: • Placenta prévia: cesariana • Placenta de Inserção baixa: ponderar riscos e benefícios do parto vaginal com a paciente ✓ Distância entre a borda da placenta e o OI >1cm: menor risco de sangramento. 7 Keyse Mirelle – 6° Semestre Obstetrícia – 08/09/2021 A diferença entre DPP e PP, ambas são sangramentos na segunda metade da gravidez, mas a conduta é totalmente diferente. (Olhar a imagem acima!!!). A dor intensa na DPP é única e dolorosa por conta que a placenta invade o útero. A amniotomia sempre realizo na DPP mesmo que não altere a hemorragia, mas diminui a pressão dentro do útero. E na PP geralmente não conseguimos fazer isso, por conta que a placenta está na frente. USG na DPP pode ser normal e pode mostrar um hematoma atrás da placenta e o diagnóstico é clínico, já na PP ela confirma diagnóstico. Obs: Se tivermos dúvida se é ou não DPP, a paciente está sangrando, vamos encaminhar para operar para não correr o risco de morrer. OBS: Geralmente pacientes que tiveram óbitos fetais, a principal causa é deslocamento prematuro da placenta na gestação anterior. Na próxima gravidez vamos tentar identificar os fatores que levaram a isso, logo vamos buscar informações sobre sangramento, se é ou não gemelar, se estava ou não com polidramnia, vamos avaliar a PA, pois é muito comum a paciente ter uma alteração de PA em algum dia do pré-natal e ter então um descolamento de placenta. Devemos solicitar a aferição da PA em casa, e se essa PA alterar podemos introduzir medicação para evitar que aumente a PA e ocorra um deslocamento de placenta. ACRETISMO PLACENTÁRIO - Invasão anormal do trofoblasto no miométrio da parede uterina. Obs: Não é para invadir, o normal é invadir somente endométrio. - Classificação: • Acreta (63%) • Increta (15%) • Percreta (22%) Normal (circulo rosa), Acreta (quando invade menos de 50% do miométrio, ela é mais comum, círculo amarelo), Increta (invade mais de 50% do miométrio, círculo azul), Percreta (quando invade a serosa, círculo azul escuro). OBS: Só tem como ter acretismo placentário em placenta prévia, porque a parte inferior do útero ela é menos vascularizado e mais frágil, então a placenta invade o útero atrás de oxigênio a fim de levar para o bebê, logo ela pode invadir o útero podendo atravessar e invadir o reto ou a bexiga e causar complicações graves nessa paciente. FATORES DE RISCO - Cesárea anterior + Placenta prévia - Curetagem ou curagem uterina / ablação endometrial (cirurgia que é feita uma ‘’queimagem’’ do endométrio) - Cirurgias no útero - Idade materna avançada - Embolização uterina (queimamos o endométrio da paciente) - Multiparidade DIAGNÓSTICO - Placenta prévia ou Placenta de inserção baixa -> investigar acretismo - Pacientes que estão no parto e tem uma Hemorragia após tentativa de separação da placenta, logo a placenta fica retida, sendo então necessário fazer uma cirurgia para retirada dessa placenta que não pode ficar dentro do útero. - Hematúria (invasão da bexiga) Exame complementar: USG (Podemos saber qual o grau do útero que está invadido, podemos definir de forma rápida e objetiva) - Indicações de Ressonância magnética: • USG não esclarecedora • Placenta prévia com predomínio posterior ao útero, porque quando é anterior ela invade bexiga e quando é posterior ela invade reto. Obs: Quando invade bexiga pode fazer cistectomia e tira uma parte da bexiga e reconstruir. Sendo assim vida que 8 Keyse Mirelle – 6° Semestre Obstetrícia – 08/09/2021 segue. Mas quando é intestino não é tão simples, porque se fizer deiscência de intestino e for necessário fazer uma dissecção intestinal acaba sendo mais complicado, pois precisamos saber exatamente o grau de invasão da placenta nesse intestino. • Avaliar profundidade de invasão se placenta percreta Obs: A USG e RM tem o mesmo peso, só precisa de um profissional bom. OBS: Se tiver uma Placenta prévia com invasão uterina interrompemos a gravidez antes, entre 34 e 36 semanas, porque se deixarmos essa gravidez evoluir ela vai invadir o útero e não existe nenhum remédio que faça ela para de invadir, sendo assim tiramos o bebê antes e tiramos a placenta para a mãe parar de invadir o útero e não chegar na estrutura adjacente. CONDUTA - Parto em centro de referência, antes do trabalho de parto. Porque o parto tem que ser planejado. Pois possa ser que precise de UTI ou que precise de uma histerectomia. - Via de parto cesariana com 36-37 semanas (FEBRASGO), mas alguns locais colocam de 34 semanas para interromper a depender da invasão, por exemplo a increta e a percreta. - Reservar hemocomponentes - Vaga em UTI OBS: Lembrar de investigar toda a vez que existir placenta previa devemos investigar se tem acretismo placentário. RUPTURA UTERINA - Rompimento parcial ou total do miométrio durante gravidez ou trabalho de parto - Classificação: • Parcial: preserva serosa do útero • Completa/total: rompimento total (sentimos o bebê sair e ele vai para cavidade abdominal da mãe) FATORES DE RISCO Tudo que gere fragilidade no útero, ou seja, para o útero romper. - Passado de cirurgia uterina (cesárea) - Trauma uterino - Malformação uterina - Adenomiose (camada do endométrio invade o miométrio e deixa ele mais frágil) - Doença trofoblástica gestacional - Desnutrição - Multiparidade - Sobredistensão uterina SINAIS DE IMINÊNCIA DE RUPTURA UTERINA = SÍNDROME DE BANDL-FROMMEL • Sinal de Bandl = distensão do segmento inferior • Sinal de Frommel = estiramento dos ligamentos redondos, desviando o útero anteriormente O útero vai contraindo até fazer o formato de um coração. Encaminhar para emergência!!! SINAIS DE RUPTURA CONSUMADA - Sofrimento fetal grave ou óbito - Interrupção das contrações uterinas OBS: Cesariana imediata A paciente está contraindo constantemente e depois para de contrair, com dor abdominal intensa e isso já é sinal de ruptura consumada. OBS: A professora já fez um ‘’parto’’ que tirou o bebê morto na cavidade abdominal e a paciente perdeu o útero também. 9 Keyse Mirelle – 6° Semestre Obstetrícia – 08/09/2021 RUPTURA DE VASA PRÉVIA - Vasos umbilicais cruzam o segmento inferior uterino e se colocam a frente da apresentação. - Esses vasos não tem proteção e rompem com mais facilidade. - Cesária eletiva: 34-37 semanas Esses vasos normalmente é ‘’protegido por uma geleia’’, o diagnóstico é dado pela USG. Esses vasos na frente não dá certo para o bebê nascer normal e se ele romper pode chocar o bebê, porque é sangue do bebê, por isso vamos fazer a Cesária eletiva. Paciente chega na emergência com queixa de sangramento. RUPTURA DE SEIO MARGINAL - Seio marginal consiste na periferia do espaço interviloso. (é aquele seio da borda da placenta,esse vasinho pode romper e fazer um sangramento) - Quadro semelhante a placenta prévia, porém com USG normal. - Diagnóstico de exclusão - Prognóstico bom O parto pode ser normal, esse é um diagnóstico de exclusão.
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