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PROVA antropologia - Textos

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Atividade 1- Antropologia Geral e Jurídica
Objetivo: Estabeleça um paralelo entre a guerra de narrativas que vivemos hoje no cenário político nacional e a criação de ``uma história do Brasil´´ conforme comentado no texto História não é Bula de Remédio da autora Lilia Schwarch.
 Desde os primeiros anos da formação do país é possível observar uma tendência em que o grupo no poder transcreve a história criando uma narrativa positiva e com metáforas de uma sociedade democrática e igualitária, com o intuito de suavizar os problemas e prestigiar alguns indivíduos. No livro Sobre O Autoritarismo Brasileiro, é possível observar que em períodos de crise, tanto econômica quanto política, há uma tendência de formação de ideias e práticas autoritárias, devido ao ambiente propício para essa propagação, uma sociedade dividida pela polarização e a desigualdade em crescimento, vulnerável e propensa aos discursos falaciosos. Dessa maneira, fica claro o paralelo com o cenário político atual do Brasil, em que a sociedade após um decrescimento econômico ficou suscetível as manifestações antidemocráticas, que utilizam do método de criação de mitos com histórias heroicas e patrióticas, transformando a política em conflito de opostos, beneficiados pelo embate das narrativas como ``torcidas´´. 
 No texto ``A História não é Bula de Remédio´´ da autora Lilia Schwarch é possível estabelecer facilmente essa conexão com a atualidade brasileira, em que há batalhas pelo monopólio da verdade, como pode ser observado, por exemplo, na `` CPI da Covid ´´. Ao observar os depoimentos na Comissão Parlamentar, fica claro o embate entre essas narrativas opostas e a tentativa de modificar os fatos e justificar a falta de medidas pelo governo vigente no combate à pandemia, fazendo uso de discursos destoantes da realidade, dados falsos e utopias patrióticas. Além disso, a crescente tendência autoritária também pode ser observada nos constantes discursos promovidos por alguns políticos contra a imprensa, os atos antidemocráticos e a descredibilização das Instituições, reiterando novamente o método apresentado no texto para a detenção do poder.
 Ademais, outro ponto abordado pela autora é a exclusão de parte dos grupos formadores do país na transcrição da História do Brasil, em que os indígenas e os negros foram marginalizados, retratados com uma importância inferior, além da ocultação do racismo que afeta esses indivíduos. A criação do ``Mito da Democracia Racial´´, ainda é alimentado por alguns atualmente, sendo utilizado para justificar a falta de medidas que diminuam a desigualdade entre as etnias do país. O samba-enredo da Escola de Samba Mangueira, em 2019, fez alusão a essa realidade, promovendo a reflexão sobre a história contada pelos grupos marginalizados, demonstrando que há uma versão da realidade do ponto de vista diferente do contado pelos grupos detentores do poder. Dessa forma, fica clara a tentativa ainda nos dias atuais de silenciamento dessa narrativa, seja diminuindo sua importância, seja criminalizando os indivíduos dessas classes, visto que isso beneficia um dos grupos nessa guerra de histórias, mantendo os privilégios e enfraquecendo os movimentos que lutam pela igualdade étnica e social.
 
Atividade 2 - Antropologia Geral e Jurídica
Aluna: Letícia Vieira Paz Sampaio
Objetivo: A partir da desconstrução binaria de Scott, J. sobre a igualdade e a diferença no texto ``Diferença e igualdade nas relações de gênero: revisitando o debate. ´´ de Maria de Fátima Araújo, discorra como os ``novos ´´ movimentos sociais vêm contribuindo para a construção do ``direito a diferença´´ fundamentando sua resposta em jurisprudência/decisão judicial acerca da identidade de gênero no Brasil.
 O termo gênero, segundo a definição de Joan Scott,consiste em um elemento constituinte das relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, fundamentando um modo de significado das relações de poder. O conceito de gênero baseia-se em construções culturais que mudam com os anos, por exemplo, nos Estados Unidos, as feministas determinavam esse termo apenas como uma organização social e posteriormente ampliaram seu uso para enfatizar o caráter social das distinções entre os sexos. No texto `` Diferença e igualdade nas relações de gênero: revisitando o debate´´ há uma discussão acerca da importância do entendimento da definição de gênero e do que ele significa em termos de relações sociais e de poder na sociedade.
 Sabe-se que a evolução desses conceitos e do direito as diferenças foram construídas através da movimentação social das minorias em vários momentos da história da humanidade, que servem como um meio de conquistar direitos fundamentais, sociais e economicos,como o observado nos Movimentos Sufragistas, no século XIX, que garantiu o voto das mulheres, a Revolução de Stonewall, em 1969, que auxiliou na conquista de direitos ao grupo LGBTQI+, exemplificando como os movimentos sociais foram importantes para a melhoria das condições sociais das minorias.
 A Justiça Brasileira avançou em diversas áreas relacionadas a identidade de gênero e ao direito as diferenças, como a criminalização da homofobia, em 2019, pelo Supremo Tribunal Federal, com a Lei nº 7.716 /89 estendendo a tipificação prevista para os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional à discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero. Além disso, a conquista da permissão de mudança do registro oficial do nome civil para os indivíduos transexuais demonstra mais uma conquista, apesar de ainda ser necessário vários direitos para o respeito das diferenças. Dessa maneira, esses avanços apenas foram possíveis devido aos extensos movimentos envolvidos com, por exemplo, as minorias LGBTQI+, demonstrando a importância da participação popular a obtenção dos direitos dessas pessoas.
Atividade 3 - Antropologia Geral e Jurídica
Aluna: Letícia Vieira Paz Sampaio
Objetivo: A luz do artigo 215 da CF/88 discorra sobre ``o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional´´ tendo em vista os fatos e notícias recentes envolvendo as ações governamentais, o incentivo, a proteção e a valorização da cultura no Brasil.
 A Constituição Federal de 88, em seu artigo 215, define que o Estado deve garantir a todos os cidadãos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso as fontes de cultura nacional, além de apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais. Contudo, apesar da definição por lei, essa área nos últimos anos está sofrendo com a falta de propostas e de verbas, dificultando aos cidadãos a garantia desse direito.
 Em 2019, o Ministério da Cultura foi transformado extinto e transformado em uma Secretaria no Ministério da Cidadania e, posteriormente, transferida para o do Turismo. As Secretarias não tem autoridade simbólica para representar o Brasil na esfera internacional, como também dispõem de menos recursos do que os Ministérios, diminuindo o número de projetos que visam aumentar o acesso à cultura, o que prejudica diretamente a garantia do artigo 215.Alem dessas perdas, há uma instabilidade nessa pasta, que já foi comandada por mais de quatro pessoas distintas, o que dificulta o estabelecimento de medidas que visem promover a cultura no país.
 Infelizmente, as ações governamentais relacionadas a garantia do artigo 215 foram insuficientes, visto que houveram cortes de verbas e redução de projetos, por exemplo, com a redução de 43% do Fundo de Audiovisual (FSA), que é um dos principais responsáveis pelas produções audiovisuais no Brasil, além das mudanças na`` Lei Rouanet´´, criada em 1991, com o objetivo de apoiar e disseminar os projetos culturais no país. Outro fator que dificultou ainda mais a realização de atividades e de projetos foi a pandemia de Covid-19, impossibilitando uma série de produções como shows,esposições,peças e afins. Em relação a essa situação, a Lei Aldir Blanc (Lei 14.017/20) foi implementada, a fim deauxiliar os profissionais da área nesses momentos e os espaços culturais que tiveram as atividades interrompidas, por meio da liberação de 3 bilhões de reais para os estados e municípios, repassando em três parcelas emergenciais aos trabalhadores.
 Dessa maneira, é possível observar que esse direito constitucional ainda necessita de uma maior atenção governamental, apesar da medida emergencial da pandemia, visando garantir ao cidadão o acesso à cultura, e a proteção e a disseminação dessa área no país.
 Atividade 5- Antropologia Geral e Jurídica
Aluna: Letícia Vieira Paz Sampaio
Objetivo: A partir da leitura dos textos e vídeos sugeridos, responda se o Estado Brasileiro deve atuar no sentido de amparar essa pratica cultural ou coibi-la. Seus argumentos devem estar suportados pela literatura e leis brasileiras, pela antropologia e pelo direito.
 Sabe-se que os grupos indígenas no Brasil são protegidos pela Constituição Federal de 1988, onde é reconhecido a esses grupos o direito de organização social,costumes,crenças, tradições e seus espaços de terra. Contudo, apesar dessa definição, ainda há uma série de debates acerca de alguns costumes indígenas que mantem diferentes ideias de humanidade e de direitos da sociedade ocidental. A pratica cultural do infanticídio é uma das atividades que causam um debate entre a proteção dos direitos humanos e da proteção cultural dos grupos indígenas, sendo alvo de criação de projetos de leis, como a`` Lei Muwaji´´ (Projeto de Lei 1507/07), que está sendo discutida no senado brasileiro, visando proteger as crianças indígenas em situação de risco em práticas tradicionais de algumas comunidades, que abrangem infanticídio, abusos, estupros e abandono.
 Todavia, ainda há um impasse acerca da maneira que o Estado Brasileiro deve atuar nessas práticas culturais, em um debate dividido por alguns que defendem a intervenção nos casos de infanticídio e os que afirmam existir um limite para com as intervenções, respeitando a garantia das suas práticas prevista pela Constituição. No ano de 2018, essa discussão foi aumentada após a atual chefe do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos defender no Congresso a lei contra o infanticídio indígena, usando o documentário ``Crianças enterradas vivas na Amazonia-Hakani´´ para exemplificar a realidade indígena, sendo posteriormente indiciada pelo Ministério Público Federal por divulgar esse filme como um relato verdadeiro e omitir que as cenas foram encenadas e gravadas , induzindo aos espectadores a ideias de que esse costume é uma pratica comum e recorrente nas comunidades indígenas, aumentando o preconceito para com essas culturas.
 Deve ser esclarecido que a maioria das tribos indígenas já não pratica tais ações. Em uma matéria do Fantástico, em 2014, foi demonstrado que apenas cerca de 20 comunidades ainda praticavam tais atos, a maioria delas são tribos isoladas, que não possuem acesso à saúde pública e ao dialogo cultural. Na maioria dos casos, o infanticídio é motivado pela percepção de alguma deficiência, em casos de gêmeos, e filhos de mães solteiras, sendo situações que poderiam ser solucionadas de outra maneira.
 De acordo com o Jurista José Afonso da Silva, especialista em direito constitucional, a Constituição de 88 não condena essas ações como ato de crueldade, visto que prevê o reconhecimento da cultura indígena. Em contraponto, para alguns antropólogos a maneira de solucionar essa questão seria o diálogo intercultural, promovendo o entendimento do índio de outras visões de mundo, demonstrando outras maneiras de resolver, por exemplo, situações de doenças que podem ser curadas, atendimento pré- natal, e outras ações.
 Dessa maneira, é necessário que o Estado promova políticas públicas voltadas para as comunidades indígenas com o intuito de preservar a vida, para que se possa mostrar aos índios que a criança nascida com alguma deficiência pode ser tratada corretamente, além de oferecer atendimento pré-natal às mães como forma de prevenir futuros bebês portadores de necessidades especiais e métodos contraceptivos. Além disso, deve promover o diálogo intercultural, conseguindo mudar essa manifestação cultural através dessa ação, como já ocorreu na maioria das tribos que praticavam esses atos e após o contato com as outras culturas mudaram essa prática, solucionando o embate.

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