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CÁLCULOS URINÁRIOS. 1. ANATOMIA. · A litíase pode ocorrer em todo sistema coletor, no rim, ureter, bexiga e uretra. 2. FATORES DE RISCO. · HAS · Diabetes. · Obesidade. · Sedentarismo. · Alimentação: baixa ingesta hídrica, baixa ingesta de cálcio, dieta com maior consumo de proteínas animais, sal. · Baixo citrato: o citrato é um fator de proteção, pois inibe a cristalização dos cálculos. É encontrado em frutas, como laranja e limão. Pode orientar a reposição de citrato. · Sexo masculino. · Infecção urinária crônica ou recorrente. · História pessoal de nefrolitíase. · História familiar de nefrolitíase. · História de gota. · Cirurgia bariátrica. · Hiperparatireoidismo. · Urina ácida (como acontece na vigência de resistência à insulina, obesidade, diabetes mellitus tipo 2, diarreia crônica). 3. TIPOS DE CÁLCULOS. Cálculos de cálcio: · São 75% dos cálculos. · Está relacionado com hiperparatireoidismo (há aumento do PTH, que tira cálcio do osso e coloca na circulação) e cirurgia bariátrica (tem maior excreção de cálcio pelo sistema coletor, podendo precipitar e formar cálculos). Cálculos de ácido úrico: · Estão relacionados com a gota e síndrome metabólica. · São radiotransparentes, não são diagnosticados no raio X. São diagnosticados na TC. · São tratados clinicamente, com remédios para dissolver o cálculo. Com alcalinização da urina (pode usar o bicarbonato). Cálculos de estruvita: · Cálculo coraliforme: é um cálculo que ocupa a pelve renal e um ou mais cálices renais. São cálculos formados por cristais de estruvita. · A causa do cálculo coraliforme é a infecção bacteriana. As bactérias produzem urease no sistema coletor. A urease transforma ureia em amônia. A amônia passa por reações liberando OH, tornando o pH básico. O pH básico faz os cristais de estruvita formarem o cálculo coraliforme. · Os cálculos coraliformes tem indicação de tratamento cirúrgico, mesmo quando não tem sintomas, pois causa degeneração do rim. Cálculos de cistina: · São cálculos duros. · São raros, pois é uma doença hereditária. Cálculos medicamentosos: · Podem ser causados por antirretrovirais (HIV). · Podem não aparecer na TC. 4. FISIOPATOLOGIA. ( CÁLCULOS NOS RINS: Quando não há obstrução: O paciente pode não apresentar sintomas, pois o cálculo está dentro do rim. Alguns pacientes podem apresentar dor lombar eventual, infecções crônicas (pielonefrite de repetição). Quando há obstrução: O cálculo está dentro do rim, mas quando ele tenta sair, pode obstruir a JUP. Quando o cálculo obstrui a JUP (junção ureteropelvica ), o paciente apresenta cólica renal. Dor lombar, com irradiação para testículos ou vulva, pode ter disúria, hematúria, urgência miccional, náuseas e vômitos. ) ( CÁLCULOS NOS URETERES: Causam sintomas pois estão obstruindo o fluxo urinário no ureter . ) A cólica renal (cálculo na JUP, ureter ou JUV) pode ocorrer por vários mecanismos: · A dilatação do sistema coletor é o principal mecanismo de cólica. ( CÓLICA RENAL OU NEFRÉTICA: Obstrução aguda do sistema coletor. Impede a drenagem da urina. A cólica renal ocorre quando o cálculo obstrui o fluxo urinário na JUP, quando o ureter passa os vasos ilíacos ou na JUV. A cólica é uma dor lombar ou flanco. Locais de impactação e característica da dor: Quando o cálculo impacta na JUP, a dor é em flanco. Quando o cálculo impacta quando o ureter passa os vasos ilíacos, causa dor irradiada para fossa ilíaca, escroto e grandes lábios. Quando o cálculo impacta na JUV, pode não ter sinal de Giordano e pode ser confundido com cistite pois tem disúria e polaciúria, no entanto, a dor é mais forte. Sintomas associados: hematúria, náuseas e vômitos, infecção , taquicardia, aumento da PA, síncope. Exame físico: sinal de Giordano. A hematúria micro ou macroscópica é um sinal muito frequente nos cálculos urinários. ) Locais de impactação dos cálculos: · São locais de estreitamento, onde os cálculos causam obstrução. 5. CASOS CLÍNICOS. Caso clínico de cálculo renal: · Homem, 40 anos, refere dor lombar a direita eventual. Nega febre, ITU, sintomas urinários. Traz TC do abdome, que mostra cálculo renal de 2,8 no rim direito. · É um caso de litíase renal. Caso clínico de cálculo ureteral: · Paciente feminina, 34 anos, procura o plantão por dor lombar esquerda em cólica, há 1 dia, com forte intensidade, com irradiação para fossa ilíaca esquerda, associada a hematúria, náuseas e vômitos. Fez uso de buscopam. · Ao exame físico, afebril, abdome flácido e indolor, com sinal de Giordano positivo. · O sinal de Giordano indica pielonefrite ou cálculos urinários. · Principal hipótese diagnóstica: cólica renal. · TC sem contraste: cálculo 7 mm, no ureter distal esquerdo, com hidronefrose. · Foi realizado controle da dor e iniciado o tratamento conservador. Há indicação do uso de Tansulosina, pois é um cálculo de 7 mm (até 1 cm pode tentar tratamento conservador, embora acima de 7mm é difícil eliminar) e está localizado no ureter (a medicação causa relaxamento). · A paciente está em uso da Tansulosina há 5 dias e retorna ao plantão, com dor lombar a esquerda, de forte intensidade e refere que há dois dias teve piora do estado geral e febre. · Ao exame físico, apresenta temperatura de 39 graus, TEC 5 s, PA 90/50 mmHg. · A paciente está com pielonefrite obstrutiva. O cálculo está obstruindo o rim, gerando estase urinária e infecção. · Foi realizada reposição volêmica, controle da dor, antibiótico IV. O tratamento definitivo é desobstruir a via urinária. Pode ser feito com cateter duplo J (inserir na uretra, vai até o rim) ou nefrostomia percutânea (faz punção no rim para drenar). 6. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE CÓLICA RENAL. · Abdome agudo. A cólica renal não apresenta sinais de peritonite, como sinal de Blumberg. · Escroto agudo. · Infecção urinaria: cistite e pielonefrite. · Aneurisma de aorta abdominal em pacientes > 60 anos. · Uretrite. · Prostatite. · Cisto ovariano roto. 7. DIAGNÓSTICO. · Anamnese e exame físico com a dor típica e TC sem contraste. · Raio X: pode não mostrar o cálculo. Não é muito usado para cálculos. · US: pode mostrar a dilatação nos rins. Não mostra o ureter adequadamente. Para as gestantes, deve-se fazer US ou RN. · EQU e urocultura: avaliar cristais, infecção, hematúria. Fazer diagnóstico diferencial com cistite. Excluir pielonefrite. · Exames laboratoriais: Hemograma: pode ter leucocitose leve. Ureia e creatinina: geralmente normal. Gasometria venosa. Cálcio. Ácido úrico. Paratormônio. Vitamina D. · Cintilografia renal com DMSA: avaliar a função renal, avalia cada um dos rins. 8. TRATAMENTO DA CÓLICA RENAL. · Por exemplo, um cálculo localizado dentro do rim não causa cólica renal, pois não gera obstrução. Geralmente esses pacientes são assintomáticos. CÓLICA RENAL NA EMERGENCIA: Controle da dor. · Primeira linha: AINES e analgésicos simples (paracetamol ou dipirona) · Segunda linha: opioides (tramadol, morfina), buscopam (escopolamina). São utilizados quando há falha nos AINES ou contraindicação aos AINES, como alergia, insuficiência renal e ulceras. ( Posologias: AINES: Diclofenaco 75 mg VO ou injetável Ibuprofeno C etoprofeno 100mg IV 12/12 hrs ou 150mg VO Meloxicam 15 mg 1x ao dia Trometamol Cetorolaco ( T oragesic ) 30mg/ml i njetável ou sublingual Opioides: T ramadol 50 a 100mg diluídos em 100 ml de soro. Infundir em 20 min. Pode repetir 6/6h. Morfina SC ou IM . ) Tratamento expulsivo com bloqueador alfa adrenérgico: Tansulosina. · A cólica renal ocorre quando o cálculo impacta nos estreitamentos do ureter: JUP, passa pelos vasos ilíacos, JUV. · Causa relaxamento da musculatura, facilitando a eliminação do cálculo. · É indicada para cálculos < 10 mm (1 cm), impactados no ureter. No entanto, acima de 7 mm já é bem difícil sair o cálculo. · Utilizar tansulosina 0,4 mg, 1x ao dia, por 4 semanas. ( TERAPIA EXPULSIVA: AINES + TANSULOSINA POR 4 SEMANAS PARA PACIENTES COM CÁLCULO NO URETER < 10 mm.Durante a terapia expulsiva, fazer US para avaliar se o cálculo está migrando. Se o cálculo não é expulso em 4 a 6 semanas, pode-se indicar a cirurgia. ) Hidratação: · A hidratação IV está indicada quando o paciente precisa fazer uso de analgésicos IV ou quando tem desidratação por náuseas e vômitos. · Usar soro fisiológico 0,9% IV. Indicação de cirurgia: · Cálculos impactados no ureter com mais de 10 mm. Acima de 7 mm já é difícil sair o cálculo. · Infecção associada: fazer desobstrução apenas. A retirada do cálculo deve ser realizada após a resolução da infecção. · Sintomas de náuseas, vômitos e dor refratários ao tratamento clínico. · Obstrução progressiva. · IRA pós renal. Quando há infecção (pielonefrite) e obstrução: · Quando o cálculo obstrui, pode gerar infecção no rim, pela estase urinária. Isso causa uma pielonefrite obstrutiva. · A pielonefrite é uma complicação grave dos cálculos urinários impactados no ureter. · Sintomas: febre, calafrios, leucocitose. · É grave, pode causar instabilidade hemodinâmica e sepse. · O tratamento é a reanimação, com reposição volêmica, além de controle da dor e antibiótico IV. · Deve ser feita a desobstrução: com cateter duplo J ou nefrostomia percutânea. 9. TRATAMENTO CIRÚRGICO DE CÁLCULOS URINÁRIOS. 10. ORIENTAÇÕES. Orientações dietéticas para o paciente evitar a formação de novos cálculos: · Ingesta hídrica: ingerir 2 a 3 litros de água. · Redução do sódio: comidas processadas, refrigerante, sal na comida. · Não precisa reduzir o cálcio. · Diuréticos tiazídicos: diminui a formação de novos cálculos. Muitos pacientes tem cálculos nos rins e não apresentam sintomas. Quando o cálculo se forma dentro do rim e ficar parada dentro dele, o paciente pode ficar anos assintomático. Os cálculos menores que 3 mm podem percorrer todo o sistema urinário e ser eliminadas na urina sem maiores sintomas. A cólica renal surge quando um cálculo fica impactado na JUP, no ureter ou na JUV, causando obstrução e dilatação do sistema urinário. Dilatação do sistema coletor Espasmo ureteral Irritação local pela obstrução JUP: junção ureteropélvica Estreitamento do ureter quando passa os vasos ilíacos JUV: junção ureterovesical Exame padrão ouro para cólica renal TC de abdome e pelve sem contraste Quais são os pacientes que chegam na emergencia com cólica renal: Cálculos impactados na JUP, no ureter ou na JUV Se não gera obstrução não gera cólica renal Para causar cólica renal tem que ter obstrução (diltação) Cálculos nos rins: LECO (método de escolha). Cálculos no ureter proximal: LECO (método de escolha), nefrolitotomia percutânea. Cálculos no ureter médio: LECO, ureterorrenoscopia. Cálculos no ureter distal: ureterorrenoscopia (método de escolha), LECO. Cálcio Ácido úrico Estruvita Cistina Medicamentoso
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