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OBJETIVOS GERAIS 01. Classificar a puberdade precoce e suas causas 02. Descrever a sintomatologia, diagnóstico e tratamento da puberdade precoce 03. Caracterizar a SOP, sua fisiopatologia, epidemiologia, sintomatologia, critérios diagnósticos e tratamento (inserir metformina). 04. Explicar as principais complicações precoces e tardias da SOP. 05. Relatar os aspectos psicológicos envolvidos nas alterações endocrinológicas da puberdade precoce e SOP na adolescência. OBJETIVO UM A PUBERDADE A puberdade é a fase do desenvolvimento humano a qual compreende o período de transição entre a infância e a vida adulta. Nela, ocorrem as modificações neurológicas, hormonais e físicas que resultam na maturação sexual, possibilitando ao organismo alcançar sua forma e sua capacidade funcional de mulher adulta preparada para a reprodução. A idade da puberdade normal tem uma grande variação considerando-se, de modo geral, que ela se inicia entre os 8 e os 13 anos (com a média em torno dos 10,5 anos). M4: projeção da papila e aréola acima do contorno da mama M5: projeção apenas da papila e retorno da aréola ao contorno da mama. MANISFESTAÇÕES BENIGNAS QUE PODEM SER CONFUNDIDAS NA CLÍNICA MÉDICA TELARCA PRECOCE ISOLADA Na telarca precoce, a menina apresenta desenvolvimento mamário unilateral ou bilateral isolado sem outros sinais de puberdade precoce. Geralmente, é uma condição benigna que ocorre desde o nascimento até os 2 a 3 anos de idade. Apresenta regressão espontânea dentro de meses ou pode persistir até a puberdade. Em raros casos, principalmente quando surge após os 6 anos de idade, pode evoluir para PP. A velocidade de crescimento e a idade óssea permanecem adequadas para a idade cronológica. As concentrações de gonadotrofinas e estrogênios estão dentro dos valores da normalidade pré-púbere, embora os níveis de FSH possam estar elevados. PUBARCA PRECOCE ISOLADA Consiste no aparecimento de pelos pubianos antes dos 8 anos de idade em meninas. Pelos e odor axilar, acne, pequeno aumento da velocidade de crescimento e avanço discreto de idade óssea também podem ser observados em alguns casos, principalmente nos dois primeiros anos de evolução. No entanto, a progressão da puberdade e a altura final são normais. Na pubarca precoce isolada, os níveis séricos de androgênios adrenais são normais. Deve ser distinguida da adrenarca precoce, em que os níveis dos androgênios suprarrenais estão elevados; da hiperplasia suprarrenal congênita (forma não clássica ou atenuada); e, em raros casos, do tumor secretor de androgênio. Em crianças obesas, pode-se observar uma frequência maior de pubarca precoce como manifestação de resistência insulínica e síndrome metabólica (adulto). A forma não clássica da hiperplasia suprarrenal congênita é diagnosticada pela hiper-resposta da 17OH-progesterona em um teste de estímulo com ACTH. No tumor suprarrenal produtor de androgênio, as concentrações de S-DHEA estão muito elevadas (Tabela 27.3). A pubarca precoce tem sido associada também à criança que nasce pequena para a idade gestacional (PIG). O excesso de peso na infância pode predispor a pubarca precoce em indivíduos suscetíveis. MENARCA PRECOSE ISOLADA Caracteriza-se por um sangramento vaginal isolado antes dos 8 anos de idade sem outros sinais de puberdade ou avanço da idade óssea. Tais episódios são mais frequentes durante o inverno e não têm um caráter cíclico. As concentrações de gonadotrofinas e de estradiol estão na faixa de normalidade pré-púberes. A história clínica detalhada, bem como o exame da genitália externa, é essencial para descartar possíveis lesões traumáticas ou tumores, abuso sexual e manipulações genitais. PUBERDADE PRECOSE DE FATO No período pós-natal, há uma importante secreção de hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) de origem hipotalâmica. Em seguida, há uma quiescência hormonal até o início da puberdade, quando ocorre reativação da secreção de GnRH em pulsos, ativando o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal Aceleração da velocidade de crescimento antecede a telarca •Telarca: ação de estrogênios de origem ovariana •Pubarca: ação de androgênios de origem suprarrenal •Menarca: marcador tardio da puberdade feminina. Classicamente, puberdade precoce (PP) é definida quando há o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários em meninas antes dos 8 anos e em meninos antes dos 9 anos. Nas meninas, clinicamente, ocorrem telarca e/ou pubarca, odor axilar, oleosidade da pele, acne, crescimento acelerado e maturação esquelética. •PUBERDADE PRECOCE CENTRAL (PPC), puberdade precoce gonadotrófica dependente ou puberdade precoce verdadeira: há maturação precoce do eixo hipotálamo-hipófise-gonodal. Os caracteres sexuais secundários são concordantes com o sexo da pessoa (padrão isossexual) •PUBERDADE PRECOCE PERIFÉRICA (PPP), puberdade precoce gonadotrófica não dependente ou pseudopuberdade precoce: secreção excessiva dos hormônios sexuais gonadais ou hormônios suprarrenais de etiologia genética ou tumoral (tumor de células germinativas secretores de gonadotrofina coriônica humana – exclusivo em meninos) ou de origem exógena. Pode ocorrer o padrão isossexual ou heterossexual (virilização de meninas ou feminização de meninos). OBJETIVO DOIS DIAGNÓSTICO Em casos de suspeita de PP, deve-se seguir um roteiro propedêutico para o correto diagnóstico e a precisa orientação terapêutica. Começar com anamnese minuciosa, verificando: •Dados da estatura de pais, avós e irmãos •Idade da menarca e desenvolvimento puberal (paciente e familiar) •Antecedente familiar de PP •Uso de medicamentos (esteroides) •Histórico de trauma craniano •Histórico de infecções •Alterações do SNC: cefaleia, alterações visuais e convulsões. Em seguida, realizar exame físico, checando: •Características faciais: oleosidade da pele, acne, comedões e estigmas sindrômicos •Presença de pelos e odor axilar •Tireoide à palpação •Abdome à palpação •Desenvolvimento muscular •Exame antropométrico (peso e altura) •Cálculo da idade estatural e do desvio padrão em relação à idade cronológica, utilizando tabelas específicas •Caracteres sexuais secundários (mamário e pelos pubianos) segundo os critérios de Marshall e Tanner.25,26 O intervalo entre 2 estágios puberais é de 1 ano, sendo que intervalos inferiores a 6 meses devem ser considerados anormais10 •Volume testicular: se maior que 4 mℓ ou maior que 2,5 mm de diâmetro, é considerado púbere. O volume testicular pode auxiliar na classificação da PP. Na PPC, assim como na puberdade normal, o volume testicular é aumentado; já na PPP, o volume testicular geralmente é reduzido. POR FIM, SOLICITAR EXAMES. OS MAIS INDICADOS SÃO: •Radiografia de punho e mão não dominante para determinação de idade óssea. O método de escolha para a avaliação da idade óssea é o de Greulich-Pyle.27 A idade óssea pode ser a base da predição da idade óssea adulta pelo método de Bayley-Pinneau, porém com baixa precisão28 •Ultrassonografia pélvica em meninas para avaliar volumes uterino e ovarianos e ocorrência de cistos ou processos neoplásicos. Púberes: ovários > 1,5 mℓ e útero com comprimento > 3,4 cm29 •Ressonância magnética do SNC visando detectar malformações ou tumores •Avaliação bioquímica laboratorial. LABORATORIAL A avaliação laboratorial das gonadotrofinas, em particular a dosagem do LH em sua condição basal, deve ser 0,1 UI/ℓ. Em meninos, valores basais de LH > 0,2 UI/ℓ por ensaio imunoquimioluminométrico (ICMA) e > 0,6 UI/ℓ por ensaio imunofluorométrico (IFMA) confirmam o diagnóstico de PPC.Em meninas, é necessária a realização de teste de estímulo com GnRH, por causa da sobreposição de valores do LH basal pré-puberal e puberal inicial (Tabela 28.1). No Brasil, o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde preconiza o teste de estímulo com GnRH, 100 mcg por via intravenosa (IV), com aferições 0, 30 min e 60 min após, para o diagnóstico da PP tanto em meninas quanto em meninos acima de 3 anos de idade. A dosagem do estradiol no sexo feminino não tem sido utilizada, pois tem baixa sensibilidade no diagnóstico da PPC. Por outro lado, a dosagem de testosterona no sexo masculino tem se mostrado sensível. A dosagem de FSH basal ou após estímulo com análogos dos agonistas de GnRH (a-GnRH) não é útil no diagnóstico da PPC.33 Nas situações em que há dúvida sobre o diagnóstico de PP, deve-se reavaliar o paciente em 4 a 6 meses. TRATAMENTO As indicações para bloqueio puberal são: PP de qualquer etiologia; potencial de altura final inadequada; alterações psicossociais (distúrbios comportamentais, imaturidade comportamental e retardo mental); e desenvolvimento puberal acelerado. Para retardar a menarca, o paciente deve ser minuciosamente avaliado. Os objetivos do tratamento são: •Detectar e tratar lesões causadoras de PP •Interromper a maturação sexual até a idade normal para o desenvolvimento puberal •Promover a regressão ou a estabilização dos caracteres sexuais secundários •Desacelerar a maturação esquelética •Preservar a estatura normal •Evitar desproporções corporais •Evitar problemas emocionais na criança •Aliviar a ansiedade dos pais •Evitar abuso sexual •Evitar a gestação em idade precoce •Preservar a fertilidade. TRATAMENTO DA PUBERDADE PRECOCE O objetivo é bloquear a secreção gonadotrófica. O tratamento de escolha é feito com a-GnRH. Os a-GnRH inicialmente estimulam a produção de FSH e LH, porém seu uso contínuo suprime a produção destes. Dentre os a-GnRH de liberação lenta (depot) disponíveis, os mais utilizados são o acetato de leuprorrelina e o embonato de triptorrelina, na dose de 75 a 100 mcg/kg. Administrar 1 ampola de 3,75 mg a cada 28 dias ou 11,25 mg a cada 3 meses, por via intramuscular (IM) nas crianças com mais de 20 kg, e ½ ampola nas crianças até 20 kg. Este esquema de tratamento demonstrou grande eficácia e segurança em 30 anos de experiência clínica. O a-GnRH geralmente é bem tolerado. Outra opção disponível é o acetato de gosserrelina nas dosagens de 3,6 mg para uso mensal ou 10,8 mg para uso trimestral, administrado por via subcutânea (SC), e a histrelina na dosagem de 50 mg para uso anual, administrada SC (implante; Tabela 28.2). O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde do Brasil disponibiliza a leuprorrelina, a triptorrelina e a gosserrelina na mesma posologia aqui descrita. Recentes estudos demonstraram a mesma eficácia e segurança com uso mensal, trimestral e anual. No Brasil, é mais comum o uso mensal e trimestral dos a-GnRH. O monitoramento do tratamento é feito pela avaliação clínica e laboratorial. O bloqueio puberal adequado resulta em estabilização ou regressão dos caracteres sexuais secundários, redução da velocidade de crescimento e da maturação óssea, com melhora na predição da estatura final. Em ambos os sexos, os níveis séricos dos esteroides sexuais (testosterona em meninos e estradiol nas meninas) devem estar suprimidos. A dosagem de LH deve estar no valor pré- púbere. Os pacientes que não responderam bem ao tratamento, mesmo com dose maior de a-GnRH, devem ser reavaliados quanto à etiologia da PP. Quanto mais precoces forem o diagnóstico e o início de tratamento, melhor será o resultado de ganho estatural final. Estudos demonstram que o tratamento com a-GnRH não tem grandes efeitos deletérios sobre o índice de massa corporal (IMC), a densidade mineral óssea (DMO) e a fertilidade. Devem-se manter os níveis séricos de cálcio e 25- hidroxivitamina D dentro da normalidade para evitar a diminuição da DMO. A menstruação ocorre em média 16 meses após a última dose administrada. OBJETIVO TRÊS A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma doença com alta prevalência,1,2 que afeta mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo, mas pode advir de histórico familiar patológico, principalmente materno com SOP e/ou diabetes gestacional e se estender pela pós- menopausa. A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma afecção endócrina complexa caracterizada por hiperandro-genismo e anovulação crônica. Associa-se frequentemente a resistência à insulina, obesidade e infertilidade, bem como à presença de ovários com volume aumentado e micropolicístico. EPIDEMIOLOGIA 5% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Segundo estudos epidemiológicos as manifestações de hiperandrogenismo e as irregularidades menstruais são as mais comuns. FISIOPATOLOGIA Não se conhece claramente a etiologia da SOP. Alguns investigadores sugerem várias hipóteses para tentar explicar a SOP Salienta-se que alguns sugerem que essa síndrome pode ser consequência de um distúrbio durante a gestação, gerando um recém-nascido de baixo peso (menor que 2.500 g ou menor que o percentil 10% do peso esperado para a idade gestacional). Essa criança teria maior predisposição para desenvolver resistência https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref1 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref2 insulínica e doenças crônicas, como hipertensão arterial sistêmica e diabete melito, bem como seria candidata a ser mais obesa e ter a SOP Outros autores apontam também para o macrossômico (peso maior de 3.800 g) como fator que pode influenciar no surgimento da SOP por outro mecanismo. Apesar de a etiologia não ser clara, sabe-se que o distúrbio do metabolismo de androgênios pode ter uma ação importante tanto central (hipotálamo e hipófise), como nos ovários e no endométrio. O resultado final seria o desaparecimento da ciclicidade funcional por inadequa-do controle de retroalimentação, resultando em produ-ção excessiva de androgênios e subsequente aumento de estrogênios pela ação da aromatase. Esse padrão pode in- terferir tanto nos neurônios da kisspeptina como nos pro-dudores de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofi-nas). Essa mudança teria efeito também na hipófise, levando a maior produção e liberação do hormônio lu-teinizante (LH) e redução parcial do folículo- estimulan-te (FSH). Esse padrão hormonal de gonadotrofinas de- terminaria um microambiente androgênico no ovário, acarretando as alterações histomorfológicas conhecidas da SOP, como micropolicistose e aumento do estroma ovariano, consequentemente maior síntese de androgênios, levando a um ciclo vicioso. Outro aspecto importante seria a insulina, que pode ser considerada peça importante na fisiopatologia da doença, pois muitas mulheres com SOP, obesas ou não, têm hiperinsulinemia e resistência insulínica, tendo risco de desenvolver intolerância à glicose e diabete melito. O mecanismo exato da resistência à insulina ainda é desconhecido, porém parece se tratar de defeito pós-receptor de insulina. Estudos sugerem que alteração no substrato 1 da tirosina determinaria maior fosforilação nos resíduos de serina do receptor de insulina ou de proteínas dessa via de sinalização, resultando em diminuição das proteínas GLUT-4 na ida para a membrana plasmática e difi-cultando a entrada de glicose. Em consequência, ocorre-ria maior liberação de insulina (hiperinsulinismo). O campo é, atualmente, objetode intensa investigação. A insulina age diretamente e, também, pela ação e, também, pela ação sinérgica com o LH, na produção androgênica das células da teca interna do ovário. Além disso, diminui a produção hepática da globulina carreadora de esteroides sexuais (SHBG), permitindo que maior fração de androgênios circule em sua forma ativa. CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO Os critérios para o diagnóstico da SOP sempre estão relacionados com a hipersecreção de LH, que compreende a irregularidade menstrual (anovulação) e o aumento da secreção dos andrógenos (clínica e/ou laboratorialmente). A partir desse entendimento, tentam-se construir critérios para justificar o conceito de síndrome da doença O consenso de Rotterdam adicionou a aparência ultrassonográfica de ovários policísticos aos critérios diagnósticos. Segundo esse consenso, a SOP seria identificada na presença de dois dos três dos seguin-tes achados: anovulação crônica, sinais clínicos ou bioquímicos de hiperandrogenismo e ovários policísticos. Esse consenso também recomenda a exclusão de outras causas de hiperandrogenismo e anovulação. PARA ADOLESCENTES Talvez o principal ponto de destaque seria a morfologia, sendo o volume ovariano o principal parâmetro a ser avaliado. Ainda é possível a via pélvica, pela impossibilidade da via transvaginal em pacientes virgens. Além dos critérios dos NIH, são importantes os parâmetros publicados pela Endocrine Society em 2013, com maior foco na parte clínica da SOP. O diagnóstico diferencial é realizado com: •Hiperplasia suprarrenal congênita •Síndrome de Cushing •Tumores secretores de andrógenos •Doenças da tireoide •Hipogonadismo hipogonadotrófico. EXAME CLÍNICO •Clitóris aumentado •Acantose nigricans, mancha aveludada escurecida ou acinzentada em região de dobras como pescoço (parte posterior), axilas e sulcos inframamários •Avaliação da circunferência abdominal, que deve ser, no máximo, de 80 cm, segundo referência da International Diabetes Federation •Aferição de peso e altura para calcular o IMC •Aferição dos níveis tensionais. ALOPECIA Por vezes, esse aumento da testosterona livre que se estabelece com um decréscimo da globulina ligadora dos hormônios sexuais ocorre particularmente em obesas. Além disso, fatores locais da própria pele podem amplificar os andrógenos por aumento da 5α- redutase e os respectivos receptores. Acne ou alopecia isoladas não são bons marcadores clínicos, devendo- se lançar mão dos níveis de testosterona livre. Não se pode esquecer que todas as síndromes hiperandrogênicas devem entrar como diagnóstico diferencial: Cushing, tumores ovarianos ou suprarrenais, hiperplasia suprarrenal congênita e outros menos raros. QUADRO CLÍNICO Tipicamente, a SOP manifesta-se com um quadro de irregularidade menstrual do tipo espaniomenorreia, iniciada à época da menarca, associado a hiperandrogenis-mo clínico (hirsutismo e acne) e/ou laboratorial (hipe-randrogenemia). O quadro clínico da síndrome pode variar em razão da heterogeneidade da doença, e muitas vezes estão pre-sentes fatores correlacionados, como obesidade, infertilidade e sinais de resistência à insulina (acanthosis nigri-cans), entre outros. Embora a espaniomenorreia seja mais comum, ob-servam-se amenorreia em cerca de 55% dos casos e san-gramento anormal em 28%. Hirsutismo está presente em quase 50% das pacientes. Tanto o hirsutismo quanto as alterações menstruais iniciam-se na fase peripubertária, geralmente acompanhadas de aumento de peso. TRATAMENTO A terapêutica baseia-se na atuação nos seguintes eixos principais: irregularidade menstrual, sinais e sinto-mas do hiperandrogenismo, infertilidade, alterações me- tabólicas e prevenção de consequências de longo prazo. O tratamento pode ser baseado em não medicamentoso que inclui mudanças de hábitos de vida (atividade física, redução do estresse e dieta nutricional adequa- da. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Os anticoncepcionais orais combinados, estroproges-tativos, são empregados em pacientes anovuladoras com hiperandrogenismo sem desejo de gravidez iminente. Esse fármaco reduz os níveis circulantes de androgênio, com-bate o hirsutismo e o hiperandrogenismo, regulariza os ciclos, protege o endométrio e promove contracepção quando esta é desejada28 No entanto, não promove me-lhora da resistência à insulina, normalmente associada à síndrome, e pode, eventualmente, até piorá-la (depen-dendo do tipo de progestagênio empregado). Os contraceptivos orais também devem ser prescri-tos com maior critério em pacientes hipertensas ou com dislipidemia. Em geral, os contraceptivos orais combina-dos diminuem os níveis androgênicos circulantes por meio de inibição da secreção de gonadotrofinas e pelo aumento dos níveis de SHBG hepático que auxilia na re-dução dos androgênios circulantes. O esquema terapêu-tico é o mesmo utilizado na contracepção. Em pacientes sem atividade sexual ou na impossibili-dade de uso de contraceptivos orais combinados, pode-se fazer uso intermitente de progestagênios, visando à regu- larização do ciclo menstrual e à proteção endometrial. Não há evidências concretas sobre o efeito metabólico do uso dessas substâncias ou benefícios adicionais. Procura-se prescrever agentes progestacionais com baixo potencial androgênico. Entre os mais usados, salienta-se o desonor- gestrel (75 μg ao dia) em uso contínuo. Para regularizar o ciclo, pode-se ainda empregar a medroxiprogesterona (2,5-10 mg/dia), o acetato de di- hidrogesterona (10 mg/dia) e a progesterona micronizada (100-200 mg/dia). Esses fár-macos podem ser empregados por 10 a 14 dias. METFORMINA A metformina é uma biguanida utilizada no trata-mento de diabete, eficaz na diminuição dos níveis de an-drogênio nessas pacientes e na melhora dos sintomas17 No Departamento de Ginecologia do HCFMUSP, o estu-do de Maciel et al. mostrou que muitas mulheres relata-ram melhora do padrão menstrual após 6 meses do uso dessa substâncias. As pacientes candidatas à utilização da metformina devem apresentar funções hepática e renal normais. Com o objetivo de evitar os efeitos colaterais gastrointestinais, a droga deve ser administrada com as refeições e deve-se iniciar o tratamento com dose mais baixa (500 mg/dia) e ir aumentando progressivamente (até 2.000 mg/dia). A utilização isolada da metformina (de 1.500 a 2.000 mg/ dia) promove a ovulação em 78 a 96% das pacientes. Con-tudo, há debates sobre o emprego desse fármaco em mu-lheres com ovários policísticos, principalmente quando há apenas resistência insulínica isolada. OBJETIVO QUATRO pacientes com SOP podem sofrer de infertilidade,5 resistência insulínica,6 intolerância à glicose (IGT) e aumento do risco de diabetes tipo 2,7 doença coronariana,8 dislipidemia aterogênica,9 morbidade cerebrovascular,10 carcinoma de endométrio,11 ansiedade e depressão.12 Caso engravide, a paciente estará sujeita a um aumento significativo do risco de diabetes gestacional, pré- eclâmpsia, crescimento intraútero restrito, macrossomia fetal e mortalidade perinatal. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref5 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref6 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref7 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref8 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref9 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref10https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref11 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732406/epub/OEBPS/Text/cap-32.xhtml?favre=brett#ref12
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