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CLÍNICA - NEURO Aléxia Sousa Guimarães MED III – 7º período NEUROINFECÇÃO MENINGOENCEFALITES AGUDAS -Tanto a meningite quanto a encefalite podem cursar com vômito, cefaleia, alteração de consciência, febre, convulsão e os exames de imagem (TC ou RNM) podem estar normais. O diagnóstico é principalmente pelo exame do líquor -Cada uma delas pode se manifestar com pródromo inespecífico de cefaléia e febre. Em um indivíduo sadio poderá ser tratada como benigna até que surjam alterações da consciência com sinais neurológicos focais ou crises convulsivas SÍNDROMES CLÍNICAS CARACTERÍSTICAS MENINGITE · Reação inflamatória das meninges, causada por um agente infeccioso (ex: bactérias – mais grave – ou vírus – menos grave), químico ou por infiltração tumoral · Consiste em uma infecção aguda, purulenta ou não, que envolve predominantemente o espaço subaracnóide. Quando há envolvimento cortical associado denomina-se MENINGOENCEFALITE · A meningite grave cursa com grande reação edematosa tecidual LETALIDADE: -A pneumo e meningo ocorrem mais comumente em adultos, enquanto o hemófillus em crianças -A meningo é a mais comum e juntamente com a pneumo são as de maior letalidade PATOLOGIA: -Leptomeninges: evidencia exsudato na superfície do cérebro -Exame microscópico: neutrófilos em todo o espaço subaracnóideo · Antibiótico: apesar de ser imprescindível e emergencial, a destruição das bactérias causa uma liberação de substâncias e toxinas que levam à uma reação inflamatória que aumenta as complicações neurológicas. Logo, o ATB pode ser DELETÉRIO para evolução do quadro. Por isso, usa-se concomitantemente CORTICÓIDE. · Dexametasona (corticoide): VALE A PENA SER FEITO, apesar do benefício questionável e do pouco subsídio 1.MENINGITE BACTERIANA AGUDA ETIOLOGIA: · Neisseria meningitidis: diplococo gram-negativo -Coloniza a orofaringe -É a mais letal, sendo a segunda mais prevalente em adultos -Seu pico ocorre no período do inverno e início da primavera e sua virulência relaciona-se ao seu padrão de endotoxinas produzidas -MENINGOCOCCEMIA: Patógeno realiza invasão nasofaríngea que acarreta bacteremia evoluindo com choque séptico, CIVD e hipóxia tecidual. É mais rara, porém mais grave, devido infecção disseminada Complicações: Sd.Waterhouse Friderichsen, SDRA, IRA, pericardite Tratamento: Benzilpenicilina,Cloranfenicol,Ceftriaxona e Cefotaxima Reação de Jarisch- Herxheimer: reação adversa, imunomediada, rara e benigna do uso de penicilina benzatina · Streptococcus pneumoniae: diplococo gram-positivo -É a mais prevalente em adultos, sendo o principal agente etiológico de infecções respiratórias adquiridas na comunidade (otites, sinusites e pneumonias) -Tratamento: Ceftriaxona, se persistir associar vancomicina OBS: Ceftriaxona é o tratamento de escolha para meningite bacteriana aguda, pois abrange os dois principais agentes etiológicos · Haemophilus influenza: bacilo coco gram-negativo -Tipo B: causa meningite -Causa: otite média aguda, sinusite, pneumonia e exacerbação do DPOC, meningite e epligotite -Tratamento: Ceftriaxona ou Cloranfenicol · Streptococos do grupo B · Listeria monocytogenes QUADRO CLÍNICO: não necessariamente apresenta as 3 síndromes TRÍADE CLÁSSICA cefaleia + febre + meningismo I)Síndrome infecciosa: -Mialgia de início súbito, febre e calafrios, hiporexia, letargia e irritabilidade e rash petequial II)Síndrome de irritação radicular ou meníngea: -Sinal de Brudzinsky, sinal de Kernig, Sinal de Laségue e rigidez de nuca -Todos traduzem rigidez de nuca: o paciente deve manter o pescoço relaxado no momento do exame. Paciente com enxaqueca pode ter uma irritação e contralidade tão grande que pode ser confundida com rigidez de nuca. III)Síndrome de HIC ou hipertensão encefalítica: -Cefaléia intensa, vômitos (em jato, não precedido por náuseas), exame do fundo de olho mostrando edema de papila (fecha diagnóstico de HIC), alteração de sensório e topor ou coma DIAGNÓSTICO: Punção lombar · Fazer TC antes se: -Presença de déficit neurológico focal (ex: hemiplegia, hemiparesia) -Papiledema (se puncionar causará herniação) -Rebaixamento do nível de consciência (cérebro pode estar encharcado de sangue) -Convulsões (tratar antes) -Imunossupressão (ex: HIV) · Contra-indicações: -HIC, Abscesso e Infecção no sítio da punção (ex: escara na região sacral) TRATAMENTO: de acordo com a idade determina os antibióticos · < 2 meses: Cefotaxima + Ampicilina · >3 meses e < 50 anos: Ceftriaxone · Imunodeprimidos e idosos > 50 anos: Ceftriaxone + Ampicilina · TCE fechado: Ceftriaxone · Presença de derivação: Ceftazidima + Vancomicina · Pós trauma aberto ou pós neurocirurgia: Ceftazidima + Vancomicina QUIMIOPROFILAXIA: -Feita em contactantes íntimos expostos até 7 dias do início dos sintomas (podem ter tido contato com a secreção - fazer cultura para avaliar se precisará ou não da profilaxia), apenas em casos de doença meningocócica ou meningite por Haemophilus influenzae -Rifampicina (12/12h por 2 dias) ou Ceftriaxone (dose única) ou Ciprofloxacino (dose única) ou Azitromicina (dose única) DOENÇA MENINGOCÓCICA HAEMOPHILUS INFLUENZAE -Contactantes domiciliares, quartéis e orfanatos, creche e pré-escola, pessoas expostas diretamente às secreções de orofaringe (por ex. por beijos), profissionais da saúde que tiveram contato com secreções respiratórias sem uso de máscara -Meningite por H. influenzae -Contactantes domiciliares: somente quando além do caso índice houver crianças < 4 anos susceptíves (não vacinadas ou vacinação incompleta) -Creches e pré-escolares: somente a partir do 2º caso confirmado, para contactantes próximos COMPLICAÇÕES: são várias PROGNÓTISCO: -Mortalidade alta -Pior prognóstico quando: · Demora no início do antibiótico · Alteração do nível de consciência, hipotensão (traduz choque, pode indicar sepse) · S. pneumoniae: quando não causa óbito normalmente deixa sequelas (não existe profilaxia) · N. meningitidis: evolução desfavorável 2.MENINGITE VIRAL E ASSÉPTICA -Bom prognóstico, exceto se houver encefalite: paciente às vezes NÃO tem alteração da consciência e nem coma e nem síndrome de HIC, cursa com quadro de irritação, letargia, chances de sequelas são mínimas -Etiologia: maioria indeterminada QUADRO CLÍNICO: · Cefaléia · Febre · Meningismo · Síndrome viral · Meningite de Mollaret (HSV tipo 2): rara e relacionada a herpes tipo 2 · Pode ocorrer neuralgia pós-herpetica, o Zoster tem tropismo pela mielorradiculite, causam mais patologias em raízes torácicas que em lombossacras, mas pode pegar raiz cervical. ENTEROVÍRUS: -Coxsackievirus e Echovirus: transmissão fecal-oral, com pico no verão/outono FAMÍLIA HERPES VÍRUS: -Encefalite herpética: HSV-1 é o principal representante das encefalites; quadro grave com alta mortalidade, convulsões, confusão, agitação psicomotora, rebaixamento de consciência. Herpes tem tropismo pelo lobo temporal -HSV-2 (Mollaret) -Varicela Zoster vírus -Vírus da caxumba: pós-vacinal -Outros DIAGNÓSTICO: · Líquor: pleocitose de predomínio linfocítico, glicose normal ou ligeiramente baixa e proteínas elevadas (marcador inflamatório) · PCR viral no líquor: fazer para toda família herpes · Neuroimagem: RNM TRATAMENTO: · Aciclovir venoso somente nos casos de HSV, pois tem alta mortalidade e quadro é grave ENCEFALITE · Ocorre quando o tecido encefálico é diretamente lesionado por infecção viral · É muito parecida com a meningite, mas possui sintomas muito mais ricos: -Alteração do comportamento, surto psicótico, mudança de humor · À princípio são TODAS virais (Herves vírus é o principal causador), consiste no acometimento do encéfalo INFECÇÕES FOCAIS (ABSCESSO CEREBRAL E EMPIEMA SUBDURAL) · EMPIEMA: coleção de pus dentro de uma cavidade natural. Pode ter empiema subdural e/ou epidural · ABSCESSO: acúmulo localizado de pus em um tecido que estará em contato com o córtex CEREBRITE: infecções focais que envolvem o telencéfalo CEREBELITE: infecções focais que envolvem o cerebelo ABSCESSO:possui cápsula QUADRO CLÍNICO: -Cefaléia, febre, déficit neurológico, HIC e papiledema TRATAMENTO: · DRENAGEM CIRÚRGICA -Foco oral: Metronidazol + penicilina G cristalina -Foco otológico ou sinusite: Metronidazol + ceftriaxone ou cefotaxime -Foco hematogênico: Vancomicina (pode associar ao metronidazol) -Pós-neurocirurgia: Vancomicina + cefitazidima ou cefepime -Trauma penetrante: Vancomicina + ceftriaxone ou cefepime -Dexametasona: efeito de massa TROMBOFLEBITE INFECCIOSA NEUROTUBERCULOSE TUBERCULOSE -Representa 2-5% dos casos de tuberculose (infecção bacteriana temida, mas ainda muito rara), chegando a 10% nos pacientes com HIV -O acometimento do SNC pode ocorrer por: · Meningite · Abscesso · Cerebrite focal · Tuberculoma: constitui a forma de acometimento parenquimatoso mais comum, com uma zona central de necrose caseosa, circundada por uma cápsula de colágeno · Mielopatia tuberculosa -Há disseminação hematogênica a partir do complexo pulmonar ganglionar primário QUADRO CLÍNICO: apresenta curso clínico subagudo · Febre, cefaleia, rebaixamento do nível de consciência e irritação meníngea · A meningite tuberculosa é mais arrastada: subaguda crônica · Complicações: infarto, vasculite, abscesso e tuberculoma podem apresentar sinais focais ou crises epilépticas -Histopatologicamente: exsudato inflamatório ao redor das cisternas da base (leva à obstrução dos espaços liquoricos, com consequente hidrocefalia, além de arterite podendo culminar com infartos – vasculites-), edema perilesional e infiltrado celular DIAGNÓSTICO: -Mal de Pott (BK vertebral) -Imagem: tríade de realce meníngeo cisternal, hidrocefalia e infartos profundos -Tuberculoma: apresenta lesão hipodensa com captação anelar de contraste (marca a quebra da BHE), circundada por grande área de edema TRATAMENTO: · RIPE (rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol) por 2 meses · RI (rifampicina + isoniazida) por 7 meses. Inicia após RIPE NEUROCISTICERCOSE -Umas das causas mais comuns de epilepsia de início tardio · A presença de calcificações cerebrais são sequelas de neurocisticercose, cursam com crise epiléptica (quanto mais cortical forem as calcificações maior a chance de ocorrer as crises convulsivas; se forem no lobo temporal cursarão com crise epiléptica parcial completa · Requer uso contínuo de anticonvulsivantes · Cisticerco na fase aguda + imagem com edema perto da lesão = internar e usar anticonvulsivante, antiparasitário (albendazol) -Locais de acometimento: parênquima cerebral, núcleos da base, subaracnóidea e intraventricular QUADRO CLÍNICO · Crises epilépticas · Síndrome da HIC · Meningite cisticercótica · Distúrbios psíquicos (principalmente distúrbios comportamentais por atingir lobo temporal) · Assintomáticos: grande maioria SÍNDROME DE BRUNS: cefaleia súbita e de forte intensidade, náuseas, vômitos e vertigem, desencadeada por movimentos bruscos da cabeça DIAGNÓSTICO: -TC: pode identificar as calcificações cerebrais -Líquor: eosinofilorraquia e positividade da reação de fixação do complemento -Presença de escolex (verme vivo) no exame de imagem TRATAMENTO · Feito em ambiente hospitalar · Fase aguda (edematosa): Albendazol ou prazinquantel NEUROESQUISTOSSOMOSE -Agente etiológico: Schistosoma mansoni tropismo por cone medular -Patogenia: deposição de ovos, anticorpos ou forma granulomatosa QUADRO CLÍNICO: · Acometimento encefálico, meníngeo, mielítico (cone e epicone medular na maioria das vezes – Síndrome da cauda equina), pseudotumoral granulomatoso e mielomeningorradiculítico · Paraparesia (perda parcial da função motora): na maioria das vezes progressiva · Paraplegia: alguns casos · Paraparestesia e hipoestesia: principalmente na região selar (S1 a S5) · Alterações esfincterianas vesical e retal: incontinência ou retenção · Impotência sexual DIAGNÓSTICO: · EPF e biópsia intestinal ou líquor · Áreas endêmicas: EPF, líquor e neuroimagem TRATAMENTO: -Prazinquantel ou Albendazol HIV/SIDA (PROVA!) · AIDS: infecção pelo HIV, ocorrendo queda da imunidade, onde as infecções oportunistas começam a surgir nos pacientes HIV comprometidos · NEUROAIDS: -Na aérea neurológica de paciente com imunossupressão pelo HIV: neurotoxoplasmose (principal causa de infecção oportunista do HIV) · Complicações: neuropatia, miopatia, mielopatia, demência e epilepsia NEUROTOXOPLASMOSE (PROVA!) -Infecção oportunista mais comum do SNC, ocorre em estágios avançados de imunossupressão, com CD4+ < 200 células/mm³ · Entre 100-200 surge a neurotoxoplasmose QUADRO CLÍNICO: · Cefaléia e febre · Maioria dos pacientes: deterioração do estado mental (desorientação, confusão, alterações comportamentais), crises epilépticas e sinais neurológicos focais Paciente com cefaleia + febre + sinais neurológicos focais: pesquisar lesões estruturais Localiza-se predominantemente nos núcleos da base, tálamos e junção corticomedular dos hemisférios cerebrais (lobos frontais e parietais) DIAGNÓSTICO: -Lesão de caráter expansivo com realce irregular de contraste (realce anelar), circundada por edema vasogênico -Diagnóstico diferencial: Leucoencefalopatia multifocal progressiva TRATAMENTO: · SULFADIAZINA + PIRIMETAMINA + ÁCIDO FOLÍNICO (PROVA!) NEUROCRIPTOCOCOSE -Constitui a infecção fúngica mais comum nos indivíduos com AIDS -Ocorre por disseminação hematogênica de lesão pulmonar -Criptococomas: mais comuns em pacientes imunocompetentes, sendo a meningite criptocócica mais comum no contexto da AIDS QUADRO CLÍNICO: · Cefaléia e sinais de irritação meníngeos subagudos (podem estar ausentes nos pacientes com AIDS) DIAGNÓSTICO: -Líquor: Criptococo (Nankin) TRATAMENTO: · Anfotericina B (por 15 dias) · Fluconazol (400-800 mg/dia por 8 semanas): utilizado depois que cultura negativar LEUCOENCEFALOPATIA MULTIFOCAL PROGRESSIVA (LMP) -Vírus JC -Normalmente CD4 <100 Acomete substância branca e a região de transição com a substância cinzenta, preferencialmente nas regiões parietooccipitais (cegueira notura, hemianopsia e quadrantanopsia) QUADRO CLÍNICO: · Déficits motores localizados, alterações cognitivas e distúrbios oftalmológicos (hemianopsia homônima, quadrantanopsia e cegueira cortical) DIAGNÓSTICO: -Líquor: Vírus JC TRATAMENTO: · Melhorar a imunidade Obs: óbito em 6-9 meses NEUROSSÍFILIS -Causada pelo Treponema pallidum, que acomete medula espinhal, meninges e parênquima. -Fase terciária da sífilis, sendo que nem todo paciente com sífilis terá neurossífilis QUADRO CLÍNICO · PARALISIA GERAL SIFILÍTICA: -Encefalite crônica, perda neuronal, células em bastonete (micróglia), demência e tetraparesia · TABES DORSALIS: -Degeneração das raízes e funículos posteriores da medula espinhal (afeta propriocepção consciente, esterognosia, tato epicrítico e sensibilidade vibratória) -Afeta sensibilidade profunda -Marcha talonante -Teste de Romberg · PUPILAS DE ARGYLL-ROBERTSON: -Pupilas mióticas, irregulares, não fotorreagentes à luz, mas reagente à acomodação DIAGNÓSTICO: -VDRL > 1:2 ou FTA-Abs VDRL positivo no Líquor: confirma diagnóstico TRATAMENTO: · Penicilina G cristalina aquosa intravenosa (12-24 milhões de UI em intervalos de 4h por 14 dias) em alguns casos causa a reação de Jarisch-Herxheimer
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