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ATLS – VIA AÉREA E VENTILAÇÃO - Oferta inadequada de sangue oxigenado ao cérebro e outros órgãos vitais é o fator que mais rapidamente leva o doente traumatizado à morte - Prevenção da hipoxemia depende de via aérea protegida e desobstruída e ventilação adequada - Prioridade absoluta - Assegurar a permeabilidade da via aérea e o suporte ventilatório adequado - Todos os doentes traumatizados devem receber oxigênio suplementar! - Mortes Evitáveis por Comprometimento da Via Aérea: - Falha em reconhecer a necessidade de intervenção sobre a via aérea - Incapacidade de restabelecer a permeabilidade da via aérea - Incapacidade de reconhecer a necessidade de um plano de via aérea alternativa no caso de insucesso - Falha em reconhecer o posicionamento incorreto dos dispositivos de permeabilização - Deslocamento dos dispositivos de permeabilização - Falha em reconhecer a necessidade de ventilação - Aspiração do conteúdo gástrico - Via aérea e ventilação são as principais prioridades! 1) Via Aérea: - Identificação do Problema: - Obstrução da via aérea pode ser súbita e total, insidiosa e parcial ou progressiva e recorrente - Frequentemente relacionada à dor e ansiedade, a taquipneia pode ser um sinal sutil e precoce do comprometimento da via aérea ou da ventilação - Avaliação e reavaliações periódicas são fundamentais - Diante de um paciente que conversa, pode-se concluir (ao menos naquele instante) que a via aérea está permeável e não apresenta comprometimento - Medida inicial: conversar com o paciente e estimular sua resposta verbal - Presença de resposta verbal clara e apropriada indica que a ventilação está intacta e a perfusão cerebral está adequada - Uma resposta inadequada ou ausência de resposta sugere alteração do nível de consciência, comprometimento da via aérea ou da ventilação, ou ambos - Doentes com rebaixamento do nível de consciência são suscetíveis ao comprometimento da via aérea – necessitam de via aérea definitiva - Especialmente, se o escore na GCS for menor ou igual a 8 - Tubo colocado na traqueia com balão insuflado abaixo das cordas vocais, conectado a uma fonte de oxigênio, sob ventilação assistida - A manutenção da oxigenação e prevenção da hipercapnia é fundamental para o controle do doente traumatizado, especialmente naqueles que apresentam TCE - Em qualquer doente traumatizado é importante antecipar a possibilidade de vômitos e saber como agir - Risco de aspiração – necessário o uso rápido do aspirador - Aspiração da orofaringe e rotação em bloco do doente para o decúbito lateral - Trauma Maxilofacial: - Trauma da face exige uma abordagem agressiva, porém cuidadosa da via aérea - Traumas do terço médio facial podem ocasionar fraturas-luxações que comprometem a nasofaringe e a orofaringe - Fraturas faciais podem ser associadas a hemorragia, aumento de secreções e avulsões dentárias – dificultam a manutenção da permeabilidade da via aérea - Fraturas da mandíbula podem levar à perda do suporte estrutural da via aérea - A via será obstruída com o doente em posição supina - Um doente que se recurse a permanecer em decúbito dorsal pode indicar a dificuldade para manutenção da via aérea - Anestesia geral, sedação e relaxamento muscular podem levar à obstrução da via aérea por diminuição ou ausência de tônus muscular - Trauma Cervical: - Ferimentos penetrantes do pescoço podem causar lesões vasculares que levam a hematomas cervicais expansivos - Podem resultar em obstrução da via aérea - Se a compressão extrínseca e a obstrução da via aérea tornarem a intubação endotraqueal impossível, torna-se obrigatória a abordagem cirúrgica - Trauma cervical contuso ou penetrante pode causar ruptura da laringe ou da traqueia - Obstrução da via aérea ou hemorragia maciça na árvore traqueobrônquica - Assegurar via aérea definitiva - Inicialmente o doente pode conseguir manter sua permeabilidade e ventilação - Se houver suspeita de comprometimento iminente da via aérea, deve- se garantir uma via aérea definitiva - A via aérea do doente pode obstruir subitamente, tornando necessária a indicação precoce de uma via aérea cirúrgica - O tubo endotraqueal deve ser inserido cuidadosamente e, de preferência, sob visão direta - Trauma de Laringe: - Fratura de laringe é uma lesão rara – pode se manifestar como obstrução aguda da via aérea - Tríade de Sinais Clínicos: Rouquidão Enfisema Subcutâneo Fratura Palpável - Obstrução total da via aérea e insuficiência respiratória grave justificam uma tentativa de intubação - Intubação guiada por fibroscópio flexível pode auxiliar (se puder ser realizada como procedimento de emergência) - Se houver insucesso na tentativa de intubação, a traqueostomia de emergência é indicada - Procedimento de difícil execução em situações de emergência – demanda um tempo maior e pode resultar em hemorragia profusa - A Cricotireoidostomia cirúrgica, embora não seja o procedimento de escolha, pode constituir uma manobra salvadora da vida - O trauma penetrante da laringe ou da traqueia é evidente e exige tratamento imediato - Transecção completa da traqueia ou oclusão da via aérea por sangue ou partes moles pode causar comprometimento da via aérea que necessite de correção imediata - Lesões frequentemente associadas a trauma de esôfago, artéria carótida e veia jugular - Respiração ruidosa indica obstrução parcial da via aérea que pode subitamente converter-se em obstrução total - Ausência de movimentos respiratórios sugere que o doente já apresenta obstrução total da via aérea - Rebaixamento do nível de consciência dificulta o diagnóstico de obstrução da via aérea - Esforço respiratório pode ser a única evidência de obstrução da via aérea ou de lesão traqueobrônquica - Sinais Objetivos de Obstrução da Via Aérea: 1. Observar o doente e avaliar se ele está agitado ou torporoso - Presença de agitação sugere hipóxia e torpor sugere hipercapnia - Cianose indica hipoxemia por oxigenação inadequada - Inspeção de leitos ungueais e região perioral - Sinal tardio - Oximetria de pulso deve ser usada precocemente - Verificar se há tiragem ou uso de musculatura acessória 2. Ouvir a via aérea atentamente à procura de ruídos anormais - Respiração ruidosa indica obstrução - Roncos, gorgolejos e estridores podem ser manifestação de obstrução parcial da faringe ou da laringe - Rouquidão (disfonia) implica obstrução funcional da laringe 3. Palpar a traqueia e determinar se ela está normoposicionada 4. Prestar atenção no comportamento do doente - Diante de um doente agitado ou agressivo, deve-se pensar que a primeira causa desse comportamento é a hipóxia e não a intoxicação exógena 2) Ventilação: - Identificação do Problema: - Ventilação do doente pode estar comprometida por obstrução da via aérea, alteração na mecânica ventilatória ou depressão do SNC - Se a ventilação do doente não melhorar após a desobstrução da via aérea, deve-se procurar por outras causas de comprometimento ventilatório - Trauma direto sobre o tórax (fraturas de arcos costais, ventilação rápida e superficial) - TCE pode causar padrões respiratórios anormais e comprometer a mecânica ventilatória - Lesão medular na coluna cervical pode afetar os nervos frênicos e o padrão respiratório normal - Necessária ventilação assistida - Sinais Objetivos de Ventilação Inadequada: 1. Observar no tórax do doente se os movimentos respiratórios são simétricos e adequados - Assimetria sugere fraturas de arcos costais ou tórax instável – respiração paradoxal - Esforço respiratório indica uma ameaça iminente à ventilação 2. Auscultar o tórax bilateralmente - Diminuição ou ausência do murmúrio vesicular – lesão torácica - Taquipneia pode indicar insuficiência respiratória 3. Utilizaro oxímetro de pulso - Informações quanto à saturação de oxigênio no sangue e perfusão periférica - Não garante que a ventilação esteja adequada - Doentes respirando concentrações elevadas de oxigênio podem manter saturações elevadas, mesmo com ventilação inadequada - Determine o dióxido de carbono arterial ou no ar expirado 3) Tratamento da Via Aérea: - Avaliação da permeabilidade da via aérea e da qualidade da ventilação deve ser feita de forma rápida e precisa - Técnicas básicas para manutenção da via aérea, medidas para instalação de via aérea definitiva e métodos para fornecer suporte ventilatório - Podem ocasionar alguma movimentação no pescoço do doente - Manter a proteção da coluna cervical, em todos os pacientes - Em especial naqueles com lesão instável da coluna cervical ou com exames incompletos - A medula deve ser protegida até que a possibilidade de lesão cervical seja excluída por avaliação clínica e estudos radiológicos adequados e necessários - Oferta de alto fluxo de oxigênio deve ser realizada tanto antes como após a instituição de medidas para o tratamento da via aérea - Doentes com fraturas faciais podem apresentar associação de fraturas da placa crivosa e a introdução de sondas através do nariz pode resultar na passagem acidental da sonda para o interior da caixa craniana - Pacientes com capacete necessitam que sua cabeça e pescoço sejam mantidos em posição neutra até a remoção do capacete - Procedimento de remoção deve ser realizado por duas pessoas - Uma posicionada de frente faz a estabilização manual da coluna cervical - Outra pessoa posicionada por trás, remove o capacete - Pode-se utilizar um cortador de metais - Via Aérea Potencialmente Difícil: - É importante avaliar a via aérea do doente antes de realizar uma tentativa de intubação para prever uma potencial dificuldade - Fatores que indicam dificuldade na execução de manobras para abordagem da via aérea: Lesões de coluna cervical Artrite avançada da coluna cervical Limitação na abertura da boca Trauma mandibular ou maxilofacial significativo Obesidade e variações anatômicas - “LEMON”: – auxilia na avaliação de uma potencial via aérea difícil L – Look Externally (Localize Externamente): - Procure por características que levem a dificuldades na intubação ou na ventilação E – Evaluate (Examine as distâncias com a “regra do 3-3-2): - Alinhar os eixos da faringe, laringe e boca para uma intubação simples - Distância entre os dentes incisivos – pelo menos 3 dedos (3) - Distância entre o osso hioide e o mento – pelo menos 3 dedos (3) - Distância entre a proeminência tireóidea e o assoalho da boca – pelo menos 2 dedos (2) M – Mallampati: - Hipofaringe deve ser visualizada de forma adequada - Classificação de Mallampati: - Solicita-se ao doente que se sente e abra totalmente a boca realizando a protrusão máxima da língua - Avalia-se o grau de visualização da Hipofaringe com o auxílio de uma lanterna - Classe I – palato mole, úvula, fauces e base da úvula visíveis - Classe II – palato mole, úvula e fauces visíveis - Classe III – palato mole e base da úvula visíveis - Classe IV – apenas palato duro visível O – Obstruction (Obstrução): - Qualquer condição que leve à obstrução da via aérea tornará a laringoscopia e a ventilação difíceis N – Neck Mobility (Mobilidade Cervical – “no peito encoste o queixo”): - Mobilidade do pescoço é importante para o sucesso da intubação - Solicitar ao doente para flexionar o queixo no peito e, em seguida, estender como se fosse olhar para o teto - Doentes com colar cervical não podem movimentar o pescoço e são mais difíceis de intubar - Protocolo de Decisão em Via Aérea: - Protocolo para tomada de decisão no tratamento da via aérea - Esse algoritmo aplica-se apenas a doentes que estão com insuficiência respiratória aguda ou em apneia - Necessitam de uma via aérea imediatamente e aqueles com suspeita de lesão da coluna cervical pelo mecanismo de trauma ou pelo exame físico - Prioridade: garantir o fornecimento de oxigênio enquanto se mantém a coluna cervical alinhada - Manobras básicas (elevação do mento e tração da mandíbula) e dispositivos básicos de via aérea - Um tubo endotraqueal é passado enquanto uma segunda pessoa mantém a coluna cervical imobilizada - Caso não haja sucesso nesse procedimento, a cricotireodostomia deve ser executada - Oxigenação e ventilação devem ser mantidas antes, durante e após a inserção da via aérea definitiva - Técnicas para Manutenção da Via Aérea: - Em doentes com diminuição do nível de consciência, a base da língua pode cair e obstruir a hipofaringe - Manutenção da permeabilidade da via aérea pode ser conseguida com um tubo orofaríngeo ou nasofaríngeo - Manobras empregadas para permeabilizar a via aérea podem causar ou agravar lesões cervicais - Imobilização da coluna é fundamental durante a execução desses procedimentos - Elevação do Mento: - Chin Lift - Os dedos de uma mão são colocados sob a mandíbula que é elevada cuidadosamente para deslocar o mento em direção anterior - O polegar da mesma mão afasta levemente o lábio inferior, para abrir a boca - Não deve provocar a hiperextensão do pescoço - Viável em vítimas de trauma porque não apresenta o risco de converter uma fratura cervical sem lesão medular em fratura cervical com lesão medular - Tração da Mandíbula: - Jaw Thrust - Uma mão em cada ângulo da mandíbula e deslocando-a para cima - Prevenir a hiperextensão cervical - Tubo Orofaríngeo (Cânula Orofaríngea): - Inserido na boca por trás da língua - Deprimir a língua com um abaixador (laringoscópio) e, então, inserir o tubo posteriormente à língua - Não deve ser usado em doentes conscientes – induziria o reflexo de vômito e aspiração - Técnica Alternativa: - Inserção do tubo orofaríngeo com concavidade voltada para cima em direção cranial até o palato mole - Após tocar o palato, roda-se o dispositivo 180º e desliza-se o tubo por trás da língua - Tubo Nasofaríngeo (Cânula Nasofaríngea): - É introduzido em uma das narinas e empurrado com cuidado em direção à orofaringe posterior - Bem lubrificado - Introduzido na narina que não esteja obstruído - Se durante a introdução do tubo nasofaríngeo for encontrada alguma obstrução, interrompa o procedimento e tente outra narina - Não deve ser tentado em pacientes com suspeita ou possível lesão da placa cribiforme - Dispositivos Extraglóticos ou Supraglóticos: - Úteis no controle de doentes que necessitam de abordagem avançada da via aérea, mas que a tentativa de intubação foi malsucedida - Máscara Laríngea (ML) ou Máscara Laríngea que permite a Intubação (MLI): - Particularmente quando a intubação orotraqueal ou a ventilação com dispositivo de máscara com válvula e balão falhar - Não fornece uma via aérea definitiva - Tubo Laríngeo: - Dispositivo de via aérea extraglótico com capacidade similar à ML - Fornecimento de uma ventilação adequada - Não é via aérea definitiva - Tubo Esofágico Multilúmen: - Tubo esofágico multilúmen é utilizado por algumas equipes do pré-hospitalar - Manter a via aérea permeável quando a via aérea definitiva não é viável - A passagem de ar para o esôfago é ocluída com a insuflação do balão - Via Aérea Definitiva: - Tubo endotraqueal com o balão insuflado abaixo das cordas vocais, devidamente fixado com fita ou cadarço, conectado a um sistema de ventilação assistida, com mistura enriquecida em oxigênio - Três tipos de via aérea definitiva: tubo orotraqueal, tubo Nasotraqueal e via aérea cirúrgica (cricotireoidostomia ou traqueostomia) - Critérios que indicam a instalação de uma via aérea definitiva: Alterações na Via Aérea (A): - Impossibilidade de manter avia aérea permeável de outra forma - Comprometimento iminente ou potencial da via aérea Alterações na Ventilação (B): - Impossibilidade de manter oxigenação adequada com ventilação por dispositivo de máscara com válvula e balão e oxigenação suplementar - Presença de apneia Alterações na Função Neurológica (D): - Presença de traumatismo fechado de crânio que demande ventilação assistida (escore na GCS menor ou igual a 8) – proteger a via aérea - Ventilação assistida por tempo prolongado é facilitada pelo uso de sedação suplementar, analgésicos ou relaxantes musculares, conforme indicação - Avaliação do quadro clínico do doente e o uso do oxímetro de pulso são úteis para determinar a necessidade de uma via aérea definitiva - Possibilidade de haver uma lesão da coluna cervical é uma das grandes preocupações na avaliação do doente que necessita de intervenção sobre a via aérea OBS: Indicações de Via Aérea Definitiva: Necessidade de Proteção da Via Aérea: o Fraturas Maxilofaciais graves o Risco de Obstrução Hematoma cervical Lesão da traqueia ou laringe Estridor o Risco de Aspiração Sangramento Vômitos o Inconsciência Necessidade de Ventilação ou Oxigenação: o Movimentos Respiratórios inadequados Taquipneia Hipóxia Hipercapnia Cianose o Hemorragia maciça e necessidade de reposição volêmica o TCE contuso grave Necessidade de hiperventilação se houver piora neurológica o Apneia Paralisia neuromuscular Inconsciência 1. Intubação Endotraqueal: - Estabelecer se existe ou não fratura da coluna cervical - A obtenção de estudos radiológicos não deve impedir ou retardar a adoção de uma via aérea definitiva quando ela estiver claramente indicada - Doente com escore GCS igual ou inferior a 8 exige intubação imediata - Se não houver necessidade imediata de intubação, deve-se providenciar radiografias da coluna cervical - Radiografia de perfil de coluna cervical normal não exclui a possibilidade de lesão da coluna cervical - A escolha entre realizar uma intubação orotraqueal ou Nasotraqueal depende da experiência do médico e a presença de ventilação espontânea do doente - Via orotraqueal é realizada com mais frequência – menos complicações - Se o doente estiver em apneia, a intubação orotraqueal é indicada - Intubação Nasotraqueal às Cegas exige que o doente apresente ventilação espontânea e é contraindicada em doentes em apneia - Fraturas faciais, do seio frontal, da base do crânio e da placa cribiforme são contraindicações relativas para a intubação nasotraqueal - Evidência de fratura de nariz, Sinal de Guaxinim (equimose periorbitária bilateral), Sinal de Battle (equimose retroauricular) e extravasamento do líquido cefalorraquidiano (rinorreia ou otorreia) - Quando se opta por realizar a intubação orotraqueal, é necessário utilizar a técnica com duas pessoas para imobilização da coluna cervical - Manipulação da laringe por meio da pressão sobre a cartilagem cricoide em direção posterior, cranial e para o lado direito – auxilia na visualização das cordas vocais - Dispositivos alternativos foram desenvolvidos com integração de técnicas de imagens ópticas e de vídeo – facilitar o processo de intubação - Introdutor de Tubo Traqueal de Eschmann (ITTE) – GEB (bougie) - Usado quando as cordas vocais não são visíveis à laringoscopia direta - Com o laringoscópio posicionado, o GEB é introduzido às cegas além da epiglote, com a ponta angulada posicionada anteriormente - A posição traqueal é confirmada pela sensação de “cliques” (atrito com os anéis cartilaginosos), pela rotação da guia para direita ou esquerda (entrada nos brônquios) ou pela parada do introdutor ao atingir os ramos mais finos da árvore brônquica (na marca de 50cm) - Nenhuma dessas situações ocorre se o GEB entrar no esôfago - Após a realização da laringoscopia direta e da introdução do tubo orotraqueal, deve- se insuflar o balão e iniciar a ventilação assistida - O posicionamento adequado é sugerido pela ausculta do murmúrio vesicular em ambos os campos pulmonares e pela ausência da ausculta de borborigmos no epigástrio - Borborigmos no epigástrio durante a inspiração sugere intubação esofágica - O tubo deve ser trocado e posicionado da forma correta - Detector de CO2 é indicado para auxiliar na confirmação da intubação correta da via aérea - Radiografia de tórax confirma o posicionamento correto do tubo dentro da traqueia - O tubo, após posicionado no local correto, deve ser fixado no local 2. Guia Introdutor para Intubação (Gum Elastic Bougie – GEB): - Uma vez que o guia esteja dentro da traqueia, a extremidade proximal é lubrificada e introduz-se um tubo endotraqueal nº 6 (0,6cm de diâmetro interno) ou maior sobre o GEB - Se o tubo ficar preso na altura das aritenoides ou das dobras ariepiglóticas, deve-se tracionar e rodar o tubo 90º para facilitar a progressão - O GEB é removido e confirma-se a posição do tubo endotraqueal 3. Intubação em Sequência Rápida (ISR): - O uso de medicamentos (anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares) para facilitar a intubação do doente traumatizado é potencialmente perigoso - Em alguns casos, a necessidade justifica o risco - É essencial que o médico compreenda a farmacologia desses medicamentos e esteja apto para acessar a via cirurgicamente se for necessário - Técnica para ISR: Ter sempre um plano para o insucesso na intubação (possibilidade de abordar cirurgicamente a via aérea Certificar que o aspirador e os dispositivos de ventilação com pressão positiva estão disponíveis e funcionantes Preoxigenar o doente com O2 a 100% Comprimir a cartilagem cricoide Administrar um sedativo (ex.: etomidato, 0,3 mg/kg) Administrar 1 a 2 mg/kg de succinilcolina por via endovenosa (dose habitual = 100mg) Obtido o relaxamento, intubar por via orotraqueal Insuflar o balão e confirmar o posicionamento do tubo Interromper a compressão da cricoide e ventilar o paciente - O etomidato (amidato) não apresenta efeito significativo sobre a pressão arterial ou intracraniana - Pode levar à insuficiência adrenal - Promove sedação adequada - Etomidato e outros sedativos devem ser usados com cautela - Não perder o controle da via aérea durante a sedação - Succinilcolina é uma droga de curta duração - Causa paralisia em menos de um minuto após a administração e dura cerca de 5 minutos - Risco potencial de desencadear hipercalemia grave - A complicação mais perigosa do uso de sedativos e bloqueadores neuromusculares é a inabilidade para estabelecer a via aérea - O doente deve ser ventilado com dispositivo de máscara e balão até que a paralisia se resolva - Não usar drogas de longa duração para ISR! - Agentes de indução anestésica (tiopental e sedativos) são perigosos no doente hipovolêmico - Flumazenil deve estar disponível para reverter os efeitos sedativos caso seja necessário 4. Via Aérea Cirúrgica: - A impossibilidade de intubação endotraqueal é indicação clara para o uso de um plano alternativo (máscara laríngea ou via aérea cirúrgica) - Quando a via aérea está obstruída por edema de glote, fratura de laringe ou hemorragia orofaríngea grave, ou quando o tubo não puder ser posicionado, deve-se proceder a abordagem cirúrgica (cricotireoidostomia e traqueostomia) - A cricotireoidostomia é preferível à traqueostomia para a maioria dos doentes que necessitam de uma via aérea cirúrgica - Mais fácil de ser realizada - Causa menos hemorragia - Requer menos tempo do que uma traqueostomia OBS: Cricotireoidostomia por Punção (CP): - Inserção de um cateter sobre agulha pela membrana cricotireoide em situações de emergência - Fornecer O2 ao doente em um curto espaço de tempo, até que a via aérea definitiva seja estabelecida - Oferta O2 suplementar de forma temporáriae o estabelecimento da via aérea definitiva passa a ser urgente e não mais emergente Urgência – Não apresenta risco imediato de vida (pode se transformar em emergência) - Solução deve ser obtida em um curto prazo Emergência – A vida enfrenta uma ameaça direta - Solução deve ser imediata - Insuflação em jato obtida com a inserção de um cateter sobre agulha de grosso calibre através da membrana cricotireoide e em direção à traqueia - O cateter é conectado a uma fonte de O2 a 15 L/min (40 a 50 psi) - Insuflação intermitente (1 segundo “sim” e 4 segundos “não”) é realizada com o posicionamento do polegar sobre a extremidade aberta - O doente traumatizado pode ser oxigenado por aproximadamente 30 a 45 minutos com essa técnica - Somente doentes que possuam função pulmonar normal e não apresentem lesões torácicas significativas - A expiração não é adequada – acumulo de CO2 (hipercapnia) - Limita o uso dessa técnica, especialmente em pacientes com TCE - Quando há suspeita de obstrução completa da região glótica por corpo estranho, a insuflação em jato deve ser utilizada com cautela - A alta pressão do jato pode expelir o material, mas pode ocasionar barotrauma significativo, incluindo ruptura pulmonar com pneumotórax hipertensivo - Cricotireoidostomia Cirúrgica: - Incisão na pele que se estende transversalmente pela membrana cricotireoide - Uma pinça hemostática curva (Kelly ou Dandy) pode ser usada para dilatar a abertura - Tubo endotraqueal ou tubo de traqueostomia de pequeno calibre (5 a 7 mm de diâmetro) pode ser inserido - Quando se usa um tubo endotraqueal, o colar cervical pode ser recolocado - Tomar cuidado (especialmente em crianças) para evitar lesão da cartilagem cricoide - Não é recomendada para crianças com menos de 12 anos - A Traqueostomia Percutânea por Dilatação tem sido proposta como uma alternativa à traqueostomia aberta - Não é seguro durante o atendimento inicial ao traumatizado – pescoço deve ser hiperestendido - Uso de um fio guia calibroso e de um dilatador afiado (ou múltiplos dilatadores) – insere-se os dilatadores do menor ao maior, até conseguir inserir a cânula - Procedimento perigoso e demorado 4) Controle da Oxigenação: - A melhor oferta de ar oxigenado inspirado é obtida com fluxo de O2 superior a 11 L/min, por meio de uma máscara facial dotada de reservatório de oxigênio e devidamente ajustada - Alterações na oxigenação ocorrem rapidamente e não podem ser detectadas clinicamente - Podem ocorrer em qualquer momento durante a intubação e ventilação - Usar sempre oximetria de pulso - Método não invasivo de medida contínua da saturação de O2 do sangue arterial - Não mede a PaO2 - Saturação maior ou igual a 95% é o ideal - Requer perfusão periférica intacta - Anemia profunda e hipotermia reduzem a confiabilidade - Monitoração contínua da saturação 5) Controle da Ventilação: - Realizada a intubação, inicia-se a ventilação assistida com pressão positiva - Respirador a volume ou à pressao - Permanecer alerta para possíveis complicações secundárias a alterações da pressão intratorácica - Pneumotórax Simples - Pneumotórax Hipertensivo - Pneumotórax Secundário a Barotrauma
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