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ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira -A oferta inadequada de sangue oxigenado ao cérebro e a outros órgãos vitais é o fator que + rapidamente leva o doente traumatizado à morte. -A prevenção da hipoxemia depende da via aérea desobstruída e da ventilação adequada, essa etapa tem prioridade absoluta sobre o controle de todas as outras condições -É obrigatório assegurar que a via aérea esteja permeável, recebendo oxigênio e c/ adequado suporte ventilatório. Todos os doentes traumatizados devem receber oxigênio suplementar -As mortes evitáveis por comprometimento da via aérea no trauma são decorrentes de: • Falha em reconhecer a necessidade de intervenção sobre a via aérea • Incapacidade de restabelecer a permeabilidade da via aérea • Incapacidade de reconhecer a necessidade de um plano de via aérea alternativo no caso de insucesso em tentativas repetidas de intubação • Falha em reconhecer o posicionamento incorreto de dispositivos de permeabilização da via aérea • Deslocamento de dispositivos de permeabilização da via aérea • Falha em reconhecer a necessidade de ventilação • Aspiração de conteúdo gástrico -Os 1º passos p/ identificar e controlar o comprometimento potencialmente fatal da via aérea são: reconhecer os problemas envolvendo trauma maxilofacial, cervical e laríngeo e identificar os sinais objetivos de obstrução. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA -A obstrução da via aérea pode ser súbita e total, insidiosa e parcial e/ou progressiva e recorrente -A taquipneia pode ser um sinal sutil, porém precoce de comprometimento da via aérea ou da ventilação, assim, a avaliação e frequente reavaliação da permeabilidade da via aérea e da efetividade da ventilação são fundamentais -Durante a avaliação primária da via aérea, diante de um "doente que conversa", pode-se concluir que a via aérea está permeável e que ñ apresenta comprometimento algum. A medida inicial + importante é falar c/ o doente e estimular sua responsividade verbal. A presença de resposta verbal clara e apropriada indica que a via aérea está permeável, que a ventilação está intacta e que a perfusão cerebral está adequada -Uma resposta inapropriada ou a ausência de resposta sugerem alteração do nível de consciência, comprometimento da via áerea e ventilatório, ou ambos -Doentes c/ alteração do nível de consciência são particularmente suscetíveis ao comprometimento da via aérea e frequentemente necessitam de uma via aérea definitiva -Via aérea definitiva é definida como um tubo colocado na traqueia c/ o balonete (balão) insuflado abaixo das cordas vocais, conectado a uma fonte de oxigênio, sob ventilação assistida e c/ o tubo fixado -Dificuldade respiratória presente em: doentes inconscientes c/ lesão cerebral traumática, doentes torporosos por abuso de álcool e/ ou outras drogas e portadores de traumatismo torácico → Nesses doentes, a finalidade da intubação endotraqueal é proporcionar uma via aérea permeável, ofertar oxigênio suplementar, permitir suporte ventilatório e prevenir o risco de aspiração. - A manutenção da oxigenação e da prevenção da hipercapnia é fundamental p/ o controle do doente traumatizado, especialmente naqueles que apresentam lesão cerebral traumática -Em qualquer doente traumatizado é importante antecipar a possibilidade de vômitos e saber como agir caso isso ocorra. A simples presença de conteúdo gástrico na orofaringe representa risco significativo de aspiração, que pode ocorrer na próxima inspiração. Dessa forma, são ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira indicadas a aspiração imediata da orofaringe e a rotação em bloco do doente p/ o decúbito lateral. : o trauma de face exige uma abordagem agressiva, porém cuidadosa da via aérea. Traumas do terço médio facial podem ocasionar fraturas-luxações que comprometem a nasofaringe e a orofaringe. Fraturas faciais podem ser associadas a hemorragias, de secreções orofaríngeas e avulsões dentárias que dificultam a manutenção da permeabilidade da via aérea. Fraturas da mandíbula principalmente fraturas bilaterais do corpo, pode levar à perda do suporte estrutural da via aérea. Nesse caso, a via aérea será obstruída c/ o doente em posição supina. Um doente que se recuse a permanecer em decúbito dorsal pode indicar a dificuldade p/ a manutenção da via aérea ou p/ a eliminação de secreções. Além disso, a anestesia geral, a sedação e o relaxamento muscular podem levar à obstrução da via aérea por ou ausência de tônus muscular. : os ferimentos penetrantes do pescoço podem causar lesões vasculares que levam a hematomas cervicais expansivos, os quais podem resultar em obstrução da via aérea, e se essas lesões forem maciças podem exigir tratamento cirúrgico. Se a compressão extrínseca e a obstrução da via aérea tornarem a intubação endotraqueal impossível, torna-se obrigatória a abordagem cirúrgica da via aérea. O trauma cervical contuso ou penetrante pode causar ruptura da laringe ou da traqueia, seguido de obstrução da via aérea e/ou hemorragia maciça na árvore traqueobrônquica, o que torna necessário assegurar uma via aérea definitiva. Inicialmente, um doente c/ essa grave lesão de via aérea pode conseguir manter a sua permeabilidade e a ventilação. Entretanto, se houver suspeita de comprometimento iminente da via aérea, deve-se garantir uma via aérea definitiva. P/ evitar que se amplie uma lesão preexistente da via aérea, o tubo endotraqueal deve ser inserido cuidadosamente e, preferencialmente, sob visão direta. A via aérea do doente pode se obstruir subitamente, tornando necessária a indicação precoce de uma via aérea cirúrgica : é uma lesão rara, ela pode se manifestar como obstrução aguda da via aérea, sendo é sugerida pela seguinte tríade de sinais clínicos: 1 . Rouquidão 2. Enfisema subcutâneo 3. Fratura palpável -Obstrução total da via aérea e/ou insuficiência respiratória grave justificam uma tentativa de intubação. A intubação guiada por fibroscópio flexível só poderá auxiliar nessa situação se puder ser realizada como procedimento de emergência. -Se houver insucesso na tentativa de intubação, a traquestomia de emergência é indicada, seguida de reparo cirúrgico da lesão. É um procedimento de difícil execução em situações de emergência, demanda um tempo > e pode resultar em hemorragia profusa -A cricotireoidostomia cirúrgica, embora ñ seja o procedimento de escolha nessa situação, pode constituir uma manobra salvadora da vida. Transecção completa da traqueia ou oclusão da via aérea por sangue ou partes moles pode causar comprometimento da via aérea que necessite de correção imediata. Essas lesões são frequentemente associadas a trauma do esôfago, da artéria carótida, da veia jugular, bem como extensa lesão tecidual. A TC pode auxiliar na confirmação diagnóstica de trauma de laringe → Respiração ruidosa indica obstrução parcial da via aérea que pode subitamente converter-se em obstrução total → A ausência de movimentos respiratórios sugere que o doente já apresenta obstrução total da via aérea → Quando o nível de consciência está rebaixado, o diagnóstico de obstrução da via aérea torna-se + difícil → O esforço respiratório pode ser a única evidência de obstrução de via aérea ou lesão traqueobrônquica ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira SINAIS OBJETIVOS DE OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA -Vários sinais objetivos de obstrução da via aérea podem ser identificados seguindo esses passos: 1. Observe o doente e avalie se ele está agitado ou torporoso. A presença de agitação sugere hipóxia e o torpor sugere hipercapnia. A cianose indica hipoxemia por oxigenação inadequada e é identificada na inspeção de leitos ungueais e região perioral.A cianose é um sinal tardio de hipóxia. A oximetria de pulso deve ser usada precocemente na avaliação da via aérea p/ identificar hipoxemia antes da instalação da cianose. Verifique se há tiragem intercostal e uso de musculatura acessória na ventilação; eles indicam o comprometimento da via aérea/ ventilação. 2. Ouça a via aérea atentamente à procura de ruídos anormais. Respiração ruidosa indica obstrução. Roncos, gorgolejos e estridores podem ser manifestação de obstrução parcial da faringe ou da laringe. Rouquidão (disfonia) implica obstrução funcional da laringe 3. Palpe a traqueia e determine, rapidamente, se ela está em posição central no pescoço. 4. Preste atenção no comportamento do seu doente → Diante de um doente agitado e/ou agressivo, deve-se pensar que a 1º causa desse comportamento é a hipóxia e ñ intoxicação exogena. -Garantir a permeabilidade da via aérea é um passo importante p/ a oxigenação do doente, mas é apenas o 1º passo -Uma via aérea permeável é benéfica ao doente quando a ventilação está adequada -O médico deve procurar no exame físico do doente por sinais objetivos de ventilação inadequada IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA -A ventilação do doente pode estar comprometida por obstrução de via aérea, por alteração na mecânica ventilatória e/ou por depressão do SNC -Se a ventilação do doente ñ melhorar após a desobstrução da via aérea, deve-se procurar por outras causas de comprometimento ventilatório -O trauma direto sobre o tórax, principalmente na presença de fratura de arcos costais, provoca dor durante a mecânica ventilatória, c/ consequente ventilação rápida e superficial e hipoxemia -O grupo de doentes representados por idosos e portadores de disfunções pulmonares preexistentes apresenta risco de falência respiratória nessas situações -A lesão cerebral traumática pode causar padrões anormais respiratórios e comprometer a mecânica ventilatória -Lesão medular na coluna cervical pode resultar em respiração diafragmática, interferindo na capacidade de atender à demanda aumentada de oxigênio -A transecção medular completa, que poupa os nervos frênicos (C3 e C4), resulta em respiração abdominal e paralisia dos músculos intercostais. Nesse caso, pode ser necessária a ventilação assistida. SINAIS OBJETIVOS DE VENTILAÇÃO INADEQUADA -Vários sinais de ventilação inadequada podem ser identificados seguindo esses passos: 1. Observe no tórax os movimentos respiratórios são simétricos e adequados. A assimetria sugere fraturas de arcos costais ou tórax instável (retalho costal móvel). Esforço respiratório indica uma ameaça iminente à ventilação do doente. 2. Ausculte o tórax bilateralmente. ou ausência de murmúrio vesicular em um ou em ambos os lados do tórax deve alertar o médico quanto à presença de lesão torácica. ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira Preste atenção na frequência respiratória do doente - a taquipneia pode indicar insuficiência respiratória 3. Use o oxímetro de pulso. Esse dispositivo apresenta informações quanto à saturação de oxigênio no sangue e perfusão periférica, mas ñ garante que a ventilação esteja adequada. Doentes respirando [ ] elevadas de oxigênio podem manter saturações também elevadas, mesmo c/ ventilação inadequada. Determine o dióxido de carbono arterial ou no ar expirado. -A avaliação da permeabilidade da via aérea e da qualidade da ventilação deve ser feita de forma rápida e precisa -A oximetria de pulso e a medida do C02 expirado são fundamentais -Se alguma alteração for identificada ou se houver suspeita de comprometimento da via aérea, medidas devem ser tomadas imediatamente p/ melhorar a oxigenação e reduzir o risco de piora do comprometimento ventilatória -Essas medidas incluem técnicas básicas p/: • a manutenção da via áerea • medidas p/ instalação de via aérea definitiva (inclusive a via aérea cirúrgica) • métodos p/ fornecer suporte ventilatório -Todas essas medidas podem ocasionar alguma movimentação no pescoço do doente. É importante a proteção da coluna cervical seja mantida em todos os pcts, principalmente naqueles c/ lesão instável da coluna cervical e nos que possuam risco de lesão cervical -A oferta de alto fluxo de oxigênio deve ser realizada tanto antes como após a instituição de medidas p/ o tratamento da via aérea -A sonda de aspiração com ponta rígida é fundamental e deve estar sempre disponível -Doentes c/ fraturas faciais podem apresentar associação de fraturas da placa crivosa a introdução de sondas através do nariz pode resultar na passagem acidental da sonda p/ o interior da caixa craniana -Doentes que usam capacete e necessitam da abordagem da via aérea precisam que sua cabeça e pescoço sejam mantidos em posição neutra até a remoção do capacete. Esse procedimento deve ser realizado por 2 pessoas. Uma pessoa posicionada de frente p/ o pct faz a estabilização manual da coluna cervical, enquanto a outra pessoa, posicionada por trás dele, "abre" o capacete lateralmente e o remove. Depois disso, a pessoa que está por trás do pct passa a ser responsável pela estabilização da coluna cervical, que deve ser mantida durante toda a abordagem da via aérea → A remoção do capacete c/ o auxílio de um cortador de metais, enquanto é realizado o controle da coluna cervical, contribui p/ minimizar a movimentação do pescoço no doente c/ lesão cervical previamente identificada. ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira A VIA AÉREA POTENCIALMENTE DIFÍCIL -É importante avaliar a via aérea do pct antes de realizar uma tentativa de intubação p/ prever a potencial dificuldade na realização da manobra -Fatores que indicam dificuldade na execução de manobras p/ abordagem da via aérea são: lesões da coluna cervical, artrite avançada da coluna cervical, trauma mandibular ou maxilofacial significativo, limitação na abertura da boca, obesidade e variações anatômicas (micrognatismo, prognatismo e pescoço curto e musculoso) -Nesses casos, o auxílio de um médico habilidoso no tratamento da via aérea pode ser importante se forem encontradas dificuldades na execução das manobras. -Todos os doentes c/ mecanismo de trauma fechado necessitam de imobilização da coluna cervical c/ colar cervical, o que dificulta a obtenção de uma via aérea definitiva. -O método mneumônico LEMON pode auxiliar na avaliação de uma potencial via aérea difícil: ⎯ L(Localize externamente): procure por características que levem a dificuldades na intubação ou na ventilação. ⎯ E(Examine as distâncias c/ a regra do 3-3-2): p/ alinhar os eixos da faringe, da laringe e da boca p/ um intubação simples, as seguintes relações devem ser observadas: → A distância entre os dentes incisivos deve ser de pelo menos 3 dedos (3) → A distância entre o osso hioide e o mento deve ser de pelo menos 3 dedos (3) → A distância entre a proeminência tireoidea e o assoalho da boca deve ser de pelo menos 2 dedos (2) ⎯ M(Mallampati): a hipofaringe deve ser visualizada de forma adequada, é usada a Classaficação de Mallampati . Quando possível, solicita-se ao doente que se sente, abra totalmente a boca e realize a protrusão máxima da língua. O examinador irá avaliar o grau de visualização da hipofaringe c/ o auxílio de uma laterna. Nos doentes em decúbito dorsal, o escore de Mallampati pode ser estimado ao solicitar que o doente abra a boca completamente e faça a protrusão da língua. A luz do laringoscópio é direcionada de cima p/ a hipofaringe. ⎯ O (Obstrução): Qualquer condição que leve à obstrução da via aérea tornará a laringoscopia e ventilação difíceis. Essas situações incluem epiglotite, abscesso peritonsilar e trauma. ⎯ N(Neck Mobil ity- Mobilidade Cervical - No peito encoste o queixo): a mobilidade do pescoço é importante p/ o sucesso da intubação. Ela éavaliada ao solicitar ao doente para flexionar o queixo no peito e, em seguida, estender como se fosse olhar p/ o teto. Os doentes c/ colar cervical, obviamente, ñ podem movimentar o pescoço e são, portanto, + difíceis de intubar. ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira PROTOCOLO DE DECISÃO EM VIA AÉREA -Existe um protocolo p/ tomada de decisão no tratamento da via aérea -Esse algoritmo aplica-se apenas a doentes que estão c/ insuficiência respiratória aguda ou em apneia, que necessitam de uma via aérea imediatamente e aqueles c/ suspeita de lesão da coluna cervical pelo mecanismo de trauma ou pelo exame físico -A principal prioridade é garantir o fornecimento de oxigênio enquanto se mantém a coluna cervical alinhada, sendo alcançado por meio de manobras básicas (elevação do mento e tração da mandíbula) e de dispositivos básicos de via aérea (tubo orofaríngeo e tubo nasofaríngeo) -Um tubo endotraqueal é passado enquanto uma 2º pessoa mantém a coluna cervical imobilizada. Caso ñ haja sucesso nesse procedimento, é possível ventilá-lo por uma máscara laríngea ou outra via aérea extraglótica p/ a realização da via aérea definitiva. Se essa opção também falhar, a cricotireoidostomia deve ser executada -Oxigenação e ventilação devem ser mantidas antes, durante e logo após a inserção da via aérea definitiva ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira TÉCNICAS PARA MANUTENÇÃO DA VIA AÉREA -Em pcts c/ do nível de consciência, a base da língua pode cair e obstruir a hipofaringe, que pode ser corrigida pelas manobras de elevação do mento e tração da mandíbula -A manutenção da permeabilidade da via aérea pode ser alcançada c/ um tubo orofaríngeo ou nasofaríngeo -Manobras empregadas p/ permeabilizar a via aérea podem causar ou agravar lesões cervicais; portanto, a imobilização da coluna é fundamental durante a execução desses procedimentos. Elevação do Mento: na manobra de elevação do mento (chin- lift), os dedos de uma mão são colocados sob a mandíbula que é elevada cuidadosamente p/ deslocar o mento em direção anterior. O polegar da mesma mão afasta levemente o lábio inferior, p/ abrir a boca. O polegar pode também ser colocado posteriormente aos incisivos inferiores e o mento é delicadamente elevado. Essa manobra ñ deve provocar a hiperextensão do pescoço. Sua execução é viável em vítimas de trauma porque não apresenta o risco de converter fratura cervical em lesão medular. ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira Tração da Mandíbula: a manobra de tração da mandíbula (jaw-thrust) é realizada colocando uma mão em cada ângulo da mandíbula e deslocando-a p/ cima. Quando executada em doentes sob ventilação c/ dispositivo de máscara c/ válvula e balão, pode-se alcançar vedação e ventilação adequadas. Deve-se ter cuidado durante a execução da manobra p/ prevenir a hiperextensão cervical. Tubo Orofaríngeo (Cânula Orofaríngea): é inserido na boca por trás da língua. A técnica preferida é deprimir a língua c/ um abaixador e, então, inserir o tubo posteriormente à língua. Esse dispositivo ñ pode ser usado em doentes conscientes pois induziria o reflexo de vômito, vômitos e aspiração. Doentes que aceitam o tubo orofaríngeo muito provavelmente necessitarão de intubação. Uma técnica alternativa é a inserção do tubo orofaríngeo com concavidade voltada p/ cima em direção cranial até o palato mole. Após tocar o palato mole, roda-se o dispositivo 180° e desliza-se o tubo por trás da língua. Esse método alternado ñ pode ser utilizado em crianças, pois a rotação do dispositivo pode lesionar a boca e a faringe Tubo Nasofaríngeo (Cânula Nasofaríngea): é introduzido em uma das narinas e empurrado c/cuidado em direção à orofaringe posterior. Ele deve ser previamente bem lubrificado e, então, deve ser introduzido na narina que ñ esteja aparentemente obstruída. Nessa técnica, o tubo orofaríngeo é inserido em direção cranial até atingir o palato mole, ponto no qual o dispositivo deve ser rodado 180 graus e deslizado por trás da língua. Esse método ñ deve ser utilizado em crianças. Se durante a introdução do tubo nasofaríngeo for encontrada alguma obstrução, interrompa o procedimento e tente a outra narina. Esse procedimento ñ deve ser tentado em doentes c/ suspeita ou possível lesão de placa cribiforme Dispositivos Extraglóticos ou Supraglóticos: os dispositivos extraglóticos e supraglóticos são úteis no controle de doentes que necessitam de abordagem avançada da via aérea, mas nos quais a tentativa de intubação foi malsucedida, ou naqueles em que se sabe que dificilmente a intubação será conseguida. Entre esses dispositivos pode-se citar a máscara laríngea, o tubo esofágico multilúmen e o tubo laríngeo Máscara Laríngea (ML) e Mascara larínge que permite a lntubação (MLI): são usadas quando a intubação orotraqueal ou a ventilação c/ dispositivo de máscara com válvula e balão falhar. A ML ñ fornece uma via aérea definitiva e o posicionamento adequado desse dispositivo é difícil sem treinamento apropriado. A MLE é uma evolução do dispositivo, pois permite a intubação por dentro da máscara laríngea. Tubo Laríngeo: O tubo laríngeo CTL) é um dispositivo de via aérea extraglótico com capacidade similar à ML no que tange ao fornecimento de uma ventilação adequada ao doente C• FIGURA 2-8). O TL não é uma via aérea definitiva e, portanto, é necessário planejar sua substituição por uma via aérea definitiva. Assim como a ML, o TL é colocado sem visualização direta da glote e não demanda manipulação significativa da cabeça e do pescoço do doente para sua inserção. Ver Estação de Treinamento Prático II: Conduta em Via Aérea e Ventilação, Treinamento Prático II-F: Inserção do Tubo Laríngeo (TL). Tubo Esofágico Multilúmen: é utilizado p/ manter a via aérea permeável quando a via aérea definitiva ñ é viável. Uma das vias possui comunicação c/ o esôfago e a outra c/ a traqueia. O profissional que utiliza esse dispositivo é treinado para identificar a via que permitirá a oclusão do esôfago e por qual via o ar será conduzido p/ a traqueia. A passagem de ar p/o esôfago é ocluída c/ a insuflação do balão, e a via que conduzir ar p/ a traqueia ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira recebe ventilação mecânica. O tubo multilúmen deve ser removido e/ou uma via aérea definitiva deve ser estabelecida. VIA AÉREA DEFINITIVA -Uma via aérea definitiva implica um tubo endotraqueal, c/ o balão insuflado abaixo das cordas vocais, devidamente fixado c/ fita ou cadarço, conectado a um sistema de ventilação assistida, c/ mistura enriquecida em oxigênio -Há 3 tipos de via aérea definitiva: tubo orotraqueal, tubo nasotraqueal e via aérea cirúrgica (cricotireoidostomia ou traqueostomia) -Os critérios que indicam a instalação de uma via aérea definitiva são baseados em achados clínicos e incluem: ° Alterações na Via Aérea (A): impossibilidade de manter a via aérea permeável de outra forma, c/ comprometimento iminente ou potencial da via aérea (lesões por inalação, fraturas faciais ou hematomas retrofaríngeos) ° Alterações na Ventilação (B): impossibilidade de manter oxigenação adequada c/ ventilação por dispositivo de máscara c/ válvula e balão e oxigênio suplementar, e presença de apneia ° Alterações na Função Neurológica (D): presença de traumatismo fechado de crânio que demande ventilação assistida (escala de coma de Glasgow ≤ a 8), necessidade de proteger a via aérea pelo risco de aspiração de sangue ou vômitos, ou convulsões persistentes -A ventilação assistida por tempo prolongado é facilitada pelo uso de sedação suplementar,de analgésicos ou de relaxantes musculares, conforme indicação -A avaliação do quadro clínico do doente e o uso do oxímetro de pulso podem ser úteis p/ determinar a necessidade de uma via aérea definitiva, a urgência desse procedimento e, por inferência, a eficácia da via aérea instalada. INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL -A obtenção de estudos radiológicos (RX ou TC de coluna cervical) ñ deve impedir ou retardar a adoção de uma via aérea definitiva quando ela estiver indicada -O doente com escore GCS ≤ a 8 exige intubação imediata -A via orotraqueal é realizada c/ > frequência e apresenta menos complicações. Se o doente estiver em apneia, a intubação orotraqueal é indicada. A intubação nasotraqueal às cegas exige que o doente apresente ventilação espontânea e é contraindicada em doentes em apneia -Fraturas faciais, do seio frontal, da base do crânio e da placa cribiforme são contraindicações relativas p/ a intubação nasotraqueal → Fratura de nariz, olhos de guaxinim (equimose periorbitária bilateral), sinal de Battle (equimose retroauricular) e extravasamento de líquido cefalorraquidiano (rinorreia ou otorreia) são sinais dessas lesões -Intubação orotraqueal: é necessário utilizar a técnica c/ 2 pessoas p/ imobilização da coluna cervical. A manipulação da laringe por meio da pressão sobre a cartilagem cricoide em direção posterior, cranial e p/ o lado direito pode auxiliar na visualização das cordas vocais. -Dispositivos alternativos de intubação foram desenvolvidos ao longo dos anos, uma excelente ferramenta nos casos de via aérea difícil é o Introdutor de Tubo Traqueal Eschmann ( ITTE) também conhecido como guia introdutor p/ intubação (bougie) –(Gum Elastic Bougie - GEB). O GEB é utilizado quando as cordas vocais ñ são visualizadas através da laringoscopia direta. C/ o laringoscópio posicionado, o GEB é introduzido às cegas além da ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira epiglote, c/ a ponta angulada posicionada anteriormente. A posição traqueal é confirmada com sensação de "cliques" durante o atrito entre a ponta do introdutor e os anéis cartilaginosos da traqueia -Após a realização da laringoscopia direta e da introdução do tubo orotraqueal, deve-se insuflar o balão e iniciar a ventilação assistida -O posicionamento adequado do tubo na traqueia é sugerido pela ausculta de murmúrio vesicular em ambos os campos pulmonares e pela ausência de ausculta de borborigmos no epigástrio. A presença de borborigmos no epigástrio durante a inspiração do doente sugere intubação esofágica e obriga que o tubo seja trocado e posicionado de forma adequada -O detector de dióxido de carbono (idealmente um capnógrafo) é indicado p/ auxiliar na confirmação da intubação correta da via aérea. A presença de C02 no ar expirado indica que a intubação foi bem-sucedida, mas ñ garante esteja em posição correta. Quando a presença de CO2 ñ for detectada, ocorreu intubação esofágica. -O posicionamento adequado do tubo dentro da traqueia é confirmado por meio da Rx de tórax -Quando o posicionamento adequado do tubo estiver confirmado, ele deve ser fixado no local. -Se o doente for mobilizado, o posicionamento do tubo deve ser reavaliado por meio da ausculta da presença simétrica de murmúrio vesicular em ambos os campos pulmonares e pela reavaliação do CO2 expirado LNTUBAÇÃO EM SEQUÊNCIA RÁPIDA (ISR) -O uso de medicamentos, como anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares, p/ facilitar a intubação endotraqueal do doente traumatizado, é potencialmente perigoso -Em alguns casos, a necessidade de estabelecer a permeabilidade da via aérea justifica o risco do uso desses / medicamentos -Em muitos casos em que se deve estabelecer de imediato uma via aérea definitiva durante o exame primário, a utilização de medicamentos paralisantes ou sedativos ñ é necessária -A técnica p/ a ISR inclui os seguintes passos: 1. Ter um plano p/ o insucesso na tentativa de intubação que inclua a possibilidade de abordar a via aérea cirurgicamente. Saber onde está o material necessário p/ essas situações. 2. Certificar-se de que o aspirador e os dispositivos p/ fornecer ventilação c/ pressão positiva estão disponíveis e funcionantes 3. Pré oxigenar o doente c/ oxigênio a 100%. ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira 4. Comprimir a cartilagem cricoide. 5. Administrar um sedativo (por exemplo, etomidato, 0,3 mg/kg) ou sedar segundo as práticas do serviço em que trabalha. 6. Administrar 1 a 2 mg/kg de succinilcolina por via endovenosa (a dose habitual é 100 mg). 7. Obtido o relaxamento do doente, intubá-lo por via orotraqueal. 8. Insuflar o balão e confirmar o posicionamento do tubo por meio da ausculta torácica do doente e da determinação quanto a presença de CO2 no ar expirado. 9. Interromper a compressão da cricoide 10. Ventilar o doente -O etomidato (amidato) ñ apresenta efeito significativo sobre a PA e sobre a pressão intracraniana, mas pode levar à insuficiência adrenal e ñ é um fármaco disponível universalmente. Esse medicamento promove sedação adequada, o que é vantajoso -Nesse momento, deve-se administrar a succinilcolina, que é uma droga de curta duração. A paralisia que ela determina ocorre em menos de um min após sua administração e dura 5 min ou menos -A complicação + perigosa do uso de medicamentos sedativos e agentes bloqueadores neuromusculares é a inabilidade p/ estabelecer a via aérea → Nessas condições, o doente deve ser ventilado c/ dispositivo de máscara c/ válvula e balão, até que a paralisia se resolva; por esse motivo, ñ se deve usar drogas de longa duração durante a ISR. -Agentes de indução anestésica, tais como tiopental e sedativos, são perigosos no doente traumatizado hipovolêmico -Pequenas dosagens de diazepam ou midazolam são apropriadas p/ reduzir a ansiedade do doente paralisado. Flumazenil deve estar disponível p/ reverter os efeitos sedativos dos benzodiazepínicos após sua administração, caso seja necessário → Falhas no equipamento podem ocorrer nos momentos + inoportunos e nem sempre podem ser evitadas ou antecipadas. Por exemplo, a lâmpada do laringoscópio pode queimar, as suas pilhas podem estar fracas, o balão do tubo endotraqueal pode estar perfurado ou o oxímetro de pulso pode ñ funcionar adequadamente. Tenha sempre equipamento p/ reposição VIA AÉREA CIRÚRGICA -A impossibilidade de intubação da traqueia é uma indicação clara p/ o uso do plano alternativo de abordagem à via aérea que inclui: a máscara laríngea, a máscara laríngea que permite a intubação ou uma via aérea cirúrgica -Quando a via aérea estiver obstruída por edema de glote, fratura de laringe ou hemorragia orofaríngea grave ou quando o tubo endotraqueal ñ puder ser posicionado entre as cordas vocais, deve-se proceder à abordagem cirúrgica da via aérea (cricotireoidostomia ou traqueostomia) -A cricotireoidostomia cirúrgica é preferível à traqueostomia p/ a maioria dos doentes que necessitam de uma via aérea cirúrgica porque ela é + fácil de ser realizada, apresenta < hemorragia associada e requer menos tempo p/ sua execução do que uma traqueostomia de emergência. Cricotireoidostomia por Punção: envolve a inserção de um cateter sobre agulha pela membrana cricotireoidea em situações emergenciais p/ fornecer oxigênio ao doente em um curto espaço de tempo, até que a via aérea definitiva possa ser realizada.A insuflação em jato é obtida com a inserção de um cateter sobre agulha de grosso calibre de diâmetro (12 a 14 em adultos e 16 a 18 em crianças) através da membrana cricotireoidea e em direção à traqueia abaixo do nível da obstrução. O cateter é, então, conectado a uma fonte de oxigênio a 15 L/min (40 a 50 psi) por meio de uma conexão em Y ou por meio de um tubo que apresente um orifício cortado na lateral. A insuflaçãointermitente, 1 segundo sim e 4 segundos não, é realizada c/ o posicionamento do polegar sobre a extremidade aberta ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira do conectar em Y ou sobre o orifício lateral. O doente traumatizado pode ser oxigenado adequadamente por 30 a 45 min c/ essa técnica, mas somente doentes que possuam função pulmonar normal e que ñ apresentem lesões torácicas significativas podem ser oxigenados dessa forma. Durante os 4 segundos em que o oxigênio ñ é ofertado sob pressão, ocorre alguma expiração. Como essa expiração não é adequada, existe um acúmulo lento e gradativo de CO2, o que limita o uso dessa técnica, especialmente em doentes c/ traumatismo craniencefálico. Cricotireoidostomia Cirúrgica: é realizada c/ uma incisão na pele que se estende pela membrana cricotireoidea. Uma pinça hemostática curva pode ser utilizada p/ dilatar a abertura, e um tubo endotraqueal ou um tubo de traqueostomia de pequeno calibre (de preferência de 5 a 7 mm de diâmetro) pode ser inserido. Quando é utilizado um tubo endotraqueal, o colar cervical pode ser recolocado.Deve-se tomar cuidado, especialmente em crianças, p/ evitar a lesão da cartilagem cricoide, que é o único suporte circunferencial p/ a parte superior da traqueia. Portanto, a cricotireoidostomia cirúrgica ñ é recomendada para crianças com idade inferior a 12 anos. Esse procedimento ñ é seguro durante o atendimento inicial ao traumatizado, pois o pescoço do doente deve ser hiperestendido p/ posicionar adequadamente a cabeça p/ a execução do procedimento c/ segurança. -A melhor oferta de ar oxigenado inspirado é obtida c/ fluxo de oxigênio superior a 11 litros/minuto, por meio de uma máscara facial dotada de reservatório de oxigênio e devidamente ajustada -Outros métodos como cateter nasal, tubo nasal e máscara sem mecanismo valvular também podem melhorar a [ ] de oxigênio inspirado. -Deve-se utilizar sempre a oximetria de pulso c/ intuito de identificar as alterações da oxigenação -A oximetria de pulso é um método não invasivo de medida contínua da saturação de oxigênio do sangue arterial. → uma saturação ≥a 95%, medida pela oximetria de pulso, é forte evidência que corrobora p/ uma oxigenação arterial periférica adequada -Pode-se conseguir ventilação eficiente por meio da ventilação c/ dispositivo de máscara com válvula e balão → Entretanto, a ventilação executada por 1 única pessoa c/ esse dispositivo é menos eficiente do que técnicas de ventilação executadas por 2 pessoas, quando as 2 mãos podem ser empregadas p/ assegurar bom ajuste da máscara à face -Por isso, a ventilação c/ dispositivo de máscara c/ válvula e balão deve ser executada por 2 pessoas, sempre que possível. -A intubação do doente c/ hipoventilação e/ou em apneia pode ñ ser bem-sucedida inicialmente e demandar múltiplas tentativas -O doente deve ser ventilado periodicamente durante tentativas prolongadas de intubação -O médico deve realizar uma inspiração profunda e segurá-la na 1º tentativa de intubação. Quando esse médico precisar expirar, deve-se interromper a tentativa de intubação e ventilar o doente. Realizada a intubação traqueal, inicia-se a ventilação assistida c/ pressão positiva. Dependendo da disponibilidade de equipamento, pode ser empregado um respirador a volume ou a pressão. O médico deve permanecer alerta p/ possíveis complicações secundárias a alterações da pressão intratorácica, que podem transformar um pneumotórax simples em um pneumotórax hipertensivo ou, ainda, causar um pneumotórax secundário ao barotrauma. ATLS-Via aérea e ventilação Carolina Ferreira
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