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IMUNOSSUPRESSORES E IMUNOMODULADORES

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Kathlyn Póvoa 
IMUNOMODULADORES E 
IMUNOSSUPRESSORES 
Fármacos utilizados para evitar que o 
sistema imune monte uma linha de 
defesa e rejeite o próprio anticorpo. 
Por exemplo em um transplante, é 
necessário utilizar para que não haja 
rejeição do órgão. 
Utilizada também no conceito das 
doenças autoimunes (quando o 
organismo possui um autoanticorpo); 
Ex: LES→ organismo começa produzir 
autoanticorpos contra os rins, pele, 
células sanguíneas, SN, e vários outros 
órgãos. 
Imunossupressor: 
Utilizado no âmbito de várias doenças 
reumatológicas. 
Os objetivos deles são: 
• Induzir/manter remissão: 
Se a doença não tem cura, o objetivo é 
manter o paciente fora de atividade da 
doença (em remissão da doença), 
podendo viver o mais confortável e 
imunossuprimido possível. 
• Reduzir recidivas 
Manter o paciente imunossuprimido para 
evitar que a doença entre em atividade 
por algum motivo, e lesione os órgãos. 
• Poupar Corticoides: 
Pelos efeitos colaterais do uso contínuo e 
prolongado de corticoides (Síndrome De 
Cushing, retenção hídrica, ganho 
ponderal, convulsão, DM, dislipidemia, 
HTA sistêmica, acne, estrias violáceas 
irreversíveis, perda de massa óssea). 
O corticoide em doses menores atua 
como anti-inflamatório, mas em doses 
maiores atua como imunossupressor. (de 
0,5 a 2mg/kg/dia de prednisona. Se 
utilizar outro corticoide, converter a 
dose). 
Antes de escolher um imunossupressor, 
deve-se avaliar: 
Riscos e benefícios: 
analisar se os benefícios superam os 
riscos. Exemplo: Paciente com problemas 
hepáticos, renal crônico, pneumonia 
recorrente, HIV. 
Comorbidades: Pode haver infecções 
agudas, porque o imunossupressor destrói 
os anticorpos de modo geral, e podem 
reativar infecções crônicas. 
Em vigência de infecção não pode 
manter o imunossupressor. 
Características especificas da doença 
• Envolvimento sistêmico 
• Gravidade 
• Progressão 
Monitorização: 
Paciente acompanha em regra, 
trimestralmente em ambulatório para 
monitorar a evolução da doença, 
aumento de dose ou troca de 
medicação. Também é feito 
acompanhamento laboratorial. 
Hemograma, TGO, TGP e Creatinina 
Vacinação: 
O paciente para início do uso de 
imunossupressores, deve estar com a 
carteira vacinal completa, garantindo 
algumas imunidades. 
Pacientes que estão em uso de 
imunossupressores não podem fazer 
vacinas com vírus vivos. 
Antimaláricos: 
Considerada um imunomodulador. 
É o fármaco de ‘ª escolha em casos de 
LES, salvo contraindicação de 
“toxicidade oftalmológica”. 
DMCD: Droga modificadora do curso da 
doença; previne deformidades. 
A Cloroquina (CQ) se liga ao epitélio 
pigmentar retiniano e à córnea com 
maior avidez do que a HCQ, causando 
maior incidência de retinopatia e de 
depósitos corneanos. 
REUQUINOL 400mg 
 (Sulfato de Hidroxicloroquina) 
1. Dosagem: 
HCQ: 200 A 400mg/dia (4 a 6 mg/kg/dia) 
DFC: 250 mg/dia (< ou = a 3mg/kg/dia) 
 Kathlyn Póvoa 
Dose máxima e segura: 5mg/kg/dia. 
2. Utilizada em: 
✓ LES, 
✓ AR, 
✓ Osteoartrite erosiva de mãos; 
 
3. Farmacocinética: 
Absorção: Rápida, VO. 
Excreção: renal, cutânea e intestinal; 
Distribuição: tecidos pigmentados 
(córnea, retina e pele) → adquire 
coloração acinzentada. 
O Tabagismo aumenta a metabolização 
e reduz sua eficácia, por ficar menos 
tempo no organismo. 
4. Monitoramento: 
O acompanhamento é trimestral. E o 
acompanhamento com o oftalmologista 
é anual (regra) para rastrear o risco de 
toxicidade retiniana. 
5. Mecanismo de ação: 
Inibe a apresentação e processamento 
de antígenos, impedindo o restante do 
processo imunológico acontecer. 
Reduz os níveis de citocinas pró-
inflamatórios (estimulam o processo 
inflamatório – interleucina 1,6,2). 
Bloqueio da imunidade inata e 
adaptativa (TLR) 
Efeito antitrombótico, hipolipemiante 
(redução dos níveis de lipídios) e 
hipoglicemiante; 
6. Efeitos adversos: 
➢ Miopatia: 
Alteração do músculo. Paciente 
chega se queixando de dor no corpo, 
de fraqueza. 
• Diagnóstico: CPK, DHL. 
➢ Neuropatia periférica: 
Processo inflamatório dos nervos 
periféricos → Parestesia. 
• Diagnóstico: Eletroneuromiografia. 
➢ Hemólise (G6PD): 
Destruição das hemácias. Gera 
fadiga, astenia, palidez muco cutânea 
(toda clínica de uma anemia). 
• Dx.: Bilirrubina total e frações, DHL, 
Reticulócitos. 
➢ Hiperpigmentação cutânea 
 
➢ Redução do limiar convulsivante 
 
➢ Toxicidade retiniana: 
Efeito mais grave. Avaliação 
oftalmológica anual. 
• Dx: Exame de fundo de olho. Sinal 
patognomônico: “olho de búfalo”. 
Droga suspensa de imediato, não 
podendo ser utilizada nunca mais. 
7. Gestação: É uma droga segura 
durante a gestação e lactação 
(categoria A) 
Metotrexato 
TECNOMET 2,5mg 
É um imunossupressor 
Droga modificadora do curso da doença 
Muito utilizado em Artrite Reumatoide. 
Previne deformidades (AR). 
1. Dose: 
7,5 a 25mg/semana 
Discute-se com o paciente uma 
manipulação, pois a dose fornecida nas 
farmácias é de 2,5mg, e a dose habitual 
recomendada é 25mg. 
2. Farmacocinética: 
Administração: VO, IM ou SC, com a 
mesma dosagem. 
Pró-fármaco → Precisa se ligar a 
glutamina para se transformar no seu 
princípio ativo. 
Precisa de 4 a 12 semanas para fazer 
efeito. 
Excreção renal. 
3. Monitoramento: 
Trimestral; 
Monitorar a Creatinina. 
Suplementação com ácido fólico 24h 
depois de utilizar o metotrexato. 
Evitar utilizar associado a outra 
medicação que interferem na via do 
folato (ex. Bactrim) para não aumentar os 
efeitos adversos. 
➔ Hemograma, TGO, TGP e Creatinina. 
Necessita desses exames até para a 
renovação trimestral das receitas. 
4. Mecanismos de ação: 
 Kathlyn Póvoa 
Interfere na habilidade do ácido fólico – 
síntese das purinas e pirimidinas. 
Aumento de adenosina – efeito anti-
inflamatório 
Inibição de proliferação e crescimento 
dos linfócitos 
Apoptose de células T ativadas (diminui 
o processo imune) 
Diminuição de citocinas pré-
inflamatórias. 
Supressão de IL-I 
Supressão de IL-10 
Age de várias formas tentando reduzir o 
processo imune. 
5. Efeitos adversos 
➢ Estomatite (médico deve aumentar a 
dose de ácido fólico); 
➢ Alopecia reversível (falhas capilares) 
➢ Toxicidade hematológica: aplasia de 
medula, pancitopenia (anemia, 
leucopenia, plaquetopenia). 
➢ Toxicidade hepática 
➢ Pneumonite intersticial 
6. Gestação: 
Não pode ser utilizada na gestação nem 
na lactação (categoria X). Retirada total 
antes de uma gestação é de 3 meses. 
Lefunomida 
Droga modificadora do curso da 
doença; inibe a erosão e destruição 
óssea. 
Previne deformidades na Artrite 
Reumatoide. 
Muito parecido com o Metotrexato. 
Em pacientes com A.R. que fazem 
tratamento e voltam ainda com a 
doença ativa, deve-se associar 
Lefunomida + Metotrexano. Porém, os 
efeitos adversos serão muito maiores. 
 
ARAVA 20mg 
1. Dose: 
20mg/dia 
2. Farmacocinética: 
Administração: VO 
Pro fármaco: 4 a 12 semanas para início 
do efeito; 
Metabolito ativo: teriflunomida – meia 
vida longa. (2 anos) 
Excreção renal e pelo TGI. 
3. Monitoramento: 
Trimestral 
4. Mecanismo de uso: 
Inibição da síntese de pirimidinas 
Inibe a ação das metaloproteinases, que 
são responsáveis pela erosão óssea. 
Inibição da adesão de leucócitos 
Interfere na função das células 
dendríticas e na apresentação de Ags 
Redução da infiltração sinovial por 
linfócitos da produção local de MMPs 
Bloqueio da ativação da Jak 1 e 3 
Redução da síntese de IL-2 e secreção IL-
1. 
5. Efeitos adversos: 
➢ Alopecia reversível; 
➢ Hipertensão arterial; 
➢ Neuropatia periférica; 
➢ Hepatotoxicidade; 
➢ Toxicidade hematológica; 
 
6. Gestação: 
Contraindicada na amamentação e 
lactação e a suspensão da medicação 
deve ser feita com 2 anos de 
antecedência. 
Caso a mulher engravide no período de 
uso, a medicação Colestiramina é 
utilizadacom intenção de “limpar o 
organismo” da lefunomida. 
Pouco utilizado em mulheres em idade 
fértil. 
Sulfassalazina 
Muito utilizado na Proctologia. 
Pouco utilizado na reumatologia, porque 
existem outros medicamentos de primeira 
escolha, e porque a forma de venda é 
menor que a indicada, tendo assim que o 
paciente tomar cerca de 6 comprimidos 
por dia, criando uma resistência 
gastrointestinal. 
AZUFLIN 500mg 
1. Dose: 
2 a 3g/dia 
 Kathlyn Póvoa 
2. Utilizada em: 
▪ EpAs (Espondiloartrites) 
▪ AR (Artrite Reumatoide) 
▪ DII 
3. Farmacocinética 
AminoSalicilicoA (5-ASA) + Sulfa piridina 
(SP) = são separados quando chegam no 
intestino. 
Administração: VO 
Passa pelo TGI sem ser absorvido. A 
absorção ocorre no colón, após ação de 
enzimas bacterianas. 
Excreção da 5-ASA, intacta pelas fezes 
(DII) 
4. Monitoramento: 
Avaliação trimestral 
Hemograma, TGO, TGP. 
5. Mecanismo de ação: 
SP parece ser o componente mais 
importante na AR (inibe o osteoclasto) 
Inibição da expressão de TNF 
Inibição da formação de osteoclastos 
Redução da secreção de citocinas 
inflamatórias (IL-8) 
Supressão preferencial de função das 
células B> células T. 
6. Efeitos adversos: 
➢ Dispepsia/anorexia: intolerância 
devido a medicação; 
➢ Oligospermia reversível: diminui o 
número de espermatozoides, 
causando infertilidade reversível. 
➢ Pancitopenia – deficiência de G6PD 
➢ Hepatotoxicidade 
7. Gestação: 
Pode ser utilizada na gestação, mas é 
contraindicada na lactação (Categoria 
B). 
Azatioprina 
Não é droga para tratamento de AR (não 
inibe a progressão da doença). 
IMURAN 50mg 
1. Dose: 
1-2,5 mg/dia 
Dose máxima: 200mg/dia. 
2. Utilização: 
Lúpus 
Pós-transplante 
3. Farmacocinetica: 
Administração: VO 
Antimetabólico análogo a purina 
Pró-droga: MA: 6-MP 
Alopurinol e Sulfasalazina: inibem enzimas 
que degradam a 6-MP → toxicidade 
hematologica. 
Excreção renal. 
4. Monitoramento: 
Acompanhamento trimestral 
Creatinina, hemograma, TGA E TGP. 
5. Mecanismo de ação: 
Redução da síntese de purina intracelular 
Diminuição de linfócitos B e T 
Redução da síntese de Igs 
Secreção diminuída de IL2 
Citotoxicidade e redução da 
proliferação celular 
6. Efeitos adversos: 
➢ Supressão medular: (pancitopenia). 
➢ Neoplasias 
➢ Hepatotoxicidade 
7. Gestação: 
Deve pesar riscos/benefícios (categoria 
D). 
Micofenolato 
Mais utilizado na Reumatologia: 
Micofenolato de Mofetila. 
É um ótimo medicamento, porem o SUS 
não fornece por ser de alto custo. 
MICOFENOLATO DE MOFETILA 500 mg 
MICOFENOLATO DE SODIO 360mg 
1. Dose: 
1-3g/dia 
MMF:500 A 1500MG/DIA (2x/dia) 
MS: 360-1080mg/dia (2x/dia) 
2. Utilização: 
 LES 
 Pós transplantes 
 Vasculites 
3. Farmacocinética 
Administração: VO 
Metabolito ativo: AMF (Acido 
Micofenólico) → Fígado: MPAF 
 Kathlyn Póvoa 
Excreção renal e via bile 
Doença Renal Cronica grave → ajuste da 
dose. 
4. Monitoramento: 
Acompanhamento trimestral; 
Hemograma trimestral 
5. Mecanismo de ação: 
Inibe a proliferação e migração de 
linfócitos 
Diminui a produção de anticorpos 
Indução de apoptose de linfócitos T 
Inibe a excreção de moléculas de 
adesão celular e recrutamento de 
linfócitos. 
Atividade metabólica 
 
6. Efeitos adversos: 
➢ Leucopenia e anemia 
➢ Neoplasias llinfoproliferativas 
(leucemias e linfomas) 
➢ Hepatotoxicidade 
 
7. Gestação: 
Contra indicação absoluta gravidez e 
lactação (categoria X). 
Adicionar método anticoncepcional 
extra caso o método da paciente seja 
ACP oral. Parar a medicação 3 meses 
antes da gestação. 
Ciclofosfamida 
Maior efeito imunossupressor de todos. 
Uso controlado e monitorado 
constantemente. 
Pouco utilizada em via oral, por causar 
infertilidade feminina. 
GENOXAL 1g 
UROMITEXAN 400mg 
1. Dose: 
500-1000m²/Superficie Corpórea → menor 
dose cumulativa 
2 mg/kg/dia – VO (em desuso) 
Dose 1x por mês durante 6 a 12 meses 
consecutivos. 
2. Farmacocinética: 
Administração: EV ou VO 
Metabolitos ativos: 
• Mostarda fosforamida (metabólito 
ativo da ciclofosfamida) 
• Acroleína (causa cistite 
hemorrágica) → São fármacos 
quimioterápicos. 
Excreção renal 
DRC → ajuste da dose. 
3. Mecanismo de ação: 
Ação citotóxica em linfócitos 
Redução de linfócitos T e B 
Diminui a produção de anticorpos 
Supressão da reação de 
hipersensibilidade tardia a novos Ags; 
4. Efeitos adversos: 
➢ Alopecia reversível; 
➢ Infecções; 
➢ Falência ovariana/infertilidade 
irreversível; 
➢ Azoospermia: não encontrar 
espermatozoides no sêmen 
masculino. 
➢ Cistite hemorrágica: (hidratar o 
paciente antes da medicação, para 
não acumular Acroleína na bexiga). 
Em crianças se utiliza diurético para 
não acumular urina na bexiga. 
Importante também usar o 
medicamento Mesna, impedindo 
que a Acroleína fique aderida a 
parede da bexiga. Aplicar metade 
antes da medicação e metade 
depois. 
➢ Toxicidade hematológica - 
neutropenia. 
 
5. Monitoramento: 
Acompanhamento Mensal 
Hemograma de controle, TGO, TGP e 
Creatinina. 
Ao14º dia é o momento de maior queda 
de leucócitos do paciente, por isso é 
importante um acompanhamento em 
menor intervalo. 
Fazer as infusões somente se não houver 
sinais de infecção, avaliada previamente 
pelo médico. 
6. Gestação: 
Terminantemente contraindicado na 
gestação e lactação (Categoria X). 
Causa infertilidade. 
 Kathlyn Póvoa 
Ciclosporina 
Droga de última escolha. 
Tópico: muito utilizado oftalmologia 
1. Dose: 
2,5 a 4mg/kg/dia – 2 tomadas 
2. Utilização: 
Utilizado em pós transplante 
Nefrite Lúpica 
Artrite idiopática juvenil 
3. Farmacocinética 
Administração: VO ou tópica 
(oftalmologia) 
Pobre absorção intestinal 
Ampla biodisponibilidade individual → o 
efeito da medicação varia de paciente 
para paciente. 
Excretada na bile 
Nefrotóxica: pode lesar o rim. 
4. Mecanismo de ação: 
Inibe a calcineurina 
Reduz a transcrição de genes da IL-2,3,4 
do TNF e do interferon-gama. 
Redução da proliferação de linfócitos T 
5. Efeitos adversos: 
➢ Hiperplasia gengival 
➢ Hirsutismo: nasce pelos onde não 
deveria. 
➢ Hipertensão arterial 
➢ Hipercalemia 
➢ Nefro e neurotoxicidade 
➢ Alterações metabólicas 
6. Monitoramento: 
Acompanhamento trimestral 
HMG, Creatinina, Transaminases, AU, Perfil 
lipídico, Eletrólitos. 
Aferição da PA. 
7. Gestação: 
Pesar riscos e benefícios.

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