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Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 PARTOGRAMA DEFINIÇÃO: → O partograma é a representação gráfica do trabalho de parto (fase ativa) que permite acompanhar sua evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção destes desvios, ajudando ainda a evitar intervenções desnecessárias. → A OMS tornou obrigatório o partograma nas maternidades desde 1994. → O seu uso facilita o acompanhamento do trabalho de parto por principiantes e a passagem de plantão do pré-parto, favorecendo também a utilização racional de ocitócicos e analgesia. → O uso do partograma deverá interferir sobretudo na elevada incidência de cesáreas sem indicação obstétrica. Sua utilidade também é valorizada pelo diagnóstico precoce das distócias e suas respectivas intervenções. → O partograma irá avaliar os períodos de DILATAÇÃO (apagamento do colo e dilatação do orifício externo) e de EXPULSÃO (que se inicia com a dilatação completa e termina com a saída do feto). → O período de dilatação apresenta sua fase latente (com menor dilatação) a qual evolui até chegar em 4 cm de dilatação, configurando a fase ativa (na qual a velocidade de dilatação se eleva). → A fase ativa é a de interesse na evolução do trabalho de parto e na construção do partograma. OBS: Quando a paciente se encontra na FASE LATENTE do trabalho de parto, é recomendado, caso não seja gestação de risco, uma conduta expectante. Dessa forma, afim de evitar possíveis iatrogenias com a permanência da paciente no hospital, ela é instruída sobre o que se trata das fases latente e ativa, para não se preocupar, e deve retornar para sua casa. A partir daí, a gestante Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 deve se atentar a alguns eventos que são indicativos de FASE ATIVA do trabalho de parto e que requerem seu retorno ao hospital. São eles: → Perda de líquido, sangramento uterino, contrações eficientes (2/3 em 10’ por 40’’), diminuição dos movimentos fetais, perda do tampão cervical e dilatação >4cm. OBS: A abertura do partograma na fase latente ou no início da dilatação (menor que 3 - 4 cm) implicaria em intervenções não só desnecessárias, mas também iatrogênicas. Logo, o partograma deve ser aberto a partir de 4 cm de dilatação OU contrações efetivas (2-3 / 10’ por 40’’). → COMPOSIÇÃO DO PARTOGRAMA: 1ª PARTE → Consiste na IDENTIFICAÇÃO. → É importante que conste dados como: Nome, RG, idade, paridade (nulíparas tendem a ter trabalho de parto mais lento em comparação às multíparas), idade gestacional (para saber se o parto é a termo, pré-maturo ou tardio) e comorbidade (p. ex. hipertensão, diabetes...). 2ª PARTE: → É a parte da DILATAÇÃO CERVICAL e DESCIDA DA APRESENTAÇÃO. → Na forma mais comum de montagem, utiliza-se de papel quadriculado, colocando na abscissa (eixo X) o tempo em horas e, nas ordenadas (eixo Y), em centímetros, a dilatação cervical à esquerda e a descida da apresentação à direita. → Para a descida da apresentação, considera-se o plano 0 de De Lee ou o correspondente plano III de Hodge - espinhas ciáticas no estreito médio da bacia - acima deste ponto estão os valores negativos e abaixo os positivos de De Lee. OBS: Atualmente se convencionou utilizar somente o plano de De Lee, não sendo mais utilizado o de Hodge na prática. → LINHA DE ALERTA: → Serve para identificar as pacientes com possível parto de risco. → Quando foi desenvolvida, sua função era identificar que, quando a dilatação cervical cruzava a linha de alerta, a paciente deveria ser encaminhada para o hospital. → Atualmente, o registro gráfico do parto é realizado em ambiente hospitalar e, portanto, não há necessidade de intervenção quando a dilatação cruza a linha de alerta. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 → O alerta implica, simplesmente, a necessidade de uma melhor observação clínica. → LINHA DE AÇÃO: → Em um intervalo de 4 horas após a linha de alerta, encontra-se paralela a essa, a linha de ação. OBS: Quando foi criado, esse intervalo de 4 horas representava o tempo em que a paciente deveria ser levada para uma unidade hospitalar, onde se efetuavam partos operatórios caso fossem necessários. → Somente quando a curva de dilatação cervical atinge a linha de ação é que a intervenção médica se torna necessária, na tentativa de melhorar a evolução do trabalho de parto e corrigir possíveis distocias que possa estar se iniciando → isso não significa necessariamente conduta cirúrgica. OBS: Na evolução normal do trabalho de parto, a CURVA DE DILATAÇÃO CERVICAL se processa à esquerda da linha de ação. Quando essa curva ultrapassa a linha de ação, trata-se de um parto disfuncional. A construção correta da linha de alerta e de ação é fundamental para que se evitem erros na interpretação do parto. OBS: Eu devo pular três quadrados inteiros entre a linha de alerta e a linha de ação (cada quadrado inteiro equivale à 1 hora), contudo ficará meio quadrado em cada local onde tracei essas linhas, sendo o valor final → 4 quadrados inteiros = 4 horas. → OBSERVAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO PARTOGRAMA: → No partograma cada divisória corresponde a uma hora na abscissa (eixo x) e a um centímetro de dilatação cervical e de descida da apresentação na ordenada (eixo y). → Apenas na fase ativa do trabalho de parto (duas a três contrações eficientes em 10 minutos, dilatação cervical mínima de 4 cm) que iniciam os registros gráficos. OBS: Em caso de dúvida se já está na fase ativa, aguardar 1 hora e realizar novo toque: Velocidade de dilatação de 1cm/hora, verificada em dois toques sucessivos, confirma o diagnóstico de fase ativa do trabalho de parto. → Realizam-se toques vaginais subsequentes, a cada 2 horas, respeitando em cada anotação o tempo expresso no gráfico. Em cada toque deve-se avaliar a DILATAÇÃO CERVICAL, Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 a ALTURA DA APRESENTAÇÃO, a VARIEDADE DE POSIÇÃO e as CONDIÇÕES DA BOLSA AMNIÓTICA e do LÍQUIDO AMNIÓTICO, quando a bolsa estiver rota. OBS: Por convenção, registra-se a dilatação cervical com um TRIÂNGULO. OBS: A apresentação e respectiva variedade de posição são representadas por uma CIRCUNFERÊNCIA. Como a maioria absoluta das apresentações são cefálicas fletidas e esse tipo de apresentação tem como ponto de referência o OCCIPÍCIO e a SUTURA LAMBDÓIDE, essa circunferência será desenhada de acordo com a variedade da posição da cabeça do bebê em relação aos ossos pélvicos da mãe. OBS: Quando a apresentação estiver muito alta e não for possível identificar a variedade de posição da cabeça fetal, desenho apenas uma circunferência em branco. → A dilatação cervical inicial é marcada no ponto correspondente do gráfico. Na hora posterior, imediatamente à frente dessa marcação, é traçada a LINHA DE ALERTA e em paralelo, quatro horas após, é traçada a LINHA DE AÇÃO, desde que a parturiente esteja na fase ativa do trabalho de parto. 3ª PARTE: → Devo preencher a HORA REAL que iniciou o partograma e a HORA DE REGISTRO das avaliações (1ª hora, 2ª hora e por aí vai) → Tenho que respeitar a evolução das horas. 4ª PARTE: → Deverão, posteriormente, ser registrados: → FREQUÊNCIA CARDÍACA FETAL (FCF): → Deve ser marcada com uma bola preta pintada no local correspondente à FCF daquela hora avaliada. → Existem médicos que traçam as bolas pintadas para avaliar como se comportaram os BCF naquele período (funciona como uma espécie rudimentar de cardiotocografia). → Faixa de normalidade: 110 a 160 bpm. → CARACTERÍSTICAS DAS CONTRAÇÕES UTERINAS: → Deve ser avaliada a cada hora. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 → O examinador põe sua mão sobre a barriga da parturiente e aguarda por 10 minutos, fazendo o registro no partograma através da marcação dos quadrados da forma correspondente ao tempo de cada contração. → CONDIÇÕES DA BOLSA AMNIÓTICA:→ BI (bolsa íntegra) ou BR (bolsa rota). → A RA (realizada a amniotomia) pode estar presente nesse espaço. → CARACTERÍSTICAS DO LÍQUIDO AMNIÓTICO: → Só será possível sua caracterização em, por exemplo, transparente ou meconial, se a bolsa amniótica estiver rompida. → INFUSÃO DE LÍQUIDOS E AS ESPECIFICAÇÕES DA ANALGESIA → Todos esses componentes deverão ser descritos caso a paciente esteja fazendo uso. OBS: No fim da ficha deverá constar a assinatura do examinador. 5ª PARTE: → Deve ser realizado o fechamento do partograma. → Todo partograma deve ser fechado, ainda que a parturiente tenha sido encaminhada ao parto cesariano. → Eu traço uma linha no bloco de dilatação e altura da apresentação e escrevo: → PSNV (Parto simples natural em vértice [= cefálico]) ou PSAC (Parto simples artificial cesariano), o horário de nascimento, data, RNNV (RN nascido vivo), sexo, peso e o APGAR do primeiro e quinto minutos. → DISTÓCIAS DIAGNOSTICADAS PELO PARTOGRAMA A PARTIR DAS LINHAS DE AÇÃO: 1. FASE ATIVA PROLONGADA (distocia funcional): → Nela, a dilatação do colo uterino ocorre lentamente, numa velocidade menor que 1 cm/hora. → A curva da dilatação ultrapassa a linha de alerta e, às vezes, a linha de ação. → Decorre, geralmente, de contrações uterinas não eficientes (falta de motor). → Sua correção é feita através de técnicas humanizadas de estímulo ao parto (p. ex. deambulação e, se preciso, administração de ocitocina ou rotura artificial da bolsa amniótica). Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 2. PARADA SECUNDÁRIA DA DILATAÇÃO: → Nesse tipo de distocia, a dilatação cervical permanece a mesma durante duas horas ou mais, ultrapassa a linha de alerta e, por vezes, a linha de ação. → É diagnosticada por dois toques sucessivos, com intervalo de 2 horas ou mais, com a mulher em trabalho de parto ativo. → Pode estar associada à sofrimento fetal. → A principal causa é a desproporção céfalo-pélvica absoluta (p. ex. feto macrossômico ou bacia pequena). → Considera-se DESPROPORÇÃO RELATIVA quando existe defeito de posição da apresentação (p. ex. deflexão ou variedades de posição transversas ou posteriores). Nestas condições, a deambulação, a rotura artificial da bolsa amniótica ou a analgesia peridural podem favorecer a evolução normal do parto. OBS: Nos casos de membranas rotas, a deambulação só deve ser recomendada com o polo cefálico completamente apoiado na bacia materna, para evitar a ocorrência de prolapso de cordão umbilical. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 3. PARTO PRECIPITADO (taquitócico): → Acontece quando, em um período de 4 horas ou menos, ocorre a dilatação cervical e a descida e expulsão do feto. → O padrão da contratilidade uterina é de taquissistolia e hipersistolia e, caso a placenta esteja no limite de sua função, pode ocorrer o sofrimento fetal. → Pode ocorrer lacerações de trajeto devido a não acomodação dos tecidos pélvicos, ocorrendo descida e expulsão do feto de modo abrupto. → Pode ocorrer, também, devido à iatrogenias → administração excessiva de ocitocinas. → Orienta-se atenção à vitalidade fetal no período de dilatação cervical e revisão detalhada do canal de parto após a dequitação. 4. PERÍODO PÉLVICO PROLONGADO: → Manifesta-se no partograma com a descida progressiva da apresentação, mas excessivamente lenta. → Ocorre a dilatação completa do colo uterino e demora da descida e expulsão do feto. → Essa distocia está relacionada à contratilidade uterina deficiente. → Corrigida com a administração de ocitocina, rotura artificial da bolsa amniótica e, ainda, pela utilização do fórceps, caso necessário. → A posição verticalizada também pode favorecer a descida. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 5. PARADA SECUNDÁRIA DA DESCIDA: → Considera-se que há parada secundária da progressão da apresentação quando ocorre cessação da descida por pelo menos 1 hora após o seu início. → É diagnosticada por dois toques sucessivos, com intervalo de 1 hora ou mais, desde que a dilatação do colo uterino esteja completa. → A causa mais frequente desse tipo de distocia é a desproporção céfalo-pélvica relativa ou absoluta. → A presença de desproporção absoluta leva à indicação de cesárea. → Na vigência de desproporção relativa, com polo cefálico profundamente insinuado e cérvico-dilatação completa, é válida a tentativa de fórcipe de tração ou rotação, dependendo da variedade de posição. TOQUE VAGINAL: → Durante a gestação, o toque vaginal deve acontecer o menor número de vezes possível. É aconselhável sua realização em casos de dor, sangramento, perda de líquido, entre outros. → DEVE AVALIAR: → DILATAÇÃO DO COLO (fase ativa a partir de 4 cm): O número de avaliações das condições do colo do útero não é estabelecido na literatura; porém, preconiza-se que seja realizada a quantidade mínima necessária para que se tenham informações sobre a evolução do trabalho de parto, sem que se aumente o risco de infecção intra-amniótica. → ESVAECIMENTO OU APAGAMENTO DO COLO: Avaliação da espessura do colo uterino. → APRESENTAÇÃO FETAL: Polo que se encontra insinuado. → VARIEDADE DE POSIÇÃO: Avaliado de acordo com a relação entre o lambda/osso occipital e a pelve materna. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 → ALTURA EM RELAÇÃO AOS PLANOS DE De Lee: Em geral acompanha a dilatação cervical. A avaliação da progressão da apresentação fetal possibilita que se diagnosticam situações como a desproporção cefalopélvica. → BOLSA AMNIÓTICA: Se possível, verificar se as membranas ovulares estão íntegras. OBS: Avalia tudo do índice de BISHOP (olhar a foto no celular). OBS: DURANTE O TRABALHO DE PARTO DEVE TOCAR → BAIXO RISCO: → Segundo o MS: A cada 4 horas e auscultar de 30 em 30min. → Na prática: Toca a cada 1 hora e ausculta a cada 15 min. → ALTO RISCO: → Toque a cada 2 horas e ausculta a cada 15 min. → No trabalho expulsivo: Ausculta de 15 em 15 min. → Antes do trabalho de parto, a paciente só será tocada se: houver sangramento, perda de líquido ou dor. → Primigestas demoram, em média, 12h. Logo, segundo o MS, serão tocadas 3x (4 em 4h) OBS: O líquido meconial vai de +/++++ → ++++ é chamada de papa de ervilha (pior estágio do mecônio). OBS: O bebê, quando tem sofrimento, geralmente ocorre por hipóxia. Quando isso ocorre, ele direciona o sangue dos órgãos que não são tão essenciais para órgais mais nobres (p. ex. cérebro, adrenal e coração). A partir daí, o intestíno sofre de hipóxia e começa a perder as fezes. OBS: Luva estéril apenas nos casos em que a bolsa esteja rompida. OBS: O período expulsivo deve durar menos de 2 horas, caso contrário será um período expulsivo prolongado. OBS: AMNIOSCÓPIO → Instrumento que é utilizado para verificar a cor do líquido amniótico sem, contudo, romper a bolsa. Esse instrumento é encaixado no colo da mãe e um feixe de luz ilumina o interior, revelando a cor do líquido. Guilherme Rios – Hab. Clínicas IV – p4 OBS: Para induzir um parto, é necessária uma prova de vitalidade fetal. Pode ser → Cardiotocografia, batimento fetal, USG com doppler, perfil biofísico fetal (pacientes com diabetes → observa 5 coisas: cardiotocografia, tônus fetal, movimentos respiratórios, índice de líquido amniótico (ILA) e outro), entre outras formas. OBS: Dou corticoide para a mãe nos casos de parto prematuro afim de maturar o pulmão. OBS: CARDIOTOCOGRAFIA (15 min, no mínimo): → Um instrumento na mão da mãe → Avalia a movimentação do bebê (sempre que ela sentir, aperta o botão). → Um eletrodo na região do fundo do útero → Avalia as contrações uterinas (iniciam nessa região). → Outro eletrodo, coloco na região do dorso do bebê (observo na segunda manobra de Leopold) e irá avaliar o BCF.
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