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64-2 gestao e dialogo

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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE – SEED - PR 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA 
NILMA DE OLIVEIRA CESAR LUIZ 
O diálogo na efetivação 
da Gestão Escolar 
Democrática 
PONTA GROSSA 
2008 
Caderno 
temático 
1 
 
CADERNO TEMÁTICO 1 
O DIÁLOGO NA EFETIVAÇÃO DA GESTÃO 
ESCOLAR DEMOCRÁTICA 
 
 
 
Tema: A Práxis da Dialogicidade na Gestão Escolar Democrática 
Área de concentração: Gestão Escolar 
Orientanda: Nilma de Oliveira César Luiz 
Orientadora: Profª Ms. Maria José Bastos Martins 
 Secretaria de Estado da Educação do Paraná 
Avenida Água Verde, 2140 - Água Verde 
CEP 80240-900 Curitiba-PR 
Tel.: (041) 3340-1500 
 
 
 
]]]]]]]]]]]]] 
 
 
GESTÃO 
ESCOLAR 
DEMO-
CRÁTICA 
 
 
DEFINIÇÃO 
DO OBJETO 
DE ESTUDO 
 
 
 
PROBLE-
MATIZAÇÃO 
DO TEMA 
 
 
 
 
CADERNO TEMÁTICO 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CADERNO TEMÁTICO 2 
 
 
 
 
 
 
O diálogo na 
efetivação da 
Gestão Escolar 
Democrática 
Capítulo I 
 
Problematização do 
tema 
Capítulo II 
 
Definição do objeto 
de estudo 
Capítulo III 
 
A Gestão Escolar 
Democrática 
Buscando a 
ressignificação dos 
processos 
pedagógicos 
Capítulo I 
 
O Projeto Político 
Pedagógico 
Capítulo II 
Formação 
Continuada de 
Professores 
Capítulo III 
O Conselho de 
Classe e a Avaliação 
da Aprendizagem 
 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ............................................................... 
 
4 
C A P Í T U L O 1 
 
Problematização do tema: 
- Problematização, contextualização e objeto de estudo............... 
 
 
8 
C A P Í T U L O 2 
 
Definição do objeto de estudo: 
- Importância da Gestão Escolar Democrática e a 
ressignificação dos processos pedagógicos centrais. 
- Princípio metodológico: a dialogicidade, fundamentada em 
Paulo Freire ................................................................................ 
 
 
 
 
13 
C A P Í T U L O 3 
 
A Gestão Escolar Democrática: 
- Gestão Democrática: o diálogo e a instâncias colegiadas. 
- Ressignificação dos processos pedagógicos centrais: a 
busca de qualidade e de eficácia ........................................ 
 
 
17 
REFERÊNCIAS .............................................................. 
 
 34 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 
 
4 
 
Introdução 
Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma 
continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o 
mundo pela magia de nossa palavra. O professor, assim, não 
morre jamais... (ALVES, 2000). 
 
endo em vista que entre sociedade e escola acontece uma relação 
dialética, isto é, o que acontece na sociedade reflete diretamente 
na escola e vice versa, e como a sociedade nos dias atuais se apresenta 
muito conturbada, percebe-se que cada vez mais, os relacionamentos 
humanos, inter e extra escolar, vêm sendo prejudicados. Se faz 
necessário que os gestores e a comunidade escolar estejam atentos a 
essas exigências1, que apresentem propostas e oportunizem a discussão 
das mesmas com todas os envolvidos no cotidiano da escola, de modo 
que o trabalho se realize de maneira eficiente, por terem encontrado 
significado no que fazem, o que certamente levará a obtenção de 
melhores resultados. A proposta desse estudo é a de refletir sobre a 
Gestão Escolar Democrática, no sentido de resgatar o diálogo entre os 
gestores escolares e as instâncias colegiadas que constituem a 
comunidade escolar. 
Segundo Alves, 2000, a palavra do professor é um importante 
instrumento nesse processo, pois o educador se imortaliza na formação 
 
1 Exigências que se configuram como: a formação de um aluno crítico, preparado para o 
exercício da cidadania; a participação de uma comunidade aprendente com a compreensão do 
mundo que a cerca, na busca de uma sociedade mais justa. 
Í C O N E S 
�Informações valiosas 
� Teste seu conhecimento 
� Atividades on-line 
� Atividades práticas 
T 
...a dialogicidade 
– essência da 
educação como 
prática da 
liberdade. 
 FREIRE, 1981. 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 5 
 
dos educandos, sendo o mediador entre o conhecimento elaborado e a 
integração dos mesmos na sociedade em que vivem. 
O objeto de estudo proposto é a gestão escolar democrática e a 
ressignificação dos processos pedagógicos, tendo por princípio 
metodológico a dialogicidade, fundamentando as análises na teoria de 
Freire (1981, p. 89) “a dialogicidade – essência da educação como prática 
da liberdade”. Consultamos outros autores, tais como: Gadotti, 2001, 
Libâneo, 2001, Paro, 2004 e Ferreira, 2004, que abordam essa temática. 
Este caderno temático faz parte da produção do material 
pedagógico no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que 
 
...é uma política pública que estabelece o diálogo entre os 
professores da Educação Superior e os da Educação Básica, 
através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo 
como resultado a produção de conhecimento e mudanças 
qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense. 
Tem por objetivo proporcionar aos professores da rede 
pública estadual subsídios teórico-metodológicos para o 
desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, e 
que resultem em redimensionamento de sua prática na 
modalidade Educação a Distância – EaD, como meio de 
formação de Grupos de Trabalho em Rede. (PARANÁ, 
2007) 
 
Este programa de formação continuada para professores que 
atuam na escola pública do Estado do Paraná, orientados pelas 
Instituições de Ensino Superior consta de: Fundamentação Teórica, 
Trabalho em Rede, Produção de Material Didático e Intervenção na 
Escola. 
Desta forma para a implementação da intervenção na escola será 
oportunizado o diálogo com os gestores e a comunidade escolar. O 
É urgente a 
necessidade de 
repensar a 
educação, 
buscando a 
ressignificação dos 
processos 
pedagógicos. 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 6 
 
plano de trabalho será apresentado, socializado e discutido, visando à 
proposta de intervenção no contexto escolar. 
A proposta de intervenção trata da ressignificação dos processos 
pedagógicos, levando em conta a necessidade da realização de uma ação 
coletiva, dialógica e interativa das pessoas envolvidas, dentro do 
contexto da sociedade atual e da realidade da comunidade escolar, 
buscando a formação continuada dos profissionais da educação para a 
melhoria das relações humanas e o desempenho de um trabalho 
eficiente, eficaz e prazeroso, que tenha como reflexo uma melhor 
aprendizagem dos alunos. 
O foco dos questionamentos e das tarefas propostas é o diálogo. 
A metodologia deste trabalho dar-se-á inicialmente com a reflexão 
individual, a seguir diálogo com o colega e posteriormente no grupo, 
onde far-se-á a discussão e socialização das idéias levantadas, e 
finalmente a elaboração da síntese com o registro do pensamento crítico 
resultante das discussões e do diálogo do grande grupo. 
Com o objetivo de situar o leitor, apresentamos os capítulos que 
compõem o Caderno Temático 1. 
No Capítulo I, abordamos a problematização do tema 
contextualizando-o em relação à proposta e ao objeto de estudo, 
considerando o diálogo como forma de expressão do ser humano e 
recurso importante para a democratização da escola. 
No Capítulo II, a metodologia da dialogicidade é apresentada, 
tendo em vista os processos de mudanças educacionais que vem 
ocorrendo em nossa sociedade, levantando questionamentos sobre as 
posturas de inovação que os educadores devem assumir. 
O exercício do 
diálogo fortalece 
os laços de 
amizade e 
favorece a troca 
de experiências. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 7 
A Gestão Escolar Democrática é discutida em profundidade no 
Capítulo III, onde o leitor se familiarizará com as propostas de Freire, 
prioritariamente, complementadas por conceituadosautores que 
possuem concepções semelhantes como Paro, Libâneo e outros. 
No Caderno 1 o aprofundamento é na Gestão Escolar 
Democrática e no Caderno 2, a proposta é de discussão e de diálogo dos 
encaminhamentos, visando a ressignificação dos processos pedagógicos 
centrais: o Projeto Político Pedagógico, a Formação Continuada de 
Professores, o Conselho de Classe e a Avaliação da Aprendizagem. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 8 
 
CAPÍTULO 1 
 
Problematização do tema 
onsiderando ser o diálogo uma das formas de expressão do ser 
humano que permite a manifestação de suas idéias com os 
demais, e sendo o homem um ser eminentemente social, é 
necessário que esta relação aconteça de forma harmoniosa, entretanto, 
percebe-se que o diálogo vem sendo prejudicado nas escolas, devido a 
uma série de fatores que podem ser apontados como prováveis causas 
para que este fenômeno aconteça, tais como: o isolamento; a limitação 
do papel do professor; o individualismo; a falta de espaço e tempo para 
discussão e construção de novas propostas; o conservadorismo de 
alguns, cuja postura é de resistência à inovação e a mudança de 
concepção; a baixa estima que muitas vezes assola o ambiente de 
trabalho; resultando numa ação repetitiva, sem reflexão, apresentando 
resultados nem sempre satisfatórios. 
 
• Anote suas expectativas em relação à proposta apresentada, 
fundamentada no diálogo. 
• Estabeleça um diálogo com seu colega sobre a pedagogia da práxis: 
• O que é práxis? 
• Qual a importância do diálogo, segundo Paulo Freire? 
• Existe diálogo em sua escola? 
 
 
 
C 
� 
O diálogo é uma 
das formas de 
expressão do ser 
humano que 
permite a 
manifestação de 
suas idéias com 
os demais. 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 9 
 Segundo Gadotti (2001, p. 28-30). 
 
A pedagogia da práxis é a teoria de uma prática pedagógica 
que procura não esconder o conflito, a contradição, mas, 
ao contrário, os afronta, desocultando-os. Mas, a pedagogia 
da práxis não é uma pedagogia inventada a partir do nada. 
Ela já tem uma história. Ela se inspira na dialética. [...] 
Conflito é uma categoria que continuo utilizando como 
essencial a toda a pedagogia: o papel do pedagogo é educar 
e educar supõe transformar e não há transformação 
pacífica. Ela é sempre conflituosa. É sempre ruptura com 
alguma coisa, com preconceitos, com hábitos, com 
comportamentos, etc. [...] Ela continua sendo minha 
pedagogia, a pedagogia que procuro praticar, mesmo 
reconhecendo as dificuldades. Nem sempre estamos 
dispostos a enfrentar o conflito. Nem sempre estamos 
dispostos a assumir o ônus de nos envolver, de assumir o 
risco do engajamento. Mas só assumindo esse risco é que 
podemos nos tornar educadores. O educador é aquele que 
não fica indiferente, neutro, diante da realidade. Procura 
intervir e aprender com a realidade em processo. O 
conflito, por isso, está na base de toda a pedagogia. 
O referencial maior dessa pedagogia é a práxis, a ação 
transformadora. [...] Práxis, em grego, significa literalmente 
ação. [...] 
A pedagogia da práxis pretende ser uma pedagogia para a 
educação transformadora. 
 
 De acordo com a citação acima, e tendo em vista ser a escola um 
espaço privilegiado para que as relações aconteçam, se faz necessário 
oportunizar o diálogo entre os partícipes2 e envolvidos3 no trabalho da 
educação, objetivando a efetivação de uma gestão escolar democrática e 
visando a ressignificação dos processos pedagógicos. 
 Neste contexto, vejamos o que afirma Oliveira (1997, p. 44) 
 
Melhorar a qualidade da educação vai muito além da 
promoção de reformas curriculares, implica, antes de tudo 
 
2 Partícipes: participam, discutem e assumem tarefas, se propõem a contribuir para mudanças. 
3 Envolvidos: estão presentes, comparecem ao chamado, mas não ascendem ao nível de 
partícipes. 
A pedagogia da 
práxis pretende ser 
uma pedagogia 
para a educação 
transformadora. 
 GADOTTI, 2001 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 10 
 
trabalho na escola, que não apenas se contraponham às 
formas contemporâneas de organização e exercício do 
poder, mas que constituam alternativas práticas possíveis de 
se desenvolverem e de se generalizarem, pautadas não pelas 
hierarquias de comando, mas por laços de solidariedade, 
que consubstanciam formas coletivas de trabalho, 
instituindo uma lógica inovadora no âmbito das relações 
sociais. 
 
 Analisando a forma como esta autora aborda a questão da 
educação, apontando propostas inovadoras de mudança para melhoria 
do trabalho escolar em todos os seus aspectos, nos sugere que para a 
consolidação dessas propostas será necessária uma ampla 
conscientização, desde as estruturas de poder com políticas educacionais 
mais condizentes com o que a sociedade atual está a exigir, passando 
pela reorganização de todo o trabalho da escola, inclusive a formação 
continuada dos educadores, levando-os a perceber a necessidade de uma 
mudança de concepção, e a partir daí, desde as ações mais simples até as 
mais complexas do trabalho escolar poderão evidenciar tais mudanças, 
alcançando resultados qualitativamente mais eficientes. 
 
Leitura complementar: 
 
O Bambu Chinês 
 
Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por 
aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a 
partir do bulbo. 
Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, 
mas uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e 
Todas as ações 
são importantes 
no trabalho 
escolar, desde as 
mais simples até 
as mais 
complexas. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 11 
horizontalmente pela terra está sendo construída. Então, no final do 5º ano, o 
bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros. 
Um escritor de nome Covey escreveu: 
"Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu 
chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir 
seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas se 
tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano 
chegará, e com ele virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava." 
O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de 
nossos projetos e de nossos sonhos. Em nosso trabalho especialmente, que é um 
projeto fabuloso que envolve mudanças de comportamento, de pensamento, de 
cultura e de sensibilização, devemos sempre lembrar do bambu chinês para não 
desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão. 
Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a Persistência e 
a Paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos!4 
 
Sugestão metodológica: 
 
Após a leitura do texto acima: 
1. Reflita individualmente sobre as possíveis mudanças que poderão 
ocorrer em sua escola, registrando em seu caderno. 
2. Dialogue com um colega sobre o que você refletiu e registrem o 
consenso. 
 
4 METÁFORAS. Disponível em 
http://www.pensamentopositivo.com.br/metaforas/bambuchines.html acessado em 
9/11/2007 às 16h. 
Devemos ter 
consciência de 
que cada 
educando tem o 
seu tempo para 
aprender. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 12 
3. Reúna-se com o grupo de sua escola, socializando as discussões, 
registrando os encaminhamentos que o grupo todo sugere, que 
sejam viáveis de serem implementadas. 
 
Liste, de três a cinco, propostas de mudanças que o grupo se propõe a 
fazer: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
� 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 13 
���� 
CAPÍTULO 2 
Definição do objeto de estudo 
objeto de estudo, deste caderno temático é a GestãoEscolar 
Democrática e a ressignificação dos processos pedagógicos 
centrais, tendo por princípio metodológico a dialogicidade, 
fundamentada na proposta de Paulo Freire. 
 Sabemos que a educação, hoje, enfrenta sérios desafios devido ao 
descompasso sofrido com as mudanças abruptas da sociedade nas 
últimas décadas, final de século e início deste novo milênio. 
É urgente a necessidade de repensar a educação, buscando a 
ressignificação dos processos pedagógicos, numa perspectiva 
inovadora de modo a responder aos anseios impostos por essa mesma 
sociedade. Neste momento, encontramos elucidação na proposta de 
Freire (1981, p. 91) “a propósito da educação problematizadora, parece-
nos indispensável tentar algumas considerações em torno da essência do 
diálogo”. 
 Ele enfatiza a palavra pensada, verdadeira que nos leve à ação, 
reflexão e resulte numa ação transformadora. 
 A partir dessas reflexões, considera-se que as finalidades desta 
proposta metodológica de dialogicidade, além de favorecer o 
relacionamento interpessoal, intrapessoal, o profissionalismo interativo e 
a colaboração, poderão contribuir para que os gestores, juntamente com 
os demais educadores, funcionários e todas as instâncias colegiadas 
estejam em sintonia, reunindo-se periodicamente, realizando o 
O 
Não é no 
silêncio que os 
homens se 
fazem, mas na 
palavra, no 
trabalho, na 
ação-reflexão. 
FREIRE, 1981. 
 
 
Paulo Freire 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 14 
levantamento de toda a problemática da escola, discutindo e 
apresentando propostas, para que juntos e cooperativamente possam 
buscar os encaminhamentos para a realização das mesmas, com 
distribuição de tarefas, de modo que cada um realize o seu trabalho com 
competência, satisfação e produtividade. 
 
Leitura complementar: 
 
Persistência x Mudanças5 
 
Contam que certa vez, duas moscas caíram num copo de leite. A primeira 
era forte e valente. Assim, logo ao cair, nadou até a borda do copo. Mas como a 
superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair. 
Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e se debater e 
afundou. 
Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte, era tenaz. 
Continuou a se debater, a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o 
leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um 
pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca tenaz conseguiu com muito esforço subir e 
dali alçar vôo para algum lugar seguro. 
Durante anos, ouvi esta primeira parte da história como elogio à 
persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos leva ao sucesso, no entanto... 
Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido ou acidente, novamente caiu no 
copo. Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na 
esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca, passando por ali e 
 
5 MUNDO DAS METÁFORAS, 2007. 
É pensando 
criticamente a 
prática de hoje 
ou de ontem que 
se pode melhorar 
a próxima 
prática. 
 FREIRE, 
1996. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 15 
vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou: "Tem 
um canudo ali, nade até lá e suba por ele" A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, 
baseando-se na sua experiência anterior de sucesso e, continuou a se debater e a se 
debater, até que, exausta, afundou no copo cheio de água. 
Quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de notar as 
mudanças de ambiente e ficamos nos esforçando para alcançar os resultados esperados, 
até que afundamos na própria falta de visão? Fazemos isso quando não conseguimos 
ouvir aquilo que quem está de fora da situação nos diz. 
 
Sugestão metodológica: 
 
 Utilizando a técnica Phillips 226 ou técnica do zunzum vamos 
discutir sobre a metodologia da dialogicidade, tendo como pano de 
fundo a metáfora Persistência x Mudanças sobre estas questões: 
• O que você entende por metodologia da dialogicidade proposta por 
Paulo Freire e como ela poderá contribuir para a Gestão Escolar 
Democrática? 
• Os educadores de sua escola possuem predisposição às mudanças? 
• Quais as sugestões propostas? 
 
Componentes: 
• Um coordenador, um secretário e demais participantes. 
 
Passos: 
1. Formam-se grupos de dois componentes, que passam a dialogar 
por dois minutos (ou mais) sobre a questão problemática 
proposta acima, anotando em uma folha as suas conclusões. 
 
6 NÉRICI, 1981, p. 248-250. 
 
Ensinar 
exige 
disponibilida
de para o 
diálogo. 
 
FREIRE, 
1996. 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 16 
2. Terminado o tempo o coordenador pede que cada grupo 
comunique as conclusões a que chegaram. Um dos componentes 
do grupo faz a leitura das anotações, enquanto o secretário faz o 
seu registro brevemente no quadro de giz ou no flip shart. 
3. Depois que os grupos se expressaram, o coordenador orienta 
uma discussão sobre as idéias levantadas, para que todos 
cheguem a um consenso a respeito da questão proposta. 
4. É possível levantar outras sugestões em relação ao tema 
proposto, ou mesmo que a dupla retorne para um novo diálogo, 
caso seja necessário. 
 
Registre as idéias levantadas no grupo e na plenária: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
� 
O trabalho 
coletivo é 
relevante para a 
garantia do 
sucesso das 
propostas 
pedagógicas. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 17 
 
CAPÍTULO 3 
A Gestão Escolar Democrática 
 
stamos vivendo em uma sociedade secularizada que vem, ao 
longo do tempo, sofrendo mudanças, sendo que nas últimas 
décadas essas mudanças se tornaram mais radicais e profundas, 
ocasionadas pela aceleração da evolução nos setores econômico, técnico-
científico, cultural, filosófico, social e político, além de outros fatores, 
geradores de conflitos, como o aumento da violência, decorrente da crise 
social, pela qual estamos passando. 
 Essas transformações se processam tão rapidamente que afetam e 
comprometem a vida de todos os seres humanos, o meio ambiente, as 
instituições sociais, as relações de trabalho e as relações sociais, causando 
forte impacto pela aplicação das novas tecnologias, o que acarreta a 
mudança de hábitos, valores e tradições. 
 A sociedade se apresenta desigual, injusta e se caracteriza por uma 
sociedade de informação, destacando-se os meios de comunicação de 
massa, que proporcionam com muita facilidade uma intensa gama de 
informações positivas, quando facilitam o acesso ao conhecimento e 
negativas, quanto distorcem os valores, essenciais à vida, ocasionando a 
perda destes mesmos valores, prejudicando os relacionamentos 
humanos. 
 Está presente também na sociedade de hoje, a cultura globalizada 
que interfere diretamente na economia interna e externa dos países, 
E 
Na atual sociedade 
de informação, de 
cultura globalizada 
e acesso rápido às 
pesquisas; 
precisamos estar 
atentos às 
inovações e, ao 
mesmo tempo, não 
perder de vista as 
finalidades da 
educação pública. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 18 
gerando exclusão, desemprego, desestrutura familiar e social. 
 
Nesse contexto, a educação e a formação de profissionais, 
que são constituídas e constituintes das relações sociais, 
reduzem-se ao economismo do emprego e da 
empregabilidade, da eficiência e da eficácia, da 
competitividade, da produtividade e conseqüente entropia da 
formação humana e da cidadania. As políticas públicas, 
emanadas do Estado, anunciam-se nesse “paradigma” e, 
meditatizadas por lutas, pressões e conflitos, abrem-se a 
“possibilidades” para implementar sua “face social”.Nesse 
contexto de tal gravidade, a gestão da educação, como 
tomada de decisões, utilizaçãoracional de recursos para 
a realização de determinados fins [...] necessita ser repensada 
e ressignificada ante a “cultura globalizada”, a partir dessas 
determinações e à luz dos compromissos com a 
fraternidade, a solidariedade, a justiça social e a construção 
humana do mundo. (FERREIRA, 2004, p. 1231) 
 
 
 Neste contexto social em que se evidencia a deteriorização dos 
relacionamentos humanos, torna-se cada vez mais complexa a atividade 
educativa, tendo em vista que se pretende formar os educandos para a 
vivência e transformação desta sociedade, com igualdade de 
oportunidades realizando–se como cidadãos plenos. Para tanto, se faz 
urgente repensar a educação frente à imposição destes desafios, 
buscando a ressignificação dos processos pedagógicos de forma que na 
comunidade escolar haja a participação de todas as pessoas que nela 
atuam, num constante refletir de suas ações em conjunto, tendo 
consciência e percepção do mundo que a cerca e do momento social que 
estão vivendo, na tentativa de que o trabalho educativo possa se tornar 
mas significativo e prazeroso e, consequentemente, apresentar 
resultados mais eficientes/eficazes. 
 
A escola é 
um espaço 
privilegiado 
para que as 
relações 
aconteçam. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 19 
���� 
 A nossa proposta nesse estudo é a de implementar na escola 
uma gestão democrática que oportunize o diálogo entre as 
instâncias colegiadas, visando a ressignificação dos processos 
pedagógicos centrais e configurando-se como um caminho que direcione 
para uma educação com resultados qualitativos e eficazes. 
 
Temos como princípios que norteiam a gestão democrática: 
- Descentralização: A administração, as decisões, as ações 
devem ser elaboradas e executadas de forma não 
hierarquizada. 
- Participação: Todos os envolvidos no cotidiano escolar 
devem participar da gestão: professores, estudantes, 
funcionários, pais ou responsáveis, pessoas que participam 
de projetos na escola, e toda a comunidade ao redor da 
escola. 
- Transparência: Qualquer decisão e ação tomada ou 
implantada na escola têm que ser de conhecimento de 
todos. 
A Gestão Democrática é formada por alguns componentes 
básicos: Constituição do Conselho escolar; Elaboração do 
Projeto Político Pedagógico de maneira coletiva e 
participativa; definição e fiscalização da verba da escola pela 
comunidade escolar; divulgação e transparência na 
prestação de contas; avaliação institucional da escola, 
professores, dirigentes, estudantes, equipe técnica; eleição 
direta para diretor (a) 7. 
 
 
 Portanto, a Gestão Democrática pressupõe a participação de 
todas as instâncias colegiadas nas decisões. A Figura 1 sobre decisão 
partilhada demonstra a visão do Ministério da Educação do Brasil 
(MEC, 2007) em relação ao tema. Vamos fazer uma leitura e refletir 
sobre estes conceitos? 
 
 
7 WIKIPÉDIA. Gestão Escolar. Disponível em 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_democr%C3%A1tica acessado em 09/11/2007 
às 17h. 
 
Princípios que 
norteiam a gestão 
democrática: 
- Descentralização 
- Participação 
- Transparência 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 1: Decisão partilhada (MEC, 2007) 
 
Registre suas idéias 
 
 
 
 
 
 
A seguir, vamos observar a Figura 2, sobre Gestão Escolar 
Democrática, proposta pela Secretaria de Estado da Educação, na 
Coordenação de Apoio a Direção e Equipe Pedagógica – CADEP, 
procurando comparar com os conceitos apresentados pelo MEC. 
 
A gestão escolar 
democrática 
pressupõe a 
participação de 
todas as instâncias 
colegiadas nas 
decisões. 
� 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 21 
 
Figura 2: Gestão Democrática na Escola (MAIA, 2007; BOGONI, 2007) 
 
 
 Segundo Maia, 2007; Bogoni, 2007, a relação entre as pessoas é uma 
relação horizontal, uma relação entre iguais. Dessa forma, não se deve negar o outro, 
senão estará negando a si próprio. A liberdade de expressão deve ser 
privilegiada na Gestão Escolar Democrática. 
Os gestores devem proporcionar a comunidade escolar o acesso e 
a participação nas decisões, visando o bem coletivo. É importante que as 
pessoas participem da discussão, em igualdade de condições, sem ter 
receio de expor posições contrárias. 
 
 
 
 
É importante que 
as pessoas 
participem da 
discussão, em 
igualdade de 
condições, sem ter 
receio de expor 
posições 
contrárias. 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 22 
Sugestão metodológica: 
 
Convidamos o grupo para assistir o filme Coach Carter - Treino para 
a Vida, onde vamos perceber alguns conceitos de Gestão Escolar. 
Poderemos estabelecer analogias dos conceitos de decisão partilhada, de 
acordo com a Secretaria de Educação Básica – MEC, com os conceitos 
de gestão escolar democrática proposta pela Secretaria de Estado da 
Educação do Paraná e o filme. Registre suas reflexões na ficha em 
anexo, em seguida vamos nos organizar para um debate. 
 
Acesse também: 
• Portal MEC/BR – Escola de Gestores: 
http://portal.mec.gov.br/seb 
• Portal SEED/PR - CADEP: 
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/cadep 
 
 
Registre suas conclusões: 
 
 
 
 
 
 
Nosso mais profundo medo não é o de sermos 
inadequados. Nosso mais profundo medo é o de sermos 
poderosos além da medida. É a nossa luz, não nossa 
escuridão, que nos amedronta. Pensar pequeno não ajuda o 
mundo. Não tem nada de esclarecedor em se diminuir para 
que as pessoas não se sintam inseguras ao seu lado. Todos 
nós somos feitos para brilhar como as crianças o fazem. 
Não está apenas em alguns de nós; está em todos. E 
quando deixamos nossa luz brilhar, inconscientemente 
damos permissão para que outras pessoas façam o mesmo. 
Como estamos livres dos nossos próprios medos, nossa 
presença automaticamente faz os outros se libertarem. Por 
Timo Cruz (Rick Gonzalez) no filme “Coach Carter” 8. 
 
8 Tradução livre de MENEZES. Disponível em http://blog.kelmamazziero.com.br/page/4/ 
acessado em 11/11/2007 às 19h. 
���� 
� 
 
Todos nós 
somos feitos 
para brilhar 
como as 
crianças o 
fazem. 
GONZALEZ, 
2005 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 23 
 
Pais e 
Comuni-
dade 
 
Profes-
sores 
 
Alunos 
 
Direção 
Legislação que rege a gestão democrática: 
 
Constituição Federal de 1988: 
Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes 
princípios: 
VI - gestão democrática do ensino público na forma da 
Lei. 
 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 
9394/96: 
Art. 3º: O ensino será ministrado com base nos seguintes 
princípios: 
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma da 
Lei e da legislação dos sistemas de ensino. 
Art. 14: Os sistemas de ensino definirão as normas de 
Gestão Democrática (...): 
I – participação dos profissionais da educação na 
elaboração da proposta pedagógica; 
II – participação das comunidades escolar e local em 
conselhos escolares ou equivalentes. 
Art. 15: Os sistemas de ensino assegurarão às escolas 
progressivos graus de autonomia pedagógica, 
administrativa e de gestão financeira. 
 
Deliberação 16/99, CEE/PR 
Art. 4º : A comunidade escolar é o conjunto constituído 
pelos corpos docente e discente, pais de alunos, 
funcionários e especialistas, todos os protagonistas da ação 
educativa em cada estabelecimento de ensino. 
Parágrafo Único: A organização institucional de cada um 
desses segmentos terá seu espaço de atuação reconhecido 
pelo regimento escolar. 
Art. 5º: A direção escolar tem como principal atribuição 
coordenar a elaboração e a execução da proposta 
pedagógica, eixo de toda e qualquer ação a ser 
desenvolvida pelo estabelecimento. 
Art. 6º: A gestão escolar da escola pública, como 
decorrência doprincípio constitucional da democracia e 
colegialidade, terá como órgão máximo de direção um 
colegiado. 
 
. 
A legislação, acima citada, é bem clara no sentido de que os 
trabalhos a serem realizados na escola devem se pautar pelos princípios 
A educação 
problematizadora se 
faz, assim, um esfôrço 
permanente através 
do qual os homens 
vão percebendo, 
criticamente, como 
estão sendo no mundo 
com que e em que se 
acham. 
 FREIRE, 
 1981. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 24 
Comuni-
dade 
Escolar 
 
Alunos 
 
Gestores 
Proces-
sos 
pedagó-
gicos 
da democracia e serem realizados de forma coletiva. Entretanto não 
basta estar na legislação, é necessário efetivá-la na prática. 
 A literatura que trata da temática, nos apresenta vários conceitos 
sobre gestão democrática, mas para fundamentar este trabalho, optamos 
pelo conceito defendido por Libâneo (2001, p.131-132), para esse autor: 
 
a gestão democrática participativa valoriza a participação 
da comunidade escolar no processo de tomada de decisão , 
concebe a docência como trabalho interativo, aposta na 
construção coletiva dos objetivos e das práticas escolares, 
no diálogo [grifo meu] e na busca de consenso . 
 
 Portanto, considera-se especificamente relevante esta citação pelo 
fato de que a mesma respalda a proposta apresentada, enfatizando a 
importância do trabalho coletivo9 na escola. 
 
Observe que apresentamos vários diagramas, no decorrer deste capítulo, 
procure identificar as suas semelhanças e diferenças, em relação a 
dialogicidade na Gestão Escolar Democrática. Pesquise em sua escola 
qual o diagrama adotado, comparando-o com os apresentados aqui. 
Registre suas observações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 “Trabalho coletivo, segundo Fusari, 2007, é aquele realizado por um grupo de pessoas que 
têm compromisso com a democratização da educação escolar no país: diretores, 
coordenadores, professores, funcionários, alunos, membros do Conselho de Escola e demais 
representantes da comunidade.” 
 
Direção 
 
Professor 
 
Funcionários 
 
Alunos 
A verdadeira 
revolução, cedo ou 
tarde, tem de 
inaugurar o diálogo 
corajoso com as 
massas. Sua 
legitimidade está 
no diálogo com 
elas, não no 
engodo, na 
mentira. 
 FREIRE, 
 1981 
 
� 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 25 
���� 
 
 Buscamos, neste contexto, no educador Paulo Freire, inspiração 
para tratar sobre a temática “diálogo”. Para Freire (1981, p. 92-94) 
 
A existência, porque humana, não pode ser muda, 
silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, 
mas de palavras verdadeiras, com que os homens 
transformam o mundo, é modificá-lo. O mundo 
“pronunciado”, por sua vez, se volta problematizado aos 
sujeitos “pronunciantes”, a exigir dêles nôvo “pronunciar”. 
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, 
no trabalho, na ação-reflexão. 
Mas, se dizer a palavra verdadeira, que é trabalho, que é 
práxis, é transformar o mundo, dizer a palavra não é 
privilégio de alguns homens, mas direito de todos os 
homens. Precisamente por isto, ninguém pode dizer a 
palavra verdadeira sozinho, ou dizê-la “para” os outros, 
num ato de prescrição, com o qual rouba a palavra aos 
demais. 
O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo 
mundo, para “pronunciá-lo”, não se esgotando, portanto, 
na relação eu-tu. [...] Segundo fundamento do diálogo, o 
amor é, também, diálogo. Daí que seja essencialmente 
tarefa de sujeitos e que não possa verificar-se na relação de 
dominação. Nesta, o que há é patologia de amor: sadismo 
em quem domina; masoquismo nos dominados. Amor, 
não. Porque é um ato de coragem, nunca de medo, o amor 
é compromisso com os homens. Onde quer que estejam 
estes, oprimidos, o ato de amor está em comprometer-se 
com sua causa. A causa de sua libertação. Mas, este 
compromisso, porque é amoroso, é dialógico. 
 
 
Incontestável é a agudeza do pensamento de Freire quando se 
refere ao diálogo como a mais intrínseca forma de 
comunicação humana. Nessa perspectiva é que apontamos a prática do 
diálogo como uma possível alternativa para a efetivação de uma Gestão 
Escolar Democrática, comungando com as idéias de Freire, Ferreira 
(2007, p. 1242-1243), diz que: 
 
O diálogo é este 
encontro dos 
homens, 
mediatizados pelo 
mundo, para 
pronunciá-lo, não 
se esgotando, 
portanto, na 
relação eu-tu. 
FREIRE, 
1981. 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 26 
 
Respeito, paciência e diálogo como encontro de idéias e de 
vida “única forma superior de encontro” dos seres 
humanos, os únicos seres vivos que possuem esta condição 
e possibilidade e que não a utilizam. Diálogo, como 
fundamental caminho em todas as suas possíveis formas, 
entendido como “o reconhecimento da infinita diversidade 
do real que se desdobra numa disposição generosa de cada 
pessoa para tentar incorporar ao movimento do 
pensamento algo da inesgotável experiência da consciência 
dos outros” (FERREIRA apud FERREIRA, 2007, p. 
1242). Diálogo com uma generosa disposição de abrir-se ao 
“outro” que irá “somar” compreensões convergentes ou 
divergentes no sentido da construção da humanização das 
relações. Diálogo como confraternização de idéias e de 
culturas que se respeitam porque constituem diferentes 
produções humanas. Diálogo como uma verdadeira forma 
de comunicação humana, na tentativa de superar as 
estruturas de poder autoritário que permeiam as relações 
sociais e as práticas educativas a fim de se construir, 
coletivamente na escola, na sociedade em todos os espaços 
do mundo, uma nova ética humana e solidária. Uma nova 
ética que seja o princípio e o fim da gestão democrática da 
educação comprometida com a verdadeira formação da 
cidadania. 
Fraternidade, solidariedade, justiça social, respeito, bondade 
e emancipação humana, mais do que nunca, precisam ser 
assimilados e incorporados como consciência e 
compromisso da gestão democrática da educação – 
princípios que necessitam nortear as decisões a serem 
tomadas no sentido da humanização e da formação de 
todas as pessoas que vivem neste planeta. (Id ibidem). 
 
 
 Essas considerações colocam a nosso ver, a importância do 
diálogo para que as relações aconteçam de forma mais humana, bem 
como o seu reconhecimento de que os seres humanos, sendo os únicos 
que possuem esta condição e possibilidade, não o utilizam. 
 Assim, estas referências teóricas, vêm respaldar com veemência a 
proposta deste trabalho. 
 Além do referencial teórico, acima citado, dialogaremos com Paro 
(2004, p. 108). Para esse autor: 
Os gestores têm por 
função buscar, junto 
aos professores e às 
instâncias colegiadas 
um significado mais 
profundo para as suas 
ações, repensando os 
processos pedagógicos, 
lançando um novo 
olhar ao entorno da 
escola, fazendo uma 
nova leitura do seu 
cotidiano, levantando 
questionamentos. 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 27 
[...] a educação só pode dar-se mediante o “processo 
pedagógico”, necessariamente dialógico, não-dominador, que 
garanta a condição de imprescindibilidade para a realização 
histórico-humana, a educação deve ser direito de todos os 
indivíduos enquanto viabilizadora de sua condição de seres 
humanos. Isso tudo acarreta características especiais e 
importância sem limites à “escola pública” enquanto 
instância da divisão social do trabalho, incumbida da 
universalização do saber. 
 
 Diante do exposto, percebemos que a prática do diálogo pode ser 
uma alternativa que leve os gestores, juntamente com as instâncias 
colegiadas, a uma verdadeira práxis como ação e reflexão para uma 
educação transformadora. 
 
Vamos aprofundar nossos conhecimentos? 
 
 
Acesse os sites abaixo e outros que julgar importantes para nossa 
pesquisa, ampliando nossas leituras: 
 
Instituto Paulo Freire: 
http://www.paulofreire.org/pf_.htm 
CentroPaulo Freire: estudos e pesquisas: 
http://www.paulofreire.org.br/asp/Index.asp 
Biblioteca digital Paulo Freire: 
http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/principal.jsp 
Centro de Referência Educacional Paulo Freire: 
http://www.centrorefeducacional.com.br/paulo.html 
Pedagogia da Autonomia – Paulo Freire 
http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/Files/Pedagogia_da_
Autonomia.pdf 
 
 Num país de dimensões sociais como o Brasil, as diferenças 
sociais se evidenciam de forma bastante acentuada. Necessário se faz 
estar muito atentos a essas diferenças, levando em conta que os 
 
���� 
O diálogo 
proporciona a 
verdadeira 
práxis como 
ação e reflexão 
da prática 
pedagógica. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 28 
���� 
 
alunos(as), os sujeitos da escola, são seres historicamente construídos, 
que são únicos(as) em sua individualidade, mas diferentes uns dos 
outros, portanto se devem considerar os saberes de todos e de cada um. 
É função da escola direcioná-los rumo ao conhecimento, 
instrumentalizar o saber de forma que a interação permeie em todos os 
trabalhos escolares. Os gestores têm por função buscar, junto aos 
professores e às instâncias colegiadas um significado mais profundo para 
as suas ações, repensando os processos pedagógicos, lançando um novo 
olhar ao entorno da escola, fazendo uma nova leitura do seu cotidiano, 
levantando questionamentos, como por exemplo: Quem são nossos 
alunos(as)? O que iremos trabalhar? Que conteúdos? Por que esses 
conteúdos? Para que? Qual o significado desses conteúdos para a vida 
dos nossos alunos(as)? E, a partir daí, juntos tentarem elaborar propostas 
que conduzam os educandos(as) à compreensão do conhecimento 
adquirido, preparando-os para o exercício da cidadania. 
 Isto posto, enfatizamos que a abordagem deste tema tem sua 
importância pelo fato de que o diálogo é uma das formas de 
comunicação que oportuniza aos seres humanos a expressão de suas 
idéias, podendo colocá-las em prática, percebendo-se como cidadãos 
participativos e atuantes, contribuindo para a melhoria da sociedade em 
que estão inseridos. 
Pretende-se, ainda, que esse diálogo “como prática da 
liberdade” se estabeleça de tal forma a romper as barreiras dos 
relacionamentos, independentemente de raça, cor, religião e condição 
sócio-econômica e cultural, nas ações das pessoas envolvidas com o 
trabalho da educação, que compõem a comunidade escolar. 
O grande problema 
que se coloca ao 
educador ou à 
educadora de opção 
democrática é como 
trabalhar no sentido 
de fazer possível que 
a necessidade de 
limite seja assumida 
eticamente pela 
liberdade. 
FREIRE 
1996. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 29 
 
Leitura complementar: 
 
 
A ESCOLA 
 
Escola é... 
o lugar onde se faz amigos 
não se trata só de prédios, salas, quadros, 
programas, horários, conceitos... 
Escola é, sobretudo, gente, 
gente que trabalha, que estuda, 
que se alegra, se conhece, se estima. 
O diretor é gente, 
O coordenador é gente, o professor é gente, 
o aluno é gente, 
cada funcionário é gente. 
E a escola será cada vez melhor 
na medida em que cada um 
se comporte como colega, amigo, irmão. 
Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os 
lados’. 
 
 
 
 
 
Nada de conviver com as pessoas e depois 
descobrir 
que não tem amizade a ninguém 
nada de ser como o tijolo que forma a 
parede, 
indiferente, frio, só. 
Importante na escola não é só estudar, não 
é só trabalhar, 
é também criar laços de amizade, 
é criar ambiente de camaradagem, 
é conviver, é se ‘amarrar nela’! 
Ora , é lógico... 
numa escola assim vai ser fácil 
estudar, trabalhar, crescer, 
fazer amigos, educar-se, 
ser feliz. 
(FREIRE, 2001) 
 
Nada de ‘ilha 
cercada de gente 
por todos os 
lados’. 
FREIRE, 
2001 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 30 
Sugestão metodológica: 
 
 Diante de todos estes pontos de vista apresentados neste capítulo, 
vamos sistematizar o nosso entendimento sobre a Gestão Escolar 
Democrática, através da metodologia da dialogicidade. 
 
Passos: 
 
1. Releia as suas anotações deste caderno temático. 
2. Reúna-se em grupos de até três pessoas e destaquem os pontos 
considerados mais relevantes de grupo. 
3. Organizem a sala em forma de painel, onde cada grupo apresentará 
suas discussões para todos. 
4. Elejam um secretário para anotar os pontos chaves das discussões e 
sistematizar em forma de um texto para ser aprovado por todos. 
5. Após todas as apresentações, o grupo pontuará os aspectos mais 
relevantes em relação ao tema proposto. 
6. O secretário fará a leitura das propostas apresentadas, onde os 
participantes poderão alterar ou sugerir mudanças no texto. 
7. Juntos, todos planejam a implantação das mudanças necessárias para 
o sucesso da Gestão Democrática na Escola. 
 
Registre as conclusões: 
 
 
 
 
 
 
� 
...a educação só 
pode dar-se 
mediante o 
“processo 
pedagógico”, 
necessariamente 
dialógico, não 
dominador... 
PARO, 
 2004 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 31 
 
Atividade individual: 
 
Agora vamos fazer o caminho que seu entendimento percorreu. 
1. Retome suas idéias iniciais, registradas neste caderno e avalie o que 
foi: 
a. Conservado e ampliado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
b. Reformulado e aprofundado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
c. Acrescentado e incluído: 
 
 
 
 
 
 
� 
 
O educador é 
aquele que não 
fica indiferente, 
neutro, diante 
da realidade. 
GADOTTI, 
2001 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 32 
 
Atividade em grupo: 
 
Reúna-se em grupos de até três participantes para uma reflexão sobre as 
seguintes questões: 
a) De acordo com as discussões anteriores, quais são as condições 
necessárias para garantir a gestão democrática do trabalho educativo? 
b) Se a escola pode ser entendida, necessariamente, como um espaço de 
contradição e espaço democrático, como garantir a participação dos 
segmentos escolares nas tomadas de decisões da escola? 
c) Qual a relação entre autoridade, poder e diálogo numa gestão 
democrática? 
d) Quais as principais instâncias de democratização do sistema de 
ensino que sua escola está inserida? 
e) Que ações podemos fazer para garantir a Gestão Escolar 
Democrática na Escola Pública? 
 
 
Registre as conclusões: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
� 
� 
É relevante a 
participação 
da 
comunidade 
escolar no 
processo 
educativo. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 33 
 A efetivação da Gestão Escolar Democrática envolve toda a 
comunidade escolar e as diversas funções que cada um desempenha para a 
aprendizagem dos alunos. Este processo inicia com a construção do Projeto 
Político Pedagógico da instituição, onde estão presentes as concepções de 
sociedade, de homem, de escola, de diversos saberes daqueles que o 
constroem, expressando a compreensão dos educadores e a proposta de sua 
formação continuada. 
O Caderno 2 nos remete a estes estudos, além de propor uma análise 
das participações que o Conselho de Classe e a Avaliação da Aprendizagem 
poderão definir na democratização da Escola Pública. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 34 
Referências 
ALVES, R. A alegria de ensinar. Campinas: Papirus, 2000. 
BRASIL. Constituição da República Federativa. Brasília, 1988. 
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional. Lei nº 9394/96. Brasília, 1996. 
CLIPART ESCOLAR. Rio de Janeiro: Ed. Ondas, 2001. (CD-ROM - 
Imagens) 
FERREIRA, N. S. C. Repensando e ressignificando a gestão 
democrática da educação na “cultura globalizada”. In: Revista 
Educação & Sociedade. Campinas, vol. 25, n. 89, p. 1227-1249, 
Set./Dez. 2004. Disponível em 
http://www.scielo.br/pdf/es/v25n89/22619.pdf acessado em 
13/07/2007 às 14h. 
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
1981. 
____.A pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Ed. Unesp, 2001 
____. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 
____. Imagem de Paulo Freire. In: CENTRO DE COMUNICAÇÃO DA 
UFMG (CDECOM). Roda de conversa homenageia Paulo Freire. Disponível 
em http://www.ufmg.br/online/arquivos/anexos/paulo%20freire.jpg , 
acessado em 04/02/2008 às 10h. 
FUSARI, J. C. A construção da proposta educacional e do trabalho 
coletivo na unidade escolar. In: Portal do Governo do Estado de São 
Paulo. Disponível em 
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/prp_a.php?t=006 acessado em 
11/11/2007 às 22h. 
GADOTTI, M. Pedagogia da práxis. São Paulo: Cortez, 2001. 
Anotações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 35 
LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão na Escola: teoria e prática. 
Goiânia: Alternativa, 2001. 
MAIA, B. P.; BOGONI, G. Gestão Democrática. Disponível em 
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/cadep/gestao_de
mocratica.ppt. acessado em 11/11/2007 às 19h. 
MEC. Secretaria de Educação Básica. Caderno 5: A construção da gestão 
democrática e os processos de participação. Disponível em 
http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&i
d=777&Itemid=817 acessado em 01/10/2007 às 22h. 
MENEZES. Blog Tarô Virtual. Disponível em 
http://blog.kelmamazziero.com.br/page/4/ acessado em 10/11/2007 
às 18h. 
MUNDO DAS METÁFORAS. Persistência e Mudança. Disponível em 
http://www.metaforas.com.br/metaforas/metaf20051008.htm acessado 
em 10/11/2007 às 19h. 
OLIVEIRA, D. A. Gestão Democrática da Educação: desafios 
contemporâneos . Rio de Janeiro: Vozes, 1997. 
PARANÁ, Conselho Estadual de Educação. Deliberação 16/99. 
Curitiba, 1999. 
_____. Portal dia-a-dia educação. PDE. Disponível em 
http://www.pde.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo
=2 acessado em 09/11/2007 às 14h. 
PARO, V. H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: 
Ática, 2004. 
PERSONAL COMPUTER WORD. Reino Unido: Compact disc, 1996. 
(CD-ROM - Imagens) 
WIKIPÉDIA. Gestão Escolar. Disponível em 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_democr%C3%A1tica 
acessado em 09/11/2007 às 17h. 
 
 
Anotações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 36 
Sugestão de leitura complementar 
para aprofundamento dos temas: 
 
APPLE, M. W. Educação e Poder. Porto Alegre: Artmed, 1989. 
BRANDÃO, C. R. Educar: ousar utopias da educação cidadã à 
educação que a pessoa cidadã cria. Disponível em 
http://www8.pr.gov.br/portals/portal/pde/texto_educar.pdf acessado 
em 15/07/2007 às 16h. 
_____. O trabalho de ensinar. Disponível em 
http://www8.pr.gov.br/portals/portal/pde/textos.php acessado em 
15/07/2007 às 17h. 
BRASIL. Constituição da República Federativa. Brasília: 1988. 
______. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e bases da 
Educação Nacional. Lei nº. 9394/96. Brasília: 1996. 
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros 
escritos. São Paulo: UNESP, 2000. 
____. A escola é. Disponível em 
http://www.paulofreire.org/escola_p.htm acessado em 11/11/2007 às 
22h. 
____. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e 
Terra, 1992. 
GOMES, C. A. A escola de qualidade para todos: abrindo as camadas 
da cebola. In: Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.48, p. 
281-306, jul./set. 2005. Disponível em 
http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v13n48/27551.pdf acessado em 
14/07/2007 às 17h. 
KUENZER, A. Z. Conhecimento e competências no trabalho da 
escola. Disponível em 
http://www.pde.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/Textos_Videos/Acacia_
Anotações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar 
Democrática 
 
 37 
Kuenzer/CONHECIMENTO_E_COMPETENCIA_NO_TRABALH
O_E_NA_ESCOLA.PDF acessado em 15/07/2007 às 16h. 
LUDWIG, A. C. W. Conservadorismo e progressismo na formação 
Docente. São Paulo: Pontes Editores, 2000. 
NAGEL, L. H. O Estado Brasileiro e as políticas a partir dos anos 
80. Disponível em 
http://www.pde.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/Textos_Videos/Lizia_Na
gel/CASCAVELEstadoPOL.pdf acessado em 15/07/2007. as 17h. 
NÉRICI, I. G. Metodologia do Ensino. São Paulo: Atlas, 1981. 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA. Programa de 
Desenvolvimento Educação – PDE. Disponível em 
http://www.uepg.br/pde/ , acessado em 13/07/2007 às 16h. 
VIEIRA, S. L. (org). Gestão da escola: desafios a enfrentar. Rio de 
Janeiro: DP&A, 2000. 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 
 
 
i 
 
CADERNO TEMÁTICO 1 
O DIÁLOGO NA EFETIVAÇÃO DA GESTÃO 
ESCOLAR DEMOCRÁTICA 
Agende-se: 
__/__/__ 
 
 
__/__/__ 
 
 
__/__/__ 
 
 
__/__/__ 
 
 
 
 
 
 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 
 
 
ii 
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE – SEED - PR 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA 
NILMA DE OLIVEIRA CESAR LUIZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Buscando a 
ressignificação dos 
processos pedagógicos 
PONTA GROSSA 
2008 
Caderno 
temático 
2 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 
 
 
iii 
 
CADERNO TEMÁTICO 2 
BUSCANDO A RESSIGNIFICAÇÃO DOS 
PROCESSOS PEDAGÓGICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tema: A Práxis da Dialogicidade na Gestão Escolar Democrática 
Área de concentração: Gestão Escolar 
Orientanda: Nilma de Oliveira César Luiz 
Orientadora: Profª. Ms. Maria José Bastos Martins 
 Secretaria de Estado da Educação do Paraná 
Avenida Água Verde, 2140 - Água Verde 
CEP 80240-900 Curitiba-PR 
Tel.: (041) 3340-1500 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJETO 
POLÍTICO 
PEDAGÓGICO 
 
CONSELHO DE 
CLASSE 
E AVALIAÇÃO DA 
APRENDIZAGEM 
 
FORMAÇÃO 
CONTINUADA DE 
PROFESSORES 
 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 
 
 
iv 
 
 
 
 
 
CADERNO TEMÁTICO 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CADERNO TEMÁTICO 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
O diálogo na 
efetivação da 
Gestão Escolar 
Democrática 
Capítulo I 
 
Problematização do 
tema 
Capítulo II 
 
Definição do objeto 
de estudo 
Capítulo III 
 
A Gestão Escolar 
Democrática 
Buscando a 
ressignificação dos 
processos 
pedagógicos 
Capítulo I 
 
O Projeto Político 
Pedagógico 
Capítulo II 
Formação 
Continuada de 
Professores 
Capítulo III 
O Conselho de 
Classe e a Avaliação 
da Aprendizagem 
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 
 
 
v 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO ............................................................... 
 
4 
C A P Í T U L O 1 
 
O Projeto Político Pedagógico (PPP): 
- Referencial teórico e reflexões para construção/reformulação 
do PPP ...................................................................................... 
 
 
 
 
7 
C A P Í T U L O 2 
 
Formação continuada de professores: 
- Discussão sobre a importância da formação continuada – 
direito e qualificação profissional dos 
educadores................................................................................... 
 
 
 
 
 
14 
C A P Í T U L O 3 
 
O Conselho de Classe e a Avaliação da 
Aprendizagem: 
- A importância do diálogo envolvendo toda a comunidade 
escolar ........................................................................................ 
- A Avaliação da Aprendizagem como processo formativo e 
referencial de análise .................................................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
REFERÊNCIAS .............................................................. 
 
 32 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
4 
Introdução 
 
Ao fundar-se no amor, na humildade, na fé nos homens, o 
diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança 
de um pólo no outro é conseqüência óbvia. Seria uma 
contradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo 
não provocasse êste clima de confiança entre seus sujeitos. 
( FREIRE, 1981) 
 
este caderno vamos discutir um pouco mais sobre a Gestão 
Escolar Democrática, abordando a ressignificação dos 
processos pedagógicos, dentre os quais destacaremos o 
ProjetoPolítico Pedagógico (PPP), Formação Continuada de 
Professores, o Conselho de Classe e Avaliação da Aprendizagem. 
Serão utilizados citações de depoimentos de professores que 
atuam na rede estadual de ensino, para ilustrar os temas tratados e 
perceber as concepções pedagógicas desses professores e gestores. 
A escola é um espaço social e democrático, composto pelos 
alunos e seus familiares, professores, funcionários e por demais 
membros da comunidade, mas a garantia desse espaço se dá no interior 
da escola, levando em conta a sua cultura, nas ações que cada ser 
humano realiza, nos seus hábitos, suas atitudes, sua participação nas 
atividades de modo a proporcionar a realização das propostas 
pedagógicas com responsabilidade e eficiência/eficácia. 
É no PPP que se inicia todo o trabalho de construção de uma 
linha pedagógica adotada pela escola. É no momento de se rever as 
ações para o próximo período que se efetiva a busca de alternativas 
Í C O N E S 
 Informações valiosas 
 Teste seu conhecimento 
 Atividades on-line 
 Atividades práticas 
N 
 
A reflexão 
coletiva favorece 
o diálogo, o 
respeito e a 
autocrítica 
CADEP, 2007 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
5 
para as soluções dos problemas que a escola vem enfrentando. Mas, 
para que estas ações se efetivem, se faz necessário o diálogo, o estudo 
permanente das teorias educacionais, a avaliação constante das 
atividades realizadas, das aprendizagens dos alunos, dos projetos 
propostos, da participação da comunidade escolar. 
A Formação Continuada de Professores, neste processo 
educativo, pressupõe uma política educacional voltada para a 
democratização da escola pública, atendendo as necessidades da 
sociedade atual e a qualidade do ensino das instituições e incentivando 
o investimento do próprio educador em seu desenvolvimento pessoal e 
profissional. 
Abordaremos o Conselho de Classe como um importante 
momento de diálogo entre os professores e a equipe pedagógica, no 
sentido de levantamento e discussão dos problemas de aprendizagem 
dos alunos, com vistas a inovações de suas ações pedagógicas, 
buscando o aprimoramento das atividades pedagógicas. 
A Avaliação da Aprendizagem proposta, neste Caderno 
Temático 2, deverá ser processo constante no trabalho educativo. É 
através da avaliação que os professores e equipe pedagógica da escola 
obtém os resultados do seu trabalho, visando um repensar de suas 
práticas. Consideramos importante a participação dos alunos, neste 
processo de aprendizagem, para uma tomada de consciência dos 
mesmos sobre a aquisição e formação de conceitos, refletindo sobre 
seus saberes adquiridos e a forma de como proceder para se 
apropriarem de novos conhecimentos. 
A partir das discussões sobre a Gestão Escolar Democrática, 
A educação é 
essencial e 
insubstituível. 
BRANDÃO, 
2007. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
6 
levantadas no Caderno Temático 1 e as propostas de Estudos sobre a 
Ressignificação dos Processos Pedagógicos, deste Caderno Temático 2, 
aprofundamos o referencial teórico e propomos atividades que levem o 
leitor a refletir sobre a sua prática e atuação na comunidade escolar em 
que está inserido, propondo inovações que contribuam para a 
democratização da educação por meio do diálogo. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
7 
 
CAPÍTULO 1 
Projeto Político Pedagógico 
(PPP) 
 
 
o contexto social atual, a escola não pode ser considerada 
isoladamente. Para se compreender os problemas da escola é 
necessário conhecer os problemas sociais. 
 Nesta abordagem enfatizamos a necessidade de repensar a 
organização da escola levando em conta suas contradições e conflitos. O 
PPP é o documento que norteia todas as ações a serem desenvolvidas 
pela escola. Deverá ser construído com a participação de todas as 
pessoas que compõem a comunidade escolar e conter os objetivos, as 
diretrizes, a síntese das exigências sociais e legais do sistema de ensino, 
os propósitos e expectativas da comunidade escolar. 
 Vamos analisar o ponto de vista de Professores atuantes na rede 
pública estadual do Paraná sobre o Projeto Político Pedagógico: 
 
O Projeto Político Pedagógico é planejado conforme a 
realidade escolar tem atendido às necessidades especiais, 
como envolvimento da família e comunidade com o aluno. 
(Professor A) 
 
Há participação parcial na elaboração do Projeto Político 
Pedagógico, porém, [nós professores] conhecemos a 
realidade e a totalidade do projeto. (Professor B) 10 
 
 
10 Depoimento, sobre o Projeto Político Pedagógico, de Professores que atuaram na rede pública 
estadual em 2007, identificados por letra para preservar a identidade dos mesmos. 
N 
A função social 
da escola é algo 
que se mistura 
com o próprio 
acontecer da 
história em suas 
diferentes 
manifestações. 
VIEIRA, 2002. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 8 
 Percebe-se, através destes depoimentos, a necessidade de uma 
participação mais efetiva dos professores na construção e reformulação 
do PPP da escola, bem como de colocá-lo em prática no seu cotidiano 
de trabalho. 
 Vejamos o que diz Veiga ( 2005, p. 12-13) 
 
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação 
intencional, com um sentido explícito, com um 
compromisso definido coletivamente. [...] É político no 
sentido de compromisso com a formação do cidadão para 
um tipo de sociedade. [...] Na dimensão pedagógica reside a 
possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, 
que é a formação do cidadão participativo, responsável, 
compromissado, crítico e criativo. Pedagógico no sentido 
de definir as ações educativas e as características 
necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua 
intencionalidade. 
Político e pedagógico têm assim uma significação 
indissociável. 
 
 Veiga vem reafirmar que somente através do envolvimento de 
toda a comunidade escolar será possível assegurar a construção de um 
projeto com as dimensões política e pedagógica, colocando-o em prática 
durante a realização de todo o trabalho escolar, o que provavelmente 
possa não estar ocorrendo, conforme o depoimento do Professor B, 
citado anteriormente. 
 O PPP respalda a autonomia da escola, expressa a sua cultura e 
aponta caminhos para inovações e desenvolvimento, portanto se faz 
necessário que todos participem de sua construção para a garantia desta 
finalidade. 
Nos seus princípios orientadores está prevista a Gestão 
Democrática, tema central de nossa discussão, pois abrange além do 
princípio constitucional, as dimensões administrativa, pedagógica e 
Buscar uma 
nova 
organização 
para a escola 
constitui uma 
ousadia para 
os educadores, 
pais, alunos e 
funcionários. 
VEIGA, 
2005. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 9 
 
financeira. A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, através da 
Coordenação de Apoio à Direção e Equipe Pedagógica – CADEP 
apresenta os princípios norteadores do Projeto Pedagógico, de acordo 
com a Lei nº. 9.394/96, em seu art. 3º e, propõe orientações para a 
elaboração coletiva do PPP, cooperativa e democrática na escola pública, 
mas para que se efetive esta proposta, requer o enfrentamento de todas 
as questões que excluem e marginalizam a criança, o jovem e o adulto, 
ou seja, construir um projeto comprometido com os interesses e anseios 
de todos os alunos. 
 
Sugestão metodológica: 
 
 Atividade em grupo: 
 
Após a leitura dos temas propostos por este Caderno Temático 2, 
seguramente podemos dizer que todos temos temores e esperanças11. 
Propomos uma atividade12 onde poderemos expressar esses sentimentos, 
para isso: 
• Vamos nos agrupar de quatro a seis pessoas. 
• Cada grupo indicará um secretário para anotar os temores e as 
esperanças do grupo, após o diálogo de 15 minutos. 
• Prosseguindoa atividade, cada grupo expressará os seus temores e 
esperanças em relação aos temas deste Caderno Temático 2, 
registrados pelo secretário, em no máximo sete minutos. (Anotar no 
 
11 Os termos temores e esperança foram utilizados, anteriormente, por Fritzen em seu livro Exercícios 
Práticos de Dinâmica de Grupo, com o objetivo de conscientizar o grupo sobre suas motivações, desejos 
e esperanças; suas angústias e temores. 
12 FRITZEN, 1990, p. 14-15. 
...se sonhamos com 
uma sociedade menos 
agressiva, menos 
injusta, menos 
violenta, mais 
humana, o nosso 
testemunho deve ser o 
de quem, dizendo não 
a qualquer 
possibilidade em face 
dos fatos, defende a 
capacidade do ser 
humano em avaliar, 
de compreender, de 
escolher, de decidir e, 
finalmente, de intervir 
no mundo.” 
CADEP, 2007. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 10 
 
flip shart) 
• Após todos os grupos se apresentarem, o coordenador da atividade 
fará um resumo que expresse os principais temores e esperanças do 
grupo, demonstrando que todos possuem expectativas, 
categorizando os temores e as esperanças comuns à todos, 
analisando-os coletivamente, sem desconsiderar os elementos que 
não são comuns, isto é, são diferentes, portanto configuram-se como 
um modo singular de perceber a realidade. 
 
 
Vamos refletir um pouco? 
 
Retornando ao grupo inicial, vamos dialogar sobre o que 
pensamos, anotando novamente os tópicos principais. 
• Quais as características da comunidade em que atua? 
• Como é estabelecida a hierarquia da equipe no cotidiano de trabalho? 
• Como são tomadas as decisões? Quem toma as decisões referentes ao 
trabalho a ser feito na unidade escolar? 
• Você participou da elaboração do PPP de seu estabelecimento de 
ensino? Discuta se foi levado em consideração a ruptura entre: 
concepção e execução; pensar e fazer; teoria e prática; ciência e 
cultura? 
• Que mecanismos de gestão estão sendo adotados para conferir os 
resultados do processo de participação da comunidade? 
• Quais os problemas que o grupo encontra em seu cotidiano de trabalho, 
em função da aprendizagem dos alunos? 
• Acrescente outras questões que julgar pertinente. 
 
Uma escola 
identificada por 
sua cultura 
específica detém 
força para influir 
na cultura da 
comunidade. 
 VIEIRA, 2002. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 11 
 
 
O processo de construção e avaliação do Projeto Político Pedagógico 
pressupõe três momentos, segundo o Governo do Estado do Paraná, 2007: 
 
 
1. Ato Situacional 
- Como compreendemos a sociedade atual? 
- Como se caracteriza o contexto social onde a escola 
deverá atuar? 
- Qual o papel da escola? 
- A quem ela serve? 
- Que experiências ela propicia ao aluno? 
2. Ato Conceitual 
- Em face da realidade descrita e analisada, que 
concepções de educação, escola, gestão, currículo, 
ensino, aprendizagem e avaliação se fazem 
necessárias para atingir o que pretendemos? 
3. Ato Operacional 
- Como redimensionar a organização do trabalho 
pedagógico? 
- Que tipo de gestão? 
 
 
Estes atos do PPP são imprescindíveis para sua efetivação de 
forma democrática, consensual e fundamentada em uma 
proposta dentro da pedagogia histórico-crítica. A análise do ato 
situacional leva os educadores, alunos e comunidade a refletirem sobre 
as reais condições da escola, levantando situações problemas, 
descrevendo pontos conflituosos e que precisam ser revistos. A 
problematização da realidade social é o ponto de partida para as 
discussões, buscando-se referências conceituais que fundamentem a 
defesa dos princípios da gestão democrática: participação, autonomia, 
liberdade. É através da administração colegiada que se garantirá a 
participação efetiva de todos os segmentos da escola na construção da 
concepção, na execução e avaliação da proposta pedagógica. Segundo o 
Governo do Estado do Paraná, 2007, é na escola que se efetiva a 
organização, o redimensionamento e avaliação contínua dos mecanismos 
de gestão democrática, através de seus órgãos escolares como o 
O PPP não é um 
agrupamento de 
planos e de atividades 
diversas e nem algo 
construído para ser 
arquivado e muito 
menos tarefa 
específica do 
pedagogo. 
CADEP, 2007. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 12 
 
Conselho Escolar, Conselho de Classe, Eleição direta do Diretor e do 
Aluno Representante de Turma, a participação de todos na APMF, a 
abertura para a atuação do Grêmio Estudantil e outros. 
Diante das discussões realizadas, observa-se a importância de 
compreender que o Projeto Político Pedagógico traz implícito em seu 
texto à concepção de mundo, humanidade e educação dos seus autores, 
uma vez que não existe neutralidade no fazer pedagógico. A este 
respeito, Freire (1996, p. 102-103) afirma: 
 
Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor 
que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma 
definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. 
Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso 
ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de 
não importa o quê. Não posso ser professor a favor 
simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de 
uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude 
da prática educativa. Sou professor a favor da decência 
contra o despudor, a favor da liberdade contra o 
autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da 
democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. 
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer 
forma de discriminação, contra a dominação econômica 
dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra 
a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a 
miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que 
me anima apesar de tudo. 
 
 Entendemos esta citação como um alerta para a necessidade de 
reação da postura do educador que não deve ser de neutralidade, diante 
do contexto social contemporâneo. 
 Sabemos que por muito tempo a educação foi colocada a serviço 
do poder econômico, cumprindo o papel de formação do cidadão para o 
serviço de interesse das classes dominantes. 
 Apesar de que, ainda hoje, esta herança cultural e econômica 
Que sujeitos queremos 
formar? 
Que saberes queremos 
discutir? 
Que sociedade 
queremos para viver? 
Que escola queremos? 
Que educação 
queremos priorizar? 
CADEP, 2007 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 13 
 
prevalece em muitos casos, se faz necessário um repensar sobre a prática 
educativa. É imprescindível que o professor busque e obtenha, na sua 
formação continuada, a clareza e o entendimento de que deverá formar 
um cidadão crítico com acesso ao conhecimento científico, preparado 
para exercer a sua cidadania, dentro dos preceitos de liberdade e 
democracia, não tornando-se um sujeito passivo, sem a compreensão do 
mundo que o cerca, vivendo tão somente a serviço do capital. 
 
 
Sugestão metodológica: 
 Vamos discutir:: 
 
1. Reunir o grupo para a leitura das anotações realizadas na atividade 
anterior e sistematizar as principais questões no quadro a seguir, 
levando em consideração o referencial teórico apresentado. 
2. Apresentem soluções dos problemas levantados e, 
consequentemente, a ressignificação do seu trabalho pedagógico, a 
curto, médio e longo prazo. 
 
 
PRAZOS SOLUÇÕES 
PROBLEMAS CURTO MÉDIO LONGO 
PPP 
Comunidade 
Tomada de decisões 
Mecanismos de gestão 
 
Somos livres 
com os 
outros, não, 
apesar dos 
outros. 
CADEP, 
2007. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 14 
 
CAPÍTULO 2 
Formação Continuada de 
Professores 
 
 
organização escolar tem como função prever e realizar a 
formação continuada de professores e funcionários, juntamente 
com outros órgãos responsáveis pela educação. 
 
Para alterar a qualidade do trabalho pedagógicotorna-se 
necessário que a escola reformule seu tempo, 
estabelecendo período de estudo e reflexão de equipes de 
educadores, fortalecendo a escola como instância de 
educação continuada. 
É preciso tempo para que os educadores aprofundem seus 
conhecimentos sobre os alunos e sobre o que estão 
aprendendo. É preciso tempo para acompanhar e avaliar o 
projeto político-pedagógico em ação. (VEIGA, 2005, p. 
30) 
 
 Nesta citação a autora destaca a necessidade da escola prever o 
tempo destinado à reflexão da equipe de educadores para 
aprofundamento de estudos, conhecimento dos seus alunos e avaliação 
do PPP. Sabe-se que nem sempre tem sido previsto tempo e espaço 
destinados a esta tão importante tarefa. 
 No depoimento dos Professores C e D podemos perceber como 
vem acontecendo a formação continuada no estabelecimento de ensino 
que atuam. 
Participo do Grupo de Estudos na área de “Educação 
A 
A formação 
continuada é um 
direito de todos os 
trabalhadores em 
educação, na 
perspectiva da 
especificidade de sua 
função. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 15 
 
Especial”, e foi de grande valia para todos do grupo. 
Temos que estar em constante aperfeiçoamento e os 
cursos que o Estado disponibiliza nos ajudam a refletir 
sobre nossa prática em sala de aula. (Professor C) 
 
A formação é necessária, para melhorar a prática do 
professor em sala de aula, o Governo fornece os meios, 
mas o professor tem que estar disposto a procurar essa 
formação e por em prática. (Professor D)13 
 
 Estes depoimentos expressam o reconhecimento dos professores 
quanto à necessidade e importância de sua formação continuada para a 
melhoria do seu desempenho em sala de aula. Destacam também que 
deve haver predisposição para a busca de aperfeiçoamento e crescimento 
pessoal e profissional, bem como, de colocar em prática no seu cotidiano 
de trabalho. 
 
A formação continuada é condição para a aprendizagem 
permanente e para o desenvolvimento pessoal, cultural e 
profissional de professores e especialistas. É na escola, no 
contexto de trabalho, que os professores enfrentam e 
resolvem problemas, elaboram e modificam 
procedimentos, criam e recriam estratégias de trabalho e, 
com isso, vão promovendo mudanças pessoais e 
profissionais. (LIBÂNEO, 2001, p. 227) 
 
Analisando a citação de Libâneo percebe-se a necessidade de 
melhor aperfeiçoar as propostas de formação continuada de 
professores para atender as necessidades que a sociedade atual exige, de 
modo que o professor reconheça como direito seu, estar em constante 
crescimento. Que os cursos ofertados oportunizem aos professores 
formação político-pedagógica, filosófica, cuja teoria sirva de subsídio 
para trabalhar as situações-problemas enfrentadas no dia-a-dia da sala de 
 
13 Depoimento, sobre Formação Continuada de Professores, concedido por educadores que atuaram na 
rede pública estadual em 2007, identificados por letra para preservar a identidade dos mesmos. 
Entender a 
organização 
escolar como 
cultura significa 
dizer que ela é 
construída pelos 
seus próprios 
membros que 
tanto podem criar 
um espaço de 
trabalho 
produtivo e até 
prazeroso ou um 
espaço hostil e 
estressante. 
LIBÂNEO, 
2001. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 16 
O mundo 
encurta, o 
tempo se 
dilui: o ontem 
vira agora; o 
amanhã já 
está feito. 
FREIRE, 
1996. 
aula, decorrentes das grandes mudanças ocorridas na sociedade. 
Formação para trabalhar com as camadas populares, os mais excluídos 
da sociedade, as massas. Formação para uma educação 
problematizadora, de forma que o professor possa criar no aluno uma 
necessidade de aprender, partindo do conhecimento do seu cotidiano, 
tendo consciência de que somos seres inacabados e que juntos iremos 
construindo o conhecimento. 
 
O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com 
seu gesto a relação dialógica em que se confirma como 
inquietação e curiosidade, como inconclusão em 
permanente movimento na História. [...] 
A formação dos professores e das professoras devia insistir 
na constituição deste saber necessário e que me faz certo 
desta coisa óbvia, que é a importância inegável que tem 
sobre nós o contorno ecológico, social e econômico em 
que vivemos. E ao saber teórico desta influência teríamos 
que juntar o saber teórico-prático da realidade concreta em 
que os professores trabalham. (FREIRE, 1996, p. 136-
137) 
 
 Encontramos, nesta citação de Freire, respaldo para a necessidade 
de trazer à escola discussões dos grandes problemas atuais que afetam a 
humanidade e comunidade local, colocando em risco a vida dos seres e 
do próprio planeta como: a falta de água, a poluição, o aquecimento 
global, a desigualdade de poder econômico entre as classes sociais, a má 
distribuição da renda, as altas cargas tributárias e outros problemas 
sociais como, a ética na política, os problemas de corrupção e a 
exploração de pessoas. 
A valorização dos trabalhadores em educação tem como princípio central a 
busca da qualidade e do sucesso na tarefa educativa de formação de cidadãos 
capazes de participar na vida sócio-econômica, cultural e política porque está 
relacionada diretamente com a formação inicial, isto é, a graduação e a 
especialização do educador; e, por conseguinte, a formação continuada, realizada na 
agência formadora do profissional no decorrer das atividades profissionais dos 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
 17 
 
 
educadores, promovida pelo empregador, dentro de uma política educacional 
instituída pelos seus dirigentes, com participação do povo, assim como pelo 
próprio indivíduo, investindo em seu desenvolvimento pessoal e profissional. 
Freire, 1996, p. 29 comenta sobre o professor pesquisador: 
 
Fala-se hoje, com insistência, no professor pesquisador. No 
meu entender o que há de pesquisador no professor não é 
uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se 
acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática 
docente à indagação, a busca, a pesquisa. O que se precisa é 
que, em sua formação permanente, o professor se perceba 
e se assuma, porque professor, como pesquisador. 
 
A pesquisa, conforme citação de Freire faz parte do cotidiano da 
escola, cabendo aos educadores o registro de suas reflexões, pois muito 
se discute e pouco se registra e nem tudo se efetiva em sala de aula. 
As instituições devem prever os recursos necessários para o 
efetivo trabalho pedagógico, tais como recursos didáticos, físicos, 
materiais, além da dedicação integral do educador ao estabelecimento de 
ensino, com jornadas de trabalho, com horas-atividade e tempo de 
permanência na instituição educacional, assim como, número de alunos 
adequados a cada série, modalidade e grau de ensino, por turmas. 
 
A gestão da sala de aula tem como objetivo principal 
garantir a formação do sujeito. [...] a gestão de conflitos 
refere-se ao gerenciamento de problemas disciplinares e 
comportamentais e das relações intra e interpessoais. 
(ANINGER, 2005, p.20) 
 
É atribuição do professor, segundo a citação acima, realizar a 
gestão em sala de aula, resolvendo os impasses internos, garantindo a 
formação do educando. 
A permanência do educador na escola pública está condicionada, 
A formação 
continuada [...] É 
responsabilidade 
da instituição, mas 
também do próprio 
professor, porque o 
compromisso com 
a profissão requer 
que ele tome para 
si a 
responsabilidade 
com a própria 
formação. 
LIBÂNEO, 2001. 
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 
 
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também, ao seu plano de carreira e salário, condizentes com a sua 
profissionalização. 
 Cabe aos gestores a organização de espaços privilegiados para 
discussão e análise das práticas educativas na escola, o incentivo a grupos 
de estudos e pesquisas dentro do estabelecimento de ensino, 
congregando

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