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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE – SEED - PR UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA NILMA DE OLIVEIRA CESAR LUIZ O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática PONTA GROSSA 2008 Caderno temático 1 CADERNO TEMÁTICO 1 O DIÁLOGO NA EFETIVAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA Tema: A Práxis da Dialogicidade na Gestão Escolar Democrática Área de concentração: Gestão Escolar Orientanda: Nilma de Oliveira César Luiz Orientadora: Profª Ms. Maria José Bastos Martins Secretaria de Estado da Educação do Paraná Avenida Água Verde, 2140 - Água Verde CEP 80240-900 Curitiba-PR Tel.: (041) 3340-1500 ]]]]]]]]]]]]] GESTÃO ESCOLAR DEMO- CRÁTICA DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO PROBLE- MATIZAÇÃO DO TEMA CADERNO TEMÁTICO 1 CADERNO TEMÁTICO 2 O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática Capítulo I Problematização do tema Capítulo II Definição do objeto de estudo Capítulo III A Gestão Escolar Democrática Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos Capítulo I O Projeto Político Pedagógico Capítulo II Formação Continuada de Professores Capítulo III O Conselho de Classe e a Avaliação da Aprendizagem Sumário INTRODUÇÃO ............................................................... 4 C A P Í T U L O 1 Problematização do tema: - Problematização, contextualização e objeto de estudo............... 8 C A P Í T U L O 2 Definição do objeto de estudo: - Importância da Gestão Escolar Democrática e a ressignificação dos processos pedagógicos centrais. - Princípio metodológico: a dialogicidade, fundamentada em Paulo Freire ................................................................................ 13 C A P Í T U L O 3 A Gestão Escolar Democrática: - Gestão Democrática: o diálogo e a instâncias colegiadas. - Ressignificação dos processos pedagógicos centrais: a busca de qualidade e de eficácia ........................................ 17 REFERÊNCIAS .............................................................. 34 O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 4 Introdução Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia de nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais... (ALVES, 2000). endo em vista que entre sociedade e escola acontece uma relação dialética, isto é, o que acontece na sociedade reflete diretamente na escola e vice versa, e como a sociedade nos dias atuais se apresenta muito conturbada, percebe-se que cada vez mais, os relacionamentos humanos, inter e extra escolar, vêm sendo prejudicados. Se faz necessário que os gestores e a comunidade escolar estejam atentos a essas exigências1, que apresentem propostas e oportunizem a discussão das mesmas com todas os envolvidos no cotidiano da escola, de modo que o trabalho se realize de maneira eficiente, por terem encontrado significado no que fazem, o que certamente levará a obtenção de melhores resultados. A proposta desse estudo é a de refletir sobre a Gestão Escolar Democrática, no sentido de resgatar o diálogo entre os gestores escolares e as instâncias colegiadas que constituem a comunidade escolar. Segundo Alves, 2000, a palavra do professor é um importante instrumento nesse processo, pois o educador se imortaliza na formação 1 Exigências que se configuram como: a formação de um aluno crítico, preparado para o exercício da cidadania; a participação de uma comunidade aprendente com a compreensão do mundo que a cerca, na busca de uma sociedade mais justa. Í C O N E S �Informações valiosas � Teste seu conhecimento � Atividades on-line � Atividades práticas T ...a dialogicidade – essência da educação como prática da liberdade. FREIRE, 1981. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 5 dos educandos, sendo o mediador entre o conhecimento elaborado e a integração dos mesmos na sociedade em que vivem. O objeto de estudo proposto é a gestão escolar democrática e a ressignificação dos processos pedagógicos, tendo por princípio metodológico a dialogicidade, fundamentando as análises na teoria de Freire (1981, p. 89) “a dialogicidade – essência da educação como prática da liberdade”. Consultamos outros autores, tais como: Gadotti, 2001, Libâneo, 2001, Paro, 2004 e Ferreira, 2004, que abordam essa temática. Este caderno temático faz parte da produção do material pedagógico no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que ...é uma política pública que estabelece o diálogo entre os professores da Educação Superior e os da Educação Básica, através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense. Tem por objetivo proporcionar aos professores da rede pública estadual subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua prática na modalidade Educação a Distância – EaD, como meio de formação de Grupos de Trabalho em Rede. (PARANÁ, 2007) Este programa de formação continuada para professores que atuam na escola pública do Estado do Paraná, orientados pelas Instituições de Ensino Superior consta de: Fundamentação Teórica, Trabalho em Rede, Produção de Material Didático e Intervenção na Escola. Desta forma para a implementação da intervenção na escola será oportunizado o diálogo com os gestores e a comunidade escolar. O É urgente a necessidade de repensar a educação, buscando a ressignificação dos processos pedagógicos. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 6 plano de trabalho será apresentado, socializado e discutido, visando à proposta de intervenção no contexto escolar. A proposta de intervenção trata da ressignificação dos processos pedagógicos, levando em conta a necessidade da realização de uma ação coletiva, dialógica e interativa das pessoas envolvidas, dentro do contexto da sociedade atual e da realidade da comunidade escolar, buscando a formação continuada dos profissionais da educação para a melhoria das relações humanas e o desempenho de um trabalho eficiente, eficaz e prazeroso, que tenha como reflexo uma melhor aprendizagem dos alunos. O foco dos questionamentos e das tarefas propostas é o diálogo. A metodologia deste trabalho dar-se-á inicialmente com a reflexão individual, a seguir diálogo com o colega e posteriormente no grupo, onde far-se-á a discussão e socialização das idéias levantadas, e finalmente a elaboração da síntese com o registro do pensamento crítico resultante das discussões e do diálogo do grande grupo. Com o objetivo de situar o leitor, apresentamos os capítulos que compõem o Caderno Temático 1. No Capítulo I, abordamos a problematização do tema contextualizando-o em relação à proposta e ao objeto de estudo, considerando o diálogo como forma de expressão do ser humano e recurso importante para a democratização da escola. No Capítulo II, a metodologia da dialogicidade é apresentada, tendo em vista os processos de mudanças educacionais que vem ocorrendo em nossa sociedade, levantando questionamentos sobre as posturas de inovação que os educadores devem assumir. O exercício do diálogo fortalece os laços de amizade e favorece a troca de experiências. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 7 A Gestão Escolar Democrática é discutida em profundidade no Capítulo III, onde o leitor se familiarizará com as propostas de Freire, prioritariamente, complementadas por conceituadosautores que possuem concepções semelhantes como Paro, Libâneo e outros. No Caderno 1 o aprofundamento é na Gestão Escolar Democrática e no Caderno 2, a proposta é de discussão e de diálogo dos encaminhamentos, visando a ressignificação dos processos pedagógicos centrais: o Projeto Político Pedagógico, a Formação Continuada de Professores, o Conselho de Classe e a Avaliação da Aprendizagem. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 8 CAPÍTULO 1 Problematização do tema onsiderando ser o diálogo uma das formas de expressão do ser humano que permite a manifestação de suas idéias com os demais, e sendo o homem um ser eminentemente social, é necessário que esta relação aconteça de forma harmoniosa, entretanto, percebe-se que o diálogo vem sendo prejudicado nas escolas, devido a uma série de fatores que podem ser apontados como prováveis causas para que este fenômeno aconteça, tais como: o isolamento; a limitação do papel do professor; o individualismo; a falta de espaço e tempo para discussão e construção de novas propostas; o conservadorismo de alguns, cuja postura é de resistência à inovação e a mudança de concepção; a baixa estima que muitas vezes assola o ambiente de trabalho; resultando numa ação repetitiva, sem reflexão, apresentando resultados nem sempre satisfatórios. • Anote suas expectativas em relação à proposta apresentada, fundamentada no diálogo. • Estabeleça um diálogo com seu colega sobre a pedagogia da práxis: • O que é práxis? • Qual a importância do diálogo, segundo Paulo Freire? • Existe diálogo em sua escola? C � O diálogo é uma das formas de expressão do ser humano que permite a manifestação de suas idéias com os demais. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 9 Segundo Gadotti (2001, p. 28-30). A pedagogia da práxis é a teoria de uma prática pedagógica que procura não esconder o conflito, a contradição, mas, ao contrário, os afronta, desocultando-os. Mas, a pedagogia da práxis não é uma pedagogia inventada a partir do nada. Ela já tem uma história. Ela se inspira na dialética. [...] Conflito é uma categoria que continuo utilizando como essencial a toda a pedagogia: o papel do pedagogo é educar e educar supõe transformar e não há transformação pacífica. Ela é sempre conflituosa. É sempre ruptura com alguma coisa, com preconceitos, com hábitos, com comportamentos, etc. [...] Ela continua sendo minha pedagogia, a pedagogia que procuro praticar, mesmo reconhecendo as dificuldades. Nem sempre estamos dispostos a enfrentar o conflito. Nem sempre estamos dispostos a assumir o ônus de nos envolver, de assumir o risco do engajamento. Mas só assumindo esse risco é que podemos nos tornar educadores. O educador é aquele que não fica indiferente, neutro, diante da realidade. Procura intervir e aprender com a realidade em processo. O conflito, por isso, está na base de toda a pedagogia. O referencial maior dessa pedagogia é a práxis, a ação transformadora. [...] Práxis, em grego, significa literalmente ação. [...] A pedagogia da práxis pretende ser uma pedagogia para a educação transformadora. De acordo com a citação acima, e tendo em vista ser a escola um espaço privilegiado para que as relações aconteçam, se faz necessário oportunizar o diálogo entre os partícipes2 e envolvidos3 no trabalho da educação, objetivando a efetivação de uma gestão escolar democrática e visando a ressignificação dos processos pedagógicos. Neste contexto, vejamos o que afirma Oliveira (1997, p. 44) Melhorar a qualidade da educação vai muito além da promoção de reformas curriculares, implica, antes de tudo 2 Partícipes: participam, discutem e assumem tarefas, se propõem a contribuir para mudanças. 3 Envolvidos: estão presentes, comparecem ao chamado, mas não ascendem ao nível de partícipes. A pedagogia da práxis pretende ser uma pedagogia para a educação transformadora. GADOTTI, 2001 O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 10 trabalho na escola, que não apenas se contraponham às formas contemporâneas de organização e exercício do poder, mas que constituam alternativas práticas possíveis de se desenvolverem e de se generalizarem, pautadas não pelas hierarquias de comando, mas por laços de solidariedade, que consubstanciam formas coletivas de trabalho, instituindo uma lógica inovadora no âmbito das relações sociais. Analisando a forma como esta autora aborda a questão da educação, apontando propostas inovadoras de mudança para melhoria do trabalho escolar em todos os seus aspectos, nos sugere que para a consolidação dessas propostas será necessária uma ampla conscientização, desde as estruturas de poder com políticas educacionais mais condizentes com o que a sociedade atual está a exigir, passando pela reorganização de todo o trabalho da escola, inclusive a formação continuada dos educadores, levando-os a perceber a necessidade de uma mudança de concepção, e a partir daí, desde as ações mais simples até as mais complexas do trabalho escolar poderão evidenciar tais mudanças, alcançando resultados qualitativamente mais eficientes. Leitura complementar: O Bambu Chinês Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo. Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e Todas as ações são importantes no trabalho escolar, desde as mais simples até as mais complexas. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 11 horizontalmente pela terra está sendo construída. Então, no final do 5º ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros. Um escritor de nome Covey escreveu: "Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano chegará, e com ele virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava." O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos e de nossos sonhos. Em nosso trabalho especialmente, que é um projeto fabuloso que envolve mudanças de comportamento, de pensamento, de cultura e de sensibilização, devemos sempre lembrar do bambu chinês para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão. Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a Persistência e a Paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos!4 Sugestão metodológica: Após a leitura do texto acima: 1. Reflita individualmente sobre as possíveis mudanças que poderão ocorrer em sua escola, registrando em seu caderno. 2. Dialogue com um colega sobre o que você refletiu e registrem o consenso. 4 METÁFORAS. Disponível em http://www.pensamentopositivo.com.br/metaforas/bambuchines.html acessado em 9/11/2007 às 16h. Devemos ter consciência de que cada educando tem o seu tempo para aprender. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 12 3. Reúna-se com o grupo de sua escola, socializando as discussões, registrando os encaminhamentos que o grupo todo sugere, que sejam viáveis de serem implementadas. Liste, de três a cinco, propostas de mudanças que o grupo se propõe a fazer: � O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 13 ���� CAPÍTULO 2 Definição do objeto de estudo objeto de estudo, deste caderno temático é a GestãoEscolar Democrática e a ressignificação dos processos pedagógicos centrais, tendo por princípio metodológico a dialogicidade, fundamentada na proposta de Paulo Freire. Sabemos que a educação, hoje, enfrenta sérios desafios devido ao descompasso sofrido com as mudanças abruptas da sociedade nas últimas décadas, final de século e início deste novo milênio. É urgente a necessidade de repensar a educação, buscando a ressignificação dos processos pedagógicos, numa perspectiva inovadora de modo a responder aos anseios impostos por essa mesma sociedade. Neste momento, encontramos elucidação na proposta de Freire (1981, p. 91) “a propósito da educação problematizadora, parece- nos indispensável tentar algumas considerações em torno da essência do diálogo”. Ele enfatiza a palavra pensada, verdadeira que nos leve à ação, reflexão e resulte numa ação transformadora. A partir dessas reflexões, considera-se que as finalidades desta proposta metodológica de dialogicidade, além de favorecer o relacionamento interpessoal, intrapessoal, o profissionalismo interativo e a colaboração, poderão contribuir para que os gestores, juntamente com os demais educadores, funcionários e todas as instâncias colegiadas estejam em sintonia, reunindo-se periodicamente, realizando o O Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. FREIRE, 1981. Paulo Freire O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 14 levantamento de toda a problemática da escola, discutindo e apresentando propostas, para que juntos e cooperativamente possam buscar os encaminhamentos para a realização das mesmas, com distribuição de tarefas, de modo que cada um realize o seu trabalho com competência, satisfação e produtividade. Leitura complementar: Persistência x Mudanças5 Contam que certa vez, duas moscas caíram num copo de leite. A primeira era forte e valente. Assim, logo ao cair, nadou até a borda do copo. Mas como a superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e se debater e afundou. Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte, era tenaz. Continuou a se debater, a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca tenaz conseguiu com muito esforço subir e dali alçar vôo para algum lugar seguro. Durante anos, ouvi esta primeira parte da história como elogio à persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos leva ao sucesso, no entanto... Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido ou acidente, novamente caiu no copo. Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca, passando por ali e 5 MUNDO DAS METÁFORAS, 2007. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. FREIRE, 1996. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 15 vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou: "Tem um canudo ali, nade até lá e suba por ele" A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseando-se na sua experiência anterior de sucesso e, continuou a se debater e a se debater, até que, exausta, afundou no copo cheio de água. Quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de notar as mudanças de ambiente e ficamos nos esforçando para alcançar os resultados esperados, até que afundamos na própria falta de visão? Fazemos isso quando não conseguimos ouvir aquilo que quem está de fora da situação nos diz. Sugestão metodológica: Utilizando a técnica Phillips 226 ou técnica do zunzum vamos discutir sobre a metodologia da dialogicidade, tendo como pano de fundo a metáfora Persistência x Mudanças sobre estas questões: • O que você entende por metodologia da dialogicidade proposta por Paulo Freire e como ela poderá contribuir para a Gestão Escolar Democrática? • Os educadores de sua escola possuem predisposição às mudanças? • Quais as sugestões propostas? Componentes: • Um coordenador, um secretário e demais participantes. Passos: 1. Formam-se grupos de dois componentes, que passam a dialogar por dois minutos (ou mais) sobre a questão problemática proposta acima, anotando em uma folha as suas conclusões. 6 NÉRICI, 1981, p. 248-250. Ensinar exige disponibilida de para o diálogo. FREIRE, 1996. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 16 2. Terminado o tempo o coordenador pede que cada grupo comunique as conclusões a que chegaram. Um dos componentes do grupo faz a leitura das anotações, enquanto o secretário faz o seu registro brevemente no quadro de giz ou no flip shart. 3. Depois que os grupos se expressaram, o coordenador orienta uma discussão sobre as idéias levantadas, para que todos cheguem a um consenso a respeito da questão proposta. 4. É possível levantar outras sugestões em relação ao tema proposto, ou mesmo que a dupla retorne para um novo diálogo, caso seja necessário. Registre as idéias levantadas no grupo e na plenária: � O trabalho coletivo é relevante para a garantia do sucesso das propostas pedagógicas. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 17 CAPÍTULO 3 A Gestão Escolar Democrática stamos vivendo em uma sociedade secularizada que vem, ao longo do tempo, sofrendo mudanças, sendo que nas últimas décadas essas mudanças se tornaram mais radicais e profundas, ocasionadas pela aceleração da evolução nos setores econômico, técnico- científico, cultural, filosófico, social e político, além de outros fatores, geradores de conflitos, como o aumento da violência, decorrente da crise social, pela qual estamos passando. Essas transformações se processam tão rapidamente que afetam e comprometem a vida de todos os seres humanos, o meio ambiente, as instituições sociais, as relações de trabalho e as relações sociais, causando forte impacto pela aplicação das novas tecnologias, o que acarreta a mudança de hábitos, valores e tradições. A sociedade se apresenta desigual, injusta e se caracteriza por uma sociedade de informação, destacando-se os meios de comunicação de massa, que proporcionam com muita facilidade uma intensa gama de informações positivas, quando facilitam o acesso ao conhecimento e negativas, quanto distorcem os valores, essenciais à vida, ocasionando a perda destes mesmos valores, prejudicando os relacionamentos humanos. Está presente também na sociedade de hoje, a cultura globalizada que interfere diretamente na economia interna e externa dos países, E Na atual sociedade de informação, de cultura globalizada e acesso rápido às pesquisas; precisamos estar atentos às inovações e, ao mesmo tempo, não perder de vista as finalidades da educação pública. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 18 gerando exclusão, desemprego, desestrutura familiar e social. Nesse contexto, a educação e a formação de profissionais, que são constituídas e constituintes das relações sociais, reduzem-se ao economismo do emprego e da empregabilidade, da eficiência e da eficácia, da competitividade, da produtividade e conseqüente entropia da formação humana e da cidadania. As políticas públicas, emanadas do Estado, anunciam-se nesse “paradigma” e, meditatizadas por lutas, pressões e conflitos, abrem-se a “possibilidades” para implementar sua “face social”.Nesse contexto de tal gravidade, a gestão da educação, como tomada de decisões, utilizaçãoracional de recursos para a realização de determinados fins [...] necessita ser repensada e ressignificada ante a “cultura globalizada”, a partir dessas determinações e à luz dos compromissos com a fraternidade, a solidariedade, a justiça social e a construção humana do mundo. (FERREIRA, 2004, p. 1231) Neste contexto social em que se evidencia a deteriorização dos relacionamentos humanos, torna-se cada vez mais complexa a atividade educativa, tendo em vista que se pretende formar os educandos para a vivência e transformação desta sociedade, com igualdade de oportunidades realizando–se como cidadãos plenos. Para tanto, se faz urgente repensar a educação frente à imposição destes desafios, buscando a ressignificação dos processos pedagógicos de forma que na comunidade escolar haja a participação de todas as pessoas que nela atuam, num constante refletir de suas ações em conjunto, tendo consciência e percepção do mundo que a cerca e do momento social que estão vivendo, na tentativa de que o trabalho educativo possa se tornar mas significativo e prazeroso e, consequentemente, apresentar resultados mais eficientes/eficazes. A escola é um espaço privilegiado para que as relações aconteçam. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 19 ���� A nossa proposta nesse estudo é a de implementar na escola uma gestão democrática que oportunize o diálogo entre as instâncias colegiadas, visando a ressignificação dos processos pedagógicos centrais e configurando-se como um caminho que direcione para uma educação com resultados qualitativos e eficazes. Temos como princípios que norteiam a gestão democrática: - Descentralização: A administração, as decisões, as ações devem ser elaboradas e executadas de forma não hierarquizada. - Participação: Todos os envolvidos no cotidiano escolar devem participar da gestão: professores, estudantes, funcionários, pais ou responsáveis, pessoas que participam de projetos na escola, e toda a comunidade ao redor da escola. - Transparência: Qualquer decisão e ação tomada ou implantada na escola têm que ser de conhecimento de todos. A Gestão Democrática é formada por alguns componentes básicos: Constituição do Conselho escolar; Elaboração do Projeto Político Pedagógico de maneira coletiva e participativa; definição e fiscalização da verba da escola pela comunidade escolar; divulgação e transparência na prestação de contas; avaliação institucional da escola, professores, dirigentes, estudantes, equipe técnica; eleição direta para diretor (a) 7. Portanto, a Gestão Democrática pressupõe a participação de todas as instâncias colegiadas nas decisões. A Figura 1 sobre decisão partilhada demonstra a visão do Ministério da Educação do Brasil (MEC, 2007) em relação ao tema. Vamos fazer uma leitura e refletir sobre estes conceitos? 7 WIKIPÉDIA. Gestão Escolar. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_democr%C3%A1tica acessado em 09/11/2007 às 17h. Princípios que norteiam a gestão democrática: - Descentralização - Participação - Transparência O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 20 FIGURA 1: Decisão partilhada (MEC, 2007) Registre suas idéias A seguir, vamos observar a Figura 2, sobre Gestão Escolar Democrática, proposta pela Secretaria de Estado da Educação, na Coordenação de Apoio a Direção e Equipe Pedagógica – CADEP, procurando comparar com os conceitos apresentados pelo MEC. A gestão escolar democrática pressupõe a participação de todas as instâncias colegiadas nas decisões. � O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 21 Figura 2: Gestão Democrática na Escola (MAIA, 2007; BOGONI, 2007) Segundo Maia, 2007; Bogoni, 2007, a relação entre as pessoas é uma relação horizontal, uma relação entre iguais. Dessa forma, não se deve negar o outro, senão estará negando a si próprio. A liberdade de expressão deve ser privilegiada na Gestão Escolar Democrática. Os gestores devem proporcionar a comunidade escolar o acesso e a participação nas decisões, visando o bem coletivo. É importante que as pessoas participem da discussão, em igualdade de condições, sem ter receio de expor posições contrárias. É importante que as pessoas participem da discussão, em igualdade de condições, sem ter receio de expor posições contrárias. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 22 Sugestão metodológica: Convidamos o grupo para assistir o filme Coach Carter - Treino para a Vida, onde vamos perceber alguns conceitos de Gestão Escolar. Poderemos estabelecer analogias dos conceitos de decisão partilhada, de acordo com a Secretaria de Educação Básica – MEC, com os conceitos de gestão escolar democrática proposta pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná e o filme. Registre suas reflexões na ficha em anexo, em seguida vamos nos organizar para um debate. Acesse também: • Portal MEC/BR – Escola de Gestores: http://portal.mec.gov.br/seb • Portal SEED/PR - CADEP: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/cadep Registre suas conclusões: Nosso mais profundo medo não é o de sermos inadequados. Nosso mais profundo medo é o de sermos poderosos além da medida. É a nossa luz, não nossa escuridão, que nos amedronta. Pensar pequeno não ajuda o mundo. Não tem nada de esclarecedor em se diminuir para que as pessoas não se sintam inseguras ao seu lado. Todos nós somos feitos para brilhar como as crianças o fazem. Não está apenas em alguns de nós; está em todos. E quando deixamos nossa luz brilhar, inconscientemente damos permissão para que outras pessoas façam o mesmo. Como estamos livres dos nossos próprios medos, nossa presença automaticamente faz os outros se libertarem. Por Timo Cruz (Rick Gonzalez) no filme “Coach Carter” 8. 8 Tradução livre de MENEZES. Disponível em http://blog.kelmamazziero.com.br/page/4/ acessado em 11/11/2007 às 19h. ���� � Todos nós somos feitos para brilhar como as crianças o fazem. GONZALEZ, 2005 O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 23 Pais e Comuni- dade Profes- sores Alunos Direção Legislação que rege a gestão democrática: Constituição Federal de 1988: Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: VI - gestão democrática do ensino público na forma da Lei. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96: Art. 3º: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: VIII – gestão democrática do ensino público, na forma da Lei e da legislação dos sistemas de ensino. Art. 14: Os sistemas de ensino definirão as normas de Gestão Democrática (...): I – participação dos profissionais da educação na elaboração da proposta pedagógica; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15: Os sistemas de ensino assegurarão às escolas progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira. Deliberação 16/99, CEE/PR Art. 4º : A comunidade escolar é o conjunto constituído pelos corpos docente e discente, pais de alunos, funcionários e especialistas, todos os protagonistas da ação educativa em cada estabelecimento de ensino. Parágrafo Único: A organização institucional de cada um desses segmentos terá seu espaço de atuação reconhecido pelo regimento escolar. Art. 5º: A direção escolar tem como principal atribuição coordenar a elaboração e a execução da proposta pedagógica, eixo de toda e qualquer ação a ser desenvolvida pelo estabelecimento. Art. 6º: A gestão escolar da escola pública, como decorrência doprincípio constitucional da democracia e colegialidade, terá como órgão máximo de direção um colegiado. . A legislação, acima citada, é bem clara no sentido de que os trabalhos a serem realizados na escola devem se pautar pelos princípios A educação problematizadora se faz, assim, um esfôrço permanente através do qual os homens vão percebendo, criticamente, como estão sendo no mundo com que e em que se acham. FREIRE, 1981. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 24 Comuni- dade Escolar Alunos Gestores Proces- sos pedagó- gicos da democracia e serem realizados de forma coletiva. Entretanto não basta estar na legislação, é necessário efetivá-la na prática. A literatura que trata da temática, nos apresenta vários conceitos sobre gestão democrática, mas para fundamentar este trabalho, optamos pelo conceito defendido por Libâneo (2001, p.131-132), para esse autor: a gestão democrática participativa valoriza a participação da comunidade escolar no processo de tomada de decisão , concebe a docência como trabalho interativo, aposta na construção coletiva dos objetivos e das práticas escolares, no diálogo [grifo meu] e na busca de consenso . Portanto, considera-se especificamente relevante esta citação pelo fato de que a mesma respalda a proposta apresentada, enfatizando a importância do trabalho coletivo9 na escola. Observe que apresentamos vários diagramas, no decorrer deste capítulo, procure identificar as suas semelhanças e diferenças, em relação a dialogicidade na Gestão Escolar Democrática. Pesquise em sua escola qual o diagrama adotado, comparando-o com os apresentados aqui. Registre suas observações. 9 “Trabalho coletivo, segundo Fusari, 2007, é aquele realizado por um grupo de pessoas que têm compromisso com a democratização da educação escolar no país: diretores, coordenadores, professores, funcionários, alunos, membros do Conselho de Escola e demais representantes da comunidade.” Direção Professor Funcionários Alunos A verdadeira revolução, cedo ou tarde, tem de inaugurar o diálogo corajoso com as massas. Sua legitimidade está no diálogo com elas, não no engodo, na mentira. FREIRE, 1981 � O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 25 ���� Buscamos, neste contexto, no educador Paulo Freire, inspiração para tratar sobre a temática “diálogo”. Para Freire (1981, p. 92-94) A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformam o mundo, é modificá-lo. O mundo “pronunciado”, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos “pronunciantes”, a exigir dêles nôvo “pronunciar”. Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Mas, se dizer a palavra verdadeira, que é trabalho, que é práxis, é transformar o mundo, dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os homens. Precisamente por isto, ninguém pode dizer a palavra verdadeira sozinho, ou dizê-la “para” os outros, num ato de prescrição, com o qual rouba a palavra aos demais. O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para “pronunciá-lo”, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu. [...] Segundo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo. Daí que seja essencialmente tarefa de sujeitos e que não possa verificar-se na relação de dominação. Nesta, o que há é patologia de amor: sadismo em quem domina; masoquismo nos dominados. Amor, não. Porque é um ato de coragem, nunca de medo, o amor é compromisso com os homens. Onde quer que estejam estes, oprimidos, o ato de amor está em comprometer-se com sua causa. A causa de sua libertação. Mas, este compromisso, porque é amoroso, é dialógico. Incontestável é a agudeza do pensamento de Freire quando se refere ao diálogo como a mais intrínseca forma de comunicação humana. Nessa perspectiva é que apontamos a prática do diálogo como uma possível alternativa para a efetivação de uma Gestão Escolar Democrática, comungando com as idéias de Freire, Ferreira (2007, p. 1242-1243), diz que: O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu. FREIRE, 1981. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 26 Respeito, paciência e diálogo como encontro de idéias e de vida “única forma superior de encontro” dos seres humanos, os únicos seres vivos que possuem esta condição e possibilidade e que não a utilizam. Diálogo, como fundamental caminho em todas as suas possíveis formas, entendido como “o reconhecimento da infinita diversidade do real que se desdobra numa disposição generosa de cada pessoa para tentar incorporar ao movimento do pensamento algo da inesgotável experiência da consciência dos outros” (FERREIRA apud FERREIRA, 2007, p. 1242). Diálogo com uma generosa disposição de abrir-se ao “outro” que irá “somar” compreensões convergentes ou divergentes no sentido da construção da humanização das relações. Diálogo como confraternização de idéias e de culturas que se respeitam porque constituem diferentes produções humanas. Diálogo como uma verdadeira forma de comunicação humana, na tentativa de superar as estruturas de poder autoritário que permeiam as relações sociais e as práticas educativas a fim de se construir, coletivamente na escola, na sociedade em todos os espaços do mundo, uma nova ética humana e solidária. Uma nova ética que seja o princípio e o fim da gestão democrática da educação comprometida com a verdadeira formação da cidadania. Fraternidade, solidariedade, justiça social, respeito, bondade e emancipação humana, mais do que nunca, precisam ser assimilados e incorporados como consciência e compromisso da gestão democrática da educação – princípios que necessitam nortear as decisões a serem tomadas no sentido da humanização e da formação de todas as pessoas que vivem neste planeta. (Id ibidem). Essas considerações colocam a nosso ver, a importância do diálogo para que as relações aconteçam de forma mais humana, bem como o seu reconhecimento de que os seres humanos, sendo os únicos que possuem esta condição e possibilidade, não o utilizam. Assim, estas referências teóricas, vêm respaldar com veemência a proposta deste trabalho. Além do referencial teórico, acima citado, dialogaremos com Paro (2004, p. 108). Para esse autor: Os gestores têm por função buscar, junto aos professores e às instâncias colegiadas um significado mais profundo para as suas ações, repensando os processos pedagógicos, lançando um novo olhar ao entorno da escola, fazendo uma nova leitura do seu cotidiano, levantando questionamentos. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 27 [...] a educação só pode dar-se mediante o “processo pedagógico”, necessariamente dialógico, não-dominador, que garanta a condição de imprescindibilidade para a realização histórico-humana, a educação deve ser direito de todos os indivíduos enquanto viabilizadora de sua condição de seres humanos. Isso tudo acarreta características especiais e importância sem limites à “escola pública” enquanto instância da divisão social do trabalho, incumbida da universalização do saber. Diante do exposto, percebemos que a prática do diálogo pode ser uma alternativa que leve os gestores, juntamente com as instâncias colegiadas, a uma verdadeira práxis como ação e reflexão para uma educação transformadora. Vamos aprofundar nossos conhecimentos? Acesse os sites abaixo e outros que julgar importantes para nossa pesquisa, ampliando nossas leituras: Instituto Paulo Freire: http://www.paulofreire.org/pf_.htm CentroPaulo Freire: estudos e pesquisas: http://www.paulofreire.org.br/asp/Index.asp Biblioteca digital Paulo Freire: http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/principal.jsp Centro de Referência Educacional Paulo Freire: http://www.centrorefeducacional.com.br/paulo.html Pedagogia da Autonomia – Paulo Freire http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/Files/Pedagogia_da_ Autonomia.pdf Num país de dimensões sociais como o Brasil, as diferenças sociais se evidenciam de forma bastante acentuada. Necessário se faz estar muito atentos a essas diferenças, levando em conta que os ���� O diálogo proporciona a verdadeira práxis como ação e reflexão da prática pedagógica. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 28 ���� alunos(as), os sujeitos da escola, são seres historicamente construídos, que são únicos(as) em sua individualidade, mas diferentes uns dos outros, portanto se devem considerar os saberes de todos e de cada um. É função da escola direcioná-los rumo ao conhecimento, instrumentalizar o saber de forma que a interação permeie em todos os trabalhos escolares. Os gestores têm por função buscar, junto aos professores e às instâncias colegiadas um significado mais profundo para as suas ações, repensando os processos pedagógicos, lançando um novo olhar ao entorno da escola, fazendo uma nova leitura do seu cotidiano, levantando questionamentos, como por exemplo: Quem são nossos alunos(as)? O que iremos trabalhar? Que conteúdos? Por que esses conteúdos? Para que? Qual o significado desses conteúdos para a vida dos nossos alunos(as)? E, a partir daí, juntos tentarem elaborar propostas que conduzam os educandos(as) à compreensão do conhecimento adquirido, preparando-os para o exercício da cidadania. Isto posto, enfatizamos que a abordagem deste tema tem sua importância pelo fato de que o diálogo é uma das formas de comunicação que oportuniza aos seres humanos a expressão de suas idéias, podendo colocá-las em prática, percebendo-se como cidadãos participativos e atuantes, contribuindo para a melhoria da sociedade em que estão inseridos. Pretende-se, ainda, que esse diálogo “como prática da liberdade” se estabeleça de tal forma a romper as barreiras dos relacionamentos, independentemente de raça, cor, religião e condição sócio-econômica e cultural, nas ações das pessoas envolvidas com o trabalho da educação, que compõem a comunidade escolar. O grande problema que se coloca ao educador ou à educadora de opção democrática é como trabalhar no sentido de fazer possível que a necessidade de limite seja assumida eticamente pela liberdade. FREIRE 1996. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 29 Leitura complementar: A ESCOLA Escola é... o lugar onde se faz amigos não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, O coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’. Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se ‘amarrar nela’! Ora , é lógico... numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz. (FREIRE, 2001) Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’. FREIRE, 2001 O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 30 Sugestão metodológica: Diante de todos estes pontos de vista apresentados neste capítulo, vamos sistematizar o nosso entendimento sobre a Gestão Escolar Democrática, através da metodologia da dialogicidade. Passos: 1. Releia as suas anotações deste caderno temático. 2. Reúna-se em grupos de até três pessoas e destaquem os pontos considerados mais relevantes de grupo. 3. Organizem a sala em forma de painel, onde cada grupo apresentará suas discussões para todos. 4. Elejam um secretário para anotar os pontos chaves das discussões e sistematizar em forma de um texto para ser aprovado por todos. 5. Após todas as apresentações, o grupo pontuará os aspectos mais relevantes em relação ao tema proposto. 6. O secretário fará a leitura das propostas apresentadas, onde os participantes poderão alterar ou sugerir mudanças no texto. 7. Juntos, todos planejam a implantação das mudanças necessárias para o sucesso da Gestão Democrática na Escola. Registre as conclusões: � ...a educação só pode dar-se mediante o “processo pedagógico”, necessariamente dialógico, não dominador... PARO, 2004 O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 31 Atividade individual: Agora vamos fazer o caminho que seu entendimento percorreu. 1. Retome suas idéias iniciais, registradas neste caderno e avalie o que foi: a. Conservado e ampliado: b. Reformulado e aprofundado: c. Acrescentado e incluído: � O educador é aquele que não fica indiferente, neutro, diante da realidade. GADOTTI, 2001 O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 32 Atividade em grupo: Reúna-se em grupos de até três participantes para uma reflexão sobre as seguintes questões: a) De acordo com as discussões anteriores, quais são as condições necessárias para garantir a gestão democrática do trabalho educativo? b) Se a escola pode ser entendida, necessariamente, como um espaço de contradição e espaço democrático, como garantir a participação dos segmentos escolares nas tomadas de decisões da escola? c) Qual a relação entre autoridade, poder e diálogo numa gestão democrática? d) Quais as principais instâncias de democratização do sistema de ensino que sua escola está inserida? e) Que ações podemos fazer para garantir a Gestão Escolar Democrática na Escola Pública? Registre as conclusões: � � É relevante a participação da comunidade escolar no processo educativo. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 33 A efetivação da Gestão Escolar Democrática envolve toda a comunidade escolar e as diversas funções que cada um desempenha para a aprendizagem dos alunos. Este processo inicia com a construção do Projeto Político Pedagógico da instituição, onde estão presentes as concepções de sociedade, de homem, de escola, de diversos saberes daqueles que o constroem, expressando a compreensão dos educadores e a proposta de sua formação continuada. O Caderno 2 nos remete a estes estudos, além de propor uma análise das participações que o Conselho de Classe e a Avaliação da Aprendizagem poderão definir na democratização da Escola Pública. O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática 34 Referências ALVES, R. A alegria de ensinar. Campinas: Papirus, 2000. BRASIL. Constituição da República Federativa. Brasília, 1988. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394/96. Brasília, 1996. 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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática i CADERNO TEMÁTICO 1 O DIÁLOGO NA EFETIVAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA Agende-se: __/__/__ __/__/__ __/__/__ __/__/__ O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática ii PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE – SEED - PR UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA NILMA DE OLIVEIRA CESAR LUIZ Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos PONTA GROSSA 2008 Caderno temático 2 O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática iii CADERNO TEMÁTICO 2 BUSCANDO A RESSIGNIFICAÇÃO DOS PROCESSOS PEDAGÓGICOS Tema: A Práxis da Dialogicidade na Gestão Escolar Democrática Área de concentração: Gestão Escolar Orientanda: Nilma de Oliveira César Luiz Orientadora: Profª. Ms. Maria José Bastos Martins Secretaria de Estado da Educação do Paraná Avenida Água Verde, 2140 - Água Verde CEP 80240-900 Curitiba-PR Tel.: (041) 3340-1500 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO CONSELHO DE CLASSE E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática iv CADERNO TEMÁTICO 1 CADERNO TEMÁTICO 2 O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática Capítulo I Problematização do tema Capítulo II Definição do objeto de estudo Capítulo III A Gestão Escolar Democrática Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos Capítulo I O Projeto Político Pedagógico Capítulo II Formação Continuada de Professores Capítulo III O Conselho de Classe e a Avaliação da Aprendizagem O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática v Sumário INTRODUÇÃO ............................................................... 4 C A P Í T U L O 1 O Projeto Político Pedagógico (PPP): - Referencial teórico e reflexões para construção/reformulação do PPP ...................................................................................... 7 C A P Í T U L O 2 Formação continuada de professores: - Discussão sobre a importância da formação continuada – direito e qualificação profissional dos educadores................................................................................... 14 C A P Í T U L O 3 O Conselho de Classe e a Avaliação da Aprendizagem: - A importância do diálogo envolvendo toda a comunidade escolar ........................................................................................ - A Avaliação da Aprendizagem como processo formativo e referencial de análise .................................................................. 21 REFERÊNCIAS .............................................................. 32 Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 4 Introdução Ao fundar-se no amor, na humildade, na fé nos homens, o diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança de um pólo no outro é conseqüência óbvia. Seria uma contradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo não provocasse êste clima de confiança entre seus sujeitos. ( FREIRE, 1981) este caderno vamos discutir um pouco mais sobre a Gestão Escolar Democrática, abordando a ressignificação dos processos pedagógicos, dentre os quais destacaremos o ProjetoPolítico Pedagógico (PPP), Formação Continuada de Professores, o Conselho de Classe e Avaliação da Aprendizagem. Serão utilizados citações de depoimentos de professores que atuam na rede estadual de ensino, para ilustrar os temas tratados e perceber as concepções pedagógicas desses professores e gestores. A escola é um espaço social e democrático, composto pelos alunos e seus familiares, professores, funcionários e por demais membros da comunidade, mas a garantia desse espaço se dá no interior da escola, levando em conta a sua cultura, nas ações que cada ser humano realiza, nos seus hábitos, suas atitudes, sua participação nas atividades de modo a proporcionar a realização das propostas pedagógicas com responsabilidade e eficiência/eficácia. É no PPP que se inicia todo o trabalho de construção de uma linha pedagógica adotada pela escola. É no momento de se rever as ações para o próximo período que se efetiva a busca de alternativas Í C O N E S Informações valiosas Teste seu conhecimento Atividades on-line Atividades práticas N A reflexão coletiva favorece o diálogo, o respeito e a autocrítica CADEP, 2007 Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 5 para as soluções dos problemas que a escola vem enfrentando. Mas, para que estas ações se efetivem, se faz necessário o diálogo, o estudo permanente das teorias educacionais, a avaliação constante das atividades realizadas, das aprendizagens dos alunos, dos projetos propostos, da participação da comunidade escolar. A Formação Continuada de Professores, neste processo educativo, pressupõe uma política educacional voltada para a democratização da escola pública, atendendo as necessidades da sociedade atual e a qualidade do ensino das instituições e incentivando o investimento do próprio educador em seu desenvolvimento pessoal e profissional. Abordaremos o Conselho de Classe como um importante momento de diálogo entre os professores e a equipe pedagógica, no sentido de levantamento e discussão dos problemas de aprendizagem dos alunos, com vistas a inovações de suas ações pedagógicas, buscando o aprimoramento das atividades pedagógicas. A Avaliação da Aprendizagem proposta, neste Caderno Temático 2, deverá ser processo constante no trabalho educativo. É através da avaliação que os professores e equipe pedagógica da escola obtém os resultados do seu trabalho, visando um repensar de suas práticas. Consideramos importante a participação dos alunos, neste processo de aprendizagem, para uma tomada de consciência dos mesmos sobre a aquisição e formação de conceitos, refletindo sobre seus saberes adquiridos e a forma de como proceder para se apropriarem de novos conhecimentos. A partir das discussões sobre a Gestão Escolar Democrática, A educação é essencial e insubstituível. BRANDÃO, 2007. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 6 levantadas no Caderno Temático 1 e as propostas de Estudos sobre a Ressignificação dos Processos Pedagógicos, deste Caderno Temático 2, aprofundamos o referencial teórico e propomos atividades que levem o leitor a refletir sobre a sua prática e atuação na comunidade escolar em que está inserido, propondo inovações que contribuam para a democratização da educação por meio do diálogo. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 7 CAPÍTULO 1 Projeto Político Pedagógico (PPP) o contexto social atual, a escola não pode ser considerada isoladamente. Para se compreender os problemas da escola é necessário conhecer os problemas sociais. Nesta abordagem enfatizamos a necessidade de repensar a organização da escola levando em conta suas contradições e conflitos. O PPP é o documento que norteia todas as ações a serem desenvolvidas pela escola. Deverá ser construído com a participação de todas as pessoas que compõem a comunidade escolar e conter os objetivos, as diretrizes, a síntese das exigências sociais e legais do sistema de ensino, os propósitos e expectativas da comunidade escolar. Vamos analisar o ponto de vista de Professores atuantes na rede pública estadual do Paraná sobre o Projeto Político Pedagógico: O Projeto Político Pedagógico é planejado conforme a realidade escolar tem atendido às necessidades especiais, como envolvimento da família e comunidade com o aluno. (Professor A) Há participação parcial na elaboração do Projeto Político Pedagógico, porém, [nós professores] conhecemos a realidade e a totalidade do projeto. (Professor B) 10 10 Depoimento, sobre o Projeto Político Pedagógico, de Professores que atuaram na rede pública estadual em 2007, identificados por letra para preservar a identidade dos mesmos. N A função social da escola é algo que se mistura com o próprio acontecer da história em suas diferentes manifestações. VIEIRA, 2002. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 8 Percebe-se, através destes depoimentos, a necessidade de uma participação mais efetiva dos professores na construção e reformulação do PPP da escola, bem como de colocá-lo em prática no seu cotidiano de trabalho. Vejamos o que diz Veiga ( 2005, p. 12-13) O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. [...] É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. [...] Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. Político e pedagógico têm assim uma significação indissociável. Veiga vem reafirmar que somente através do envolvimento de toda a comunidade escolar será possível assegurar a construção de um projeto com as dimensões política e pedagógica, colocando-o em prática durante a realização de todo o trabalho escolar, o que provavelmente possa não estar ocorrendo, conforme o depoimento do Professor B, citado anteriormente. O PPP respalda a autonomia da escola, expressa a sua cultura e aponta caminhos para inovações e desenvolvimento, portanto se faz necessário que todos participem de sua construção para a garantia desta finalidade. Nos seus princípios orientadores está prevista a Gestão Democrática, tema central de nossa discussão, pois abrange além do princípio constitucional, as dimensões administrativa, pedagógica e Buscar uma nova organização para a escola constitui uma ousadia para os educadores, pais, alunos e funcionários. VEIGA, 2005. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 9 financeira. A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, através da Coordenação de Apoio à Direção e Equipe Pedagógica – CADEP apresenta os princípios norteadores do Projeto Pedagógico, de acordo com a Lei nº. 9.394/96, em seu art. 3º e, propõe orientações para a elaboração coletiva do PPP, cooperativa e democrática na escola pública, mas para que se efetive esta proposta, requer o enfrentamento de todas as questões que excluem e marginalizam a criança, o jovem e o adulto, ou seja, construir um projeto comprometido com os interesses e anseios de todos os alunos. Sugestão metodológica: Atividade em grupo: Após a leitura dos temas propostos por este Caderno Temático 2, seguramente podemos dizer que todos temos temores e esperanças11. Propomos uma atividade12 onde poderemos expressar esses sentimentos, para isso: • Vamos nos agrupar de quatro a seis pessoas. • Cada grupo indicará um secretário para anotar os temores e as esperanças do grupo, após o diálogo de 15 minutos. • Prosseguindoa atividade, cada grupo expressará os seus temores e esperanças em relação aos temas deste Caderno Temático 2, registrados pelo secretário, em no máximo sete minutos. (Anotar no 11 Os termos temores e esperança foram utilizados, anteriormente, por Fritzen em seu livro Exercícios Práticos de Dinâmica de Grupo, com o objetivo de conscientizar o grupo sobre suas motivações, desejos e esperanças; suas angústias e temores. 12 FRITZEN, 1990, p. 14-15. ...se sonhamos com uma sociedade menos agressiva, menos injusta, menos violenta, mais humana, o nosso testemunho deve ser o de quem, dizendo não a qualquer possibilidade em face dos fatos, defende a capacidade do ser humano em avaliar, de compreender, de escolher, de decidir e, finalmente, de intervir no mundo.” CADEP, 2007. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 10 flip shart) • Após todos os grupos se apresentarem, o coordenador da atividade fará um resumo que expresse os principais temores e esperanças do grupo, demonstrando que todos possuem expectativas, categorizando os temores e as esperanças comuns à todos, analisando-os coletivamente, sem desconsiderar os elementos que não são comuns, isto é, são diferentes, portanto configuram-se como um modo singular de perceber a realidade. Vamos refletir um pouco? Retornando ao grupo inicial, vamos dialogar sobre o que pensamos, anotando novamente os tópicos principais. • Quais as características da comunidade em que atua? • Como é estabelecida a hierarquia da equipe no cotidiano de trabalho? • Como são tomadas as decisões? Quem toma as decisões referentes ao trabalho a ser feito na unidade escolar? • Você participou da elaboração do PPP de seu estabelecimento de ensino? Discuta se foi levado em consideração a ruptura entre: concepção e execução; pensar e fazer; teoria e prática; ciência e cultura? • Que mecanismos de gestão estão sendo adotados para conferir os resultados do processo de participação da comunidade? • Quais os problemas que o grupo encontra em seu cotidiano de trabalho, em função da aprendizagem dos alunos? • Acrescente outras questões que julgar pertinente. Uma escola identificada por sua cultura específica detém força para influir na cultura da comunidade. VIEIRA, 2002. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 11 O processo de construção e avaliação do Projeto Político Pedagógico pressupõe três momentos, segundo o Governo do Estado do Paraná, 2007: 1. Ato Situacional - Como compreendemos a sociedade atual? - Como se caracteriza o contexto social onde a escola deverá atuar? - Qual o papel da escola? - A quem ela serve? - Que experiências ela propicia ao aluno? 2. Ato Conceitual - Em face da realidade descrita e analisada, que concepções de educação, escola, gestão, currículo, ensino, aprendizagem e avaliação se fazem necessárias para atingir o que pretendemos? 3. Ato Operacional - Como redimensionar a organização do trabalho pedagógico? - Que tipo de gestão? Estes atos do PPP são imprescindíveis para sua efetivação de forma democrática, consensual e fundamentada em uma proposta dentro da pedagogia histórico-crítica. A análise do ato situacional leva os educadores, alunos e comunidade a refletirem sobre as reais condições da escola, levantando situações problemas, descrevendo pontos conflituosos e que precisam ser revistos. A problematização da realidade social é o ponto de partida para as discussões, buscando-se referências conceituais que fundamentem a defesa dos princípios da gestão democrática: participação, autonomia, liberdade. É através da administração colegiada que se garantirá a participação efetiva de todos os segmentos da escola na construção da concepção, na execução e avaliação da proposta pedagógica. Segundo o Governo do Estado do Paraná, 2007, é na escola que se efetiva a organização, o redimensionamento e avaliação contínua dos mecanismos de gestão democrática, através de seus órgãos escolares como o O PPP não é um agrupamento de planos e de atividades diversas e nem algo construído para ser arquivado e muito menos tarefa específica do pedagogo. CADEP, 2007. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 12 Conselho Escolar, Conselho de Classe, Eleição direta do Diretor e do Aluno Representante de Turma, a participação de todos na APMF, a abertura para a atuação do Grêmio Estudantil e outros. Diante das discussões realizadas, observa-se a importância de compreender que o Projeto Político Pedagógico traz implícito em seu texto à concepção de mundo, humanidade e educação dos seus autores, uma vez que não existe neutralidade no fazer pedagógico. A este respeito, Freire (1996, p. 102-103) afirma: Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa. Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Entendemos esta citação como um alerta para a necessidade de reação da postura do educador que não deve ser de neutralidade, diante do contexto social contemporâneo. Sabemos que por muito tempo a educação foi colocada a serviço do poder econômico, cumprindo o papel de formação do cidadão para o serviço de interesse das classes dominantes. Apesar de que, ainda hoje, esta herança cultural e econômica Que sujeitos queremos formar? Que saberes queremos discutir? Que sociedade queremos para viver? Que escola queremos? Que educação queremos priorizar? CADEP, 2007 Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 13 prevalece em muitos casos, se faz necessário um repensar sobre a prática educativa. É imprescindível que o professor busque e obtenha, na sua formação continuada, a clareza e o entendimento de que deverá formar um cidadão crítico com acesso ao conhecimento científico, preparado para exercer a sua cidadania, dentro dos preceitos de liberdade e democracia, não tornando-se um sujeito passivo, sem a compreensão do mundo que o cerca, vivendo tão somente a serviço do capital. Sugestão metodológica: Vamos discutir:: 1. Reunir o grupo para a leitura das anotações realizadas na atividade anterior e sistematizar as principais questões no quadro a seguir, levando em consideração o referencial teórico apresentado. 2. Apresentem soluções dos problemas levantados e, consequentemente, a ressignificação do seu trabalho pedagógico, a curto, médio e longo prazo. PRAZOS SOLUÇÕES PROBLEMAS CURTO MÉDIO LONGO PPP Comunidade Tomada de decisões Mecanismos de gestão Somos livres com os outros, não, apesar dos outros. CADEP, 2007. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 14 CAPÍTULO 2 Formação Continuada de Professores organização escolar tem como função prever e realizar a formação continuada de professores e funcionários, juntamente com outros órgãos responsáveis pela educação. Para alterar a qualidade do trabalho pedagógicotorna-se necessário que a escola reformule seu tempo, estabelecendo período de estudo e reflexão de equipes de educadores, fortalecendo a escola como instância de educação continuada. É preciso tempo para que os educadores aprofundem seus conhecimentos sobre os alunos e sobre o que estão aprendendo. É preciso tempo para acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico em ação. (VEIGA, 2005, p. 30) Nesta citação a autora destaca a necessidade da escola prever o tempo destinado à reflexão da equipe de educadores para aprofundamento de estudos, conhecimento dos seus alunos e avaliação do PPP. Sabe-se que nem sempre tem sido previsto tempo e espaço destinados a esta tão importante tarefa. No depoimento dos Professores C e D podemos perceber como vem acontecendo a formação continuada no estabelecimento de ensino que atuam. Participo do Grupo de Estudos na área de “Educação A A formação continuada é um direito de todos os trabalhadores em educação, na perspectiva da especificidade de sua função. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 15 Especial”, e foi de grande valia para todos do grupo. Temos que estar em constante aperfeiçoamento e os cursos que o Estado disponibiliza nos ajudam a refletir sobre nossa prática em sala de aula. (Professor C) A formação é necessária, para melhorar a prática do professor em sala de aula, o Governo fornece os meios, mas o professor tem que estar disposto a procurar essa formação e por em prática. (Professor D)13 Estes depoimentos expressam o reconhecimento dos professores quanto à necessidade e importância de sua formação continuada para a melhoria do seu desempenho em sala de aula. Destacam também que deve haver predisposição para a busca de aperfeiçoamento e crescimento pessoal e profissional, bem como, de colocar em prática no seu cotidiano de trabalho. A formação continuada é condição para a aprendizagem permanente e para o desenvolvimento pessoal, cultural e profissional de professores e especialistas. É na escola, no contexto de trabalho, que os professores enfrentam e resolvem problemas, elaboram e modificam procedimentos, criam e recriam estratégias de trabalho e, com isso, vão promovendo mudanças pessoais e profissionais. (LIBÂNEO, 2001, p. 227) Analisando a citação de Libâneo percebe-se a necessidade de melhor aperfeiçoar as propostas de formação continuada de professores para atender as necessidades que a sociedade atual exige, de modo que o professor reconheça como direito seu, estar em constante crescimento. Que os cursos ofertados oportunizem aos professores formação político-pedagógica, filosófica, cuja teoria sirva de subsídio para trabalhar as situações-problemas enfrentadas no dia-a-dia da sala de 13 Depoimento, sobre Formação Continuada de Professores, concedido por educadores que atuaram na rede pública estadual em 2007, identificados por letra para preservar a identidade dos mesmos. Entender a organização escolar como cultura significa dizer que ela é construída pelos seus próprios membros que tanto podem criar um espaço de trabalho produtivo e até prazeroso ou um espaço hostil e estressante. LIBÂNEO, 2001. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 16 O mundo encurta, o tempo se dilui: o ontem vira agora; o amanhã já está feito. FREIRE, 1996. aula, decorrentes das grandes mudanças ocorridas na sociedade. Formação para trabalhar com as camadas populares, os mais excluídos da sociedade, as massas. Formação para uma educação problematizadora, de forma que o professor possa criar no aluno uma necessidade de aprender, partindo do conhecimento do seu cotidiano, tendo consciência de que somos seres inacabados e que juntos iremos construindo o conhecimento. O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento na História. [...] A formação dos professores e das professoras devia insistir na constituição deste saber necessário e que me faz certo desta coisa óbvia, que é a importância inegável que tem sobre nós o contorno ecológico, social e econômico em que vivemos. E ao saber teórico desta influência teríamos que juntar o saber teórico-prático da realidade concreta em que os professores trabalham. (FREIRE, 1996, p. 136- 137) Encontramos, nesta citação de Freire, respaldo para a necessidade de trazer à escola discussões dos grandes problemas atuais que afetam a humanidade e comunidade local, colocando em risco a vida dos seres e do próprio planeta como: a falta de água, a poluição, o aquecimento global, a desigualdade de poder econômico entre as classes sociais, a má distribuição da renda, as altas cargas tributárias e outros problemas sociais como, a ética na política, os problemas de corrupção e a exploração de pessoas. A valorização dos trabalhadores em educação tem como princípio central a busca da qualidade e do sucesso na tarefa educativa de formação de cidadãos capazes de participar na vida sócio-econômica, cultural e política porque está relacionada diretamente com a formação inicial, isto é, a graduação e a especialização do educador; e, por conseguinte, a formação continuada, realizada na agência formadora do profissional no decorrer das atividades profissionais dos Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 17 educadores, promovida pelo empregador, dentro de uma política educacional instituída pelos seus dirigentes, com participação do povo, assim como pelo próprio indivíduo, investindo em seu desenvolvimento pessoal e profissional. Freire, 1996, p. 29 comenta sobre o professor pesquisador: Fala-se hoje, com insistência, no professor pesquisador. No meu entender o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente à indagação, a busca, a pesquisa. O que se precisa é que, em sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador. A pesquisa, conforme citação de Freire faz parte do cotidiano da escola, cabendo aos educadores o registro de suas reflexões, pois muito se discute e pouco se registra e nem tudo se efetiva em sala de aula. As instituições devem prever os recursos necessários para o efetivo trabalho pedagógico, tais como recursos didáticos, físicos, materiais, além da dedicação integral do educador ao estabelecimento de ensino, com jornadas de trabalho, com horas-atividade e tempo de permanência na instituição educacional, assim como, número de alunos adequados a cada série, modalidade e grau de ensino, por turmas. A gestão da sala de aula tem como objetivo principal garantir a formação do sujeito. [...] a gestão de conflitos refere-se ao gerenciamento de problemas disciplinares e comportamentais e das relações intra e interpessoais. (ANINGER, 2005, p.20) É atribuição do professor, segundo a citação acima, realizar a gestão em sala de aula, resolvendo os impasses internos, garantindo a formação do educando. A permanência do educador na escola pública está condicionada, A formação continuada [...] É responsabilidade da instituição, mas também do próprio professor, porque o compromisso com a profissão requer que ele tome para si a responsabilidade com a própria formação. LIBÂNEO, 2001. Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos 18 também, ao seu plano de carreira e salário, condizentes com a sua profissionalização. Cabe aos gestores a organização de espaços privilegiados para discussão e análise das práticas educativas na escola, o incentivo a grupos de estudos e pesquisas dentro do estabelecimento de ensino, congregando
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