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SÍNCOPE 1 😴 SÍNCOPE DEF: perda da consciência e do tônus postural transitória com recuperação rápida e espontânea sem intervenção médica FISIOPATOLOGIA independente da etiologia, o resultado final é a disfunção transitória de ambos os hemisférios cerebrais ou de tronco cerebral a diminuição do fluxo pode ser regional → vasoconstrição sistêmica → hipotensão Para ocorrer a síncope são geralmente necessários cerca de 10 segundos de interrupção completa do fluxo sanguíneo ou de entrega de nutrientes para o córtex cerebral e para o sistema de ativação reticular do tronco encefálico ou uma redução da perfusão cerebral em 35% a 50% dependendo da etiologia da síncope, podemos ter diferentes mecanismos Síncopes reflexas ou neuralmente mediadas: SÍNCOPE 2 podem estar participando vias simpaticomiméticas ou parassimpáticas com vasodilatação ou bradicardia como resposta a diferentes estímulos ou gatilhos. A síncope vasovagal pode ser desencadeada por emoção ou ortostatismo. pode ainda haver as síncopes situacionais, que podem ocorrer por esses reflexos associados a situações como micção, tosse, atividade física ou defecção. Síncope por hipersensibilidade do seio carotídeo ocorre por manipulação mecânica dos seios carotídeos também tem um mecanismo de mediação neural. Síncope por hipotensão ortostática a atividade eferente simpática é cronicamente prejudicada, de modo que a vasoconstrição é deficiente, ocorrendo diminuição de pressão arterial com a posição ortostática. Síncope por causas cardíacas pode ocorrer por múltiplos mecanismos, o principal deles arritmias, com comprometimento hemodinâmico e diminuição da perfusão cerebral. As doenças estruturais cardíacas, como estenose aórtica grave, também podem cursar com síncope devido à incapacidade do coração de aumentar seu débito cardíaco em situações específicas. CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA SÍNCOPE 3 prevalência depende da idade Na maioria dos estudos, mesmo com uma avaliação extensa do paciente, a causa permanece desconhecida em cerca de 40% dos indivíduos ACHADOS CLÍNICOS depende da etiologia antecedentes: cardiopatias, procurando pistas de etiologias e descartando situações com maior risco de evolução desfavorável perguntar sobre uso de álcool ou drogas história previa de síncope os pacientes com mais de cinco episódios de síncope em 1 ano têm maior probabilidade de ter síncope vasovagal ou um diagnóstico psiquiátrico do que a arritmia como causa. história familiar história de síndrome do QT prolongado, arritmias, morte cardíaca súbita ou outros riscos cardíacos trauma e posição do paciente SÍNCOPE 4 trauma sem lesões defensivas nas mãos ou nos joelhos torna provável a ocorrência de um evento súbito como uma arritmia, mas os pacientes com síncope não cardíaca também são propensos a sofrer traumatismo facial e craniano significativo. Síncope que ocorre com paciente em posição sentada ou deitada sugere o diagnóstico de arritmia. Síncope associada com atividade física é um evento de alto risco, usualmente associado com arritmias malignas ou isquemia e é uma indicação de investigação com exames complementares em caso de tempo prolongado de observação. Atenção especial deve ser reservada aos pacientes que se apresentam após acidentes automotivos que envolvem um único automóvel, especialmente se os pacientes são idosos. definir as circunstâncias e as características da síncope atividade que precedeu, situação, recorrência, pródromos, relação com refeições e atividade física, período de recuperação, movimentos mioclônicos ou tônico-clônicos e liberação es-fincteriana. O relato de testemunha, se possível, é importante para saber a duração do episódio (< 5 s sugere cardíaco e > 5 s sugere vasovagal). Comorbidades e medicações são importantes → principalmente no idoso. deve-se medir a pressão arterial em decúbito dorsal e novamente após 3 minutos de posição ortostática. É consistente com hipotensão ortostática quando há uma queda da pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 20 mmHg ou PAS abaixo de 90 mmHg associado com sintomas. pródromos A síncope vasovagal geralmente está associada a pródromo de tonturas, com ou sem náuseas, palidez e/ou sudorese. Ela pode ocorrer após a exposição a uma visão, som ou cheiro inesperado ou desagradável, sensações de ansiedade ou medo, dor significativa e sofrimento emocional. Também pode ocorrer em associação com a postura prolongada ou em um lugar lotado ou quente. síncopes situacionais SÍNCOPE 5 ocorrem durante ou imediatamente após tosse, micção, defecação ou deglutição, por reflexos causados por essas situações forma neurogênica de síncope achados importantes Posição em que paciente se encontrava antes do episódio (deitado por tempo prolongado, sentado, em ortostase) Associado a atividade física, temperatura quente, tosse ou micção Presença de sintomas prodrômicos: tonturas, náuseas, diaforese, visão embaçada ou em túnel, moleza em membros inferiores Possibilidade de prevenir uma queda ou abrupto com traumatismo Achados durante o evento Palpitações, dor torácica, dor abdominal, cefaleia Acometimento súbito ou progressivo Liberação esfincteriana Informações de testemunhas Queda abrupta, trauma associado, perda de consciência prévia Duração: segundos ou minutos Presença de movimentos tônico-clônicos ou estereotipados Achados após o evento Confusão mental, duração prolongada de confusão mental (sugere crise convulsiva) Mordedura de língua (sugere crise convulsiva) Sintomas posteriores: diarreia, dor torácica, dor abdominal Antecedentes patológicos História de doença cardíaca História de doença neurológica Uso de medicações Diabetes mellitus (risco de hipoglicemia) Eventos prévios bradicardia ou hipotensão → hipersensibilidade do seio carotídeo SÍNCOPE 6 O corpo carotídeo, localizado na bifurcação carotídea, contém receptores sensíveis à pressão. A estimulação de um corpo carotídeo anormalmente sensível por pressão externa pode levar a duas respostas autonômicas. A resposta vagal anormal mais comum nesses casos leva a bradicardia e assistolia > 3 segundos. Menos comumente, há uma resposta vasodepressora, levando a uma diminuição da pressão arterial de > 50 mmHg sem uma alteração significativa na frequência cardíaca. Em um terceiro cenário pode ocorrer uma resposta mista vasodepressora e bradicárdica é mais comum em homens, idosos e em pacientes com doença cardíaca isquêmica, hipertensão e certas malignidades de cabeça e pescoço. não pode ser diagnosticada como a causa da síncope se não tiver resposta de síncope ou recorrência de sintomas prodrômicos ou eventos incitantes (virar a cabeça) Deve-se considerar em pacientes idosos com síncope recorrente e avaliações cardíacas negativas. síncope por hipotensão ortostática def: queda de 20 mmHg na PAS e 10 mmHg da PAD após 3 min de posição ortostática ou taquicardia reflexa com aumento da FC em > 20 bpm. ocorre quando a hipotensão postural é associada à síncope ou pré-síncope. Quando uma pessoa assume uma postura vertical, a gravidade desloca o sangue para a parte inferior do corpo e o débito cardíaco diminui. Essa mudança de posição ativa o sistema nervoso autônomo e aumenta o tônus simpático, além de diminuir o tônus parassimpático, aumentando a FC e a resistência vascular periférica, o DC e a PA. Se a resposta autonômica é insuficiente, ocorrem diminuição da perfusão cerebral e síncope. O início do sintoma é geralmente dentro dos primeiros 3 minutos após assumir a postura ereta, mas pode ser atrasada em alguns pacientes. causas: desidratação, hipovolemia e queda de tônus vascular como uso de vasodilatadores. diagnóstico de exclusão transtornos psiquiátricos SÍNCOPE 7 até 40% daqueles com síncope sugestiva de causa vasovagal e até 62% daqueles com síncope inexplicada principais: TAG e depressão maior A hiperventilação tem sido usada como uma manobra provocativa no diagnóstico dotranstorno de pânico e doenças cardiovasculares, distúrbios de ansiedade generalizados e podem levar à hipocapnia, vasoconstrição cerebral e síncope. deve ser sempre um diagnóstico de exclusão distúrbios metabólicos hipoglicemia ou hipóxia raras: arterite de Takayasu, mastocitose sistêmica e síndrome carcinoide. síncope associada a doenças cardiovasculares maior risco de eventos adversos, devido à sua associação com morte súbita. taxa de mortalidade de 6 meses superior a 10%, sendo necessária uma avaliação completa. causas da síncope cardíaca são divididas em duas categorias: doença cardíaca estrutural estenose aórtica dor torácica, dispneia ao esforço e síncope. miocardiopatia obstrutiva hipertrófica caracterizada por um ventrículo esquerdo rígido, disfunção diastólica e obstrução dinâmica da via de saída do ventrículo esquerdo. É a causa mais comum de morte súbita cardíaca em adultos jovens, mas pode ser reconhecida pela primeira vez em pacientes com mais de 60 anos de idade. Embolia pulmonar maciça pode causar síncope devido à obstrução do leito vascular pulmonar e redução do débito cardíaco, mas síncope associada com tromboembolismo pulmonar ocorre raramente e quase sempre em grandes episódios tromboembólicos SÍNCOPE 8 deve ser suspeitado principalmente no contexto de paciente com síncope associada a dispneia, sobretudo se ele apresentar queda da saturação de oxigênio. Infarto agudo do miocárdio pode causar síncope se a discinesia miocárdica reduzir o débito cardíaco, mas também associada apenas a isquemia envolvendo áreas extensas ou ocorrendo em paciente com disfunção ventricular significativa prévia. Outro mecanismo é o substrato arritmogênico da fibrose cardíaca após infarto miocárdico gerando taquicardia ventricular/fibrilação ventricular que se resolvem transitoriamente, mas não sem antes hipoperfundir o tecido cerebral levando a uma síncope. arritmias Os sintomas dependem da capacidade do sistema nervoso autônomo para compensar a diminuição do débito cardíaco e a presença ou não de doença cerebrovascular subjacente. Distúrbios hidroeletrolíticos como hipomagnesemia (p. ex., torsades de pointes) ou hipocalemia aumentam a predisposição para arritmias cardíacas. podem ocasionalmente ocorrer em corações estruturalmente normais, como nos distúrbios familiares da síndrome de Brugada, síndromes de QT longo ou curto e a taquicardia ventricular polimórfica associada a catecolaminas. A síncope associada a arritmias é geralmente súbita e não associada a sintomas prodrômicos. principais SÍNCOPE 9 Hemorragias com grande perda de sangue podem cursar com hipovolemia e causar síncope. São associadas a trauma, sangramento gastrointestinal e ruptura de aneurisma de aorta torácica. uma das causas não cardíacas de síncope com alto risco de evento adversos como óbito medicamentos principal mecanismo: ortostase causas neurológicas raras sintomas transitórios e sem déficits neurológicos persistentes isquemia do tronco encefálico SÍNCOPE 10 doença aterosclerótica vertebrobasilar ou a enxaqueca da artéria basilar podem causar uma diminuição do fluxo sanguíneo para a formação de ativação reticular, levando a episódios bruscos e breves de perda de consciência. A perda de consciência geralmente é precedida por outros sinais ou sintomas, como diplopia, vertigem, déficits neurológicos focais ou náuseas. síndrome do roubo da subclávia é uma causa rara de isquemia do tronco encefálico. Caracteriza-se por um estreitamento anormal da artéria subclávia proximal à origem da artéria vertebral, de modo que com o exercício do braço ipsilateral o sangue é recrutado para os músculos do braço por aumento de fluxo através da vasodilatação, reduzindo o fluxo para o sistema vertebrobasilar. Anatomicamente, o estreitamento é mais comum à esquerda. O exame físico pode identificar a diminuição do volume de pulso e a diminuição da pressão arterial no braço afetado hemorragia subaracnóide pode apresentar perda de consciência, mas geralmente é acompanhada por outros sintomas, principalmente cefaleia, mas também déficits neurológicos focais ou estado mental persistentemente alterado. convulsão a confusão (estado pós-ictal) dura vários minutos e mordedura da língua, incontinência ou uma aura epiléptica sugerem o diagnóstico de convulsão SÍNCOPE 11 AVALIAÇÃO INICIAL E EXAMES COMPLEMENTARES o diagnóstico etiológico é importante para identificar doenças graves a maioria das síncopes possuem etiologia benigna, não sendo que frequentemente não se realiza o diagnóstico etiológico Para pacientes sem diagnóstico específico evidente pelos achados iniciais de história e exame físico é necessária uma estratificação de risco baseada em uma história cuidadosa, exame físico completo e eletrocardiograma (ECG), com testes adicionais conforme necessidade. o diagnóstico de síncope é clínico realizar ECG com 12 derivações em todos os pacientes SÍNCOPE 12 sintomas associados dor torácica: infarto agudo do miocárdio, dissecção aórtica, embolia pulmonar, estenose aórtica palpitações: arritmia dispneia: embolia pulmonar, insuficiência cardíaca anormalidades em ECG exames complementares - conforme história e exame físico sintomas ortostáticos + sangue oculto positivo → hemograma (anemia) mulher em idade fértil → gravidez eletrólitos (sódio e potássio) → insuficiência adrenal glicemia níveis de peptídeo natriurético do tipo B parecem ser preditivos para aqueles em risco de morbidade, além de indicar o diagnóstico de insuficiência cardíaca SÍNCOPE 13 troponina → doenças coronarianas RX tórax → insuficiência cardíaca massagem carotídea usada para diagnosticar a hipersensibilidade dos seios carotídeos no paciente com história sugestiva pode ser feita no DE com monitorização eletrocardiográfica contínua e de PA Cada corpo carotídeo pode ser massageado separadamente por 5 a 10 segundos. positivo se os sintomas forem reproduzidos na presença de assistolia > 3 segundos ou uma diminuição da pressão arterial sistólica > 50 mmHg. O procedimento é contraindicado em pacientes com estenose carotídea conhecida, se houver história de acidente vascular cerebral (infarto do miocárdio) recente (< 3 meses), ou se houver história de taquicardia ventricular ou fibrilação. é raramente indicado no departamento de emergência. ecocardiograma cardiopatias estruturais, valvopatias e efusão pericárdica teste de esforço útil em pacientes com queixa de síncope ou pré-síncope associada ao esforço RNM Na suspeita de cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito ou doença infiltrativa, como sarcoidose, a ressonância magnética é útil, mas pouco disponível no DE manobra de hiperventilação respirações profundas a uma velocidade de 20 a 30 por minuto durante 2 a 3 minutos paciente jovem com síncope não diagnosticada e suspeita de doença psiquiátrica SÍNCOPE 14 recorrência de sintomas prodrômicos ou síncope se correlaciona significativamente com causas psiquiátricas de síncope. TC de crânio baixo rendimento diagnóstico, exceto em pacientes com história ou exame físico com trauma ou uma causa neurológica para síncope e só deve ser realizada nessas circunstâncias angiotomografia computadorizada de tórax → embolia pulmonar (EP) eletroencefalograma não é recomendado de rotina pode ser benéfico em pacientes com suspeita de convulsão como diagnóstico diferencial. tilt-test síncope vasovagal, ortostática e relacionada à medicação não apresentam risco aumentado de morbidade ou mortalidade cardio-vascular e não precisam de admissão hospitalar, desde que os déficits sejam corrigidos. testes eletrofisiológicos são normalmente reservados para pacientes com arritmia documentada, pré-excitação ou doença cardíaca subjacente e raramente são necessários no DE. estimulação elétrica invasiva e monitoração cardíaca para descobrir possíveis anormalidades de condução que predisponham a taquiarritmias(tanto ventriculares quanto supra-ventriculares) ou bradiarritmias. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO SÍNCOPE 15 SÍNCOPE 16 MANEJO E TRATAMENTO síncope vasovagal bom prognóstico ser informado como evitar gatilhos e a possibilidade de repetição dos eventos. Nos pacientes com pródromo mais prolongado, manobras de contrapressão são úteis. No caso de hipotensão ortostática, o paciente deve ser orientado a se manter bem hidratado e usar manobras de contrapressão. arritmias marca-passo ou desfibriladores implantáveis automáticos síncope mediada por reflexo recorrente resistente a terapias conservadoras pode ser tratada com medicações e raramente com marca-passo cardíaco O encaminhamento psiquiátrico é recomendado para pacientes jovens sem doença cardíaca subjacente que tenham síncopes frequentes. Os pacientes com um segmento QT prolongado podem ser encaminhados para testes genéticos ambulatoriais para o gene LQTS e podem ter indicação de cardiodesfibrilador implantável. idoso é muitas vezes multifatorial, e a causa costuma ser difícil de estabelecer
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