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Calorimetria: Calorimetria é a parte da física que estuda os fenômenos relacionados as trocas de energia térmica. Essa energia em trânsito é chamada de calor e ocorre devido a diferença de temperatura entre os corpos. O termo calorimetria, é formada por duas palavras: “calor” e “metro”. Do latim, “calor” representa a qualidade do que é quente, e “metro”, do grego, significa medida. Calor: O calor representa a energia transferida de um corpo para um outro, em função unicamente da diferença de temperatura entre eles. Esse transporte de energia, na forma de calor, sempre ocorre do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura. Uma fogueira nos aquece através da transferência de calor Estando os corpos isolados termicamente do exterior, essa transferência irá ocorrer até atingirem o equilíbrio térmico (temperaturas iguais). Vale ainda ressaltar que um corpo não possui calor, ele possui energia interna. Portanto, só faz sentido falar em calor quando essa energia está sendo transmitida. A transferência de energia, na forma de calor, quando produz no corpo uma mudança na sua temperatura é chamado https://www.todamateria.com.br/equilibrio-termico/ https://www.todamateria.com.br/equilibrio-termico/ de calor sensível. Quando gera uma mudança no seu estado físico é chamado de calor latente. A grandeza que define essa energia térmica em trânsito é chamada de quantidade de calor (Q). No Sistema Internacional (SI), a unidade de quantidade de calor é o joule (J). Contudo, na prática, usa-se também uma unidade chamada de caloria (cal). Essas unidades possuem a seguinte relação: 1 cal = 4,1868 J Equação Fundamental da Calorimetria A quantidade de calor sensível recebida ou cedida por um corpo pode ser calculada através da seguinte fórmula: Q = m . c . ΔT Sendo: Q: quantidade de calor sensível (J ou cal) m: massa do corpo (kg ou g) c: calor específico (J/kg.ºC ou cal/g.ºC) ΔT: variação de temperatura (ºC), ou seja, a https://www.todamateria.com.br/calor-sensivel/ temperatura final menos a temperatura inicial Calor específico e capacidade térmica O calor específico (c) é a constante de proporcionalidade da equação fundamental da calorimetria. Seu valor depende diretamente da substância que constitui o corpo, ou seja, do material o qual é feito. Exemplo: o calor específico do ferro é igual a 0,11 cal/g.ºC, já o calor específico da água (líquida) é 1 cal/g.ºC. Podemos ainda definir uma outra grandeza chamada capacidade térmica. Seu valor está relacionado ao corpo, levando em consideração a sua massa e a substância de que é feito. Podemos calcular a capacidade térmica de um corpo, através da seguinte fórmula: C = m.c https://www.todamateria.com.br/calor-especifico/ https://www.todamateria.com.br/capacidade-termica/ Sendo, C: capacidade térmica (J/ºC ou cal/ºC) m: massa (kg ou g) c: calor específico (J/kg.ºC ou cal/g.ºC) Exemplo: Em uma panela foram colocados 1,5 kg de água em temperatura ambiente (20 ºC). Ao ser aquecida, sua temperatura passa para 85 ºC. Considerando que o calor específico da água é de 1 cal/g ºC, calcule: a) a quantidade de calor recebida pela água para atingir essa temperatura b) a capacidade térmica dessa porção de água Solução a) Para encontrar o valor da quantidade de calor, devemos substituir todos os valores informados na equação fundamental da calorimetria. Contudo, devemos ter uma atenção especial com as unidades. No caso, a massa de água foi informada em quilograma, como a unidade do calor específico está em cal/g ºC, iremos transformar essa unidade para grama. m = 1,5 kg = 1500 g ΔT = 85 - 20 = 65 ºC c = 1 cal/g ºC Q = 1500 . 1 . 65 Q = 97 500 cal = 97,5 kcal b) O valor da capacidade térmica é encontrado substituindo os valores da massa da água e o seu calor específico. Mais uma vez, iremos usar o valor da massa em gramas. C = 1. 1500 = 1500 cal/ ºC Mudança de Estado: Podemos ainda calcular a quantidade de calor recebida ou cedida por um corpo que gerou uma mudança em seu estado físico. Para tal, devemos assinalar que durante o período em que um corpo está mudando de fase, sua temperatura é constante. Assim, o cálculo da quantidade de calor latente é feito usando-se a seguinte fórmula: Q = m.L https://www.todamateria.com.br/calor-latente/ https://www.todamateria.com.br/calor-latente/ Sendo: Q: quantidade de calor (J ou cal) m: massa (kg ou g) L: calor latente (J/kg ou cal/g) Exemplo Qual a quantidade de calor necessária para que um bloco de 600 kg de gelo, a 0 ºC, se transforme em água nessa mesma temperatura. Considere que o calor latente de fusão do gelo é de 80 cal/g. Solução Para calcular a quantidade de calor latente, substitui-se os valores dados na fórmula. Não esquecendo de transformar as unidades, quando necessário: m = 600 kg = 600 000 g L = 80 cal/g ºC Q = 600 000 . 80 = 48 000 000 cal = 48 000 kcal Trocas de Calor: Quando dois ou mais corpos trocam calor entre si, essa transferência de calor acontecerá de forma que o corpo com maior temperatura cederá calor para o de menor temperatura. Em sistemas isolados termicamente, essas trocas de calor irão ocorrer até que seja estabelecido o equilíbrio térmico do sistema. Nesta situação, a temperatura final será a mesma para todos os corpos envolvidos. Assim, a quantidade de calor cedida será igual a quantidade de calor absorvida. Em outras palavras, a energia total do sistema se conserva. Este fato pode ser representado através da seguinte fórmula: Sendo: ΣQ: soma total da quantidade de calor do sistema Q1,Q2,...,Qn: quantidade de calor cedida ou recebida por cada corpo, sendo que o calor recebido é positivo e o calor cedido é negativo. Fluxo de Calor: A transferência de calor entre dois ou mais corpos ocorre ao longo do tempo. Desta maneira, podemos calcular esse fluxo de calor usando a seguinte fórmula: Sendo, ϕ: fluxo de calor. A unidade do fluxo de calor no SI é o J/s que é chamado de watt (W). Pode-se usar ainda o cal/s. Q: quantidade de calor (J ou cal). Δt: intervalo de tempo (s) Propagação do Calor: A propagação de calor entre os corpos ocorre de três maneiras: condução, convecção e irradiação. Condução: Na condução térmica, a propagação do calor ocorre através da agitação térmica dos átomos e molécula. Essa agitação é transmitida ao longo do corpo, enquanto existir diferença de temperatura entre as suas diferentes partes. https://www.todamateria.com.br/propagacao-de-calor/ https://www.todamateria.com.br/conducao-termica/ É importante notar que essa transmissão de calor necessita de um meio material para ocorrer. Ela é mais efetiva nos sólidos do que nos corpos fluidos. Existem substâncias que permitem essa transmissão com maior facilidade, são os condutores de calor. Os metais, de uma maneira geral, são bons condutores de calor. Por outro lado, há materiais que conduzem mal o calor, e são chamados de isolantes térmicos, é o caso, por exemplo, do isopor, da cortiça e da madeira. Um exemplo dessa transferência de calor por condução acontece ao mexermos uma panela no fogo com uma colher de alumínio. Nesta situação, rapidamente a colher esquenta queimando nossa mão. Por isso, é muito comum usarmos colheres de madeira para evitar esse aquecimento rápido. • Aquecimento de uma barra de metal • Aquecimento de uma colher de metal pousada numa panela • Aquecimento do cabo de metal de uma panela • Aquecimento de uma xícara de chá ou café • Aquecimento da roupa pelo ferro elétrico Convecção: Na convecção térmica, a transferência de calor acontece por transporte do material aquecido, em função da diferença de densidade. A convecção acontece nos líquidose nos gases. Quando uma parte da substância é aquecida, a densidade dessa parte diminui. Essa mudança na densidade cria um movimento no interior do líquido ou do gás. A parte aquecida irá subir e a porção mais densa irá descer, criando o que chamamos de correntes de convecção. • Aquecimento de líquidos numa panela https://www.todamateria.com.br/conveccao-termica/ • Geladeira e congelador • Ar-condicionado • Aquecedores • Correntes de ar atmosférico Irradiação: A Irradiação térmica corresponde a transferência de calor por meio de ondas eletromagnéticas. Este tipo de transmissão de calor ocorre sem a necessidade de existir um meio material entre os corpos. Desta forma, a irradiação pode ocorrer sem que os corpos estejam em contato, por exemplo, a irradiação solar que incide no planeta Terra. Ao atingir um corpo, parte da radiação é absorvida e parte é refletida. A quantidade que é absorvida aumenta a energia cinética das moléculas do corpo (energia térmica). Os corpos escuros absorvem a maior parte da radiação que incide sobre eles, ao passo que os corpos claros refletem a maior parte da radiação. https://www.todamateria.com.br/irradiacao-termica/ https://www.todamateria.com.br/ondas-eletromagneticas/ https://www.todamateria.com.br/ondas-eletromagneticas/ Desta maneira, corpos escuros ao serem colocados ao Sol aumentam muito mais rapidamente sua temperatura do que os corpos de cor clara. Isso explica o aquecimento da água numa panela, que acontece por meio das correntes da convecção, onde a água que está mais próxima do lume, sobe, enquanto a que está fria, desce. • Energia solar • Placas solares • Assar alimentos no formo • Fogo das lareiras • Estufas das plantas Mudanças de Estado Físico: As mudanças de estado físico dependem de alguns fatores relativos à temperatura, à pressão, e à quantidade de energia evolvida no processo. Na natureza, encontram-se três estados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso. E as mudanças de estado físico representam os cinco processos de mudança de um estado para outro. As mudanças são: condensação ou liquefação, solidificação, fusão, vaporização e sublimação. Cada tipo de mudança possui algumas especificidades e estão relacionadas às qualidades da matéria. Condensação: A condensação representa a passagem do estado gasoso para o líquido. Isso ocorre devido ao arrefecimento de um gás, que tende a condensar e passa a apresentar-se em estado líquido. Solidificação: A solidificação é a passagem de estado líquido para o sólido. Uma matéria em estado líquido, se resfriada tende a tornar-se sólida. No caso da água, a solidificação ocorre a 0 °C Fusão: A fusão é a passagem do estado sólido para o líquido. As moléculas de cada substância necessitam de uma certa dose de energia para se movimentarem. Quando há menos energia, tendem a movimentar-se menos e o material tende a estar sólido. Ao receber energia de uma fonte de calor (aquecimento), passam a um maior nível de agitação e podendo mudar de estado. Gelo derretendo. O ponto de fusão da água ocorre a 0 °C Vaporização A vaporização é a passagem do estado líquido para o gasoso. Isso pode ocorrer de duas maneiras: • Ebulição: aquecimento rápido. • Evaporação: aquecimento lento. A partir de 1 °C até 100 °C, apresenta-se em estado líquido. Um exemplo de vaporização muito utilizado é a secagem de roupas num varal, a roupa seca por conta da evaporação da água Sublimação: A sublimação é a passagem do estado sólido para o gasoso e do estado gasoso para o sólido (ressublimação). Esse tipo de mudança ocorre dependendo de determinadas condições de pressão e temperatura. Cada elemento possui seu diagrama de fases, onde se encontram suas curvas de fusão, vaporização e sublimação. https://www.todamateria.com.br/diagrama-de-fases/ O gelo seco (CO2 sólido) sofre sublimação em condições ambientes Estados físicos da água A água é facilmente encontrada em seus três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. As diferentes mudanças de estado dá água Cada estado físico da água é possível de acordo com as variações de temperatura e pressão. À pressão normal (1atm), a água entra em fusão a 0 °C e em ebulição a 100 °C. As moléculas de água a -1 °C encontram-se em estado sólido e a 0 °C ocorre a mudança (ponto de fusão) de gelo a 0 °C para água a 0 °C. Quando atinge a temperatura de 100 °C, realiza uma nova mudança de estado (vaporização), passando do estado líquido para o gasoso. Como pode ser observado em seu diagrama de fases: Diagrama de fases da água Dioptro Plano Dioptro plano é todo sistema formado por dois meios homogêneos e transparentes, separados por uma superfície plana. Como exemplo, podemos citar o ar e água de uma piscina. Em algum momento você já colocou dentro de um copo com água um lápis ou uma caneta? Se colocou, você percebeu que o objeto parece estar quebrado para cima, quando olhamos de fora da água? O conjunto constituído por dois meios transparentes (no nosso caso estamos considerando o ar e água) e a interface entre eles recebem o nome de dioptro. A forma da superfície de separação entre os meios, superfície dióptrica, caracteriza o tipo de dioptro: plano, esférico, cilíndrico, etc. Tomando como base os meios ar-água de um lago em repouso, por exemplo, estudaremos a formação de imagens constituídas por um dioptro plano. Inicialmente, o objeto de nosso estudo encontra-se submerso na água (meio mais refringente) e o observador encontra-se fora dela, no ar (meio menos refringente). Sabemos que do peixe submerso partem raios de luz em todas as direções; sabemos também que esses raios sofrem refração na superfície da água e chegam aos olhos do observador. Dentre os infinitos raios de luz que partem do peixe, vamos considerar os dois raios destacados na figura abaixo. Os correspondentes raios refratados definem uma imagem virtual do objeto. A imagem do peixe é definida como virtual por ser formada pela intersecção dos prolongamentos dos raios refratados. Veja que a imagem é formada no mesmo meio em que o objeto está. Podemos ver também que tanto a imagem quanto o objeto estão sobre a mesma reta perpendicular N em relação à superfície dióptrica, portanto a imagem forma-se mais próxima da superfície da água. Equação de Gauss para os dioptro planos: A figura acima mostra a profundidade aparente de um peixe (ponto P’). Através da equação de Gauss temos a possibilidade de determinar a profundidade aparente do peixe. A equação que dá essa possibilidade é a seguinte: Na figura acima temos: - p é a distância do ponto P à superfície S - p’ é a distância do ponto P’ à superfície S - n é o índice de refração absoluto do meio de incidência da luz - n’ é o índice de refração absoluto do meio de emergência da luz, onde está o observador. Lâmina de faces paralelas A lâmina de faces paralelas é um dispositivo muito útil, pois ele permite fazer com que a luz seja desviada sem, no entanto, alterar sua direção de propagação. A lâmina é a associação de dois dioptros planos paralelos: ar/vidro e vidro/ar. Uma lâmina de faces paralelas é um corpo relativamente pouco espesso, de material transparente, que possui duas faces paralelas. Um exemplo simples é uma lâmina de vidro (índice de refração n2) imersa no ar (índice de refração n1). Uma lâmina de faces paralelas é definida como um sistema constituído de dois dioptros planos cujas superfícies são paralelas. Quando uma lâmina de faces paralelas está imersa em um meio homogêneo e transparente, o raio de luz incidente na lâmina e o respectivo raio de luz emergente da lâmina são paralelos entre si, pois sofremduas refrações que provocam variações exatamente opostas (por exemplo, primeiro, do ar para o vidro, na face de incidência; depois, do vidro para o ar, na face de emergência). Vejamos a figura abaixo. O raio de luz incidente sofre duas refrações, ao passar pela lâmina de faces paralelas, provocando variações opostas. Deslocamento lateral (d) Vamos supor uma lâmina com espessura (e); a distância entre a direção original de propagação da luz (direção de incidência) e a direção final de propagação (direção de emergência) é chamada de deslocamento lateral (d). Lâmina de espessura (e) com 8 cm de distância entre a direção final de propagação. Para o cálculo de d em função de (i), (r) e (e), consideramos os triângulos IGI’ e INI’: Dividindo membro a membro as igualdades anteriores, o resultado é: Portanto, Vejamos um exemplo: vamos supor que um raio de luz se propague no ar e incida numa lâmina de vidro, cujo índice de refração seja 1,5. Calcule, em centímetros, o deslocamento lateral desse raio ao sair da lâmina. O raio incide com ângulo de 45° em relação à reta normal. Aplicando primeiramente a Lei de Snell- Descartes à face superior da lâmina, temos: Aplicando a equação para o cálculo do desvio lateral (d) sofrido por um raio de luz ao atravessar uma lâmina de faces paralelas, temos: Lentes Esféricas Lentesesféricas são sistemas ópticos capazes de promover a refração da luz visível. São formadas por meios ópticos homogêneos e transparentes, que também podem ser chamados de dioptros esféricos. Dividem-se em lentes côncavas e convexas, que são, respectivamente, lentes de bordas largas e lentes de bordas finas. O índice de refração e a geometria das lentes esféricas alteram a direção de propagação dos raios de luz. Dessa forma, elas são capazes de produzir imagens tanto virtuais como reais. Além disso, a capacidade de uma lente defletir os raios de luz é chamada de vergência ou dioptria, propriedade https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/sistemas-opticos.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/sistemas-opticos.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/a-refracao-luz.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/a-refracao-luz.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/indice-refracao.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/convergencia-uma-lente-esferica.htm popularmente conhecida como o “grau” da lente. Propriedades das lentes esféricas: As propriedades das lentes esféricas podem variar de acordo com o meio em que elas se encontram. Quando inseridas em um meio cujo índice de refração é menor que o da própria lente, as lentes convexas convergem a luz, enquanto as lentes côncavas divergem a luz, assim como mostra a figura a seguir: Depois de atravessar a lente convergente, os raios de luz cruzam-se; na lente divergente, separam-se. No meio de cada lente é possível ver traços com setas para dentro e para fora. Esses símbolos são usados para representar as lentes de bordas finas (convexas) e de bordas largas (côncavas). Ao todo, existem três formatos de lentes côncavas e três formatos de lentes convexas. Confira sua nomenclatura: O primeiro nome da lente é definido pela face de maior curvatura. O formato das lentes interfere em sua capacidade de desviar a trajetória da luz. Esse comportamento das lentes é explicado pela equação de Halley, que será mostrada mais adiante neste texto. Para que servem as lentes esféricas? https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/equacao-dos-fabricantes-lentes.htm As lentes esféricas são utilizadas para correção de problemas da visão, como a miopia, astigmatismo, hipermetropia etc. Além disso, são indispensáveis para o funcionamento de diversos instrumentos ópticos, como microscópios, telescópios, lunetas, binóculos, lupas, entre outros. Lentes esféricas são usadas em instrumentos ópticos e também para corrigir problemas de visão. Elementos geométricos das lentes esféricas: https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/os-instrumentos-opticos.htm Toda lente esférica, seja ela côncava, seja convexa, apresenta elementos geométricos em comum, sendo eles: • centro óptico (O); • foco principal objeto e foco principal imagem (F e F'); • foco antiprincipal objeto e foco antiprincipal imagem, também conhecidos como centros de curvatura no caso dos espelhos esféricos (A e A' ou C e C'). A figura a seguir mostra onde ficam os elementos geométricos de uma lente esférica qualquer, observe: Com base na imagem acima, dizemos que a distância entre o centro óptico da lente e o foco principal objeto é chamada de distância focal (f); do mesmo modo, a distância entre o centro óptico e o foco antiprincipal objeto é chamado de raio de curvatura. Na figura acima, também é possível observar uma linha horizontal que separa a lente em duas partes. Essa linha é chamada de eixo de simetria e é a partir dela que é construído o referencial de Gauss, usado para definir a convenção de sinais das lentes esféricas. De acordo com o referencial de Gauss: • qualquer ponto ou elemento que esteja localizado acima do eixo de simetria possui sinal positivo; • qualquer ponto ou elemento localizado abaixo do eixo de simetria possui sinal negativo; • qualquer ponto ou elemento localizado à direita do centro óptico da lente possui sinal positivo; • qualquer ponto ou elemento localizado à esquerda do centro óptico da lente possui sinal negativo. A figura a seguir nos auxiliará a entender a convenção de sinais segundo o referencial de Gauss. Confira: Referencial de Gauss para lentes esféricas Além das convenções arbitradas pelo referencial de Gauss, há algumas informações úteis que podem ser levadas em conta na hora de resolver exercícios. Tanto o foco principal quanto o foco antiprincipal das lentes divergentes, como as lentes côncavas, são negativos. Além disso, quando o tamanho da imagem (i) tiver o sinal negativo, isso indicará que ela está invertida. Por fim, se descobrirmos que a posição de uma imagem (p') é positiva, isso indica que essa imagem é real; do contrário, se a posição da imagem fosse negativa, essa imagem seria virtual. Raios notáveis Os raios notáveis são necessários para entendermos como funciona a formação de imagens nas lentes esféricas. Trata-se de raios de luz que sempre são refratados sobre certos elementos geométricos específicos das lentes esféricas. Além disso, faz-se necessário relembrar um dos princípios da óptica geométrica: a reversibilidade dos raios de luz. Quando desenhamos um raio de luz indo de um ponto a outro, esse raio tanto pode estar fazendo o caminho de “ida” quanto o de caminho “volta”. De acordo com a imagem acima, todo raio de luz que: • I - incide paralelamente ao eixo de simetria é refratado em cima do foco principal (F); / incide sobre o foco principal é refratado paralelamente ao eixo de simetria. • II - incide sobre o foco antiprincipal objeto (A) é refratado sobre o foco principal imagem (A'); / incide sobre o foco antiprincipal imagem (A') é refratado sobre o foco antiprincipal objeto (A). • III- incide sobre o centro óptico é refratado sem sofrer nenhum desvio lateral. Formação de imagens nas lentes esféricas: A formação de imagens nas lentes esféricas exige que tracemos os raios de luz notáveis que são refratados através da lente. A imagem é sempre formada no ponto onde dois raios de luz refratados se cruzam. Quando a imagem é formada do mesmo lado que o objeto, essa imagem é qualificada como virtual; quando a imagem for formada no lado da lente oposto ao objeto, será real. Confira aqui quais são as características das imagens reais e virtuais: • Imagem real: pode ser projetada, é invertida e formada pelo cruzamentode pelo menos dois raios de luz. • Imagem virtual: toda imagem virtual não pode ser projetada, é direita e formada pelo cruzamento de prolongamentos dos raios de luz. Além disso, a formação de imagens nas lentes esféricas depende da posição do objeto em relação ao centro óptico da lente e também do formato da lente, que tanto pode ser côncava quanto convexa. Para as lentes côncavas, só há um caso de formação de imagem: todas as imagens formadas por lentes côncavas são virtuais, formadas pelo cruzamento de prolongamentos de raios de luz e sempre menores que o objeto da imagem. p e p' – posições do objeto e da imagem o – altura do objeto i – altura da imagem No caso das lentes de bordas finas, a formação de imagens é mais complexa e envolve um total de cinco casos. Vamos analisá-los um a um, começando pela situação em que um objeto está distante da lente e de seu foco antiprincipal. Nesse caso, a imagem formada é invertida, real, formada pelo cruzamento dos raios de luz e menor que o objeto. Imagem real, invertida e reduzida Quando o objeto é aproximado da lente e é colocado exatamente sobre o foco antiprincipal, a imagem formada é real, invertida e de mesmo tamanho que o objeto. Observe: Imagem real, invertida e de mesmo tamanho Aproximando o objeto um pouco mais em relação à lente, ele ficará entre o foco antiprincipal e principal, respectivamente. Nesse caso, a imagem conjugada pela lente será real, invertida e cada vez maior, de acordo com a aproximação. Imagem real, invertida e ampliada Quando o objeto é colocado a uma distância do centro óptico da lente convexa que coincide com sua distância focal, ou seja, quando o objeto é disposto em cima do foco principal, não há formação de imagem, uma vez que os raios de luz refratados pela lente são paralelos e, portanto, não se cruzam. Nesse caso, dizemos que a imagem é imprópria e que é formada no infinito. Imagem imprópria e formada no infinito O último caso é aquele em que o objeto é colocado próximo da lente convexa, entre o foco principal e o centro óptico. Nesse caso, os raios de luz refratados são divergentes, por isso a imagem formada é virtual, formada pelo cruzamento de prolongamentos de raios de luz e maior que o objeto. Vergência, dioptria e justaposição de lentes esféricas: Vergência é a medida da capacidade de uma lente de desviar a trajetória da luz. É simbolizada pela letra C, e sua unidade de medida é a dioptria (di), que equivale a m-1. Uma vergência positiva indica que a lente é convergente, enquanto uma vergência negativa indica que ela é divergente. A vergência de uma lente pode ser facilmente calculada se soubermos a distância focal da lente. Justaposição de lentes esféricas: A justaposição de lentes esféricas é o processo de combinar diferentes lentes, de modo a se obter distintas configurações de vergência. Além disso, esse processo é usado para reduzir um efeito chamado de aberração cromática, mas também pode ser usado para aumentar o efeito obtido por uma única lente. A aberração cromática acontece quando a luz percorre um grande caminho no interior de uma lente, fazendo com que a luz refratada pela lente sofra dispersão, separando, assim, suas componentes, assim como ocorre com a luz que passa através de um prisma. A figura a seguir mostra a justaposição de duas lentes esféricas de vergências C1 e C2. A vergência equivalente dessa combinação é igual à soma das vergências individuais. https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/dispersao-luz-as-cores-ceu.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/newton-as-cores.htm Fórmulas das lentes esféricas: As principais fórmulas usadas para resolver exercícios sobre as lentes esféricas utilizam as variáveis: • f – distância focal; • p e p' – posição do objeto e da imagem; • o – tamanho do objeto; • i – tamanho da imagem; • A – aumento linear transversal ou ampliação; • R – raio de curvatura; • C – vergência. A fórmula mais básica das lentes esféricas é conhecida como aumento linear transversal ou ampliação. A ampliação da lente pode ser calculada por meio de três fórmulas diferentes, que podem ser combinadas entre si. Confira: Além da fórmula acima, há também uma fórmula conhecida como equação dos pontos conjugados ou equação de Gauss. Veja: A fórmula a seguir é utilizada para calcular a vergência ou o grau das lentes esféricas: Por fim, a fórmula a seguir, conhecida como equação de Halley ou equação do fabricante de lentes, é utilizada para determinar a vergência de uma lente esférica com base no índice de refração do material da lente e do meio em que a lente encontra- se imersa (ar, por exemplo), além dos raios de curvatura das faces externa e interna da lente. Confira: Exercícios resolvidos sobre lentes esféricas: Questão 1 - Um objeto de 10 cm é colocado a 15 cm de uma lente esférica convexa de distância focal igual a 5 cm. Determine: a) o tamanho da imagem do objeto; b) a posição da imagem; c) as características da imagem. Resolução: a) Para descobrirmos o tamanho da imagem, podemos utilizar a fórmula do aumento linear transversal. Observe: O cálculo feito indica que a imagem terá um tamanho de 5 cm. Além disso, o sinal negativo obtido no resultado indica que a imagem está virada de cabeça para baixo. b) A posição da imagem pode ser obtida tanto por meio da equação dos pontos conjugados quanto por meio de uma das fórmulas do aumento linear transversal, assim como fizemos na questão 1. O resultado obtido mostra que a imagem encontra-se a 7,5 cm do centro óptico da lente. Uma vez que o sinal encontrado foi positivo, sabemos que a imagem produzida é real. c) A imagem obtida é real, uma vez que o tamanho dessa imagem tem sinal negativo, e também é reduzida, isto é, menor que o objeto. Questão 2) Determine a vergência de uma lente esférica côncava cuja distância focal é igual a 10 cm. Resolução: Vamos calcular qual é a vergência da lente. Para tanto, é preciso lembrar que, em se tratando de uma lente côncava, seu foco é negativo. Além disso, esse foco deve estar em metros para que se calcule a vergência corretamente, portanto usamos f = -0,1 m e fazemos o cálculo a seguir: O resultado obtido mostra que essa lente tem uma vergência igual a -10 di. Defeitos na Visão Humana: Defeitos na visão humana decorrem de anomalias no olho, que podem resultar em dificuldades para enxergar. Miopia, hipermetropia, astigmatismo, presbiopia e estrabismo são exemplos. Um dos mais importantes entre os cinco sentidos humanos é a visão. Ela nos permite a percepção do mundo com todas as suas formas e cores, que tanto impressionam o homem desde os tempos mais remotos. Didaticamente, dividimos o olho humano em: Cristalino: Parte frontal do olho que funciona como uma lente convergente, do tipo biconvexa. Puplila: comporta-se como um diafragma, controlando a quantidade de luz que penetra no olho. Retina: é a parte sensível à luz, onde são projetadas as imagens formadas pelo cristalino e enviadas ao cérebro. Músculos ciliares: comprimem convenientemente o cristalino, alterando a distância focal. O olho humano pode apresentar algumas anormalidades que levam a dificuldades de enxergar em algumas situações. Essas anormalidades podem ser: Miopia, Hipermetropia, Astigmatismo, Presbiopia e Estrabismo. Estudaremos agora essas disfunções do globo ocular e qual o melhor método de correção desses problemas. Miopia: É uma anomalia da visão que consiste em um alongamento do globo ocular. Nesse caso há um afastamento da retina em relação ao cristalino, fazendo que a imagem seja formada antes da retina, tornando-a não nítida. Para o míope,o ponto próximo (ou remoto), que é o ponto onde a imagem é nítida, está a uma distância finita, maior ou menor, conforme o grau da miopia. O míope tem grandes dificuldades de enxergar objetos distantes. A correção da miopia é feita comumente com a utilização de lentes divergentes. Ela fornece, de um objeto impróprio (objeto no infinito), uma imagem virtual no ponto remoto do olho. Essa imagem se comporta como objeto para o cristalino, produzindo uma imagem final real exatamente sobre a retina. À Esquerda, esquema do olho míope. À direita, visão do míope. Hipermetropia: A hipermetropia é um defeito oposto à miopia, ou seja, aqui existe uma diminuição do globo ocular. Nesse caso a imagem de objetos próximos é formada além da retina, fazendo aquelas imagens não sejam formadas com nitidez. A correção desse defeito é possível através da utilização de uma lente convergente. Tal lente convergente deve fornecer, de um objeto real, situado em um ponto próximo do olho, uma imagem que se comporta como objeto real para o olho, dando uma imagem final nítida. À esquerda, esquema do olho do Hipermétrope. À direita, a visão do hipermétrope Astigmatismo: Consiste no fato de que as superfícies que compõem o globo ocular apresentam diferentes raios de curvatura, ocasionando uma falta de simetria de revolução em torno do eixo óptico. A correção é feita com a utilização de lentes cilíndricas capazes de compensar tais diferenças entre os raios de curvatura. Visão com astigmatismo Presbiopia: Anomalia da visão semelhante à hipermetropia, que ocorre com o envelhecimento da pessoa, ocasionando o relaxamento dos músculos. Porém, se a acomodação muscular for muito grande, o presbíope também terá problemas de visão a longa distância, uma vez que com a aproximação do ponto remoto, o problema se torna semelhante ao da miopia. A correção nesse caso se dá com a utilização de lentes bifocais (convergentes e divergentes). Estrabismo: Tal anomalia consiste no desvio do eixo óptico do globo ocular, a correção é feita com o uso de lentes prismáticas.
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