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Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D313f DeFeo, Joseph A. Fundamentos da qualidade para líderes / Joseph A. DeFeo, Joseph M. Juran ; tradução: Ronald Saraiva de Menezes ; revisão técnica: Altair Flamarion Klippel. – Porto Alegre : Bookman, 2015. xxiv, 260 p. : il. ; 23 cm. ISBN 978-85-8260-345-1 1. Gestão da qualidade. 2. Liderança. I. Juran, Joseph M. II. Título. CDU 005.6 Defeo_Iniciais_Impresso.indd ii 30/04/2015 11:37:57 CAPÍTULO 2 Três métodos universais de gestão da qualidade 19 Gestão da qualidade: os benefícios fi nanceiros e culturais A satisfação e a fi delidade dos clientes só são alcançadas quando ambas as dimen- sões da qualidade, melhores características e eliminação de falhas, são geridas com efi ciência e efi cácia. Ambas afetam o desempenho fi nanceiro, como demonstrado a seguir. Efeito das características na receita As receitas podem incluir diversos tipos de transações: (1) dinheiro coletado da venda de um bem ou serviço, (2) impostos coletados pelo governo ou (3) doações recebidas por uma organização de caridade. Qualquer que seja a fonte, o montante da receita se relaciona de diversas formas com a capacidade das características do bem ou serviço produzido de serem valorizadas pelo benefi ciário – o cliente. Em muitos mercados, os serviços com características superiores conseguem atrair maior receita pela combinação de uma maior fatia de mercado e de um ágio no preço. Serviços e produtos cujas características não são competitivas geralmente são vendidos a preços mais baixos. Efeito das falhas na receita O cliente que encontra uma defi ciência pode tomar medidas que criam custos adi- cionais ao fabricante, como fazer uma reclamação, devolver o produto ou entrar na justiça. O cliente também pode optar por, em vez disso (ou além disso), parar de comprar do fabricante responsável e ainda divulgar sua má experiência e a fonte dela. Se essas medidas forem tomadas por muitos clientes, os danos podem ser gra- ves para a receita do fabricante. Efeito das falhas no custo Qualidade defi ciente gera custos extras. Custo da má qualidade (COPQ – cost of poor quality) é um termo que engloba todos aqueles custos que desapareceriam caso não houvesse falha alguma – nenhum erro, retrabalho, falha de campo e assim por diante. Pesquisas do Instituto Juran a respeito do custo da má qualidade demons- tram que, naquelas organizações que não estão gerindo a qualidade agressivamente, o nível de COPQ é alarmantemente alto. O cálculo dos custos da má qualidade pode ser bastante útil para uma organi- zação. O COPQ demonstra aos líderes empresariais o quanto a má qualidade infl a- cionou seus custos, reduzindo, consequentemente, seus lucros. Cálculos detalhados de COPQ fornecem um mapa para a eliminação desses custos pela raiz, removendo sistematicamente a má qualidade que os criou. Defeo_Capitulo_02.indd 19 27/04/2015 20:10:26 20 Fundamentos da qualidade para líderes No início dos anos 1980, era comum líderes empresariais declararem que seu COPQ era de cerca de 20 a 25% das receitas com vendas. Esse número assombroso era corroborado por muitas organizações independentes que calculavam seus pró- prios custos. Por volta de 2003, o COPQ estava na casa dos 15 a 20% em organiza- ções manufatureiras, com muitas delas alcançando níveis ainda mais baixos como resultado de programas sistemáticos para reduzi-lo. Para organizações prestadoras de serviços, o COPQ do percentual das vendas ainda estava em impressionantes 30 a 35%. Esses números incluíam custos para refazer o que já fora feito, custos extras para controlar processos defi cientes e custos para satisfazer corretamente os clientes. Falhas que ocorrem antes das vendas obviamente aumentam os custos para o fabricante, mas as falhas que ocorrem após as vendas aumentam tanto os custos para o cliente quanto para o fabricante. Além disso, falhas no pós-vendas reduzem as vendas futuras do fabricante, já que os clientes fi carão menos dispostos a adqui- rirem novamente serviços de má qualidade. Como gerenciar visando à qualidade: uma analogia fi nanceira Para gerir a qualidade, é recomendável começar estabelecendo uma visão para a organização, juntamente com políticas, metas e planos para alcançá-la. Isso signifi ca que as metas e políticas de qualidade precisam ser consideradas no plano estratégico da organização (essas questões são tratadas também no Juran’s Quality Handbook, 6ª edição, especialmente no Capítulo 7, “Strategic Planning and Deployment: Moving from Good to Great”). A conversão dessas metas em resultados (fazer a qualidade acontecer) é alcançada, então, mediante processos gerenciais estabelecidos – sequências de atividades que produzem os resultados procurados. A gestão voltada para a qualidade faz uso amplo de três desses proces- sos gerenciais: ■ Desenvolvimento de design ou planejamento voltado para a qualidade ■ Conformação, controle ou garantia da qualidade ■ Melhoria ou criação de saltos de qualidade Esses três processos estão inter-relacionados e são conhecidos como Trilogia Juran. Eles estabelecem um paralelo com os processos há muito tempo usados na gestão voltada para as fi nanças, que consistem nos seguintes: ■ Planejamento fi nanceiro. Esse processo prepara os orçamentos fi nanceiro e ope- racional anuais. Ele defi ne as realizações a serem cumpridas no ano por vir, traduz estas realizações em dinheiro – receitas, custos e lucros – e determina os benefícios fi nanceiros advindos de todas estas realizações. O resultado fi nal estabelece as metas fi nanceiras para a organização e para suas diversas divisões e unidades. Defeo_Capitulo_02.indd 20 27/04/2015 20:10:26 CAPÍTULO 2 Três métodos universais de gestão da qualidade 21 ■ Controle fi nanceiro. Esse processo consiste na avaliação do desempenho fi nan- ceiro propriamente dito, sua comparação com as metas fi nanceiras, e nas medi- das tomadas com base na diferença – a variância para o contador. São inúmeros subprocessos de controle fi nanceiro: controle de custos, controle de despesas, gestão de riscos, controle de estoque e assim por diante. ■ Melhoria fi nanceira. Esse processo visa melhorar os resultados fi nanceiros. Ele assume muitas formas: projetos de redução de custos, novas instalações e desen- volvimento de novos produtos para aumentar as vendas, fusões e aquisições, joint ventures e assim por diante. Esses processos são universais – eles proporcionam a base para a gestão fi nan- ceira, qualquer que seja o tipo de organização. A analogia fi nanceira pode ajudar os líderes a perceberem que podem gerenciar visando à qualidade ao usarem os mesmos processos de planejamento, controle e melhoria. Como o conceito da Trilogia Juran é idêntico àquele usado na gestão voltada para as fi nanças, os líderes não precisam alterar sua abordagem conceitual. Boa parte do treinamento e da experiência em gestão voltada às fi nanças é apli- cável na gestão voltada para a qualidade. Ainda que a abordagem conceitual não seja alterada, os passos processuais têm algumas diferenças. A Tabela 2.1 mostra que cada um desses três processos geren- ciais apresenta uma sequência singular de atividades. Cada um deles também é uni- versal – cada um segue respectivamente uma sequência invariável de passos. Cada sequência é aplicável em sua área respectiva, qualquer que seja o setor, a função, a cultura, etc. TABELA 2.1 Gestão voltada para a qualidade Planejamento de qualidade Controle de qualidade Melhoria da qualidade Estabelecer metas Identificar os clientes Determinar as necessidades dos clientes Desenvolver características que atendam às necessidades dos clientes Desenvolver processos capazes de produzir os produtos Estabelecer controles processuais Transferir os planos para a operação Determinar os focos de controle Mensurar o desempenho real Comparar o desempenho real com os alvos e metasTomar medidas conforme as diferenças Continuar a mensurar e manter o desempenho Comprovar a necessidade com um estudo de caso do negócio Estabelecer uma infraestrutura de projeto Identificar os projetos de melhoria Formar equipes de projeto Oferecer às equipes os recursos, o treinamento e a motivação para: ■ Diagnosticar as causas ■ Estimular ações corretivas Estabelecer controles para manter os ganhos Defeo_Capitulo_02.indd 21 27/04/2015 20:10:26 22 Fundamentos da qualidade para líderes Diagrama da Trilogia Juran Os três processos da Trilogia Juran estão inter-relacionados. A Figura 2.1 exibe essa relação. O diagrama da Trilogia Juran é um gráfi co com o tempo no eixo horizontal e o custo da má qualidade no eixo vertical. A atividade inicial é o planejamento da qualidade. A função de pesquisa de mercado determina quem são os clientes e quais são suas necessidades. Os projetistas, ou equipe de realização de produtos, desenvolvem então as características de produtos e os projetos de processos neces- sários para atender essas necessidades. Por fi m, os projetistas repassam seus planos às operações: “Executem o processo, produzam as características e entreguem o produto de forma que atenda às necessidades dos clientes”. Crônico e esporádico Conforme avançam as operações, logo fi ca evidente que os processos projetados para entregar o bem ou o serviço não são capazes de produzir 100% de qualidade. Por quê? Devido a falhas ocultas ou a falhas periódicas que acabam exigindo retra- Lições aprendidas Desperdício crônico (uma oportunidade para melhoria)op er aç õe s In íc io d asCu sto d a m á q ua lid ad e Pico esporádico Novo nível de controle da qualidade Nível original de Tempo0 0 20 40 Controle da qualidade (durante a operação)Planejamentoda qualidade controle da qualidade M el ho ria da q ua lid ad e FIGURA 2.1 Trilogia Juran. Defeo_Capitulo_02.indd 22 27/04/2015 20:10:26 CAPÍTULO 2 Três métodos universais de gestão da qualidade 23 balho. A Figura 2.1 mostra um exemplo em que mais de 20% dos processos ope- racionais precisam ser refeitos por causa de falhas. Esse desperdício é considerado crônico – ele segue existindo até que a organização decida encontrar a causa-raiz. Mas por que temos esse desperdício crônico? Porque foi planejado dessa forma. Os projetistas não tinham como prever todos os obstáculos do processo de desenvol- vimento de projeto. Seguindo os padrões convencionais de responsabilidade, a operação não conse- gue se livrar desse desperdício crônico planejado. A única coisa possível é conduzir tarefas de controle – impedir que as coisas fi quem ainda piores, como mostrado na Figura 2.1. A fi gura mostra um pico esporádico repentino que elevou o nível de falhas para mais de 40%. Esse pico foi resultado de algum evento não previsto, como uma queda de energia, uma interrupção de processo ou uma falha humana. Como parte do processo de controle, a operação foca esse cenário e toma medidas a fi m de restaurar o status quo. Isso geralmente recebe o nome de ação corretiva, resolução de problemas, apagar de incêndio e assim por diante. O resultado fi nal é a restauração do nível de erros ao nível crônico planejado de cerca de 20%. O gráfi co também mostra que, à certa altura, o desperdício crônico foi redu- zido a um nível bem abaixo do original. Esse ganho adveio do terceiro processo na Trilogia Juran: a melhoria. Na verdade, percebeu-se que o desperdício crônico era uma oportunidade de melhoria, e foram tomadas medidas para realizá-la. O diagrama da Trilogia e as falhas O diagrama da Trilogia Juran (Figura 2.1) se relaciona com as falhas em produtos e processos. A escala vertical, portanto, exibe unidades de medida como custo da má qualidade, taxa de erros, percentual de defeitos, taxa de chamada de serviço, desperdício e assim por diante. Nessa mesma escala, a perfeição seria o zero, e tudo que acima é ruim. Os resultados da redução de falhas são a redução do custo da má qualidade, o cumprimento de mais promessas de entrega, a redução do desperdício, a diminuição da insatisfação dos clientes e assim por diante. Referências Itoh, Y. (1978). “Upbringing of Component Suppliers Surrounding Toyota.” International Conference on Quality Control, Tokyo. Juran, J. M. (2004). Architect of Quality. McGraw-Hill, New York. Juran, J. M., and DeFeo, J. A. (2010). Juran’s Quality Handbook: The Complete Guide to Performance Excellence, 6th ed. McGraw-Hill, New York. Defeo_Capitulo_02.indd 23 27/04/2015 20:10:26 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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