Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 REUMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Artrite reumatoide Caso clínico: Paciente J.S.F, 50 anos, comparece na unidade básica de saúde queixando-se de muita dor articular em mãos e punhos, limitante que iniciaram há cerca de 1 ano. Refere ainda que dor é pior de manhã e que após lavar os pratos a dor começa a melhorar e a noite não sente mais dores. Por vezes, acorda pela madrugada com dor. Tem hipertensão arterial e diabetes em seguimento na UBS com uso de losartana e metformina O que chama atenção: melhora com esforço, perguntar se tem mais sinais inflamatórios, acorda com dor, perguntar se teve chikungunya (rash cutâneo, febre), história familiar, menopausa, se fuma, se é sedentária, como é a alimentação Doença autoimune inflamatória crônica e sistêmica É considerada uma das doenças mais importantes da Reumatologia Etiologia multifatorial: ▪ Genética ▪ Ambiental ▪ Infeccioso (principalmente virais) ▪ Imunológicos Achado nesse exame físico da foto: sinovite → inflamação do tecido sinovial (que está em contato com a articulação) – edema (IFP também), postura em flexo / sempre comparar as duas mãos! Epidemiologia: ▪ 1% da população, acomete mais mulheres (3M:1H) na faixa de 50 aos 75 anos ▪ 5% das mulheres / 7% do total → 70 anos ▪ 85% têm o fator reumatoide positivo e desses 50% têm FR positivo desde o início ▪ Café → induz citrulinização de proteínas (conversão de arginina em citrulina na articulação) - Mais de 4 porções por dia A citrulina é reconhecida pelo anticorpo anti-CCP e com isso é facilitado o desenvolvimento da artrite reumatoide ▪ Exposição a sílica → síndrome de Caplan (é ocupacional) Qual é o fator de risco modificável sabidamente associado com AR? TABAGISMO! → Ele induz a citrulinização também Fisiopatologia: - Inicialmente há essa citrulinização, havendo o reconhecimento da citrulina nos autoanticorpo - Inflamação da membrana sinovial (com essa hiperproliferação sinovial, aumento de células e mediadores inflamatórios, aumento da angiogênese – TNF alfa e IL1 e IL6) → aumento do tecido granulomatoso -> pannus (principal fisiopatologia da AR) → destruição articular e deformidade - Esse pannus é como se fosse um pano de tecido celular, no qual começa a fazer erosões no tecido ósseo, expandindo a articulação (ocasionando a sinovite) 2 REUMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Fisiopatologia da dor inflamatória ▪ Rigidez matinal → ocorre porque quando a pessoa vai dormir, ela tem um repouso articular e isso faz com que mais células inflamatórias entrem em um local pequeno que não era para ter aquilo, a pessoa vai mexer, vai doer e travar o Quando a pessoa vai se movimentando, as células vão drenando Osteoartrose → vai doer conforme for movimentando (dor mecânica) - Associação com alelos HLS DR4 – DRB1 → formação de epítopo compartilhado (são antígenos – é sequência similar de amnióticos) → facilitam o desenvolvimento de células T reativas (TCD4+) que ativam os linfócitos B e aí são produzidos os anticorpos Pode haver aumento de anticorpos 5-10 anos antes do desenvolvimento de doença em si *MHC nos humanos são chamados de HLA Artrite reumatoide em atividade: ▪ Aumento da frequência de doença periodontal (vice-versa) ▪ Há maior prevalência de AR naqueles que apresentam inflamação sinovial ▪ Soro e líquido sinovial podem apresentar anticorpos contra Porphyromonas gingivalis, Tannerela forsythensis e Prevotella intermedia Quadro clínico: - Poliartrite crônica (>6 semanas) ▪ Grande e pequenas articulações (o clássico é pequenas) ▪ Simétrica e aditiva ▪ Erosiva ▪ Mãos e pés – poupa IFD o IFD → interfalangeana distal (não há uma alteração plausível, mas sabe-se que elas são bem menores) ▪ Poupa o esqueleto axial (exceto a coluna cervical) - Sinais inflamatórios: dor, calor local, aumento de volume e limitação à movimentação - Rigidez maternal > 1h - Evolução para deformidade e incapacidade funcional 3 REUMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Exame físico: Palpação articular com técnica dos 4 pontos Manifestações extra articulares: ▪ Nódulos subcutâneos ▪ Vasculite → primárias secundárias ▪ Episclerite e síndrome sicca / xeroftalmia ▪ Nódulo pulmonar e pleurite/derrame pleural 4 REUMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 ▪ Síndrome de felty → anemia, esplenomegalia e neutropenia (em pacientes com AR, sem tratamento e de longa data) ▪ Síndrome de Sjogren secundária ▪ Mononeurite múltipla, síndrome do túnel do carpo, aumento do risco cardiovascular Exames laboratoriais: ▪ Fator reumatoide (AC contra IgG) ▪ AC anti-peptídeos cíclicos citrulinados ▪ Provas de fase aguda (VHS e PCR) ▪ Anemia normocítica, normocrômica (doença crônica) ▪ Ácido úrico ▪ Sorologias – VHB, VHC, HIV, parvovírus B19, rubéola, Lyme → interfalangianas mais escuras = inflamação; erosão no dedo indicador esquerdo; cisto ósseo, líquido ▪ Aumento de partes moles ▪ Osteopenia periarticular ▪ Erosões ▪ Redução do espaço articular ▪ Subluxações e anquilose Exames de imagem: 5 REUMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Subluxação atlanto axial Diagnóstico diferencial: ▪ Infecciosas ▪ Virais (hepatite B, hepatite C, rubéola, parvovírus B19) ▪ Enpondiloartrites ▪ Psoriásica ▪ Osteoartrise de mãos → lembrar de ver IFD ▪ DDTC ▪ LES ▪ Síndrome de Sjogren Critérios classificatórios: Fator reumatoide é um fator de várias doenças. Ele é muito sensível e pouco sensível 6 REUMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Fatores de mau prognostico: ▪ Início em idade precoce ▪ FR altos títulos ▪ Anti-CCP + ▪ VSH e/ou PCR persistentemente elevados ▪ Artrite > 20 articulações ▪ Acometimento extra-articular ▪ Erosões nos 2 primeiros anos de doenças Como tratá-la? - Analgésico, corticoide, AINEs, hidratação oral, fisioterapia Não tem cura, mas há controle Tratamento não farmacológico: ▪ Reconhecimento e tratamento precoce ▪ Encaminhamento para reumatologista ▪ Decisões terapêuticas devem ser compartilhadas com paciente ▪ Uso precoce de DMARD (droga modificadora de atividade de doença) ▪ Amejar → remissão ou baixa atividade ▪ Educação do paciente ▪ Intervenções psicossociais ▪ Realibilitação – repouso, exercício, terapia ocupacional – ganho de arco de movimento e evitar atrofia muscular, proteção articular, órtese ▪ Aconselhamento nutricional ▪ Intervenções para reduzir o risco cardiovascular e de osteoporose ▪ Cessar tabagismo ▪ Imunização: influenza, pneumocócica, Dt e VHB Tratamento farmacológico → sempre ▪ DMARDS: metotrexato, cloroquina, sulfassalazina, leflunomida, biológico: anti-TNF e outros ▪ Anti-inflamatórios não hormonais ▪ Corticoide em dose baixa 7 REUMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Avaliação de atividade de doença: → olhar essas articulações 8 REUMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Seguimento: ▪ Terapia com DMARDs deve ser iniciada logo após o diagnóstico de AR ▪ O tratamento deve objeticar a remissão ou redução da atividade da doença o Critérios para remissão DAS/DAS28 <2,6 (pouco rigorosos) ▪ Monitorização deve ser frequente em doenças ativas (1-3 meses) e se não há melhora em 3 meses ou o alvo não foi alcançado em 6 meses a terapia deve ser reajustava Referências:
Compartilhar