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Fichamento - Visita domiciliar: a dimensão psicológica do espaço habitado

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
FICHAMENTO DE LEITURA – PSICODIAGNÓSTICO INTERVENTIVO
LOPES, L.C.C.C.P Visita domiciliar: a dimensão psicológica do espaço habitado in ANCONA-LOPEZ, S., Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. São Paulo: Cortez, 2013.Cap. VIII. p. 112-128
A visita domiciliar, em diferentes literaturas é enxergada como um recurso utilizado apenas em casos isolados como dificuldades de locomoção por parte do cliente, hospitalização ou qualquer outro impedimento que faça com que o cliente não consiga comparecer ao ambiente psicoterápico. Entretanto, psicólogos que atuam com terapia familiar entendem a residência do cliente como um elemento a mais para a compreensão da dinâmica da família. 
Com relação a isso, existem algumas críticas acerca da visita domiciliar, pois, acredita-se que nesse processo a família iria alterar seus comportamentos e mascarar informações importantes. Além disso, os psicoterapeutas apresentam resistência a visita por acreditarem estar invadindo o espaço familiar e consequentemente prejudicando o processo psicoterápico.
Apesar disso, a visita domiciliar tem a função observar os padrões de interação familiar, o clima emocional da casa, a identidade psicossocial da família e sua expressão em um ambiente definido. O autor Ackerman (1986, p.136) define que as visitas devem durar de duas a três horas e que, o profissional não deve fazer anotações durante o momento da visita já que isso pode prejudicar a espontaneidade da observação, mas deve também ter um roteiro direcionado a que se deve observar. 
Em psicodiagnóstico de base fenomenológico-existencial, a visita domiciliar tem objetivos diferentes e é realizada de uma maneira diferente. Tem o objetivo principal de observar ampliar a compreensão das relações que se estabelecem em família. As visitas domiciliares têm que ser previamente acordadas com os pais e a criança e, devem ser agendadas em momentos em que a maioria dos familiares esteja presente. É orientada a observação de todos os membros da família e também dos diferentes ambientes da casa, levando em consideração os aspectos da casa que mais chamem a atenção do psicoterapeuta.
A autora apresenta alguns exemplos de como a visita domiciliar pode contribuir para a compreensão da queixa inicial da criança como o caso de um garoto de três anos que segundo os pais apresentava comportamento agressivo e dificuldade em aceitar limites e, na entrevista inicial os pais relataram que não haviam planejado ter um filho e não tinham desejo em ter um. Durante a visita domiciliar, a autora pôde perceber que a casa era muito bem cuidada, com móveis claros e impecáveis, quase sem indícios de que havia uma criança pequena ali o que confirmava o discurso dos pais de não haver espaço para uma criança em suas vidas.
A autora acredita que, além de um instrumento, a visita domiciliar pode ser utilizada como uma grande possibilidade interventiva e consistência diagnóstica. Caso os pais e a criança não aceitem, o processo de psicodiagnóstico irá prosseguir e, a recusa será explorada para que seu entendimento seja parte da compreensão global. A data da visita é sempre após o conhecimento da história de vida da criança e o estabelecimento de vínculo com o cliente. Apesar da maior “intimidade” com o cliente, a visita não pode perder seu cunho profissional apesar de uma certa informalidade esperada.
O tempo de permanência na visita não é previsto. Isso irá depender da interação mútua entre visitante e família. O término da visita dependerá da avaliação do profissional com relação aos elementos observados para o aprofundamento da compreensão diagnóstica, e se eles são suficientes ou não. O local de início da entrevista será decidido pelos pais e eles irão conduzir o visitante pelo espaço e, no processo de psicodiagnóstico interventivo, essa ocasião também é pertinente para que sejam feitas algumas intervenções. As intervenções irão depender das condições de compreensão do psicólogo e de sua possibilidade de avaliar a receptividade do paciente em recebê-las e produzir seus efeitos. 
A casa, pode ser entendida como a transformação de um espaço em um lugar identitário, de apropriação e produção de sentido para quem o habita e para quem o observa. Os espaços são modelados de acordo com o que cada um carrega dentro de si. E não apenas os espaços contam uma história, mas os movimentos de seus habitantes também. Os ambientes da casa são trespassados por relações afetivas ou negativas, vínculos, experiências, lembranças, épocas e concepções de mundos.
Apesar da preocupação de que a família não irá se comportar de maneira natural na presença de um profissional em sua casa. Mesmo essa possibilidade pode revelar aspectos da dinâmica familiar.

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