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Cervicalgia e Lombalgia

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Cervicalgia e Lombalgia 
Lupébhia Tarlé 
 
A cervicalgia tem uma prevalência de cerca 
de 10 a 20% da população adulta; por outro 
lado, estima-se que até 84% dos adultos 
apresentem lombalgia em algum momento da 
vida. Por isso, ambas são queixas comuns nos 
consultórios. A cervicalgia e a lombalgia 
podem ser classificadas quanto à sua 
duração em aguda (<1 mês), que são na sua 
maioria autolimitadas e se resolvem mesmo 
sem tratamento; crônica (>3 meses), que 
normalmente necessitam de abordagem 
especializada; e subaguda (entre 1 mês e 3 
meses de evolução). 
A maioria dos pacientes apresenta a causa 
musculoesquelética para o aparecimento dos 
sintomas, como uma contratura muscular e 
alteração de ligamento. 
REGIÃO CERVICAL 
A coluna cervical é composta por 7 vértebras, 
separadas entre si por discos intervertebrais, 
que garantem suporte e mobilidade. Os locais 
mais comuns que apresentam alterações 
degenerativas estão entre C4 e C7, por onde 
passam as raízes nervosas C5, C6 e C7 pelo 
forame intervertebral. 
A coluna cervical possui uma lordose 
superficial, que pode ser diminuída (ou até 
revertida) em pacientes com alterações 
degenerativas. 
 
Entre C3 e C7 há articulações não-vertebrais, 
localizadas na borda posterolateral do disco 
intervertebral e na porção anteromedial do 
forame intervertebral. Essas articulações 
podem sofrer hipertrofia e em associação 
com a degeneração do disco, resulta no 
estreitamento do forame, causa comum de 
radiculopatia cervical. 
O músculo cervical e trapézio têm a função de 
apoiar e fornecer movimento e alinhamento 
da cabeça e pescoço, além de proteger a 
medula espinhal e os nervos espinhais do 
estresse mecânico. 
Existem 8 nervos espinhais, cada um 
composto por uma raiz ventral e outra dorsal; 
a raiz ventral contém fibras eferentes dos 
neurônios motores no corno ventral da 
medula; já a raiz dorsal contém fibras 
aferentes sensoriais primárias das células no 
gânglio da raiz dorsal. Após a junção das 
raízes, o nervo espinhal se divide em 2 ramos: 
ramo dorsal, que inerva músculos, pele e 
articulações do pescoço posterior; e o ramo 
ventral, que inerva os músculos pré-vertebrais 
e paravertebrais e forma o plexo braquial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cervicalgia e Lombalgia 
Lupébhia Tarlé 
REGIÃO LOMBAR 
A região lombar possui 5 vértebras (L1 – L5), 
com articulações que concentram as foças 
dos impactos traumáticos. 
Possui uma ligeira curvatura, formando a 
lordose lombar. O sacro é composto por 5 
níveis vertebrais com fusão no 
desenvolvimento, seguidos de uma 
proeminência óssea terminal, o cóccix. 
A medula espinhal termina no cone medular 
dentro do canal espinhal lombar, ao nível de 
T12 e L2. Todas as raízes dos nervos espinhais 
lombares e sacrais são constituídas no nível 
vertebral T10 a L1; essas raízes então 
percorrem o canal intraespinhal, formando a 
cauda equina, até que saiam por seus 
respectivos forames neurais. 
 
ETIOLOGIAS 
 
→ Causas musculoesqueléticas: 
• Tensão muscular: apresenta-se com dor 
e/ou rigidez no movimento; pode não ter um 
fator precipitante claro, mas muitas vezes 
está relacionada à postura e posição do sono; 
ao exame físico, apresenta desconforto à 
palpação dos músculos do pescoço e 
trapézio. Pode persistir até 6 semanas e seu 
diagnóstico é clínico, sendo a imagem 
desnecessária. 
• Espondilose vertebral: corresponde a 
alterações degenerativas da coluna, com 
aparecimento de osteófitos (“bico de 
papagaio”) ao longo dos corpos vertebrais, 
que podem comprimir ou não estruturas 
nervosas (ou seja, podem levar à 
radiculopatia); porém, normalmente 
asalterações degenerativas são achadas em 
pacientes assintomáticos. 
• Lesões cervicais: ocorrem mais 
frequentemente após colisões de veículos; 
apresentam dor e/ou rigidez no movimento 
do pescoço após lesão abrupta do tipo 
extensão- flexão; pode estar associada a 
outros sintomas como cefaleia, dor no ombro, 
tonturas, parestesias e fadiga; ao exame 
físico, apresenta diminuição da amplitude de 
movimento associada ao espasmo do 
pescoço; seu diagnóstico é clínico e a maior 
parte apresenta dor persistente e de baixa 
intensidade, não necessitando de imagens. 
• Discopatia degenerativa: proeminência do 
disco intervertebral, podendo comprimir o 
canal medular, mas está presente em muitos 
indivíduos assintomáticos; apresenta dor e/ou 
rigidez no movimento e é exacerbada por 
posições contínuas como dirigir, ler e sentar; 
sintomas radiculares podem estar presentes; 
apresenta dor e redução de amplitude ao 
movimento; o diagnóstico é clínico, mas pode 
ter suporte da RM mostrando hipohidratação 
do disco e fissura do ângulo fibroso, por 
exemplo. 
• Síndrome de dor miofascial: quadro 
muscular peculiar, com dor profunda 
associada a queimação, geralmente 
localizada (um lado do pescoço); apresenta 
sensibilidade à pressão e podem haver 
cordões de tensão (espessamentos 
musculares), com pontos gatilhos (trigger 
points). 
→Radiculopatia/ mielopatia: 
• Radiculopatia: consiste na disfunção da raiz 
do nervo espinhal, na maioria das vezes (70-
90%) causadas por alterações degenerativas 
da coluna, como a estenose do forame 
cervical e hérnia de disco; apresenta dor, 
dormência e/ ou formigamento com uma 
distribuição dermatomal e/ou fraqueza no 
membro superior ou inferior (se cervical ou 
lombar, respectivamente); consiste numa dor 
irradiada – quando no membro inferior, 
chamada de dor “ciática”; ao exame físico, 
encontra-se sensibilidade alterada, reflexos 
motores diminuídos e/ou força reduzida no 
membro; a ressonância magnética da coluna 
vertebral (ou mielograma pela TC) demonstra 
Cervicalgia e Lombalgia 
Lupébhia Tarlé 
a compressão da raiz nervosa, porém o 
diagnóstico pode ser feito clinicamente. 
 
SAIBA MAIS! 
As radiografias simples da coluna cervical e 
lombar raramente têm valor diagnóstico no 
cenário da radiculopatias não traumáticas. 
Isso porque os sintomas radiculares 
geralmente se devem ao impacto de partes 
moles em uma raiz nervosa, e o tecido mole 
não é bem visualizado pela radiografia. 
A dor irradiante e parestesias no membro 
superior secundário à neuropatia de 
aprisionamento dos nervos mediano, ulnar ou 
de outros nervos são diagnósticos 
diferenciais da radiculopatia cervical. 
Cervicalgia ou sintomas que piorem com o 
movimento do pescoço são importantes 
indicadores de que o diagnóstico mais 
provável não é neuropatia por 
aprisionamento. 
 
● Mielopatia espondilótica: disfunçãomedular 
causada por alterações degenerativas que 
estreitam o canal espinhal, mas pode ter 
origem um massas tumorais ou abscessos; os 
pacientes podem apresentar fraqueza nos 
membros inferiores, dificuldades na marcha 
ou coordenação e disfunção intestinal ou da 
bexiga; ao exame físico, podem estar 
presentes sinais neurológicos forais em 
membros superior e/ou inferior; o diagnóstico 
deve ser confirmado com a ressonância 
magnética evidenciando estreitamento do 
canal medular cervical e anormalidade do 
sinal. 
 
RM sagital em T2 com 
estreitamento do 
canal espinhal pelos 
complexos disco-
osteófitos (mielopatia 
espondilótica 
cervical). 
 
SAIBA MAIS! 
A síndrome da cauda equina é causada por 
uma lesão intra-espinhal ao cone, lesando 2 
ou mais raízes nervosas que constituem a 
cauda equina. Está associada a importante 
incapacidade neurológica, com fraqueza 
bilateral das pernas, além de poder 
apresentar sintomas sensoriais perineais, 
disfunção intestinal, de bexiga e sexual (pelo 
envolvimento das raízes nervosas espinhais 
de S2 a S4). 
 
DIAGNÓSTICO 
A avaliação do paciente com cervicalgia 
inicia-se na exclusão de condições graves, 
que podem exigir intervenção. 
Dessa forma, deve-se pesquisar os sinais de 
alerta, que guiarão a avaliação diagnóstica. 
São sinais de alerta em paciente com 
cervicalgia: traumacervical grave recente 
(possibilidade de fratura); sinais ou sintomas 
neurológicos que sugerem origem medular 
(fraqueza, dificuldade de marcha, disfunção 
intestinal ou de bexiga); sinais neurológicos 
focais; parestesia tipo choque; febre ou 
calafrios; história de uso de drogas injetáveis; 
imunossupressão; uso crônico de 
glicocorticoide (atentar para possibilidade de 
fraturas vertebrais, principalmente em idosos); 
sinal de Lhermitte (sensação de choque na 
coluna ao fletir o pescoço); perda de peso 
inexplicável; história de câncer; dor em 
pescoço anterior (sugestivo de causa não 
espinhal); e dor que se prolonga por mais de 6 
semanas.

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