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UNIVERSIDADE SALVADOR CURSO DE MEDICINA PAULO JACKSON BOMFIM NERI SÍNDROME DE DOWN E SÍNDROME DE KABUKI SALVADOR-BA, MAIO DE 2021 PAULO JACKSON BOMFIM NERI SÍNDROME DE DOWN E SÍNDROME DE KABUKI SALVADOR-BA, MAIO DE 2021 Atividade Pontuada apresentada à disciplina Genética, Turma 01 - 2º Semestre, do Curso de Medicina da Universidade Salvador, abordando a discussão de questões acerca de um relato de caso. Orientadores: Profª Ma. Cristiane Metzker Santana de Oliveira ATIVIDADE PONTUADA • Relato do caso: 1 - M.M.S.A, sexo feminino, nasceu a termo após gestação, normal, sendo a terceira criança de um casal jovem, normal e não-consanguíneo. Seus irmãos (uma menina e um menino) eram normais. O peso de nascimento foi 2.900g, as medidas de comprimento e perímetro cefálico, foram medidas. Aos oito meses de idade, foram registrados os seguintes valores, respectivamente, para peso, comprimento, perímetro cefálico e comprimentos das fissuras palpebrais direita e esquerda: 7,950 g (centil 25), 66,5 cm (centil 10), 42,5 cm (centil 25), e 27 e 29 mm (ambos acima do centil 97). Começou a sustentar a cabeça aos três meses e a sentar-se sem suporte aos oito meses. Ela apresentava braquicefalia (índice cefálico de 85,7), face plana, fissuras palpebrais longas e oblíquas eversão da região lateral das pálpebras inferiores (mais acentuada ‡ esquerda) pálpebras superiores pequenas e arqueadas, supercílios arqueados e escassos, sobretudo lateralmente, cílios longos, epicanto, orelhas pequenas, raiz nasal baixa, filtro nasolabial liso, palato alto/estreito, língua protrusão do pescoço curto com excesso de pele dorsalmente, diástase dos músculos retos, hipotonia muscular generalizada, hiper flexibilidade articular, mãos pequenas com braquidactilia e amplo espaçamento entre háluces e segundos artelhos. Ao exame oftalmológico, catarata cortical foi diagnosticada. Exame radiológico do esqueleto, avaliação cardiológica e ultrassonografia abdominal foram normais. As alterações dermatoglíficas consistiam na presença de nove presilhas ulnares e um verticilo (polegar direito) com persistência de coxins nas popas digitais e de trirradios axiais distais. Prega simiesca também foi observada em ambas as palmas. A análise cromossómica, a partir de cultura temporária de linfócitos periférico, mostrou o cariótipo 47, XX, +21. Reavaliada com a idade de 19 meses, apresentava peso (11 kg), comprimento (79 cm) e perímetro cefálico (45,5 cm) normais. Ainda não andava sem apoio, nem falava palavras inteligíveis. • Questões para a discussão: 1- Qual o provável diagnóstico? O provável diagnóstico é de Síndrome de Down (47, XX, +21) e, também, Síndrome de Kabuki, causada por mutações no gene localizado no cromossomo 12q12 MLL2-q14 (braço longo do cromossomo 12, região 1, banda de 2 a 4). 2-Qual exame poderia confirmar o diagnóstico? Os exames que poderiam confirmar a Síndrome de Down são as triagens neonatais e a cariotipagem. Como métodos invasivos, podem ser realizadas a amniocentese e amostra de vilosidades coriônicas. Na triagem do 1º e 2º trimestre, se o nível de alfafetoproteína no soro materno for diminuída, há indício da trissomia do cromossomo 21. Demais marcadores proteicos no soro também indicam trissomia do 21, exemplificado pela diminuição da proteína A plasmática e aumento hormônio gonadotrofina coriônica. Tais marcadores, juntamente com exame ultrassonográfico da translucência nucal aumentam a sensibilidade. Como método não invasivo, a presença de acúmulo de líquido na região da nuca do feto visto através do ultrassom pelo exame de translucência nucal é um indicativo para Down. O diagnóstico da síndrome de Kabuki, uma síndrome rara, primeiramente, é baseada em alterações clínicas e um diagnóstico molecular funciona como uma ferramenta de comprovação genética, identificando mutações a serem consideradas na doença. Dessa forma, através dos fenótipos clínicos, os achados são chamados de Pêntade de Niikawa e consistem em anomalias craniofaciais e esqueléticas, atraso do crescimento pós-natal, persistência das almofadas fetais e défice intelectual. Quanto à confirmação pelo estudo molecular do gene MLL2 com a PCR (reação em cadeia da polimerase), verifica- se o diagnóstico pré-natal (com o líquido amniótico) e, também, pré- implantacional, sendo visível uma grande heterogeneidade alélica. A análise molecular do gene MLL2 KMT2D permite identificar mutação nesse gene que codifica a histona metiltransferase e regula a transcrição de genes envolvidos na embriogênese e desenvolvimento, sendo que a mutação no gene MLL2 implica na metilação das histonas. O estudo molecular e a identificação de uma determinada mutação patogênica proporcionam não só o diagnóstico da SK propriamente dito, mas auxilia no diagnóstico pré-natal e, também, na pré- implantação. 3- Existe algum tratamento diferenciado para a paciente? Não existe tratamento diferenciado para os pacientes com Síndrome de Kabuki. Busca-se tratar as consequências da síndrome, que se caracteriza por ser uma síndrome de anomalias congênitas múltiplas. Portanto, as intervenções são voltadas para as patologias associadas, que variam de indivíduo para indivíduo. No caso clínico exposto, dado as deformidades encontradas, seria necessário acompanhamento multidisciplinar, tais como: odontológico, oftalmológico, ortopédico, otorrinológico, fonoaudiológico, fisioterápico, neurológico e terapia ocupacional. Para melhorar a qualidade de vida do paciente com Síndrome de Down faz-se necessário um acompanhamento multidisciplinar que envolva médicos de diversas especialidades. 4-Após o diagnóstico, quais sinais clínicos e/outra doenças poderiam estar associados? Em relação à Síndrome de Down, observa-se sinais clínicos como retardo mental, retardo do desenvolvimento, hipotelorismo (diminuição da distância entre os olhos), membros curtos, pescoço curto e com excesso de pele, hipotonia muscular, face achatada e não totalmente desenvolvida podendo ter hipoplasia maxilar, nariz em sela, orelhas de baixa implantação, prega com palmar única (único “traço” na mão), fissura palpebral oblíqua, prega epicântica larga, boca entreaberta, mancha de Brushfield, macroglossia, língua fissurada e retrusão da maxila (alteração, na forma, número e posição dos dentes). Quanto à Síndrome de Kabuki, por se tratar de uma síndrome de baixa prevalência, permanece baseada nas características clínicas e, após o diagnóstico, pode estar associada a fácies típica. Os sinais clínicos são diversos, a saber: fissura palpebral longa, especialmente quando vista de lado, hipertelorismo, sobrancelha arqueada com rarefação de pelos e terço lateral esparso, cílios longos e curvos, eversão da parte externa da pálpebra inferior, orelhas grandes, protusas e amolecidas, com baixa implantação, ponta nasal deprimida e septo nasal curto, palato alto e arqueado e/ou fenda palatina. Além disso, baixa implantação occipital dos cabelos, dentição deficiente e dentes esparsos, retrognatia, estrabismo e coloração azulada das escleras. As alterações se tornam mais proeminentes com o passar da idade. Estudos trazem que a síndrome de Kabuki, síndrome de várias anomalias congênitas, pode estar associada a alergia ao látex, imunodeficiência, pneumonias aspirativas, otite crônica, refluxo gástrico, escoliose, convulsão, rinite, microcefalia, broncoespasmo e sinusite. 5- O que poderia causar essa doença? A etiologia da Síndrome de Kabuki é desconhecida. Sugere-se que possa ser resultante da transmissão autossômica dominante, com expressão variável, sem distinção entre gênero, etnia ou idade. Técnicas recentes indicam que mutações no gene MLL2 são causa desta síndrome, pois temsido encontrada na maioria dos pacientes, considerando que pode haver heterogeneidade de loci. Recentemente, investigações independentes utilizando a técnica de sequenciamento de exoma identificaram alterações no gene MLL2 e relacionaram-no como causa desta síndrome; a alteração desse gene tem sido encontrada na maioria dos pacientes com esta síndrome, porém, por não ser 100%, é considerado que pode haver heterogeneidade de loci, o que explicaria este resultado. Uma das primeiras investigações foi realizada por Sarah Ng e Cols, que detectaram a mutação em nove entre dez pessoas. Sem dúvida, a mutação desse gene, que pertence à família das metiltransferases, é a principal causa do desenvolvimento da KMS, uma vez que sua alteração afeta os processos de transcrição de vários genes durante a embriogênese, explicando assim as características faciais e malformações em diferentes órgãos. Além disso, a carga genética prévia, a idade materna avançada e os agentes mutagênicos poderiam induzir a mutação - no caso do Down, a mutação numérica pela trissomia e no caso de Kabuki, a mutação gênica. 6 - Caso, exista outra síndrome/doença associada, como deveria ser realizado o diagnóstico? O diagnóstico da síndrome de Kabuki, uma síndrome rara, primeiramente, é baseada em alterações clínicas e um diagnóstico molecular funciona como uma ferramenta de comprovação genética, identificando mutações a serem consideradas na doença. Dessa forma, através dos fenótipos clínicos, os achados são chamados de Pêntade de Niikawa. Na confirmação pelo estudo molecular do gene MLL2 com a PCR, verifica-se o diagnóstico pré-natal e também pré-implantacional, sendo visível uma grande heterogeneidade alélica. A análise molecular do gene MLL2 KMT2D permite identificar mutação nesse gene que codifica a histona metiltransferase e regula a transcrição de genes envolvidos na embriogênese e desenvolvimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VIEIRA, K. Síndrome de Kabuki - Características e Diagnóstico Molecular. TCC (Bacharelado em Biomedicina) – UniCEUB. Brasília-DF. 2015. LOVATTO, L. Síndrome da maquiagem de kabuki. Relato de Caso - Scielo, 2002. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/aob/v10n3/14346.pdf>. XVIII Ciclo de Seminários Online PET Fisioterapia - UNIFAL-MG. Síndromes Raras. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5YvbD-nhVus>. SUÁREZ-GUERRERO, J. CONTRERAS-GARCÍA, G. Síndrome de Kabuki: caracterización clínica, estudios genéticos, manejo preventivo de las complicaciones y asesoría genética. Scielo/Medicas UIS vol.25 no.1, Bucaramanga-Colômbia. Jan./Apr. 2012. TEIXEIRA. V. Alergia ao látex em paciente com síndrome de Kabuki: Relato de caso. Scielo/Rev. Bras. Anestesiol. vol.60 no.5, Campinas-SP. Sept./Oct. 2010.
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