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É um transtorno do neurodesenvolvimento que se caracteriza por alterações presentes desde idade muito precoce, tipicamente antes dos dois anos de idade, com impacto múltiplo e variável em áreas nobres do desenvolvimento humano: Compromete principalmente a linguagem, comportamento e sociabilidade, e não apresenta, necessariamente, deficiência intelectual. dificuldades nas habilidades comunicativas atraso global do desenvolvimento. comportamentos repetitivos, interesses limitados e estereotipados. 1. 2. 3. Pontos principais afetados: interação social, comunicação, interesses e comportamento (incluindo emoção e afeto). A herdabilidade do transtorno do espectro autista está estimada em 80%. O cérebro de uma pessoa com TEA apresenta falha de comunicação entre os neurônios, dificultando o processamento de informações. Apresenta alterações microestruturais em diversas estruturas do SNC que raramente são vistas em ressonância magnética convencional. Alterações em diversos neurotransmissores: aumento de dopamina, excessiva liberação de serotonina, aumento do glutamato, redução do GABA. Alterações de neuropeptídios como oxitocina e vasopressina. Hipocampo: área de armazenamento e formação de memória de longo prazo. Crianças com autismo apresentam um maior volume do hipocampo direito do que crianças típicas. Corpos mamilares: sugere-se que em autistas a hipoativação dessa região seja relacionada ao prejuízo da capacidade de aprendizagem espacial. Córtex entorrinal: está ligado a numerosas fibras da região cortical que se conectam com o restante do córtex cerebral e áreas associativas, sendo responsável pelo processamento de informações sensoriais e motoras. Esta área está associada também a memória de 90 a 180 minutos que sucedem cada experiência. Alterações no volume e desenvolvimento dessa região tem sido associada ao autismo, e também incidência de patologias de Alzheimer e Parkinson. Amígdala: envolvida no processamento de emoções e do medo. Coordena respostas fisiológicas com base nas informações cognitivas, porque ela liga áreas do córtex com o sistema hipotalâmico e os sistemas do tronco encefálico que coordenam respostas metabólicas. A amígdala em crianças com autismo é inicialmente maior, entretanto, não continua a crescer com o desenvolvimento da idade, como é com crianças típicas. Foi encontrado também correlação entre o volume da amígdala e a gravidade do quadro clínico. Subículo: é a menor parte da formação hipocampal. Localiza-se entre o córtex entorrinal e o hipocampo. Como esta região atua na regulação do sistema de dopamina, anomalias na sua formação têm sido associadas ao autismo. Giro do cíngulo: é um aglomerado de fibras em formato de C e que fazem uma ligação comunicativa entre o sistema límbico e o córtex. Nesse sentido, esta área está ligada à ativação de memórias e a aprendizagem. A hipoativação desta região foi encontrada em estudos com autistas no qual os mesmos eram submetidos a necessidade de realizar julgamento social sobre outros. Menor quantidade de células de Purkinje: são neurônios altamente especializados presentes apenas no cerebelo e que tem a função de receberem impulsos sensitivos de articulações, tendões, músculos, olhos. Uma ampla variedade de métodos quantitativos e qualitativos apontam uma menor concentração de células de Purkinje em crianças com autismo. Córtex pré-frontal: é uma parte crítica do sistema executivo que se refere a capacidade de planejar, raciocinar e julgar. Está envolvido também no desenvolvimento da personalidade, nas emoções e na capacidade de exercer avaliação e controle adequado dos comportamentos sociais. Os padrões de maturação do córtex pré-frontal em crianças autistas são mais lentos e desorganizados. Lobo temporal: as disfunções das regiões temporais podem explicar grande parte dos sintomas clínicos (déficit perceptivo, emocional e cognitivo) observados no autismo. Além disso, as regiões associativas temporais estão estreitamente conectadas aos sistemas sensoriais associativos frontais, parietais e límbico. O lobo temporal é também fundamental para o processamento dos estímulos, dando origem às experiências vivenciadas em nosso mundo. Sabe-se que o comportamento autista está associado a diversas disfunções cerebrais que atuam em diferentes regiões do mesmo, tais como a ativação anormal auditiva, que segundo os autores Vilela; Diogo; Sequeira (2009) está associada ao córtex temporal esquerdo, essa região temporal também está associada à organização cerebral da linguagem. “Esta ativação anormal do hemisfério esquerdo pode estar envolvida nos prejuízos de linguagem e na resposta comportamental inadequada aos sons dos autistas” (VILELA; DIOGO; SEQUEIRA, 2009). As primeiras edições da CID não fazem qualquer menção ao autismo A oitava traz como uma forma de esquizofrenia, e nona agrupa-o como psicose infantil. A partir da década de 80, o autismo passa a fazer parte dos transtornos globais do desenvolvimento. Hoje, de acordo com os manuais psiquiátricos DSM-V (American Psychiatric Association, 2013) e CID-10 (Classificação estatística internacional de doenças, 2004) o autismo é considerado, respectivamente, como Transtorno do Neurodesenvolvimento e como Transtorno Global do Desenvolvimento. CID 10: F84.0; F84.1; F84.5 CID 11: 6 A02.0: TEA + sem deficiência intelectual (DI) + sem comprometimento (ou comprometimento leve) da linguagem funcional. 6 A02.1: TEA + com DI + sem comprometimento (ou comprometimento leve) da linguagem funcional. 6 A02.2: TEA + sem DI + com linguagem prejudicada. 6 A02.3: TEA + com DI + com linguagem prejudicada. 6 A02.4: TEA + sem DI + sem linguagem funcional. 6 A02.5: TEA + com DI + sem linguagem. 6 A02.Y: outro TEA especificado. 6 A02.X: TEA não especificado. As causas do TEA são multifatoriais. Recomendação formal para os cuidados gerais a todas as gestantes, especialmente com ingestão de produtos químicos, tais como remédios, álcool ou fumo. Estima-se que 80% dos casos de autismo são por causas genéticas, e 20% são ambientais. Prematuridade. Baixo peso ao nascer. Anoxia neonatal. Desregulação dos micronutrientes na mulher no momento da fecundação (ácido, fólico, ferro, vitamina D, magnésio, zinco). Estados inflamatórios sistêmicos da mãe. Episódio de febre nos 2 primeiros meses de gravidez. Uso de paracetamol. Drogadição. Estado emocional materno na gravidez. Prevalência de transtornos psiquiátricos na família. TEA na família (homens). Idade dos pais (mais tardios) PRINCIPALMENTE DO PAI! 60% das crianças com autismo tem TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO SENSORIAL (uma condição em que, tanto o cérebro, quanto o sistema nervoso apresentam dificuldades para processar estímulos do ambiente e os sentidos) e esses costumam ser os primeiros sinais das crianças que estão no espectro. Muito quieto ou muito irritado. Pouca resposta a expressões faciais. Não sorri de volta como retorno. Gosta de ficar olhando para a luz ou objetos que giram (ventiladores). Dorme muito ou dorme muito pouco. Pode não olhar nos olhos da mãe enquanto mama. Pouco interesse por face ou voz humana. Pode ser rígido e difícil de ninar no colo. Pouco balbucio e pouca “lalação”. De 0 a 1 ano: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Não mostra excitação com a comida ou a chegada da mãe/pai. 12. Pode demorar para conquistar marcos motores, principalmente o engatinhar. 13. Pode ser difícil a introdução alimentar. 14. Maior incidência de distúrbios do sono, cólicas, refluxo, intolerâncias alimentares, problemas gastrointestinais. Pode demorar a andar. A linguagem em geral já está atrasada, silaba poucas coisas ou nada. Pode ser seletivo no padrão alimentar. Pode andar na ponta dos pés. Pode ter estereotipias (principalmente de balançar para frente, mãos). Brinca enfileirando, empilhando. Gira a roda dos carrinhos. Não imita. Não aponta, não mostra algo. Não dá tchau, não manda beijo. Demora a olhar quando é chamado pelo nome. Ao fazer 1 ano: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Regressãoautística: perda de qualquer habilidade já adquirida. Características que antes não tinham se instalado ou não tinham sido percebidas, agora ficam bem mais evidentes! Pouco contato visual. Pode até olhar, mas não mantém. Frustração em excesso. Atraso de fala completo ou comunicação por repetição de palavras (Ecolalias). Estereotipias. Brincar isolado. Pode ter hipersensibilidade auditiva. Nauseia com muitas comidas e seleciona. Parece alheio. Prefere objetos do que pessoas. Com 2 anos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Ansiedade, com crises de fobia pode ser mais evidente. Problemas intestinais e anemia. Amigos imaginários. Pode falar apenas em repetição (ecolalia). Hiperfocos por desenhos, meios de transporte, brinquedos ou personagens. Podem não mais andar na ponta dos pés. Menos estereotipias. Dificuldade na aprendizagem. Dificuldade em manter amizades. Se estressa por pouca coisa, pode ter TOD (transtorno opositivo desafiador). Apego excessivo a rotinas. Egocentrismo. Muito literal. Respostas muito "sinceras". Com 5 anos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. LEVE: nível 1, grau 1, alto funcionamento. MODERADO: nível 2, grau 2, na maioria dos casos o diagnóstico está associado à deficiência intelectual (Klin, 2006). SEVERO: nível 3, grau 3, baixo funcionamento, sempre com deficiência intelectual associada. Diagnóstico e intervenções precoces: Quanto mais nova a criança, mais função de neuroplasticidade ela tem. As experiências precoces nos primeiros anos de vida são FUNDAMENTAIS para o funcionamento das conexões neuronais, sinaptogêneses e o desenvolvimento psicossocial. Integração sensorial (com terapeuta ocupacional); Terapia fonoaudiológica; Psicoterapia infantil; Acompanhamento terapêutico (AT); Psicopedagogo; Terapia Ocupacional; Equoterapia; Musicoterapia; Esportes; Família e escolas integradas SEMPRE. Opções terapêuticas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. ABA; TEACCH; DIR-FLOORTIME; DENVER; Son-Rise; PECS. Terapias (precisam de curso/especialização para serem aplicadas): 1. 2. 3. 4. 5. 6. 39,9%: 6 anos ou mais. 18,7%: 2 anos ou menos. 17%: 3 anos. 13%: 4 anos. 11,5%: 5 anos. Idades de diagnóstico: 1. 2. 3. 4. 5. O autismo é um transtorno do desenvolvimento que compromete áreas cerebrais que têm funções básicas para o desenvolvimento social e pessoal. Pessoas com TEA precisam de cuidados que envolvem diversos profissionais, médicos, terapeutas e professores. Quanto mais cedo puder ser identificado o Transtorno, menor poderá ser o nível de comprometimento tanto no processo de aprendizagem quanto no desenvolvimento humano em si. O comprometimento da família com o desenvolvimento e terapias estruturadas dessa criança é fundamental para o sucesso terapêutico (linguagem funcional, qualidade de vida, autonomia, aprendizagem, trabalho, socialização).
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