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Infarto Agudo do miocardio ANAMNESE Diagnóstico diferencial de dor precordial que irradia para dorso: dissecção aguda de aorta (DAA). Nesses casos, o exame mais simples a ser pedido para aumentar o grau de suspeição de DAA é a radiografia de tórax em que pode ser visualizado o alargamento de mediastino. O exame padrão ouro para a DAA é a TC. O paciente que esteja com dor precordial precisa ser levantado a suspeita de que esteja se tratando de uma doença arterial coronariana / síndrome coronariana aguda, direcionando sua anamnese, exame físico e complementares de acordo com a síndrome. Importante ter cuidado com o infarto em pacientes jovens e sem comorbidades, visto que nesses casos não faz sentido pensar em IAM como primeira hipótese. Diante de pacientes com cerca de 30 anos, sem comorbidades, o mais comum é pensar em: pericardite, gastrite ou equivalentes que tenham algum fator confusional. Entretanto, não é impossível que se trate de um IAM, especialmente do tipo 2 (MINOCA): síndrome de takotsubo, infarto por uso de cocaína, dentre outros. São fechamentos coronarianos – seja por espasmo coronariano ou outros - que não tem como mecanismo de origem a aterosclerose (não tem placa de ateroma / obstrução) como nos infartos tipo 1. Importante sempre pegar os fatores de risco mais relacionados ao infarto e presentes nos critérios de Framingham: A anamnese costuma ser simples e direcionada, tendo como pergunta investigativa mais importante: quanto tempo tem sentindo essa dor? A resposta para essa pergunta é decisiva para conseguir tratar o paciente da melhor forma possível. O tempo de sintomatologia é uma das informações mais importantes em um infarto agudo do miocárdio (IAM). Anamnese: idade do paciente, tempo de dor, características da dor, irradiação, histórico pessoal (comorbidades, infartos prévios) e familiar (infartos na família, infartos < 55 anos, morte súbita). Em seguida, deve ser prosseguido com o exame físico. SINTOMATOLOGIA O infarto tem uma sintomatologia escassa, podendo cursar com: Dor ou desconforto retroesternal que irradia para MSE, ângulo de mandíbula ou dorso Sinal de Levine: paciente em posição arqueada com punhos semicerrados no peito Dispneia, náuseas e sudorese Obs: em algumas mulheres e diabéticos podem ter dores atípicas que podem ser IAM: dor epigástrica, dor interescapular, dentre outras. EXAME FÍSICO O exame físico diante de uma suspeita de IAM é bastante direcionado e, basicamente, avalia-se 3 quesitos: 1. Ausculta cardíaca: procurar B3, hipofonese de B1, desdobramento de B2 2. Ausculta pulmonar: procurar estertores crepitantes e crépitos difusos 3. Pressão arterial: hipotensão (sugestivo de choque cardiogênico) Não é necessário fazer um exame físico completo em virtude de que precisa perder menos tempo possível com aquele paciente e agir para fazer o diagnóstico e tratamento corretos. Lembrar: tempo = músculo! ~emergencias clinicas~ Diabetes LDL e colesterol altos Hipertensão Tabagismo Os 3 quesitos citados são os mais importantes a serem investigados, visto que é com base neles que preenchemos os critérios de Killip de gravidade do IAM e, de forma subsequente, a melhor conduta terapêutica. Essa classificação se baseia no exame físico do paciente, sem levar em consideração ECG e enzimas. Killip 1: sem alterações no exame físico. Só tem dor precordial. Sem sinais de congestão pulmonar; Killip 2: já possui algumas alterações no exame físico como presença de B3 e/ou estertores crepitantes; Killip 3: edema agudo de pulmão (EAP); Killip 4: choque cardiogênico (mais grave). Quanto maior o Killip, maior a gravidade e, consequentemente, a mortalidade. EXAMES BIOMARCADORES CARDÍACOS CPK CK-MB Troponina BNP A CPK não costuma ser muito utilizada, tendo mais destaque a CK-MB + Troponina, associados ao ECG para diagnóstico. O resultado do ECG sai primeiro que o dos biomarcadores, não sendo necessário esperar a dosagem da CPK e o CK-MB para optar pela reperfusão, visto que podem demorar de 2 a 3 horas. Importante: a única coisa a ser levada em consideração para a terapia de reperfusão é o ECG e tempo de sintomatologia do paciente. ELETROCARDIOGRAMA Infarto com Supra → Significado clínico: fechamento agudo das coronárias. A característica do ECG a ser procurada é o supra desnivelamento do seguimento ST. O segmento ST vem logo após o QRS, no ponto J (ponto que termina o QRS) e vai até o início da onda T Na normalidade, o segmento ST deve estar alinhado com a linha de base (eixo isoelétrico). Entretanto, em situações patológicas, há um ST completamente desalinhado, estando acima em relação a linha de base, com o ponto J supradesnivelado. Na realidade, o diagnóstico de supra é dado, de fato, pelo supradesnivelamento do ponto J e não do ST em si. Isso porque toda vez que o ponto J supradesnivela, o segmento ST é puxado para cima, de forma subsequente. Ou seja: supradesnivelamento do ponto J = supradesnivelamento do segmento ST. O supradesnivelamento de ST não pode acontecer em uma derivação isolada, na verdade pode, mas isso será visto mais para frente. É preciso ocorrer, no mínimo, em um par derivacional que forme uma parede cardíaca. Cada eletrodo no coração forma uma parede cardíaca. V1 + V2: parede septal V3 e V4: parede anterior V5 + V6: parede lateral V7 + V8: parede posterior DII + DIII + aVF: parede inferior V3R + V4R: ventrículo direito DI + aVL: lateral alta Cada uma dessas derivações vai se unir para formar as paredes cardíacas e, assim, tentar mapear eletrocardiograficamente o coração. Ou seja, essas Não devem ser levados em consideração para adotar a terapia de reperfusão DA CD Cx derivações nada mais são do que a tentativa de mapeamento das diversas paredes cardíacas. Quanto mais eletrodos forem colocados, mais paredes serão mapeadas. É possível perceber que na colocação dos eletrodos já da para ver, mais ou menos, de V1 a V8 qual parede é cada. Exemplo: V1 e V2 estão exatamente localizados no septo interventricular, mapeando o septo; V3 e V4 estão na região anterior do tórax, formando a parede anterior; já V5 e V6 estão na lateral, mapeando a parede lateral; V7 vai estar na linha axilar e V8 na posterior, formando a parede posterior; jogando V3 e V4 para o lado direito ficará V3R e V4R, formando o ventrículo direito. A depender da posição dos eletrodos já da para saber, mais ou menos, qual a parede. Cada uma dessas paredes é irrigada por determinadas coronárias. De V1 até V6, ou seja, da parede septal até a parede lateral a irrigação é feita pela descendente anterior (DA). A parede posterior, a parede inferior e o ventrículo direito são irrigados pela coronária direita (CD). A parede lateral alta é irrigada pela circunflexa (Cx). Cada coronária é responsável pela irrigação de suas paredes. O coração possui 3 grandes vasos cardíacos: Coronária Direita: ventrículo direito e parede inferior; seus ramos marginais podem chegar ao posterior Descendente Anterior: septo antero-lateral Circunflexa: lateral alta A DA e Cx são ramos tributários diretos da coronária esquerda. De V1 até V6 temos as precordiais que precisam estar aos pares. Não é possível, por exemplo, suprar V1 apenas e não suprar V2 em um infarto de parede septal; do mesmo que não é possível suprar V3, não suprar V4 e V5, e suprar V6 em um infarto de antero- lateral. A corrente de lesão não é saltatória, é única! Se existe lesão em V3 e V6, obrigatoriamente tem que ter em V4 e V5 porque estão entre os outros dois. Entretanto, pode existir uma contiguidade de parede. Por exemplo, V2 e V3 estão suprados e, por contiguidade das paredes, podemos estar diante de uminfarto de parede anteroseptal. Do mesmo modo, V3 pode estar normal, mas V4 e V5 suprados e isso ser um infarto de parede anterolateral devido a contiguidade formada por elas. Quando há supradesnivelamento de V1 a V6, ou mesmo de V2 a V5, isso é chamado de infarto de parede anterior extensa. O raciocínio de DII, DIII e aVF é usando três derivações para mapear a parede inferior (a maior do coração). Não é necessário ter um trio derivacional / que as 3 estejam supradas; se suprar DII e aVF está valendo, do mesmo modo que suprar DIII e aVF também está. O que não pode é suprar DII e DIII e não suprar aVF, uma vez que aVF está no meio. Lembrando que a corrente não é saltatória, ou seja, se atingir duas extremidades o que estiver no meio também será prejudicado. ECG 1: No exemplo abaixo temos uma lesão em que DII, DIII e aVF estão suprados. É um exemplo clássico de infarto de parede inferior irrigado pela coronária direita (a mesma que irriga o ventrículo direito). ECG 2: em V1 há linha isoelétrica, QRS, ST bem alinhado com a linha de base e a onda T. Já em V2 o segmento está em cima, desalinhado, e também em V3, V4, V5 e v6. É possível ver a supra, também, em DI e aVL. Diante disso, é possível dizer que temos um importante supra que pode estar relacionada com uma oclusão do tronco, visto que há tanto a parede antero- septo-lateral (V2 a V6), quanto a lateral alta. E o que explicaria bem essa lesão é a topografia do tronco da coronária esquerda, ocluindo tanto a DA, quanto a Cx. É possível ver, ainda, que em DII, DIII e aVF o segmento ST também não está alinhado, mas não está supradesnivelado e sim infradesnivelado. Nesse caso, não pode dizer que é um “infra de ST” porque nas outras derivações tem supra de ST. Nesses casos, se houver algum seguimento ST infradesnivelado onde tem supra de ST, chamamos de imagem em espelho. Imagem em Espelho: forma como uma parede está enxergando a outra sendo “morta” / é a forma vetorial e eletrocardiográfica de como uma parede enxerga a morte elétrica da outra. É o nome dado para tudo que estiver infra na presença de um supra. Não é uma lesão, apenas um achado. Importante salientar que quanto maior o supra, maior a extensão da lesão. ECG 3: é possível identificar um supra de parede inferior. Se DII e DIII são afetados, o aFV também acaba sendo por estar entre eles. É possível visualizar, também, um supra de ST mais simples em V5 e V6. Além disso, há imagem em espelho da lateral alta em DI e aVL. V2 também possui, mas não forma parede porque V1 e V3 não estão. A presença de uma imagem em espelho reforça, em muito, a possibilidade de aquele supra ser uma corrente de lesão, visto que só há espelho de corrente de lesão. ECG 4: Exemplo disso pode ser visto do ECG aqui. Inicialmente poderia ser laudado como uma alteração de repolarização precoce, mas olhando para V1, V2 e V4 em espelho fala a favor de que em DII, DIII e aVF seja um supra de ST e não alteração de repolarização precoce. ECG 5: temos supra de ST em DII, DIII, aVF e, além disso um tipo de bloqueio atrioventricular (BAV). ECG 6: supra de ST em DII, DIII, aVF, V5 e V6, mas não tem imagem em espelho. A presença da imagem em espelho oferece mais segurança para afirmar que é um supra de ST; entretanto, sua ausência não significa que não se trate de um supra. ECG 7: supra em V2, V3, V4, DI e aVL. DII, DIII e aFV com imagem em espelho, assim como em V5 e V6. ECG 8: supra maior em DII, DIII e aVF; imagem em espelho na parede lateral alta e antero-septo- lateral, ou seja, V2, V3, V4 e V5. ECG 9: baita supra em parede inferior (DII, DIII e aVF), bem como em V3, V4, V5 e V5; pequeno espelho em parede lateral alta e septal ECG 10: supra em DII, DIII e Avf. Lembrando que a maioria dos infartos acontecem em parede inferior. ECG 11: supra de aVR! É o único que pode suprar sozinho. Nesse caso é chamado de lesão circunferencial = tronco da bifurcação da coronária esquerda ou equivalente do tronco (ramo muito proximal da DA ou ramo muito proximal da Cx). Na maioria das vezes é uma lesão grave. ECG 12: supra de aVR mais modesto, bem como em V1 e sem supra em V2. Isso pode acontecer porque V1 pode funcionar como V2R e, por vezes, o eletrodo de V1 é colocado um pouco mais a direita que o normal e isso faz com que mapeie mais o ventrículo direito do que o septo, gerando essas não conformidades de suprar V1 e não suprar V2. Nesses casos, pede o V3R e V4R, se o V3R já suprar isso já forma contiguidade com o V1 que, nesse caso, está como V2R. Geralmente nesses casos em que há supra de aVR, o eletro costuma espelhar todo. CAUSAS DE SUPRA Existem algumas coisas de supra de ST que não significam IAM: Pericardite BRE Alteração precoce de repolarização Síndrome de Brugada Aumento da PIC Pericardite Causa importante que faz supra difusa, poupando apenas aVR e V1. Ou seja, supra todas as derivações, exceto aVR e V1. Muito comum em pacientes pós-Covid. Bloqueio de Ramo Esquerdo (BRE) Outra causa importante de supra que não significa infarto é o bloqueio de ramo esquerdo, muito comum na população geral (cerca de 30%). Eleva o segmento ST, ponto J em cima V1, V2, V3; mas, nos BRE, tem um alargamento de QRS. Normalmente, mesmo que o BRE seja desconhecido, os critérios de Sgarbossa costumam sempre ser aplicados. Nesses critérios, a partir do momento que atinge uma determinada pontuação é possível confirmar/assegurar que aquele supra do BRE não é apenas do BRE, tem infarto também. Existem 3 situações nesses critérios: a) Supradesnivelamento de segmento ST ≥ 1mm concordante com o QRS. Ou seja, da mesma forma que o supra de ST, o QRS está para cima. b) Infradesnivelamento de segmento ST ≥ 1mm concordante com o QRS em V1, V2 e V3. Ou seja, da mesma forma que o infra de ST, o QRS está para baixo nas derivações V1, V2 e V3. c) Supradesnivelamento de segmento ST ≥ 5mm em qualquer derivação. Alteracao de Repolarizacao Precoce Possivelmente é a alteração mais fácil de se confundir. Tem como característica um QRS e logo depois uma onda T que já emenda no QRS antes de acabar. A ausência de espaço entre o segmento ST e o emendar direto da onda T no QRS configura a chamada alteração de repolarização precoce. É o eletro que mais confunde se é IAM ou não. Sindrome de Brugada Também pode elevar ponto J e não ser infarto. Tem como característica supradesnivelamento do ponto J com declínio em plano inclinado, em V1 e V2, emendando com a onda T. Esse declínio em plano inclinado é chamado de deflexão intresecóide do segmento ST. QUAL O LAUDO DOS ECGS ABAIXO? ECG 1: estar atento pois não se trata de um supra de DIII e aFV, configurando parede inferior. O que temos, de fato, é um alargamento do QRS. Por isso é tão importante começar a análise do ECG pela largura do QRS. Nesse caso, o que está elevado é o R R’, mas o seguimento ST está alinhado com a linha de base. ECG 1: muitos acreditam que tenha um supra de aVR e DIII, com infra difuso. Entretanto, o segmento ST de DIII está perfeito, o que acontece é o alargamento do QRS. O ponto J está alinhado com a linha de base. Se não começar analisando a largura do QRS, a chance de errar é maior. BIOMARCADORES CARDÍACOS CPK CK-MB Troponina BNP Solicita os marcadores CK-MB e troponina, lembrando que eles não devem ser levados em consideração para adotar a terapia de reperfusão. Para a terapia de reperfusão só leva em consideração o tempo de sintomas e o ECG. O CK-MB começa a alterar nas primeiras 2h, porém não tem tanta sensibilidade e especificidade quanto a troponina, que é o marcador de maior acurácia para IAM. Importante atentar ao fato que da mesma forma que muitos fatores podem fazer supra e não ser um IAM, existemfatores que também podem elevar troponina e não ser IAM. Entretanto, será muito difícil ter uma curva de ascensão da troponina e aquilo não significar um IAM. Ou seja, uma troponina isolada no valor de 0,1 (v.r = 0,001) significa uma troponina elevada, mas pode não ser IAM; mas, se essa troponina for elevando com o tempo (ex: 0,1 -> 0,4 -> 0,5 -> 1,0) isso firma o diagnóstico de IAM juntamente ao cateterismo. Em síntese: curva de ascensão de troponina = infarto. A troponina deve ser, idealmente, dosada a cada 6h, demorando cerca de 8 a 12h para se elevar e, por isso, o ECG é importante para diagnóstico. Se o paciente tiver dor precordial e troponina positiva (quanti-qualitativo positivo) já pode ser considerado infarto. Entretanto, dor mal caracterizada, pacientes jovens, é preciso pensar em outras causas que não necessariamente um IAM. Por exemplo: Tromboembolismo Pulmonar Insuficiência Renal Não devem ser levados em consideração para adotar a terapia de reperfusão Insuficiência Cardíaca Pericardite TRATAMENTO TRATAMENTO DO IAMCSST OU COM BRE NOVO OU PRESUMIVELMENTE NOVO Enquanto o paciente espera o resultado do ECG e das enzimas é preciso agir fazendo as medicações que modificam mortalidade nas primeiras horas e sintomáticos para dor. A dupla de ataque mais importante a ser administrada para o paciente é o AAS e o Clopidogrel (juntos reduzem 18 a 20% da mortalidade). MONACH AAS e Clopidogrel são drogas obrigatórias para iniciar o ataque contra o IAM. AAS O AAS é inibidor da cox, ou seja, inibe a produção de prostaglandina E2 que, por sua vez, inibe a expressão plaquetária de tromboxano A2 (TxA2), importante fator de agregação plaquetária. Com a inibição da via de TxA2 temos, nesse caso, inibição da agregação plaquetária. Dose: 160 – 325mg. Normalmente, no Brasil, temos comprimidos de 100mg, então será feito 200 ou 300mg = 2 ou 3 comprimidos. Solicita que o paciente mastigue e engula porque quanto menor a molécula que chega ao estômago, mais fácil a absorção. Do mesmo modo, se o estômago estiver com alimento, melhor do que o estômago vazio para absorver. Clopidogrel O clopidogrel inibe a expressão plaquetária da P2Y12 (receptor de ADP) importante fator de agregação plaquetária. O clopidogrel é uma pró-droga e não uma droga ativa, ou seja, precisa ser absorvida, passar para o fígado e, a partir da proteína P450, é convertida em droga para poder exerce seus efeitos de antiagregação plaquetária. Se o indivíduo tiver problemas hepáticos ou de absorção do TGI, o clopidogrel pode não fazer o efeito devido e, nesses casos, costuma ser usado o ticagrelor. Dose: 300 – 600mg. Normalmente, no Brasil, temos comprimidos de 75mg, então será feito de 4 a 8 comprimidos. 4 comprimidos (total 300mg): pensar em fibrinólise ou nenhuma estratégia de reperfusão 8 comprimidos (total 600mg): pensar em intervenção coronária percutânea (pacientes com possibilidade maior de trombose de stent pós-angioplastia) As demais drogas/procedimentos são para conferir maior conforto ao paciente. Obs: Paciente > 75 anos, mesmo que seja encaminhado para a ICP, não faz dose de ataque do clopidogrel; faz apenas 75mg (01 comprimido). Oxigenio Importante salientar que o oxigênio não é necessário ser ofertado para todo mundo, visto que hiperóxia pode ser pior que a hipóxia em algumas situações - como no caso do IAM - por aumentar a mortalidade devido a produção de radicais livres que aumentam a lesão isquêmica no coração. Quando indicado, deve ser administrado por meio do cateter nasal objetivando uma Sat O2 > 94%. Nitrato O nitrato são dois os usados no IAM: Isordil: sublingual, 5mg (pode fazer a cada 5 minutos em um total máxima de 15mg) M: morfina O: oxigênio N: nitrato A: AAS (SIS 2) C: clopidogrel (clarity timi 28 e commit - ccs) H: heparina Tridil (nitroglicerina): bomba de infusão (+- 10ml/h) O Tridil tem poder de fazer maior de vasodilatação coronariana e dilata menos a periferia. Isso é importante porque um paciente com infarto de ventrículo direito (VD), por ser uma câmara extremamente dependente de pré-carga / volume, se dilatar muito a periferia aumenta a impedância do vaso, aumentando sua quantidade de sangue armazenada e pouco sangue vai para o VD, diminuindo a pré-carga e prejudicando ainda mais a hemodinâmica e contratilidade do VD. Nesses casos, portanto, o isordil está contraindicado e o tridil pode ser usado com ressalvas (iniciar com doses baixas e aumentar paulatinamente) e se tiver controle da hemodinâmica de VD (valor ecocardiográfico da medição da contratilidade ejeção de VD, diâmetro de veia cava, aumento do tamanho da câmera de VD, dentre outros). Importante: em infarto de VD evita-se, ao máximo, dar nitrato ao paciente. O isordil não dá em nenhum caso; tridil pondera a utilização por se dilatador coronariano específico, vasodilata menos a periferia, mas ainda assim diminui a pré-carga e pode piorar a hemodinâmica de VD. Quando suspeitar de infarto de VD? Infarto de parede inferior e quem irriga essa parede é a coronária direita e, portanto, quem irriga o VD é a coronária direita. Desse modo, nada impede que VD também esteja infartado em um IAM de parede inferior. Obs: tridil e isordil são utilizados para tirar o paciente do episódio de dor. É contraindicado fibrinólise de pacientes com pressão arterial > 175 x 110mmHg. Nesses casos, o tridil é a droga de escolha. Atenção: nipride / nitroprussiato de sódio não devem ser utilizados no IAM porque faz sequestro coronariano e perfunde ainda menos o coração. Morfina Sua presença no protocolo não é em decorrência do seu poder opiáceo, mas sim porque tem o poder vasodilatador. Ou seja, se o nitrato não conseguir tirar o paciente da dor, pode tentar a morfina. Possui a mesma contraindicação que o nitrato: não deve ser utilizada em infarto de VD. Heparina Se optar por fibrinolisar o paciente é necessário fazer heparina antes. Se for mandar para ICP não é necessário. A heparina de escolha é pelo clexane. Dose: 30 mg, IV FIBRINÓLISE X ICP Somente devemos pensar em uma estratégia de reperfusão se o tempo de início dos sintomas até o tempo de reperfusão for < 12 horas (idealmente < 6h). O que importa, de fato, no IAM é reperfundir o paciente. Apesar de o como AAS + Clopidogrel diminuir mortalidade, eles não impedem que o paciente se torne um cardiopata grave com ICC severa de etiologia isquêmica (perde parede cardíaca -> diminui fração de ejeção -> icc). A fibrinólise é o que vai impedir que esse tecido miocárdico afetado morra, preservando a parede. Esses critérios são aplicados para sintomatologia < 12 horas E ao ECG infarto com supra de ST ou BRE novo / possivelmente novo. Como escolher a melhor estratégia: todas as duas são boas estratégias de reperfusão, mas dependendo de cada caso uma será mais indicada/viável do que a outra. No IAM Killip 1 e 2 tanto faz fibrinolisar (química) ou ICP (intervenção coronário percutânea, também chamada de angioplastia primária feita nas primeiras 12h de chegada do paciente = balonamento seguido por stent), devendo optar pelo que for mais viável nesse momento, visto que o desfecho será parecido para ambos e mesmo benefício. Já no IAM com Killip 3 e 4 a ICP (hemodinâmica) tem muito mais benefícios do que a fibrinólise. Se o tempo de realização do ICP for > 90 minutos é mais viável que seja feita a fibrinólise. O tempo da realização do ICP (porta-balão) não deve ultrapassar 90 minutos; se perceber que não vai conseguir ser feito nesse tempo, optar pela fibrinólise (porta-agulha). Tempo porta-balão: 90 minutos Tempo porta-agulha: 30 minutos Tempo porta-eletro: 10 minutos Esses tempos devem ser respeitados assim que o pacienteentra na emergência. Pode continuar fazendo fora desse tempo, mas não é o ideal preconizado. Se serviço de hemodinâmica estiver disponível, a ICP é uma realidade. Entretanto, importante ressaltar que não está disponível em todos os hospitais, motivo pelo qual, nesses casos, opta-se para fibrinólise. A ICP também é a escolha para pacientes com contraindicação para fibrinolíticos: AVC prévio, HDA, dentre outros. Descartar fibrinólise. Se o diagnóstico de IAM for duvidoso deve-se optar pela ICP porque o máximo que pode acontecer é sangramento pela via de acesso. Entretanto, na fibrinólise pode haver sangramento cerebral, maior risco. DOSES DOS FIBRINOLÍTICOS Ativador do plasminogênio tecidual => ALTEPLASE 15 mg, IV, em bolus 50 mg, IV, em 30 min 35 mg, IV, em 60 minutos TENECTEPLASE (Metalise) Mais fácil de ser utilizada e considerada a melhor para fibrinólise hoje em dia. Lembrar: quando fibrinolisar o paciente não pode fazer acesso venoso central, sondagem vesical e nem punção profunda devido ao risco de sangramento. Obs: a fibrinólise tem critério de idade porque ainda não foi testada em < 18 anos e, em > 75 anos a chance de sangramento é alta. Grafico No eixo das ordenadas temos a redução da mortalidade em %, no eixo da abscissa temos o tempo de sintomatologia do infarto. A área sobre o gráfico mostra a área de miocárdio salva. É possível observar que se fibrinolisar o paciente com menos de 2h de sintomatologia – ponto D – tem redução de 80% da mortalidade e uma área expressiva de miocárdio salvo. Se demorar 1h e 30 min a mais que isso – ponto C – a redução da mortalidade cai para cerca de 50%, salvando uma região menor de miocárdio. Se demorar 6h – ponto B – a redução cai para menos de 20% (menor que se usando apenas AAS e clopidogrel) e perdendo uma área bem maior de miocárdio. No fim das contas, o gráfico mostra que quanto menos tempo perder para reperfundir o paciente, maior redução de mortalidade e menos área miocárdica perdida. IAMSSST No IAM sem supra não adota nenhuma estratégia de reperfusão primária (fibrinólise ou ICP). Posteriormente o paciente faz um CATE, dependendo do seu escore Timi Risk e Grace. Se escores baixos: CATE eletivo Se escores altos: CATE mais urgente Utilizar AAS + Clopidogrel para IAM sem supra e, se elevar troponina, faz a heparina (clexane - 1mg/kg, SC, 12/12h). Pode usar isordil (5mg, sublingual) para a dor. O clexane deve ser mantido até fazer o cateterismo e avaliar se existe alguma coronária que seja possível angioplastar posteriormente, ou não. Em síntese, o que muda do IAMCSST para o IAMSSST é a estratégia de reperfusão. Obs: a principal contraindicação do clexane é a insuficiência renal. Nesses casos, abre protocolo para uso de heparina não fracionada ao invés da heparina do baixo peso molecular. MONA: utilizar em pacientes com sintomas de IAM cujo ECG tenha infra de ST ou não possuir alterações. Se marcadores miocárdicos vierem alterados, estude o uso de: Beta-bloqueador Clopidogrel (se GRACE < 108) Ticagrelor (se GRACE > 108) Heparina Abciximab
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