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Ester Paiva P8M1 2024/1 Cef���i� na Eme��ên�i� Definição Dor que acomete o segmento cefálico; grupo heterogêneo de doenças que cursam com dor recorrente. ● é a terceira causa mais comum de incapacidade em pessoas com menos de 50 anos ● é o quarto motivo mais frequente de consultas em pronto atendimento Passo a passo ● Anamnese: sinais de alarme, característica, intensidade, tempo de dor, acontecimentos prévios como traumas e episódios anteriores, sintomas associados, HIV, anticoagulação, aborto, trombose prévia, tabagismo… ● Informações importantes: perda de força de um lado do corpo, dormência unilateral, soluço (indica acometimento de Bulbo ), visão dupla, lacrimejamento, fatores de piora e melhora; alergia, patologias prévias, histórico de trombose (perguntar se toma medicações de uso diário), aura (escotomas…). ● MOV: um acesso venoso periférico (2 seria se fosse uma crise convulsiva na qual é necessario uso de fenitoína, AVC para trombólise, por exemplo) ● Exame físico: ectoscopia (lesões de pele), sinais meníngeos (brudzinski, rigidez de nuca, lesegue, kernig), exame cefaliátrico (palpação de pontos gatilhos e dolorosos para avalisar se dor miofascial associada), teste de força, exame de fundo de olho, temperatura, glasgow, TEC ● Estabilização clínica: antiemético (Ondansetrona 8 mg/2 mL – IM adulto; criança acima de 3 anos 4mg), hidratação adequada (500-1000mL correr em 1h), corrigir PA, manter temperatura >34 ≤ 37,8°C, ● Analgesia (Opióide para secundária) ● Exames complementares: TC, Angiorressonância, INR, punção lombar (exceto se CI e hipotensão liquórica), hemograma, glicose, VHS… ● Manejo adequado. ● Orientações antes da alta (avisar sobre sinais de alarme) Cefaleias primárias São doenças em que a dor é gerada por uma disfunção do complexo sistema de modulação sensitiva, que cursa com ativação do sintoma de maneira recorrente. A forma mais comum no pronto atendimento é a enxaqueca (ou migrânea), e na população geral a cefaleia tipo tensão. As cefaleias trigêmino-autonômicas, apesar de menos frequentes, se manifestam com dores muito intensas e incapacitantes. Dependem de fatores endógenos (genéticos ou neuroquímicos - 5-HT) e de fatores desencadeantes como álcool, alimentos específicos, cafeína, ruídos altos, odores fortes, fumaça, distúrbios do sono, fadiga , menstruação, menopausa, atividade física extenuante, entre outros. Tipos segundo a Sociedade Internacional de Cefaléia: 1. Enxaqueca - Enxaqueca: na maioria das vezes unilateral e de caráter pulsátil com forte intensidade; sua duração varia entre 3-72 horas). Diagnóstico clínico. - As principais classes de drogas para o tratamento da crise aguda são os triptanos, os anti-inflamatórios não hormonais, os analgésicos comuns e os bloqueadores dopaminérgicos de preferência por via parenteral. Analgésicos + AINES EV + dexametasona. - Estabelecer hidratação adequada. - Orientar quanto ao tratamento de recidivas após a alta. Profilático: BB (propanolol), ADT (amtriptilina ou duloxetina), BCC, Topiramato… - >15 dias/mês tomando analgésicos simples ou > 3 dias seguidos ou >10 dias analgésicos combinados pode causar abuso de analgésico. Ester Paiva P8M1 2024/1 2. Tensional - Cefaleia de intensidade leve a moderada; Bilateral, não pulsátil (peso, pressão, faixa), duração de 30 minutos a sete dias). - O tratamento do episódio agudo é feito com analgésicos comuns (dipirona, paracetamol) ou anti-inflamatórios não hormonais (cetoprofeno, ibuprofeno, nimesulida). 3. Trigeminais autonômicas e em Salvas - Dor unilateral intensa em região orbital, supraorbital e/ou temporal associada a disautonomia, durando de 15 a 180 min (pico entre 2-15min)) - Entre as cefaleias trigêmino-autonômicas, a cefaleia em salvas é a mais frequente. - Predomina na população do sexo masculino e tem pico de incidência entre a terceira e a quinta décadas. - Acompanhada de sintomas autonômicos ipsilaterais (hiperemia conjuntival, lacrimejamento e ptose, congestão nasal unilateral e rubor facial) - Tratamento: oxigênio a 100%, com fluxo de 10 a 12 L/min em máscara não reinalante por 10 a 20 minutos, e sumatriptano 6 mg via subcutânea, ou 20 mg spray nasal. 4. Outras (tosse, esforço, atividade sexual, cefaleia persistente diária, etc). Manejo enxaqueca na emergência: ● Hidratação ● Dipirona: 2g diluir em 1 ampola de 10 ml de água destilada ● Ondansetrona: 10ml de água destilada ou em soro ● Cetoprofeno: 100mg SC diluir em 100ml de soro fisiológico ● Dexametasona: se refratário; 10ml de água destilada ou em soro (evita refratariedade da dor) ● Sumatriptano: 6-12mg VS ou 50-200mg via oral (CI se doenças cardiovasculares já que faz vasoconstrição) OU Ergotamínicos ● Amitriptilina: 10mg antes de dormir (dá sono); 10, 25 ou 75mg Ester Paiva P8M1 2024/1 ● Clorpromazina: usado se casos refratários. 25 mg diluído em 250 de soro e depois + 500 ml de soro pra evitar hipotensão; IV ● NÃO FAZER OPIÓIDE (pior a dor) Cefaleia por abuso de analgésicos: ● Uso de analgésicos combinados há mais de 1 mês por 3 meses seguidos. Tratamento profilático Quando há presença de crises prolongadas ou refratárias ao tratamento agudo, crises com impacto funcional importante e pacientes com mais de 3 crises no mês ou 2 na semana. ● Betabloqueadores (1 opção se não houver comorbidade por ser um antagonista; Propanolol) ● Antidepressivos (Amitriptilina ou Duloxetina, que tem mais EA iniciais) ● Anticonvulsivantes (Topiramato: EA lentidão de raciocínio) ● BCC (Nifedipino) ● Anti-inflamatórios (Ibuprofeno) Cefaleias secundárias Se dão quando alguma patologia detectável gera a dor entre seus sintomas. A forma mais comum em pronto atendimento é a cefaleia por infecção das vias aéreas superiores (IVAS). As cefaleias secundárias não traumáticas mais importantes no contexto do pronto atendimento são: ● hemorragia subaracnóidea (HSA), (podem apresentar-se com cefaleia de intensidade moderada, e responder com melhora inicial ao uso de analgésicos comuns) ● hemorragia intraparenquimatosa cerebral (HIP), ● acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi), ● dissecção de artérias cerebrais e cervicais, ● trombose venosa cerebral (TVC), ● síndrome da vasoconstrição arterial reversível (SVAR), ● síndromes de hipotensão e hipertensão liquórica, ● cefaleia secundária a infecções das vias aéreas superiores (IVAS) Avaliação Inicial ● sinais vitais e a garantia da estabilidade clínica ● anamnese direcionada à verificação de sinais de alarme ● exame neurológico direcionado ● estabelecer a necessidade de exames complementares ● o tratamento sintomático deve ser instaurado simultaneamente à investigação, e guiado pela intensidade da dor e pelos outros sintomas associados Sinais de alarme É importante destacar a importância do padrão de instalação da cefaleia. A intensidade da dor e a resposta ao tratamento sintomático são maus preditores de causas secundárias. Ester Paiva P8M1 2024/1 Exame clínico ● Avalia-se o nível de consciência (orientação, presença de agitação, desatenção ou sonolência, sinais focais, exame de pares cranianos e sinais meníngeos, exame de fundo de olho por oftalmoscopia direta), os sinais vitais, a presença de toxemia e de lesões de pele. ● No exame físico os principais achados de risco são: alteração do nível de consciência, sinais de toxemia, meningismo, sinais neurológicos focais e fundo de olho alterado, especialmente com papiledema. Exames complementares A necessidade de investigação da cefaleia no pronto atendimento com exames complementares é determinada pela presença de sinais de alarme. ● mudança no padrão da crise, ● cefaleia de forte intensidade e início súbito, ● infecção concomitante, ● dor desencadeada por exercício físico ou atividade sexual, ● início após os 40 anos e ● imunossupressão prévia O primeiro exame a ser solicitado é a tomografia de crânio sem contraste. ● Infecção (meningite ou meningoencefalite): punção lombar para análise do liquor ● Trombose venosa cerebral, dissecção arterial cervical, aneurisma cerebral e síndrome da vasoconstriçãoarterial reversível: venografia por tomografia ou ressonância magnética. ● Idosos: dosar VHS (caso alterado, devem ser submetidos à biópsia da artéria temporal - arterite de células gigantes) Diagnósticos diferenciais ● Início súbito HSA, aneurisma, HIP, TVC, dissecção ● Piora progressiva HSD, hipertensão intracraniana (neoplasia) ● Início após os 50 anos Arterite de células gigantes, neoplasias, glaucoma ● Sintomas sistêmicos associados Meningite, encefalite, doenças autoimunes ● Alteração neurológica focal ou do nível de consciência HSA, AVCH, dissecção, infecção, neoplasia ● Papiledema Lesão expansiva, hipertensão, meningite ● HIV e neoplasia Infecções oportunistas, metástase ● Gestação e puerpério Trombose venosa central, dissecção arterial ● Deflagrada por esforço ou manobra de Valsalva HSA, vasoconstrição arterial ● História de traumatismo craniano Hematoma subdural, hemorragia subaracnóidea, dissecção arterial Cef��éi�s Sec���ári�� Hemorragia subaracnóidea (HSA) Cefaleia súbita e de forte intensidade cuja principal causa é a ruptura de um aneurisma cerebral, com alteração de nível de consciência. Traumática ou ruptura de aneurisma (mortalidade 80%) ● Investigação inicial: Sinais meníngeos, Glasgow, TC de crânio sem contraste nas primeiras 12 horas do início do sintoma ● Punção liquórica para excluir a presença de sangramento (acidente de punção pode gerar resultado falso-positivo). Se positivo angiotomo, angiorressonância ou arteriografia digital. ● Avaliados da neurocirurgia e/ou radiologia intervencionista para programação do tratamento definitivo. ● Utilizar Nifedipino apenas na aneurismática. Ester Paiva P8M1 2024/1 ● Glasgow ≤ 8, aumento de pressão intracraniana, hipoxemia ou instabilidade hemodinâmica IOT ventilação mecânica invasiva. ● Após a estabilização inicial, os pacientes devem ser transferidos para centros com experiência neurovascular, de preferência com uma unidade neurológica, com cuidados de unidade de terapia intensiva (UTI). ● PAS < 160 mmHg ou PAM < 110 mmHg (propanolol ou nicardipina EV); Analgesia (narcóticos); Glicemia entre 80 a 120 mg/dL (infusão contínua de insulina, se necessário); Temperatura ≤ 37,8°C; Hb entre 8 e 10 g/dL; PIC menor que 20 mmHg e perfusão cerebral >70%; Cabeceira elevada a 30º; Meias compressivas; heparina (5.000 U SC três vezes por dia); Hiperventilação… ● Os pacientes em uso de anticoagulação devem receber reversão rapidamente: heparina intravenosa sulfato de protamina; varfarina complexo protrombínico ou concentrado de complexo protrombínico (CCP) ativado (fatores II, IX e X ). Dissecção Arterial Causa comum de acidentes vasculares cerebrais em jovens; tem como apresentação clínica mais comum a dor cervical ou craniana. A evolução da dor pode ser gradual ou súbita (em thunderclap ou trovoada). É mais comum em mulheres e pode estar relacionada a história de traumas. ● Dissecção carotídea a dor geralmente é cervical, retroorbitária e frontal. Síndrome de Horner pode estar presente (semiptose e miose e sem anidrose). ● Dissecção vertebral a dor é comumente cervical posterior, com irradiação para região occipital e temporal. ● Investigação: angiotomografia, angiorressonância, ressonância magnética de alta resolução. ● Devem ser submetidos a trombólise quando elegíveis. ● O tratamento da dissecção pode ser realizado com dupla antiagregação plaquetária (AAS+Clopidogrel) Ester Paiva P8M1 2024/1 Trombose Venosa Cerebral (Infarto venoso) A instalação da cefaleia é geralmente gradual e progressiva no período de dias, mas apresentação súbita em thunderclap é possível. Dor holocraniana (cabeça toda), caráter pulsátil. Pode vir associada a foto e fonofobia, náusea e vômitos (verificar se risco como trombofilias, gestação e puerpério) e evoluir com crise convulsiva (Diazepam IV 10-40mg sem diluir 2 tentativas, Fenitoína IV 125-500mg em 15 min, Midazolam, Propofol). Geralmente ocorre após quadro infeccioso. ● Perda de força de um lado do corpo, dormência unilateral, visão dupla, lacrimejamento, fatores de piora e melhora; alergia, patologias prévias, histórico de trombose (perguntar se toma medicações de uso diário), aura (escotomas…), vertigem, diplopia e soluço (indica acometimento de Bulbo) ● É fundamental a realização do fundo de olho, pupila. Se sinais de hipertensão craniana: elevar cabeceira e Manitol a 20% (100ml de solução contém 20g de manitol), na dose de 1,0 g/kg (frasco de 250 ou 500). ● TC de crânio com venografia de crânio: evento isquêmico (hipodenso); Angiotomografia (contraste+) ou angiorressonância (se alergia a contraste iodado). Com TC Flair é possível avaliar trombos. ● O tratamento é feito com anticoagulação em UTI (Varfarina, Heparina…). Hidratar se vômito; analgésico (dipirona, tramadol - opióide), corticoide, AINE… ● Enoxaparina SC 1mg/kg de 12 em 12 horas + Varfarina (se RNI/TAP entre 2-3) por 2 dias ou Apixabana (novos anticoagulantes orais) ● CONTRAINDICADO: Tabagismo, ACO… (trombogênicos) ● Clexane: Terapêutico 1mg/kg de 12/12h; Profilaxia 1mg/kg 1x ao dia (ampola de 20, 40 e 60) Síndrome da Vasoconstrição Cerebral Reversível Estreitamento e dilatação multifocal de artérias cerebrais. Tipicamente se manifesta com cefaleia em trovoada (thunderclap) e menos frequentemente com sinais focais, edema cerebral difuso, crise convulsiva e AVCi. ● Punção lombar de líquor (proteína não maior que 70 mg/dL e celularidade inferior a 20 céls./mm3 , com glicose normal e sem evidência de hemorragia subaracnóidea) ● As alterações arteriais se revertem espontaneamente em até 12 semanas. ● Fatores de risco mais comuns: parto e puerpério, inibidores de recaptação de serotonina, triptanos, pseudoefedrina, ergotamina e drogas de abuso como maconha, cocaína, anfetaminas e ecstasy. ● O tratamento é de suporte. Hipotensão Liquórica Espontânea Cefaleia com piora em ortostase e melhora em decúbito; piora ao final do dia. ● Ressonância magnética: evidencia sinais indiretos de hipotensão liquórica ● A punção lombar diagnóstica deve ser evitada. Ester Paiva P8M1 2024/1 ● Blood-patch é considerado o tratamento de escolha: 10 a 20mL de sangue do próprio paciente é injetado no espaço peridural para interromper o vazamento de líquor, selar o local da punção e controlar a vasodilatação cerebral. Hipertensão Intracraniana Causas comuns: pseudotumor cerebri, neoplasia primária ou metastática de sistema nervoso central, hematoma subdural (idosos + trauma/queda), hemorragia intraparenquimatosa e trombose venosa cerebral. Padrão de piora da intensidade progressiva ao longo de dias a semanas, com intensificação na posição supina, e pode-se notar piora pela manhã e melhora ao se levantar. ● O exame neurológico pode evidenciar alterações do nível de consciência), déficits focais progressivos e papiledema ● Investigação: Tomografia craniana ● Punção de líquor ● Avaliar campo visual: acetazolamida, com dose inicial de 250-500 mg e dose máxima de 4 g. ● Tratamento: sedação (fentanil ou morfina); evitar elevação da PIC (manitol a 20% 1g/kg), drogas vasoativas para evitar isquemia.
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