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Yslane Ribeiro - Medicina FIP Guanambi – Turma 3 OBJETIVO 1 - Explicar as características, produção, drenagem, circulação e absorção do liquor e suas principais alterações. Liquor / Líquido cerebroespinhal É um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares. Função: É a proteção mecânica do SNC, forma um coxim líquido que se distribui de forma igual em todos os pontos. Por isso, o liquor forma um amortecedor de choques que atingem o SNC. Devido a disposição espaço subaracnóideo, que envolve todo o SNC, ele está todo submerso sobre o liquor, e por isso torna-se mais leve e isso reduz o risco de traumatismo do encéfalo que resultam do contato com os ossos do crânio. CARACTERISTICAS CITOLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO LIQUOR - Através de punção lombar, suboccipitais ou ventriculares, pode-se colher certa quantidade de liquor para estudo das características citológicas e físico-químicas. - Esses estudos fornecem informações importantes sobre fisiopatologia do SNC, seus envoltórios, permitindo diagnostico que são bastantes precisos em diversos momentos que alguma afecção atinge o SNC como hemorragias, infecções - Estudo do liquor é utilizado para diagnostico de tipos de meningites - LIQUOR NORMAL DO ADULTO= Límpido, incolor, possuí de 0 a 4 leucócitos por mm³, pressão de 5cm a 20cm de água (obtida na região lombar com paciente em decúbito lateral), possuí mais cloretos do que o sangue e menos proteínas do que a plasma. Volume total é de 100ml a 150ml e renova-se a cada 8h. - Os plexos coroides produzem cerca de 500mL de liquor por dia através de filtração seletiva do plasma e da secreção de elementos específicos. FORMAÇÃO, CIRCULAÇÃO E ABSORÇÃO DO LIQUOR - O liquor é produzido pelos plexos corioides e mesmo que eles estejam ausentes cerca de 40% do liquor produzido é realizado pelo epêndima das paredes ventriculares. -O liquor é ativamente secretado pelo epitélio ependimario, sobretudo pelos plexos corioides e composição é determinada por mecanismo de transporte específicos. - A formação do liquor envolve transporte ativo de Na+ e Cl-, através das células ependimárias dos plexos corioides, é acompanhado por determina quantidade água que é necessária para manter o equilíbrio osmótico. - Existe plexos corioides nos ventrículos laterais (corno inferior e parte central) e no teto do III e IV ventrículos - Os ventrículos laterais contribuem com maior contingente de liquor, que vai passar para o III ventrículo pelos forames interventriculares e daí chegar ao IV ventrículo, o liquor formado no interior através do aqueduto cerebral -Pelas aberturas mediana e laterais do IV ventrículo, o liquor formado no interior dos ventrículos ganha o espaço subaracnóideo, é reabsorvido, principalmente através das granulações aracnóideas (que se projetam para o interior dos seios da dura-máter) e por elas chegam a circulação geral sistêmica. - Essas granulações predominam no seio sagital superior, a circulação do liquor no espaço subaracnóideo acontece de baixo para cima e atravessa o espaço estre a incisura da tenda e o mesencéfalo. -No espaço subaracnóideo da medula, o liquor desde em direção cauda, só uma parte retorna, pois ocorre reabsorção do liquor nas pequenas granulações aracnoideas existentes nos prolongamentos da dura-mater que acompanham as raízes dos nervos espinhais. - A circulação do liquor é lenta e sua produção em uma extremidade e a absorção em outra já é suficiente para causar essa movimentação. Outra coisa, é que a pulsação das artérias intracranianas onde a cada sístole, aumenta a pressão do liquor, o que possivelmente contribui para empurrar o liquor pelas granulações aracnoideas. - Além da função de proteção mecânica, o liquor possui outras funções, como: 1- Manter um meio químico estável no Yslane Ribeiro - Medicina FIP Guanambi – Turma 3 sistema ventricular, através da troce de componentes químicos com os espaços intersticiais, permanecendo estável a composição química do liquor, mesmo quando acontece grandes alterações químicas na composição do plasma. 2- Excretar produtos tóxicos do metabolismo das células do tecido nervoso que passam aos espaços intersticiais de onde são lançados no liquor e dele para o sangue. (Pesquisas recentes mostram que o volume dos espaços intersticiais aumentam em 60% durante o sono facilitando a eliminação de metabólitos tóxicos acumulados durante a vigília. 3- Veiculo de comunicação entre diferentes áreas do SNC (por xemplo, hormônios produzidos no hipotálamo são liberados no sangue, mas também no liquor podendo agir sobre regiões distantes do sistema ventricular) HIDROCEFALIA Alguns processos patológicos interferem na produção, circulação e absorção do liquor, isso causa a hidrocefalia. - Se caracterizam pelo aumento da quantidade e da pressão do liquor, levando a dilatação dos ventrículos e compressão do tecido nervoso de encontro ao estojo ósseo - Pode ocorrer durante a vida fetal, geralmente devido a anomalias congênitas do sistema ventricular, nesse caso como o ossos do cranio ainda não estão soldados, faz com que corra dilatação da cabeça da criança, o que gera uma proteção ao cérebro. - No adulto, como o crânio não se expande, a pressão intracraniana se eleva rapidamente, com compressão das estruturas e sintomas típicos de cefaleia e vômitos, evoluindo par herniação, coma e óbito, caso não ocorra tratamento de urgência. - Dois tipos de hidrocefalia: Comunicantes: Resultam do aumento na produção ou deficiência na absorção do liquor, devido a processos patológicos dos plexos coriordes ou dos seios da dura-máter e granulações aracnoides. Não comunicantes: São frequentes e ocorrem devido a obstrução no trajeto do liquor, isso pode correr no forame interventricular (provoca dilatação dos ventrículo lateral correspondente); aqueduto cerebral ( provocando dilatação do III ventrículo e dos ventrículos laterais, contrastando com o IV ventrículo que permanece com tamanho normail); aberuras medianas e laterais do IV ventrículo (provocando dilatação de todo o sistema ventricular); incisura da tenda (impedidno a passagem do liquor do compartimento infratentorial para o supratentorial, provocando dilatação de todo o sistema ventricular) Descrever a anatomia das meninges e os espaços que elas delimitam. *Dura-mater está em resumo escrito parte incial Seios venosas da base: - Seio cavernoso: um dos mais importantes da dura-máter. Esse seio é uma cavidade grande e irregular, está situado de cada lado do corpo esfenoide e da sela túrcica. Recebe o sangue vindo das veias oftálmicas superior e central da retina, além de algumas veias do cérebro. Drena através dos seios petroso superior e petroso inferior, alé de comunicar-se com o seio cavernoso do lado oposto através do seio intercavernoso. O seio cavernoso é atravessado pela artéria carótida interna, pelo nervo abducente e já próximo a sua parede lateral, pelos nervos troclear, oculomotor e pelo ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Estes são sepradas do sangue do seio por um revestimento endotelial e sua relaçã com o seio cavernoso é grande importância clinica. (Assim aneurismas da carótida interna no nível do seio cavernoso comprimem o nervo abducente e em alguns casos os demais nervos que atravessam o seio cavernoso, determinando distúrbios muito típicos dos movimentos oculares). Pode haver perfuração da carótida interna dentro do seio cavernoso, formando-se assim, um curto-circuito arteriovenoso (fistula carótido-cavernosa) que determina a dilatação e aumento da pressão no seio cavernoso. Isto faz com que se inverta a Yslane Ribeiro - Medicina FIP Guanambi– Turma 3 circulação nas veias que nele se desembocam, como as veias oftálmicas, resultando em grande protrusão do globo ocular, que pulsa simultaneamente com a carótida (exoftálmico pulsátil). Infecções superficiais da face ( como espinhas do nariz) podem se propagar ao seio cavernoso, tornado-se pois intracranianas, devido as comunicações que existem entre as veias oftálmicas, tributárias do seio cavernoso, ea veia angular, que drena a região nasal. - Seio intercavernosos- Unem os dois seios cavernosos, envolvendo a hipófise - Seios esfenoparietal – percorre a face interior da pequena asa do esfenoide e desemboca no seio cavernoso -Seio petroso inferior – percorre o sulco petroso inferior entre o seio cavernoso e o forame jugular, onde termina lançando-se na veia jugular interna - Seio petroso superior – Dispõe-se de cada lado, ao longo da inserção da tenda do cerebelo, na porção petrosa do osso temporal. Drena o sangue do seio cavernoso para o seio sigmoide, terminando próxima a continuação deste com a veia jugular interna. -Plexo basilar – impar, ocupa a porção basilar do occipital. Comunica-se com o seio petroso inferior e cavernoso, liga-se ao plexo do forame occipital e através deste, ao plexo venoso vertebral interno. ARACNOIDE É uma membrana delicada, justaposta com a dura-máter Espaço subdural: Espaço virtual em que a aracnoide se separa da dura-máter, possuí pequena quantidade de liquido necessário apenas para lubrificar as superfícies de contato das duas membranas. Espaço subaracnóideo: Espaço em que a aracnoide se sepada da piá-mater, contem liquor, ocorre ampla comunicação entre o espaço subaracnóideo da medula e o do encéfalo. Trabéculas aracnoideas: São trabéculas delicadas que atravessam o espaço para se ligar a pia-mater, elas lembram em aspecto uma teia de aranha. Cisterna subaracnóideas A aracnoide justapõe-se a dura-mater e as duas acompanham de forma grosseira a superfície do encéfalo. A pia-mater adere intimamente a esta superfície que acompanha em todos os giros, sulcos e depressões. Desse modo, a distancia entre asduas membranas ou a profundidade do espaço subaracnóideo é variável, sendo muito pequena no cume dos giros e grandes áreas onde parte do encéfalo se afasta da parede craniana. Formam-se assim dilatações do espaço subaracnóideo, as cisternas subaracnóiedeas, que contêm grande quantidade de liquor. As cisternas mais importantes são as seguintes: - Cisterna cerebelo-medular ou cisterna magna – ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo e o teto do IV ventrículo e a face dorsal (posterior) do bulbo. Continua caudalmente com o espaço subaracnóideo da medula e liga-se ao IV ventrículo através de sua abertura mediana. Essa cisterna é a maior e mais importante, é utilizada muita vezes para obtenção de liquor através de punções suboccipitais, em que a agulha é introduzida entre o occipital e a primeira vertebra cervical. - Cisterna pontinha - situada ventralmente a ponte - Cisterna interpeduncular – localizada na fossa interpenducular - Cisterna quiasmatica- Situada adiante do quiasma óptico - Cisterna superior ou cisterna da veia cerebral magna – situada dorsalmente (posteriormente) ao teto do msencéfalo, entre o cerebelo e o esplênio do corpo caloso, a cisterna superior corresponde, pelo menos em parte, à cisterna ambiens, -Cisterna da fossa lateral do cérebro – corresponde a depressão formada pelo sulco lateral de cada hemisfério Yslane Ribeiro - Medicina FIP Guanambi – Turma 3 Granulações aracnóideas Granulações aracnoides – são pequenos tufos formados em alguns locais a aracnoide que penetram no interior dos seios da dura- máter, mais abundantes no seio sagital superior. Essas granulações levam pequenos prolongamentos do espaço subaracnóideo (divertículos desse espaço) nos quais o liquor está separado do sangue pelo endotélio do seio e uma delgada camada da aracnoide. São estruturas adaptadas para a absorção do liquor que neste ponto, cai no sangue. Sabe-se hoje que a passagem do liquor através da parede das granulações acontece através dos grandes vacúolos que o transportam de dentro para fora. No adulto e no velho, algumas granulações tornam-se muito grandes, formando corpos de Pacchioni, que geralmente se calcificam e podem deixar impressões na abóbada craniana. PIA-MÁTER É a mais interna meninges, adere-se intimamente a superfície do encéfalo e da medula, cujos relevos e depressões acompanha, descendo até o fundo dos sulcos cerebrais. Sua porção mais profunda recebe numerosos prolongamentos dos atrócitos do tecido nervoso, formado assim a membrana pio- glial. A pia-máter da resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole. A pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo, formando a parede externa dos espaço perivasculares. Nesses espaços existem prolongamentos do espaço subaracnóideo, contendo liquor, que forma um manguito protetor em torno dos vasos, muito importante para amortecer o efeito da pulsação das artérias ou picos de pressão sobre o tecido circunvizinho. O fato das artérias estarem imersas em liquor no espaço subaracnóideo também reduz o efeito da pulsação. Os espaços perivasculares envolvem os vasos mais calibrosos até uma pequena distância e terminam por fusão da pia com a adventícia do vaso. As arteríolas que penetram no parênquima são envolvidas até alguns milímetros. As pequenas arteríolas são envolvidas até o nível capilar por pés- vascular dos astrócitos do tecido nervoso. Explicar as síndromes meníngeas HEMATOMAS EXTRADURAIS E SUBDURAIS Nos traumas cranianos pode ocorrer ruptura de vasos que resultem em acumulo de sangue nas meninges sob a forma de hematomas. Desse modo, lesões das artérias meníngeas ocorrem durante fraturas do crânio, principalmente da artéria meníngea media. Hematoma extradural (entre a dura- máter e os ossos do crânio): acumulo de sangue entre a dura-máter e os ossos do crânio. O hematoma cresce, separando a dura-máter do osso, e empurra o tecido nervoso para o lado oposto, levando a morte em poucas horas se o sangue em seu interior não for drenado. Hematomas subdurais (entre dura-mater e aracnoide): O sangramento ocorre no espaço subdural, geralmente devido a ruptura de uma veia cerebral no local em que ela entra no seio sagital superior. O sangue acumula-se entre a dura-máter e a aracnoide. No caso de hemorragias no espaço subaracnóideo (entre pia-mater e aracnoide): não formam hematoma, porque o sangue se espalha no liquor, podendo ser visualizado em punção lombar. Ocorre nos casos de rupturas de vasos de malformações arteriovenosas ou de aneurismas cerebrais. O quadro clinico é agudo, com cefaleia muito intensa, podendo ocorrer alterações de consciência. PUNÇÃO LOMBAR Indicações 1. Diagnóstico de meningite ou de outros Yslane Ribeiro - Medicina FIP Guanambi – Turma 3 distúrbios infecciosos ou inflamatórios, hemorragia subaracnóidea, encefalopatia hepática, processos malignos da meninge, distúrbios paraneoplásicos, ou suspeita de anormalidades da pressão intracraniana. 2. Avaliação da resposta ao tratamento na meningite e em outros distúrbios infecciosos ou inflamatórios. 3. Administração de medicações intratecais ou meios de contraste radiológicos. 4. Raramente, para reduzir a pressão do líquido cerebrospinal (LCS). CONTRAINDICAÇÕES 1. Suspeita de lesão de massa intracraniana. Nessa situação, a realização de uma punção lombar pode precipitar uma herniação transtentorial incipiente. 2. Infecção local sobrejacente ao local da punção. Nessa circunstância, a punção lombar deve ser substituída por umapunção cervical ou punção de cisterna. 3. Coagulopatia. Deficiências de fatores de coagulação e trombocitopenia (contagem de plaquetas abaixo de 50.000/mm3 ou em queda rápida) devem ser corrigidas antes de se realizar a punção lombar, para reduzir o risco de hemorragia. 4. Suspeita de lesão de massa na medula espinal. No caso de bloqueio espinal completo, deve ser retirada somente uma pequena quantidade de LCS, pois a remoção de LCS pode produzir uma diferença de pressão acima e abaixo do bloqueio, o que pode aumentar o grau de compressão medular. 5. Suspeita de hipertensão intracraniana, com risco de herniação cerebral. Embora não haja contra-indicações absolutas para a realização do procedimento, deve-se ter cuidado em pacientes com: ● Possível aumento da pressão intracraniana (PIC) com risco de hérnia cerebral ● Trombocitopenia ou outra diátese hemorrágica, incluindo terapia anticoagulante em andamento ● Abscesso espinhal epidural suspeito Em muitas situações, os pacientes de alto risco podem ser identificados e os riscos podem ser mitigados. Estes são discutidos em detalhes em relação às complicações com as quais estão associados Although there are no absolute contraindications to performing the procedure, caution should be used in patients with: ●Possible raised intracranial pressure (ICP) with risk for cerebral herniation ●Thrombocytopenia or other bleeding diathesis, including ongoing anticoagulant therapy ●Suspected spinal epidural abscess In many situations, high-risk patients can be identified and risks can be mitigated. These are discussed in detail in relation to the complications with which they are associat MENINGITES Meningites são entidades clínicas que se caracterizam pela ocorrência de processo infeccioso nas meninges. As meningites acometem a pia-máter, a aracnoide e o espaço contido entre estas membranas, o espaço subaracnóideo, no qual está contido o LCR. O espaço subaracnóideo é contínuo, por isso um agente infeccioso que consiga atingir este sistema espalha-se rapidamente por toda a sua extensão, incluindo o sistema ventricular. Bactérias, vírus e fungos podem provocar infecções localizadas no sistema nervoso, na maioria das vezes através da corrente circulatória. Focos infecciosos em estruturas cranianas (ouvido, seios paranasais, mastóide), osteomielite em ossos do crânio, trau-matismo acidental ou cirúrgico podem também romper as barreiras naturais e permitir infecções no SNC. Bactérias atacam preferencialmente as meninges, poupando o parênquima nervoso Vírus podem acometer também as células do tecido nervoso, ocasionando o aparecimento de encefalites ou meningoencefalites Yslane Ribeiro - Medicina FIP Guanambi – Turma 3 1. PROCESSOS INFECCIOSOS AGUDOS Meningites Bacterianas • Meningites meningocócicas, por pneumococos, por Haemophilus influenzae, Estreptococos do grupo B. •Outras situações: — Pacientes com sistemas de derivação do trânsito do LCR ou em pós-operatório neurocirúrgico apresentam, freqüentemente, meningites por estafilococos ou bacilos Gram-negativos. — Doentes com abscessos cerebrais, doenças linfoproliferativas ou mieloproliferativas, colagenoses, processos infecciosos ou tumorais dos ossos do crânio ou metástases cerebrais apresentam suscetibilidade aumentada a meningites por Listeria, Acinetobacter e Pseudomonas. — Em pacientes imunossuprimidos deve ser sempre considerada a possibilidade de tratar-se de meningite por Listeria monocytogenes. Nestes pacientes, podem ocorrer meningites causadas por patógenos variados, inclusive por aqueles menos agressivos e que habitualmente poupam o sistema nervoso - Para atingir o sistema nervoso as bactérias precisam vencer quatro etapas decisivas: 1) aderir ao epitélio da mucosa da nas-faringe do hospedeiro e aí proliferar; 2) invadir o interior dos vasos subjacentes e sobreviver à ativação dos mecanismos de defesa iniciais do hospedeiro contra septicemia, mediados pelo sistema complemento; 3) atravessar a BHE e a BHL, atingindo o sistema LCR; 4) sobreviver e replicar-se no LCR. Quadro clínico das meningites é composto por três síndromes principais: • Síndrome de hipertensão intracraniana: cefaleia intensa, náuseas, vômitos e certo grau de confusão mental. • Síndrome toxêmica: sinais gerais de toxemia, incluindo febre alta, mal- estar e agitação psicomotora. • Síndrome de irritação meníngea: Rigidez de nuca: com o paciente em decúbito dorsal horizontal, é feita flexão anterior da cabeça. O paciente apresenta graus variáveis de resistência à execução da prova, com espasticidade muscular de natureza reflexa. Sinal de Kernig: com o paciente em decúbito dorsal horizontal; a coxa é fletida sobre o abdome, cerca de 90º, com a perna fletida em relação à coxa também aproximadamente a 90º. A perna é então estendida passivamente. Quando há inflamação meníngea, o paciente resiste à extensão da perna. Sinal de Brudzinski: com o paciente em decúbito horizontal, ao se proceder à flexão anterior da cabeça, o paciente flete ligeiramente ambos os joelhos e o quadril; Sinal de desconforto lombar: em decúbito dorsal, o paciente flete um dos joelhos; a seguir, empurra vigorosamente a mão do examinador que, apoiada na região plantar do paciente, opõe resistência ao movimento. O sinal é positivo quando o paciente queixa-se de desconforto (algo semelhante a um choque elétrico de pequena intensidade) na região lombar. A presença de duas das três síndromes sugere o diagnóstico de meningite aguda. Diagnóstico A confirmação diagnóstica das meningites bacterianas é feita pelo exame do LCR. As Yslane Ribeiro - Medicina FIP Guanambi – Turma 3 principais alterações são: Aspecto turvo, cor branca • Aumento de pressão do LCR –ocorre hipertensão intracraniana acompanhada de aumento do volume líquido total por dificuldade na reabsorção do LCR no nível do espaço subaracnóideo. Este fato caracteriza a ocorrência de hidrocefalia de tipo comunicante. • Aumento do número de células (pleocitose) – Podem ocorrer alterações de maior ou menor intensidade, dependendo do agente etiológico, da fase de evolução da doença e de características particulares da resposta inflamatória do paciente. Muitas vezes são encontrados valores elevados, frequentemente acima de 1.000 leucócitos por mm3. • Perfil citomorfológico mostrando predomínio absoluto de polimorfonucleares neutrófilos. • Proteínas totais elevadas, geralmente acima de 100mg/dl, em função de alterações da BHE. • Taxas de glicose no LCR muito baixas, geralmente inferiores a 10mg/dl e tendendo a zero. • Presença de bactérias no sedimento da amostra de LCR ao exame bacteriológico direto, através do método de Gram • Culturas do sedimento devem ser processadas sistematicamente e costumam ser positivas em cerca de 70% a 90% das amostras, em período geralmente inferior a 48 horas • Pesquisa de antígeno bacteriano – pode ser feita, atualmente, por dois métodos principais: contra-imunoeletroforese e provas de aglutinação do látex. Exames radiológicos, sobretudo a tomografia computadorizada do crânio, não são os exames de escolha para o diagnóstico das meningites. Entretanto, os exames de neuroimagem devem preceder o exame de LCR: 1) quando predomina o quadro de hipertensão intracraniana; 2) quando há crises convulsivas na fase inicial do quadro; 3) quando há sinais de localização, mesmo na presença das três síndromes clássicas. Meningites Virais Vírus podem acometer as meninges com relativa freqüência. Enterovírus, vírus herpes simples, varicela-zoster e Epstein-Barr são responsáveis por cerca de 95% das meningites virais. O quadro infeccioso é qualitativamentesemelhante ao das meningites bacterianas agudas, porém menos intenso. Febre, cefaleia, rigidez de nuca... - Diagnóstico viral é feito pelo exame de LCR. Classicamente há aumento do número de células, geralmente abaixo de 500 elementos por mm3; o perfil citomorfológico é composto por células da linhagem linfocitária, incluindo plasmócitos, e monocitária, habitualmente com a participação de macrófagos; os teores de proteínas costumam estar dentro dos limites normais; as taxas de glicose não apresentam alterações; a pesquisa de bactérias e fungos é sistematicamente negativa. Os teores de globulinas-gama costumam apresentar-se dentro dos limites da normalidade. O número de células pode ultrapassar 1.000 por mm3, etiologia viral pode ser confirmada através da cultura para vírus ou, mais frequentemente, pela reação por polimerização em cadeia (PCR) Encefalites Virais Encefalite é uma infecção aguda do parênquima cerebral, que se caracteriza clinicamente por febre, cefaléia e alterações de consciência. Pode haver também sinais de acometimento neurológico focal ou multifocal e crises convulsivas parciais ou generalizadas. As causas mais frequentes de encefalite são: a) o herpes simples tipo 1 (HSV-1); b) o HSV-2 em recém-nascidos; c) os arbo- vírus, incluindo o vírus La Crosse, o vírus da encefalite de St. Louis e o vírus da encefalite B japonesa. Meningoencefalite Herpética Herpes simples tipo 1 é o ente causal da encefalite aguda mais comum no mundo. Os sinais e sintomas habituais da meningoencefalite herpética são: febre, cefaléia, confusão mental e alterações de comportamento. Com muita freqüência, associam-se crises convulsivas, focais ou generalizadas, e quadros deficitários, como disfasia e hemiparesia. Os sintomas atingem sua expressão máxima em duas a três semanas. O diagnóstico da meningoencefalite herpética é feito por neuroimagem, pelo exame do LCR e pelo eletroencefalograma. Yslane Ribeiro - Medicina FIP Guanambi – Turma 3 O exame de escolha em neuroimagem é a ressonância magnética, que pode mostrar lesões com hipersinal em T2 nos lobos temporais médio e inferior, podendo estender-se até a ínsula; no entanto, na fase inicial da doença, o exame pode ser normal. O exame de LCR pode evidenciar: hipertensão; pleocitose linfomononuclear, variando habitualmente entre 5 e 500 células; aumento discreto ou moderado da concentração protéica; glicose normal ou, raramente, hipoglicorraquia discreta; aumento da atividade de adenosino- deaminase (ADA). Ocasionalmente, há hemácias ou xantocromia. Hemorragias Meníngeas Presença de sangue no sistema LCR costuma produzir reação inflamatória semelhante àquela desenvolvida contra qualquer agente estranho. Há aumento do número de células, valores percentuais variados de neutrófilos e, caracteristicamente, a presença de macrófagos com hemácias ou pigmentos derivados do heme no seu citoplasma, não há diminuição das taxas de glicose e não são detectados agentes etiológicos de natureza infecciosa. 2. PROCESSOS INFECCIOSOS SUBAGUDOS Neurotuberculose A neurotuberculose é provocada na maioria das vezes pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch (BK) Quadro clinico: Três estágios principais na evolução da doença. No estágio 1, o paciente não apresenta alterações cognitivas nem do estado de consciência; não há sinais objetivos de alterações detectáveis ao exame neurológico. No estágio 2, o paciente apresenta algum grau de confusão mental, mas não está em coma; podem aparecer sinais de localização, como hemiparesia e acometimento isolado de um nervo craniano. No estágio 3, o paciente está torporoso ou em coma; pode apresentar acometimento de múltiplos nervos cranianos, hemiplegia ou paraplegia. É característica a ocorrência de período prodrômico médio de duas a quatro semanas, parecem sinais inespecíficos: fadiga, mal-estar, mialgias e febre; paciente costuma ter infecções do trato respiratório, prolongadas ou de repetição. As manifestações iniciais da neurotuberculose podem ser semelhantes às das meningites agudas, com elementos das três síndromes clássicas: hipertensão intracraniana, toxemia e irritação meníngea. Pode haver acometimento do estado de consciência e sinais de hidrocefalia aos exames de neuroimagem. Diagnóstico: feito pelas manifestações clínicas, pelo exame de LCR e pelos exames de neuroimagem. O Exame de LCR, principais alterações são: • Aumento do número de células, geralmente entre 50 e 500 elementos por mm3. • Perfil citomorfológico de características mistas: elementos de tipo crônico (linfócitos, monócitos, plasmócitos e macrófagos) misturados a elementos de tipo agudo (polimorfonucleares neutrófilos). • Aumento da concentração de proteínas totais, geralmente entre 50 e 200mg/dl • Diminuição do teor de glicose. • Aumento do teor de lactato. • Taxas de adenosina-deaminase (ADA) no LCR. Seus valores estão significativamente mais elevados em pacientes com neurotuberculose do que em pacientes com outras doenças Neuromicoses Diagnóstico de uma micose do sistema nervoso é muito complicado: a) as manifestações clínicas são totalmente inespecíficas; b) o quadro laboratorial da meningite fúngica é semelhante ao de outras meningites subagudas ou crônicas, especialmente da neurotuberculose na maioria das vezes, as reações imunológicas para diagnóstico específico ou simplesmente não existem ou são pouco sensíveis e pouco específicas (com exceção da neurocriptococose, os testes utilizados em todo o mundo são a reação de fixação do complemento e imuno-difusão radial); c) os granulomas e abscessos registrados pelos exames de neuroimagem assemelham -se morfologicamente àqueles das infecções bacterianas e das formas parenquimatosas da neurotuberculose ou a neoplasias; d) o isolamento do fungo para diagnóstico Yslane Ribeiro - Medicina FIP Guanambi – Turma 3 de certeza a partir de amostras de LCR ou mesmo de material de biópsia costuma ser muito difícil. Talvez mais do que em outros grupos de doenças, é muito importante valer-se de métodos e informações auxiliares como: localização geográfica, fatores de risco, evidência de infecção em outros órgãos e reações imunológicas em sangue periférico. A infecção fúngica mais freqüente é a neurocriptococose. Neurocriptococose Manifesta-se clinicamente por quadros de meningite ou meningoencefalite graves, nos quais a sintomatologia predominante está relacionada à hipertensão intracraniana de evolução subaguda ou crônica. Diagnóstico laboratorial é feito através do exame de LCR. As alterações encontradas na neurocriptococose são semelhantes às descritas para a neurotuberculose no que se refere a número de células, perfil citomorfológico, proteínas totais e suas frações, teores de glicose e atividade de ADA. A característica mais importante e particular do exame de LCR na neurocriptococose é a presença da levedura, ao exame micológico direto.
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