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Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 1 Direito Penal I – Aula 06 Teoria Geral do Crime – Módulo II Tipicidade Adequação Típica Elementos do Tipo Penal Antijuridicidade 1. Considerações Iniciais Tal como dissemos na aula passada, sob o prisma formal, conceitua-se o crime em seu aspecto técnico-jurídico, ou seja, do ponto de vista da lei. E busca, tal forma de conceituação, estabelecer os elementos estruturais do delito, daí dizer que, sob o enfoque formal, crime é todo fato típico e antijurídico A propósito: na aula passada, por questões didáticas, não abordamos a tipicidade, a antijuridicidade. Ou seja: na aula anterior apenas expusemos o conceito formal de crime, e preferimos deixar para esta aula a análise dos elementos estruturais do delito. Pois bem: é chegada a hora de termos o primeiro contato com os elementos estruturais do delito, quais sejam, a tipicidade e a antijuridicidade. É chegada a hora de constatarmos que tais vocábulos ( tipicidade e antijuridicidade) não são usados para exprimir uma idéia muito complicada. 2. Tipicidade 2.1. Considerações Gerais De início, é por bem que se tenha em mente que tipicidade é o nome dado à perfeita correspondência entre uma determinada conduta e um tipo Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 2 penal incriminador, sendo que este, como já se dissemos anteriormente, é aquele que se ocupa de descrever crimes. Ou seja: todo fato humano que se amolda a descrição legal de um determinado crime feita pelo legislador é denominado de fato típico, ou seja, é um fato contaminado com a tipicidade. Entretanto: para que possamos melhor compreender o instituto da tipicidade, é necessário que façamos algumas outras considerações que servirão para elucidar nosso raciocínio, sendo que, é óbvio que, para que exista crime, em primeiro lugar se faz necessária a existência de uma conduta humana, que, como se verá mais adiante. poderá se exteriorizar através de uma ação ou de uma omissão. Pois bem: nem todo comportamento humano, contudo, sem constitui em sendo penalmente relevante. Aliás, nem poderia ser diferente. Isto porque: imagine, à título de exemplificação, que se pudesse considerar como sendo penalmente relevante o comportamento humano de mandar flores para a pessoa amada. Sendo que: para evitar a ocorrência de tais absurdos, e limitar a função punitiva estatal, deve-se obediência inquestionável ao princípio da legalidade ou reserva legal ( lembra dele ? ) que preceitua que apenas poderão ser considerados “crime” os fatos assim descritos pela lei. A propósito: é por bem que se recorde que, tal como visto na aula 02, o princípio da legalidade atua juntamente com outros, que também ajudam a limitar a função punitiva estatal. Uma vez que: o princípio da legalidade, atuando por si só, seria insuficiente para coibir certos tipos de abuso. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 3 Pare e pense: segundo ele, não há crime sem lei que o defina., entretanto, se não fosse o princípio da intervenção mínima, por exemplo, o legislador poderia definir como sendo criminosas condutas totalmente inofensivas. Imaginemos, à título de exemplificação, o seguinte tipo penal: “Assistir filmes no cinema depois das 23:00 horas. Pena: reclusão de 01 ( um ) a 3 ( três ) anos e multa.” Perceba que: se apenas se devesse obediência ao princípio da legalidade, nada impediria que a conduta de assistir filmes no cinema depois das 23 horas fosse considerada criminosa. Bastando, para tal, a existência de uma lei que definisse a conduta como tal. Entretanto: como se disse anteriormente, outros princípios existem que devem ser observados pelo legislador quando da elaboração da lei penal. A propósito: como citamos o princípio da intervenção mínima como exemplo, temos por bem recordar o que preceitua tal princípio, e para tanto faremos uso das elucidativas lições de Damásio Evangelista de Jesus: “ O princípio da intervenção mínima procura restringir ou impedir o arbítrio do legislador, no sentido de evitar a definição desnecessária de crimes e a imposição de penas injustas, desumanas ou cruéis. A descrição de tipos delituosos deve obedecer à imprescindibilidade. Só devendo o Estado intervir, por intermédio do direito penal, quando os outros ramos do direito não conseguirem prevenir a conduta ilícita1.” 1 - Por isso se diz que o Direito Penal deve ser a ultima ratio ou último recurso do Estado para garantir a paz social e a proteção dos bens jurídicos mais importantes para a sobrevivência da coletividade. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 4 Tenha sempre em mente que: a descrição legal dos crimes, é feita pelos tipos penais, e, à adequação de uma determinada conduta a descrição contida em um tipo penal dá-se o nome de tipicidade. A propósito: acerca da conceituação do vocábulo “tipicidade”, temos por oportuno que se atente para os elucidativos ensinamentos do Profº. Fernando Capez, que podem assim serem transcritos: “Tipicidade é a subsunção, a justaposição, o enquadramento, o amoldamento ou integral correspondência de uma conduta praticada no mundo real ao modelo descrito constante na lei...Temos, pois, de um lado, uma conduta da vida real; de outro, o tipo legal de crime constante na Lei penal. A tipicidade consiste na correspondência entre ambos.” ( Grifo Nosso ) Em outros termos: tal como lecionam os mestres Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, tipicidade é a característica de uma conduta que se ajusta ao tipo penal. Pois bem: Feitas estas considerações, é de se esperar que se tenha possibilitado de maneira satisfatória a compreensão acerca do que é, efetivamente, esta tal de tipicidade. E nisto cremos pois se tal compreensão não foi possível através das nossas próprias elucidações, ela com certeza se tornou possível com a transcrição dos ensinamentos dos Professores Fernando Capez e dos mestres Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli Zafaroni, que são por demais elucidativos. Em Suma: é importante que se tenha em mente que o tipo penal é a descrição legal de uma conduta humana tida como delituosa, e que tipicidade é a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição contida na lei penal. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 5 2.2. Tipicidade e Adequação Típica Uma vez compreendido o instituto da tipicidade, facilmente chegamos à conclusão de que se faz necessário, para que uma determinada conduta seja taxada de criminosa, que esta se amolde à um tipo penal incriminador, posto que a tipicidade é um dos elementos estruturais do delito. Ou seja, se faz imprescindível que se a conduta se adeqüe à um tipo penal incriminador. Ou seja: é de se notar que se faz necessária uma adequação típica da conduta, que, sem querer fazer-se redundante, deve ser entendida como sendo a correspondência entre a conduta e o tipo penal. Sendo que: desta tal de adequação típica estamos falando não só para traduzir uma expressão técnica, mas porque existem peculiaridades atinentes à ela ( adequação típica) que são de suma importância. A propósito: entendem, alguns autores, que, enquanto a tipicidade consiste na mera correspondência formal entre uma conduta humana e o que está descrito do tipo, a adequação típica faz supor um exame mais aprofundado do que a mera correspondência objetiva. Entretanto: seguindo a linha dos autores mais modernos, entendemos não haver diferença entre as duas expressões ( tipicidade e adequaçãotípica). Em outras palavras: para nós adequação típica e tipicidade são expressões sinônimas. Saiba que: um dos pontos mais importantes desta tal adequação típica está em perceber que ela pode acontecer de duas maneiras, quais sejam: Adequação Típica de Subordinação Imediata ou Direta Adequação Típica de Subordinação Mediata ou Indireta ou Ampliada Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 6 Falemos um pouco então sobre estas duas formas de adequação típica: Adequação Típica de Subordinação Imediata: nestes casos, tal como ensina-nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o fato se enquadra no modelo legal imediatamente ( grifo nosso), sem que para isso seja necessário o uso de outro dispositivo legal. Por exemplo: Joaquim estupra Maria. O fato se enquadra diretamente à figura penal no artigo 213 do Código Penal, sem necessidade de interposição de qualquer outra norma. Vamos dar uma olhada no citado dispositivo: “Art. 213. Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça: Pena – reclusão de 6 ( seis ) a 10 ( dez ) anos A propósito: diante do supra exposto, se poderia fazer a seguinte indagação: em todos os casos a adequação típica de uma conduta ocorre desta maneira ? A resposta à tal pergunta, sem dúvida, há de ser negativa, uma vez que, em verdade, nem sempre a adequação típica se dará de forma imediata, como adiante se verá, quando estudarmos a adequação típica de subordinação mediata ou indireta Em outros termos: esta espécie de adequação típica ( Imediata ou de Subordinação Direta) não possibilita o enquadramento legal de todos os comportamentos merecedores de punição. Sendo que: para que não se deixe sem punição condutas que, de imediato não podem ser taxadas de típicas, mas que, no entanto, também merecem ser punidas, deve-se recorrer ao que se denominou chamar normas de extensão, que acabam funcionando como uma ponte, evitando assim que certos fatos danosos fiquem sem punição por falta de adequação típica. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 7 Adequação Típica de Subordinação Mediata ou Indireta ou Ampliada: esta ocorrerá quando, comparados o tipo e a conduta, não se verificar, de imediato, entre eles, perfeita correspondência, sendo necessário o uso de outra norma que promova a extensão do tipo penal até a conduta. Vamos explicar melhor: por vezes, uma conduta, apesar de não ser alcançada pelo tipo penal, poderá ser passível de punição. E para que fique bem clara a idéia de adequação típica de subordinação mediata ou ampliada ou indireta, temos por bem transcrever os ensinamentos do Profº. Eduardo Roberto Alcântara Del-Campo: “ Na adequação típica de subordinação mediata ou ampliada, o fato, para poder alcançar a tipicidade depende de interposição de uma outra norma que amplia o sentido do tipo penal.” ( Grifo Nosso) Preste muita atenção: via de regra, a adequação típica de subordinação mediata ou indireta ocorrerá nos casos de tentativa, e participação ( que é uma das formas de “concurso de pessoas), e tais temas serão estudados com mais profundidade em aulas posteriores, mas, no entanto, se faz imprescindível que façamos algumas breves explicações, para que assim se possa melhor compreender o tema desta aula. Tentativa: via de regra, os crimes tentados não se amoldam diretamente a nenhum tipo penal incriminador. Não existe , por exemplo, um tipo penal que considere, de forma expressa, como sendo criminosa a conduta de tentar matar alguém. O que existe é o tipo penal insculpido no artigo 121 do Código Penal que descreve a conduta de matar alguém. Portanto, se não fossem as já citadas normas de extensão, a conduta de tentar matar alguém não sofreria nenhum tipo de sanção. Vamos dar uma olhada no citado dispositivo: Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 8 “Art. 121. Matar Alguém. Pena – reclusão de 6 ( seis ) à 20 ( vinte anos). Preste muita atenção: tal como dissemos anteriormente, anteriormente não há crime sem lei que o defina ( tal como dita o Princípio da Legalidade). Pois bem: num primeiro momento, portanto, poder-se-ia dizer que a conduta de tentar matar alguém seria um irrelevante penal . Isto porque: o artigo 121, por exemplo, fala em matar e não em tentar matar. No entanto, não há dúvidas de que a idéia de deixar sem reprovação penal aquele que tenta tirar a vida de seu semelhante vai de encontro aos mais dignos preceitos de justiça. A propósito: cremos ser importante, no presente momento, falarmos sobre o que vem a ser, efetivamente, um crime tentado (também denominado de “crime imperfeito”) Pois bem: diz-se que o crime foi “tentado” quando, iniciada a execução, ele não se consuma por vontades alheias ä vontade do agente. E tal definição nos é fornecida pelo artigo 14, inciso II do Código Penal, que assim preceitua: Art. 14. Diz-se o crime: ( ... ) II – tentado, quando iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Parágrafo Único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. ( Grifo Nosso) Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 9 Preste muita atenção: a norma disposta no artigo 14, inciso II e seu parágrafo único deve ser entendida como sendo uma norma de extensão. Isto porque: através desta norma, o legislador, dotado de coerência impar, possibilitou que se punissem as condutas de tentar roubar, tentar matar, sendo que tais condutas, apesar de atípicas, não podem deixar de receber uma reprovação penal. Acerca da norma da tentativa, temos por oportuno que se atente para os elucidativos ensinamentos do Profº. Fernando Capez: “A norma da tentativa ( art. 14,inciso II do Código Penal) é, portanto, uma norma de extensão por meio da qual resulta uma adequação típica mediata ou indireta do fato tentado à norma que se pretendia violar.” ( Grifo Nosso) Tenha em mente que: nos casos de tentativa, o crime não se consuma por motivos alheios à vontade do agente, e por isso acabam merecendo punição. Ou seja: já que, pela vontade do agente o crime teria se consumado, ele ( agente) não merece ficar sem punição. Temos por oportuno, mais um vez, que se atente para os elucidativos ensinamentos do Profº. Fernando Capez, que podem assim serem transcritos: “No caso da tentativa, essa extensão ou ampliação do tipo dá-se no tempo, pois o modelo descritivo alcança a conduta momentos antes de se atingida a consumação. A conduta só deveria se enquadrar no tipo quando atingisse a consumação, mas a norma da tentativa faz aquele ( tipo) retroceder no tempo e alcançar o fato antes de sua realização completa.” ( Grifo Nosso) Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 10 Participação: tal instituto, como anteriormente exposto, está ligado ao tema “Concurso de Agentes”, e portanto, será estudo com mais profundidade em uma aula posterior. Entretanto, assim como fizemos com a tentativa, cumpre fazer algumas considerações iniciais sobre a participação, para que se possa compreender a relação deste instituto com o tema da presente aula. A propósito: de início é por bem que se exponha que partícipe é aquele que concorre para a prática da infração penal de qualquer modo, sem. no entanto, praticar o verbo contido na figura típica. Tal como ensina-nos o Profº. Fernando Capez, partícipe, portanto, não é aquele que mata, mas que instiga a matar, não furta, mas ajuda a subtrair. Em outros termos: segundo o penalista em questão, o tipo penal sempre tem um verbo, que é seu núcleo, e opartícipe é justamente a pessoa que não pratica esse verbo, decorrendo daí a impossibilidade de adequação direta, imediata. Perceba, portanto, que: num primeiro momento, via de regra, a conduta do partícipe não se enquadra a nenhum tipo penal legal, ou seja, no caso da participação também “inocorre” correspondência direta entre a conduta e o tipo penal. Vamos dar um exemplo de participação para que se compreenda melhor o que se está a afirmar: João, Pedro e Gabriel resolvem roubar um banco, sendo que ficou combinado que o primeiro iria dirigir o carro dos assaltantes até a porta do banco, para que os outros dois cometessem o assalto. De acordo com o tipo penal que incrimina a conduta do roubo, apenas poderiam ser punidos os dois ladrões que efetivamente praticaram o assalto, que, subtraíram, mediante violência, coisa alheia móvel, sendo que o primeiro, que apenas dirigiu o carro até a porta do banco não poderia ser incriminado por tal conduta. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 11 A propósito: atente-se para o fato de que inexiste um tipo penal que incrimine de forma expressa a conduta de dirigir um automóvel para que outros cometam crime. Pois bem: o primeiro, que apenas dirigiu o veículo não “subtraiu”, mas “ajudou a subtrair”. Ou seja: João concorreu para a prática do roubo, mas não praticou o verbo descrito no tipo penal em questão, qual seja, “subtrair”. Pois bem: vamos agora dar uma olhada no tipo penal que incrimina a conduta de pessoas como as do exemplo supracitado, que insistem em transgredir as normas impostas à sociedade, qual seja, o artigo 157 do Código Penal: Art. 157. Subtrair, coisa móvel alheia, para si ou para outrém, mediante grave violência ou ameaça à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. Pena – reclusão de 4 ( quatro) a 10 ( dez ) anos e multa. Tenha em mente que: tanto neste, como em outros artigos por nós transcritos, apenas nos preocupamos em transcrever o caput do artigo, sendo que, na maioria dos exemplos transcritos, existem outras figuras e circunstâncias que também fazem parte do tipo penal em comento. Ou seja: via de regra, por questões didáticas, apenas transcrevemos a parte que nos interessa. E a parte que nos interessa, no momento, é a descrição básica da conduta. Todavia, quando o tema assim exige, transcrevemos outras partes do dispositivo, tal como fizemos, por exemplo, no caso da transcrição legal do dispositivo que cuida da tentativa. Voltando à “participação”, perceba que: tal como no caso da tentativa, deixar de punir o partícipe, ou seja, aquele que, não obstante o fato de não ter praticado o verbo contido no tipo penal contribui para a prática do ilícito, iria de Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 12 encontro aos mais dignos preceitos de justiça. Ou alguém acha que seria justo deixar de punir, por exemplo, aquele que leva os assaltantes até a porta do banco apenas porque sua conduta não está tipificada expressamente ? Sendo que: para os casos de participação, o legislador, também dotado de coerência impar, impôs uma norma de extensão para atingir condutas que não estão tipificadas expressamente. E o fez através do artigo 29, caput do Código Penal vigente, que assim preceitua: Art. 29. Quem, de qualquer modo concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. ( Grifo Nosso) Saiba que: o dispositivo supra transcrito, assim como o já citado artigo 14, inciso II do Código Penal, possibilita que sejam punidas determinadas condutas que, apesar de não estarem tipificadas de forma expressa, merecem uma reprovação penal., sendo, portanto, à exemplo do artigo 14, inciso II, uma norma de extensão. 2.3. Elementos do Tipo Antes de adentrarmos na explanação acerca dos elementos do tipo, convém fazer uma ressalva de extrema importância: os elementos do tipo penal não se confundem com os elementos do fato típico . Isto porque: os “elementos do fato típico” dizem respeito aos elementos integrantes do fato que se amolda a um tipo penal, enquanto que os “elementos do tipo penal” dizem respeito aos elementos que ,via regra, fazem parte do próprio tipo penal. Sendo que: Os elementos do fato típico serão estudados nas próximas aulas, entretanto, um desses elementos acabou sendo abordado na presente aula, qual seja: a tipicidade. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 13 A propósito: apenas para que se conste, os elementos do fato típico são, segundo a melhor doutrina, os seguintes: Conduta Humana dolosa ou Culposa O Resultado Nexo de Causalidade entre a conduta e resultado Tipicidade Sendo que: como se asseverou anteriormente, com exceção da tipicidade, que fora abordada na presente aula, os outros elementos integrantes do fato típico serão estudados nas próximas aulas, portanto não há que se temer a complexidade do tema. Mas enfim: voltemos a falar sobre o tema que nos interessa no momento, qual seja, os elementos integrantes do tipo penal, da norma penal incriminadora. Vamos, agora, “dissecar” o tipo penal e identificar cada um dos elementos que fazem parte de sua composição: Elementos Objetivos do Tipo Penal: estes elementos se referem ao aspecto material do delito. São, nos dizeres do Profº. Fernando Capez, os elementos que existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela lei penal. Pode-se citar como exemplo destes elementos os seguintes a - o objeto do crime - no caso do homicídio, por exemplo, seria a pessoa, o “alguém”, do qual fala a norma. b - o lugar do crime - no caso de violação de domicílio, por exemplo, seria a domicílio alheio, “a casa alheia ou suas dependências”, como diz o tipo. c - o tempo do crime – que no caso do infanticídio, por exemplo, seria o “durante o parto ou logo após”, do qual fala o tipo penal. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 14 A propósito: para facilitar a compreensão do tema ora em estudo, temos por bem transcrever os tipos penais usados como exemplo em cada um dos citados elementos, quais sejam, o homicídio, a violação de domicílio e o infanticídio. Vamos aos dispositivos: Homicídio Art. 121. Matar alguém. Pena – reclusão de 6 ( seis ) a 20 ( vinte) anos. Infanticídio Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Pena – detenção de 2 ( dois) a 6 ( seis) anos. Violação de Domicílio Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências. Pena – detenção de 1 ( um ) a 3 ( três ) meses, ou multa. Preste atenção: para que se fixe melhor o conceito de elementos objetivos do tipo, convém termos em mente que, tal como ensina-nos o Profº. o Profº Eduardo Roberto Alcântara Del-Campo, normalmente, o tipo penal é formado por um verbo, seguido de seu respectivo objeto. Por exemplo: no tipo do homicídio, que traz em seu caput a descrição da conduta de “matar alguém” , facilmente se percebe que o “matar” é o verbo, Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 15 enquanto que o “alguém” é seu objeto, ou seja, é o elemento objetivo do tipo insculpido no artigo 121. Vejamos outro exemplo: no caso do furto, que é descrito no artigo 155 do Código Penal, a conduta que se descreve é “subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel”. Também neste caso se pode perceber facilmente que “subtrair” representa o verbo do tipo, enquanto que o “coisaalheia” representa o objeto, ou seja, é o elemento objetivo do tipo penal insculpido no artigo 155 do Código Penal. Vamos dar uma olhada no dispositivo em questão: Furto Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena – reclusão de 1 ( um ) a 4 ( quatro) anos, e multa. Elementos Normativos do Tipo Penal: tal como ensina-nos o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, este compreendem os termos ou expressões de índole jurídica ou cultural. Tais elementos, diferentemente dos elementos objetivos, que são, de pronto, identificáveis, dependem de uma valoração para que se consiga perceber seu verdadeiro significado. Temos por oportuno, no presente momento, que se atente para os elucidativos ensinamentos do Profº. Fernando Capez, que podem assim serem transcritos: “Ao contrário dos elementos descritivos ou objetivos do tipo penal, o significado dos elementos normativos não pode ser extraído da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural, histórica, política ou até mesmo religiosa.” ( Grifo Nosso) Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 16 Preste atenção: Os elementos normativos do tipo, geralmente, aparecem na forma de expressões como sem justa causa, mulher honesta, dignidade, decoro, fraudulentamente, sendo que, tal ensina-nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, tais noções só podem ser compreendidas espiritualmente, ao contrário dos elementos objetivos que podem ser compreendidos materialmente. A propósito: vamos agora transcrever alguns tipos penais que contêm elementos normativos e fazer as devidas observações: Abandono Intelectual Art. 244. Deixar, sem justa causa de prover à instrução primária de filho em idade escolar. Pena – detenção de 15 ( quinze ) dias a 1 (um)mês, ou multa. OBS: no caso deste tipo penal, o elemento normativo surge através da expressão “justa causa”. Exige o tipo, para sua configuração, que pais de crianças em idade escolar deixem de lhes possibilitar a instrução primária, sem justa causa, sem um motivo que justifique o aparente desleixo. Quem vai analisar a existência ou não da “justa causa” é o juiz, ao julgar, com base nas provas que foram trazidas ao processo. Depende-se de uma valoração, por parte do juiz para que se constate a existência ou não de uma “justa causa” em favor dos pais da criança. . Corrupção Passiva Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 17 indevida ou aceitar promessa de tal vantagem. Pena – reclusão de 1 (um) a 8 (oito) anos e multa. OBS: no caso deste dispositivo legal, o elemento normativo aparece através da expressão “indevida”. Para que um agente público seja punido pelo crime supra transcrito, é necessária uma valoração, para que se constate se a vantagem é realmente indevida. Se a dita vantagem for apenas um dos privilégios inerentes à função que ele exerce, não há que se falar que tal vantagem é indevida. O fato de um policial militar, por exemplo, receber, quando sai da escola de soldados, uma arma fornecida pelo Estado, não significa que ele está recebendo uma vantagem indevida. Mas antes de dizer se a vantagem era indevida ou não, com já se disse, é mister que se faça uma valoração acerca dela. Posse Sexual Mediante Fraude Art. 215. Ter conjunção carnal com mulher honesta. Mediante fraude. Pena – reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. OBS: no caso deste dispositivo legal, o elemento normativo vem expresso através da expressão “mulher honesta”. Segundo a melhor doutrina, “mulher honesta” é aquela mulher honrada, decente. Estão excluídas desta denominação, por exemplo, as prostitutas, pois no que toca à estas, não que se falar em “fraude”, uma vez que a Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 18 mulher sabe que vai para a cama com um homem e vai receber apenas dinheiro em troca. Para a configuração do crime em tela, é preciso que o homem utilize-se de meio fraudulento para manter relações com “mulher honesta”, portanto, exige-se uma valoração por parte do juiz para que se constate que a mulher que alega ser vítima de tal crime é realmente “honesta”. O juiz é quem vai analisar se ela cabe dentro do conceito de mulher honesta exigido pelo tipo penal em questão. Elementos Subjetivos do Tipo Penal: estes são os elementos que pertencem ao campo psíquico-espiritual do agente. Preste Muita Atenção: têm-se por certo que, via de regra, os tipos penais descrevem a conduta criminosa de maneira objetiva, sem se fazer qualquer menção à estados anímicos do agente. Sendo que: no homicídio, por exemplo, não interessa se o agente matou a vítima porque ela torcia para um time rival ou por causa de uma briga no trânsito. O tipo penal do homicídio fala em matar alguém, e portanto, tanto o sujeito que mata alguém num estádio de futebol, numa briga de torcidas, como o que mata alguém numa briga de trânsito, cometeram um homicídio. Pare e pense: partindo deste princípio, poderia se questionar: como pode, então, o tipo penal, que descreve as condutas de maneira objetiva, conter elementos subjetivos ? Vamos explicar: por vezes o legislador acha conveniente inserir no tipo, que é, em sua essência, objetivo, alguns elementos subjetivos. Em determinadas situações o legislador, além de descrever a conduta, faz menção expressa a uma finalidade específica. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 19 Em outras palavras: em alguns delitos diz-se: “fazer tal coisa, com tal intuito”. Saiba ainda que: tais elementos subjetivos, segundo a melhor doutrina, costumam aparecer nos chamados delitos de intenção, onde, tal como ensina- nos o Profº Fernando Capez, deve existir uma representação especial do resultado. Ou seja: nos delitos de intenção o agente pratica uma conduta com uma finalidade específica. Preste muita atenção: não se deve confundir os elementos subjetivos do tipo com o elemento subjetivo da conduta, (dolo), que será estudado em uma aula posterior. Isto porque: o dolo integra a conduta, e os elementos subjetivos do tipo, o tipo penal. A propósito: vejamos alguns tipos penais incriminadores que contêm os chamados elementos subjetivos do tipo, que fazem menção à uma representação especial do resultado, sendo que, ao final de cada um destes dispositivos cuidaremos de identificar o elemento subjetivo e fazer um breve comentário. Perceba que: os elementos subjetivos de cada dos tipos penais transcritos estão devidamente grifados, por questões didáticas: Extorsão Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 20 Pena - reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa. OBS: no caso deste dispositivo, o elemento subjetivo se expressa através da expressão “com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica”. O Juiz, com base nas provas trazidas ao processo deverá valorar se o réu tinha a intenção de obter indevida vantagem econômica, e ainda, deverá ser analisado, também, se a vantagem realmente era indevida. Se o agente não tinha a intenção de obter a indevida vantagem, ou se a vantagem pretendida não era indevida, manifesta será a atipicidade da conduta. Quadrilha ou Bando Art. 288. Associarem-se mais de três pessoas em quadrilha ou bando, para fim de cometer crimes. Pena– reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. OBS: por óbvio que para a configuração do tipo penal supra transcrito, imprescindível será que a associação de mais de três pessoas objetive a prática de ilícitos. Sem tal constatação, poderia se chegar ao absurdo, por exemplo, de se incriminar pessoas que se reúnem apenas para jogar futebol aos finais de semana. É imprescindível que o Juiz valore, analise, se as pessoas que eventualmente figurarem como réus em processo por formação de quadrilha ou bando, tinham, ao se associarem, a intenção de cometer delitos. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 21 3. Antijuridicidade 3.1. Considerações Gerais Disse-se, momentos antes, que sob o prisma formal crime é todo fato típico e antijurídico, sendo que, até o presente momento muito se falou da tipicidade, ou seja, da necessidade de estar, a conduta que se pretende incriminar, descrita por um tipo penal incriminador. Sendo que: não obstante a importância de que, efetivamente, se reveste a tipicidade, outro aspecto é também de suma importância, qual seja, a antijuridicidade. Ou seja: Não basta que um determinado fato seja típico, é também necessário que seja antijurídico. Em outros termos: não basta que uma conduta humana seja típica, descrita em lei. É necessário, também, para que uma conduta seja taxada de criminosa, que à ela esteja atrelada um outro elemento estrutural do delito, que também é de suma importância, qual seja: a antijuridicidade. Sendo que: esta ( antijuridicidade), por sua vez, pode ser entendida como sendo a contrariedade de uma determinada conduta ao direito. A propósito: mais adiante se verá, que apesar de uma conduta estar descrita em lei e ser, portanto, típica, por vezes estará, esta mesma conduta, despida da característica de contrariedade do direito, e como se disse anteriormente, esta característica de contrariedade ao direito é fundamental para que uma determinada conduta seja taxada de criminosa. Em outras palavras: nem sempre uma conduta típica também será antijurídica. Ou, ainda, como bem leciona Zaffaroni, “a tipicidade é apenas um indício de antijuridicidade”, uma vez que uma conduta típica pode estar Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 22 acobertada por uma das causas de exclusão de antijuridicidade que serão estudadas em uma aula posterior. Saiba que: acerca deste particular aspecto, temos por oportuno transcrever os sempre elucidativos ensinamentos do Profº. Damásio Evangelista de Jesus: “Antijuridicidade é a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico. A conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for expressamente declarada lícita. Assim, o conceito de ilicitude de um fato típico é encontrado por exclusão: é antijurídico quando não declarado lícito por causas de exclusão da antijuridicidade.” ( Grifo Nosso) Vamos explicar melhor: de acordo com a técnica legislativa do direito penal, para que possamos considerar como sendo “criminosa” uma determinada conduta, num primeiro momento devemos nos certificar de que ela ( conduta) está tipificada, descrita em lei, uma vez que tal como rezam os artigos 1º do Código Penal, e 5º, inciso XXXIX da Constituição Federal, não há crime sem lei anterior que o defina. Sendo que: após a constatação do enquadramento legal da conduta, após se ter verificado que esta conduta é típica, deve-se passar a análise de sua antijuridicidade, de sua contrariedade ao ordenamento jurídico. Saiba que: esta sistemática tem uma razão de ser, posto que, se uma conduta não estiver descrita em lei como sendo crime, se não for típica, também não poderá ser antijurídica, contrária ao Direito. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 23 Ou seja: a antijuridicidade da conduta pressupõe sua tipicidade, sendo que, sobre este particular aspecto. cumpre atentarmos ao que leciona o Profº. Aberto Silva Franco: “O juízo de ilicitude é bifásico: no primeiro momento, afirma-se, em caráter provisório, que a conduta humana se acomoda ao tipo; no segundo, proclama-se a inexistência de causa que licite2 a conduta típica.” ( Grifo Nosso) Pois bem: sabemos que a tipicidade de uma conduta é determinada em face de sua adequação a uma norma penal incriminadora, mas...e a antijuridicidade ? Como se chega a conclusão que uma conduta típica também é antijurídica ? Preste atenção: via de regra, todo fato típico também é antijurídico, tanto que a doutrina é unânime ao afirmar que tipicidade é indício de antijuridicidade. A propósito: acerca deste particular aspecto, cumpre atentarmos para as lições do Profº. Alberto Silva Franco, que podem assim serem transcritas “O indício de ilicitude que a tipicidade, de uma forma geral, faz pressupor pode, contudo, desaparecer se o legislador, por razões as mais diversas, formular uma norma permissiva do procedimento típico. A causa de exclusão de ilicitude converte o fato, em si típico, num fato perfeitamente lícito e aprovado pelo ordenamento jurídico.” Preste muita atenção: estas “causas”, estas situações que excluem a antijuridicidade de uma determinada conduta são previstas pelas chamadas 2 - Que declare a legalidade Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 24 normas permissivas, que se contrapõem às chamadas normas proibitivas ( que descrevem os comportamentos delituosos). Continue prestando atenção: estas causas de exclusão de antijuridicidade também são denominadas pela doutrina de justificativas, descriminantes, causas de justificação. Saiba ainda que: as principais causas de exclusão de antijuridicidade estão previstas no artigo 23 do Código Penal, que assim pode ser transcrito: Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: I – em estado de necessidade II – em legítima defesa. III – em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso Punível Parágrafo único: O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. A propósito: tal como bem nos lembra o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, existem ainda outras causas de exclusão de antijuridicidade inseridas na parte especial3 do Código Penal, e em outros diplomas legais. Vamos exemplificar: a antijuridicidade dos crimes de difamação e injúria, que são condutas descritas nos artigos 139 e 140 do Código Penal, pode ser excluída com base no que preceitua o artigo 142 , que assim preceitua: 3 - Lembrando que a parte especial do Código Penal começa no artigo 121, e tem como função definir crimes. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 25 Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível: I – A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever de ofício. Parágrafo único: nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Perceba que: no exemplo supramencionado, a exclusão da antijuridicidade não se dá em face de uma das causas arroladas no artigo 23 do Código Penal, e sim em face do que preceitua o artigo 142 do Estatuto Repressor. A propósito: à título de complementação, convém darmos uma lida nos dispositivos legais que tipificam, respectivamente,a difamação e a injúria. Vamos aos dispositivos: Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 26 Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena: detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.4 Convém que se fixe, portanto, que: todo fato típico também será antijurídico, desde que não incida sobre ele nenhuma “causa de justificação”, nenhuma causa de exclusão de antijuridicidade. Sendo que: ,acerca da metodologia usualmente empregada quando da análise da antijuridicidade da conduta, temos por oportuno, ainda, que se atente para as elucidativas lições dos Mestres Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, que podem assim ser transcritas: “O método segundo o qual se constata a presença da antijuridicidade, consiste na constatação de que a conduta típica não está permitida por qualquer causa de justificação, em parte alguma da ordem jurídica.” ( Grifo Nosso) A propósito: é importante que se fixe que nem sempre um fato descrito em lei como crime ( sendo, portanto, típico) também será antijurídico, contrário ao direito. Para que se possa bem compreender o que estamos a enfatizar, faremos uso de um exemplo: Suponha-se que Joaquim, durante uma discussão, venha a matar com tiros de revólver Manoel, e seja processado por homicídio doloso, em face do que preceitua o artigo 121 do Código Penal. No entanto, durante o curso do processo se constata que, em verdade, Joaquim só atirou em Manoel 4 - Lembrando que, por questões didáticas, apenas transcrevemos o “caput” dos artigos supracitados, posto que as disposições contidas nos incisos e parágrafos dos dispositivos legais em questão não nos interessam no momento. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 27 porque este, tendo adentrado a casa daquele lhe apontando uma arma, disse que ia matá-lo. Nesse caso, tal como preceitua o artigo 25 do Código Penal, não há que se negar que Joaquim praticou o fato em legítima defesa, e portanto, sua conduta, apesar de típica, não será antijurídica, e consequentemente, o crime de homicídio não poderá subsistir, posto que tal como já dissemos, toda conduta, para ser considerada “crime”, há de ser, necessariamente, típica e antijurídica. Perceba que: Joaquim praticou um fato típico, pois sua conduta é descrita pelo artigo 121 do Código Penal. No entanto, tal conduta não pode ser considerada antijurídica, por ter, este, praticado, o fato em legítima defesa. Preste Muita Atenção: a “legítima defesa” será melhor estudada posteriormente. No entanto, desde já cumpre atentar para o artigo 25 do Código Penal, que como já dissemos, cuida de disciplinar tal causa de exclusão da antijuridicidade. É o dispositivo: Art. 25. Entende-se em legítima defesa que, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. ( Grifo Nosso) Em outros termos: Joaquim não agiu de maneira contraria ao direito, posto que, nas circunstâncias em que ele se encontrava, o legislador (neste caso através do artigo 25 do Código Penal) permite a prática de uma conduta descrita como crime no artigo 121 do Estatuto Repressor ( homicídio). Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 28 Não se esqueça que: se o fato for típico e não for antijurídico, não há que se falar em crime. Para que um determinado fato possa ser considerado crime, como já dissemos anteriormente, deve ele ser, necessariamente, típico e antijurídico. A propósito: chegam, alguns autores, a dizer que a antijuridicidade é o aspecto mais relevante do delito, e segundo estes mesmos autores, a antijuridicidade não é apenas uma característica ou elemento do crime, mas sim sua própria natureza intrínseca. Não se esqueça que: para se formular um juízo acerca da “tipicidade” de uma conduta devemos analisar a “adequação” do fato a uma norma penal incriminadora, proibitiva, ao passo que, para a formulação de um juízo acerca da “antijuridicidade”, necessário se faz que se constate a “inadequação”, a contrariedade do fato em relação ao ordenamento jurídico. 3.2. Antijuridicidade Formal e Antijuridicidade Material A maioria dos autores de Direito Penal costuma referir-se à duas espécies de antijuridicidade, quais sejam: a antijuridicidade formal e a antijuridicidade material. Sendo que: a antijuridicidade formal, segundo a maioria dos autores, é a contrariedade existente entre a conduta e norma penal. Ou seja: a ilicitude formal, segundo nos informa o Profº Eduardo Del Campo, é a mera oposição do fato ao ordenamento jurídico. Em contrapartida: a antijuridicidade material pode ser entendida como sendo a contrariedade do fato em relação ao sentimento comum de justiça, tal como nos ensina o Profº. Fernando Capez . Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 29 Perceba que: a antijuridicidade material, conforme nos ensina o Profº. Eduardo Del Campo é mais ampla, posto que analisa o fato em relação ao sentimento social. Acerca desta espécie de antijuridicidade, temos por oportuno que se atente, ainda, para os ensinamentos do Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros5, que podem assim serem transcritos: “Antijuridicidade Material ou substancial é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pela norma violada. É portanto, o caráter anti-social do fato típico. ( Grifo Nosso) Saiba que: quando tratam desta “subdivisão”, alguns autores costumam expor o seguinte exemplo: prender um perigoso bandido sem mandado e sem flagrante é formalmente antijurídico e materialmente jurídico. Vamos explicar: O artigo 5º, inciso LXI da Constituição Federal preceitua que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Portanto: viola a lei quem prende uma pessoa, mesmo sendo esta um perigoso bandido, sem mandado e sem flagrante. Por isso se diz que tal ato é formalmente antijurídico. Mas: como esta “pessoa” era um “perigoso bandido”, será melhor para a sociedade que ele fique preso. Como ele era um “perigoso bandido” , não se pode dizer que a conduta de prendê-lo sem mandado e sem flagrante é socialmente danosa. Daí dizerem, alguns doutrinadores, que, neste exemplo, a conduta é materialmente jurídica. 5 - Direito Penal – Parte Geral – Vol. I. Saraiva, São Paulo, 2003, p. 300. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 30 Tome Muito Cuidado: o conceito material de antijuridicidade não pode se sobrepor ao conceito formal de antijuridicidade. Este último ( conceito formal ) tem mais força que o primeiro ( conceito material). Por isso que: Quando uma conduta estiver descrita em lei, sendo, portanto, formalmente antijurídica, poderá ensejar uma condenação criminal, mesmo que não seja mais reprovada socialmente, mesmo que não se revista mais da chamada antijuridicidade material. Ou seja: a norma que, eventualmente não se revista mais da chamada antijuridicidade material, que não vá mais de encontro ao sentimento social de justiça, continua vigorando até que outra lei a revogue. A propósito: exemplo clássico de conduta que vem, cada vez mais, sendo aceita socialmente, é o caso do adultério, mas, mesmo com o enfraquecimento da reprovação social em face deste tipo de conduta, o artigo de lei que a incrimina continua vigorando, e nada impede que o cônjugetraído processe o “traidor” criminalmente, pela prática de tal conduta. Lembre-se que: Tal como dissemos em uma aula anterior, apenas uma lei pode revogar outra lei, tal como preceitua a Lei de Introdução ao Código Civil. Sendo que: o costume, por mais que possa servir de elemento de interpretação da norma penal, nunca poderá revogá-la. A propósito, o adultério é incriminado pelo artigo 240 do Código Penal. Vamos dar uma olhada no dispositivo em questão: Art. 240. Cometer adultério. Pena – detenção de 15 (quinze) dias a 6 ( seis) Preste atenção à um aspecto de extrema importância: não se deve duvidar que, com base na ausência de antijuridicidade material de uma conduta possa, Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 31 o juiz, reconhecer, em favor do réu, a existência de uma causa supralegal6 de exclusão de antijuridicidade, e assim decidir que não houve crime por ausência de antijuridicidade, mas tal maneira de proceder depende, ao nosso ver, de uma análise do caso concreto que para ele se apresente, não podendo ser, portanto, regra geral. A propósito: sobre a importância de cada uma destas espécies de antijuridicidade, convém atentarmos para as elucidativas lições do Profº. Cezar Roberto Bitencourt, que podem assim ser transcritas: “ O domínio da chamada antijuridicidade material não coincide necessariamente com o do ilícito formal, e se, um se apresenta discordante do outro, é a este último, isto é, à definição legal, que fica subordinado o juiz, podendo apenas recorrer à noção de antijuridicidade material como elemento de interpretação da norma”. ( Grifo Nosso) Deve-se ainda levar em consideração que: o conceito de antijuridicidade formal acaba por confundir antijuridicidade com tipicidade, sendo que, tal como leciona o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, a locução “antijuridicidade formal” não indica outra espécie de ilicitude, mas apenas um modo de exprimir um dos elementos do fato típico ( a tipicidade). Enfatiza ainda o penalista em questão que a razão está com Asúa7 , que afirmava que a antijuridicidade formal é a tipicidade e a antijuridicidade material é a própria antijuridicidade. Note, portanto, que: A antijuridicidade é uma coisa só, é una: é a contrariedade do fato ao direito, como já se expôs. E o que se busca denominar de antijuridicidade formal, na verdade, tem muito mais a ver com a tipicidade do que com a antijuridicidade. 6 - Que não é prevista legalmente 7 - Penalista Argentino Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 32 A propósito: sobre este particular aspecto, e seguindo nossa mesma linha de raciocínio, assim leciona o Profº Flávio Augusto Monteiro de Barros: “ Na verdade, existe apenas antijuridicidade material. Prevalece, assim, a concepção unitária, que repudia a divisão da antijuridicidade em material e formal, já que esta última, a rigor, não é antijuridicidade, mas tipicidade.” ( Grifo Nosso) 3.3. Antijuridicidade Objetiva e Antijuridicidade Subjetiva Aspecto que já gerou, em tempos passados, muita discussão doutrinária, se referia ao caráter da antijuridicidade. Muito se discutia se teria, a antijuridicidade, um caráter objetivo ou subjetivo. Vamos explicar melhor: Para os que defendiam que ela tinha um caráter subjetivo, a antijuridicidade de uma conduta dependia, também, de aspectos subjetivos do agente. Ou seja: para que um fato fosse antijurídico, era imprescindível que ele tivesse sido praticado por uma pessoa imputável, culpável, que tivesse aptidão para ser responsabilizado penalmente pela prática de um ilícito penal. Tal como ensina-nos Flávio Augusto Monteiro de Barros, para os defensores desta teoria, as proibições contidas nos tipos penais incriminadores só se dirigem as pessoas imputáveis, pois só estes podem assimilar as ordens e proibições contidas na norma jurídico-penal. Para os que defendem que a antijuridicidade tem um caráter objetivo, sua existência pressupõe apenas a contrariedade a uma norma. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 33 Ou seja: tal como leciona o supra citado penalista, para esta teoria a antijuridicidade consiste num juízo de valoração acerca da lesividade do fato praticado, que se mostra contrário ao direito. A propósito: enfatiza ainda, o penalista em questão, que para os que defendem o caráter objetivo da antijuridicidade, o perfil do acusado, ou seja, sua qualidade de inimputável, não influi na antijuridicidade. Note, portanto, que: para os que defendem o caráter objetivo da antijuridicidade, sua existência não se condiciona ao perfil pessoal do acusado. Cumpre ainda, lembrar que o eminente penalista José Frederico Marques, que era adepto desta teoria, lecionava que a antijuridicidade deve ser determinada objetivamente, ou seja, independentemente da culpa ou da imputabilidade do agente. Sendo que: a doutrina mais moderna, ao nosso ver acertadamente, é unânime em afirmar que a antijuridicidade se reveste apenas de um caráter objetivo uma vez que, ao afirmar que esta também possui um caráter subjetivo, se estará confundindo a antijuridicidade com a culpabilidade. A propósito: cremos ser, este posicionamento, o mais acertado, pois tal como leciona o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, a ilicitude resolve-se na lesão de um bem penalmente protegido, independentemente da culpabilidade do sujeito. Sendo assim: o louco, e menor de 18 anos, por exemplo, que são inimputáveis, tal como se verá em uma aula posterior, podem perfeitamente praticar um fato típico e antijurídico. Eles não serão punidos com pena privativa de liberdade ( detenção e reclusão), mas tais circunstâncias pessoais ( insanidade e menoridade) não excluem a antijuridicidade da conduta. Preste muita atenção: é importante que se compreenda que o “louco” e o menor de 18 anos não estarão imunes à conseqüências jurídico-penais em face do fato típico e antijurídico por eles praticado. Em verdade, eles não Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 34 estarão sujeitos as mesmas conseqüências impostas ao imputável, ao culpável, aquele que tem capacidade de entender o caráter ilícito do fato. Isto porque: se uma pessoa imputável ( que não for louco ou menor de 18 anos, por exemplo) praticar um homicídio, estará sujeito a uma pena de reclusão que varia de 6 a 20 anos. Ao passo que quando um “ louco” pratica tal conduta, o juiz poderá aplicar-lhe o que se denomina “ medida de segurança”, nos moldes do que preceituam os artigos 96 e seguintes do Código Penal, desde que, tal como leciona o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, estejam presentes dois requisitos, quais sejam: a periculosidade e o fato típico. Sendo que: quando o menor pratica um fato descrito em lei como crime, a este se aplicará qualquer uma das chamadas “medidas sócio-educativas” previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente ( Lei 8.069/90). Presta muita atenção: as chamadas “ medidas de segurança” são melhor estudadas quando tratamos da “ Teoria Geral da Pena”, mas desde já cumpre esclarecer que estas se diferenciam bastante das penas de reclusão e detenção, e compreendem, segundo o artigo 96 do Código Penal: a - a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico; b – sujeição a tratamento ambulatorial. Enfim: assim, terminamos esta nossa aula, lembrando, porém, que os outros elementos do fato típico (a conduta, o resultado e o nexo causal), bem como as causas de exclusão de antijuridicidade arroladas no artigo 23, serão estudadas em aulas posteriores. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídicoà Distância 35 Questão-Problema Um amigo do diretor executivo da empresa onde você trabalha, começou a conversar com você enquanto aguardava para ser anunciado. Num determinado momento da conversa ele lhe diz: - Esta semana aconteceu uma coisa engraçada. Há alguns meses atrás, tentei matar meu vizinho, pois ele vivia me enchendo o saco. Mas por sorte do infeliz, bem no momento que eu disparei meu revólver contra ele, sua esposa bateu no meu braço, e o tiro acabou pegando na árvore, que estava à uns 3 cm dele. Na hora ainda pensei: que sorte deu o infeliz. Eu bem que tentei, mas não consegui acabar com meu vizinho. Depois eu em acalmei, e achei melhor não fazer mais nada contra ele, pois acabaria prejudicando a eu mesmo, e os familiares dele, que nada têm a ver com isso. Ocorre que, no começo desta semana, fui intimado para depor da delegacia, sendo que o oficial de justiça apenas disse que se tratava de um crime que teria sido cometido contra meu vizinho. Achei um absurdo, pois pelo que sei, tentar matar alguém não é crime nenhum. Depois de ter lhe falado tudo isso, ele vira e diz: você também não acha um absurdo ? O que você responderia ? Aproveite para dissertar sobre as duas formas de adequação típica das condutas. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 36 Quadro Sinóptico 1. Tipicidade: nome dado à perfeita correspondência entre uma determinada conduta e um tipo penal incriminador. 2. A descrição legal dos crimes é feita pelos tipos penais, e à adequação de uma determinada conduta à descrição feita pelos tipos penais incriminadores se dá o nome de tipicidade. 3. Tipicidade e adequação típica: segundo alguns autores a expressão “adequação típica” pressupõe um exame que vai mais além da perfeita correspondência de uma determinada conduta e um tipo penal incriminador. Em essência, no entanto, não há uma diferença substancial entre tipicidade e adequação típica. 4. Adequação típica de subordinação imediata ou direta: nestes casos, tal como ensina-nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o fato se enquadra no modelo legal imediatamente, sem que para isso seja necessário o uso de outro dispositivo legal. 5. Adequação típica de subordinação mediata ou indireta: esta ocorrerá quando, comparados o tipo e a conduta, não se verificar, de imediato, entre eles, perfeita correspondência, sendo necessário o uso de outra norma que promova a extensão do tipo penal até a conduta, tal como ocorre nos casos de tentativa e participação. 6. Elementos do fato típico: antes de revermos quais são os elementos fato típico, é de se ter mente que, tal como dissemos anteriormente, os elementos do tipo penal não se confundem com os elementos do fato típico. Os “elementos do fato típico” dizem respeito aos elementos integrantes do fato que se amolda a um tipo penal, enquanto que os “elementos do tipo penal” dizem respeito aos elementos que ,via regra, fazem parte do próprio tipo penal. Elementos objetivos do tipo penal: se referem ao aspecto material do delito, tais como: objeto do crime, lugar do crime, tempo do crime. Elementos normativos do tipo penal: estes se traduzem em sendo os termos ou expressões de índole jurídica ou cultural. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 37 Elementos subjetivos do tipo penal: pertencem ao campo psíquico espiritual do agente e fazem menção à representação especial do resultado. Evidenciam uma finalidade específica por parte do agente. 7. Antijuridicidade: esta pode ser entendida como sendo a contrariedade de uma determinada conduta ao ordenamento jurídico. Lembre-se que: se o sujeito praticar um fato típico, mas estiver acobertado por uma das causas de exclusão de antijuridicidade, sua conduta não será antijurídica, o crime desaparecerá. Ou seja: em sempre uma conduta típica também será antijurídica. 8. Antijuridicidade formal: contrariedade existente entre a conduta e a norma penal. 9. Antijuridicidade material: contrariedade do fato em relação ao sentimento social de justiça. Não se esqueça que: o conceito material de antijuridicidade nunca poderá se sobrepor ao conceito formal de antijuridicidade. É o conceito formal de antijuridicidade que o juiz deve levar em consideração quando estiverem em conflito as duas espécies de antijuridicidade ( formal e material). 8. Antijuridicidade objetiva e antijuridicidade subjetiva: tempos atrás, muito se discutiu se a antijuridicidade tinha um caráter objetivo ou subjetivo. Para os que defendiam que ela tinha um caráter subjetivo, a antijuridicidade de uma conduta dependia, também, de aspectos subjetivos do agente. Em contrapartida: para os que defendem que a antijuridicidade tem um caráter objetivo, sua existência pressupõe apenas a contrariedade a uma norma, independentemente das condições pessoais do agente.
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