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06-TGC – Módulo II - Prof

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Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
Ensino Jurídico à Distância 
1
Direito Penal I – Aula 06 
Teoria Geral do Crime – Módulo II 
 
 
 Tipicidade 
 Adequação Típica 
 Elementos do Tipo Penal 
 Antijuridicidade 
 
 
1. Considerações Iniciais 
 
Tal como dissemos na aula passada, sob o prisma formal, conceitua-se 
o crime em seu aspecto técnico-jurídico, ou seja, do ponto de vista da lei. E 
busca, tal forma de conceituação, estabelecer os elementos estruturais do 
delito, daí dizer que, sob o enfoque formal, crime é todo fato típico e antijurídico 
 
A propósito: na aula passada, por questões didáticas, não abordamos a 
tipicidade, a antijuridicidade. Ou seja: na aula anterior apenas expusemos o 
conceito formal de crime, e preferimos deixar para esta aula a análise dos 
elementos estruturais do delito. 
 
Pois bem: é chegada a hora de termos o primeiro contato com os elementos 
estruturais do delito, quais sejam, a tipicidade e a antijuridicidade. É chegada a 
hora de constatarmos que tais vocábulos ( tipicidade e antijuridicidade) não são 
usados para exprimir uma idéia muito complicada. 
 
2. Tipicidade 
 
2.1. Considerações Gerais 
 
 De início, é por bem que se tenha em mente que tipicidade é o nome 
dado à perfeita correspondência entre uma determinada conduta e um tipo 
Direito Penal I 
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Ensino Jurídico à Distância 
2
penal incriminador, sendo que este, como já se dissemos anteriormente, é 
aquele que se ocupa de descrever crimes. 
 
Ou seja: todo fato humano que se amolda a descrição legal de um 
determinado crime feita pelo legislador é denominado de fato típico, ou seja, é 
um fato contaminado com a tipicidade. 
 
Entretanto: para que possamos melhor compreender o instituto da tipicidade, é 
necessário que façamos algumas outras considerações que servirão para 
elucidar nosso raciocínio, sendo que, é óbvio que, para que exista crime, em 
primeiro lugar se faz necessária a existência de uma conduta humana, que, 
como se verá mais adiante. poderá se exteriorizar através de uma ação ou de 
uma omissão. 
 
Pois bem: nem todo comportamento humano, contudo, sem constitui em 
sendo penalmente relevante. Aliás, nem poderia ser diferente. 
 
Isto porque: imagine, à título de exemplificação, que se pudesse considerar 
como sendo penalmente relevante o comportamento humano de mandar flores 
para a pessoa amada. 
 
Sendo que: para evitar a ocorrência de tais absurdos, e limitar a função 
punitiva estatal, deve-se obediência inquestionável ao princípio da legalidade 
ou reserva legal ( lembra dele ? ) que preceitua que apenas poderão ser 
considerados “crime” os fatos assim descritos pela lei. 
 
A propósito: é por bem que se recorde que, tal como visto na aula 02, o 
princípio da legalidade atua juntamente com outros, que também ajudam a 
limitar a função punitiva estatal. 
 
Uma vez que: o princípio da legalidade, atuando por si só, seria insuficiente 
para coibir certos tipos de abuso. 
 
Direito Penal I 
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3
Pare e pense: segundo ele, não há crime sem lei que o defina., entretanto, se 
não fosse o princípio da intervenção mínima, por exemplo, o legislador poderia 
definir como sendo criminosas condutas totalmente inofensivas. Imaginemos, à 
título de exemplificação, o seguinte tipo penal: 
 
“Assistir filmes no cinema depois das 
23:00 horas. 
 
Pena: reclusão de 01 ( um ) a 3 ( três ) 
anos e multa.” 
 
Perceba que: se apenas se devesse obediência ao princípio da legalidade, 
nada impediria que a conduta de assistir filmes no cinema depois das 23 horas 
fosse considerada criminosa. Bastando, para tal, a existência de uma lei que 
definisse a conduta como tal. 
 
Entretanto: como se disse anteriormente, outros princípios existem que devem 
ser observados pelo legislador quando da elaboração da lei penal. 
 
A propósito: como citamos o princípio da intervenção mínima como exemplo, 
temos por bem recordar o que preceitua tal princípio, e para tanto faremos uso 
das elucidativas lições de Damásio Evangelista de Jesus: 
 
“ O princípio da intervenção mínima 
procura restringir ou impedir o arbítrio 
do legislador, no sentido de evitar a 
definição desnecessária de crimes e a 
imposição de penas injustas, desumanas ou 
cruéis. A descrição de tipos delituosos 
deve obedecer à imprescindibilidade. Só 
devendo o Estado intervir, por intermédio 
do direito penal, quando os outros ramos 
do direito não conseguirem prevenir a 
conduta ilícita1.” 
 
 
1 - Por isso se diz que o Direito Penal deve ser a ultima ratio ou último recurso do Estado para garantir a paz social e a 
proteção dos bens jurídicos mais importantes para a sobrevivência da coletividade. 
Direito Penal I 
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4
 Tenha sempre em mente que: a descrição legal dos crimes, é feita pelos 
tipos penais, e, à adequação de uma determinada conduta a descrição contida 
em um tipo penal dá-se o nome de tipicidade. 
 
A propósito: acerca da conceituação do vocábulo “tipicidade”, temos por 
oportuno que se atente para os elucidativos ensinamentos do Profº. Fernando 
Capez, que podem assim serem transcritos: 
 
 
“Tipicidade é a subsunção, a justaposição, 
o enquadramento, o amoldamento ou integral 
correspondência de uma conduta praticada 
no mundo real ao modelo descrito constante 
na lei...Temos, pois, de um lado, uma 
conduta da vida real; de outro, o tipo 
legal de crime constante na Lei penal. A 
tipicidade consiste na correspondência 
entre ambos.” 
 ( Grifo Nosso ) 
 
Em outros termos: tal como lecionam os mestres Eugênio Raúl Zaffaroni e 
José Henrique Pierangeli, tipicidade é a característica de uma conduta que se 
ajusta ao tipo penal. 
 
Pois bem: Feitas estas considerações, é de se esperar que se tenha 
possibilitado de maneira satisfatória a compreensão acerca do que é, 
efetivamente, esta tal de tipicidade. E nisto cremos pois se tal compreensão 
não foi possível através das nossas próprias elucidações, ela com certeza se 
tornou possível com a transcrição dos ensinamentos dos Professores Fernando 
Capez e dos mestres Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli 
Zafaroni, que são por demais elucidativos. 
 
Em Suma: é importante que se tenha em mente que o tipo penal é a descrição 
legal de uma conduta humana tida como delituosa, e que tipicidade é a 
correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição contida na lei 
penal. 
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2.2. Tipicidade e Adequação Típica 
 
 Uma vez compreendido o instituto da tipicidade, facilmente chegamos à 
conclusão de que se faz necessário, para que uma determinada conduta seja 
taxada de criminosa, que esta se amolde à um tipo penal incriminador, posto 
que a tipicidade é um dos elementos estruturais do delito. Ou seja, se faz 
imprescindível que se a conduta se adeqüe à um tipo penal incriminador. 
 
Ou seja: é de se notar que se faz necessária uma adequação típica da 
conduta, que, sem querer fazer-se redundante, deve ser entendida como sendo 
a correspondência entre a conduta e o tipo penal. 
 
Sendo que: desta tal de adequação típica estamos falando não só para 
traduzir uma expressão técnica, mas porque existem peculiaridades atinentes à 
ela ( adequação típica) que são de suma importância. 
 
A propósito: entendem, alguns autores, que, enquanto a tipicidade consiste na 
mera correspondência formal entre uma conduta humana e o que está descrito 
do tipo, a adequação típica faz supor um exame mais aprofundado do que a 
mera correspondência objetiva. 
 
Entretanto: seguindo a linha dos autores mais modernos, entendemos não 
haver diferença entre as duas expressões ( tipicidade e adequaçãotípica). Em 
outras palavras: para nós adequação típica e tipicidade são expressões 
sinônimas. 
 
Saiba que: um dos pontos mais importantes desta tal adequação típica está 
em perceber que ela pode acontecer de duas maneiras, quais sejam: 
 
 Adequação Típica de Subordinação Imediata ou Direta 
 
 Adequação Típica de Subordinação Mediata ou Indireta ou Ampliada 
 
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Falemos um pouco então sobre estas duas formas de adequação 
típica: 
 
 Adequação Típica de Subordinação Imediata: nestes casos, tal como 
ensina-nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o fato se enquadra no 
modelo legal imediatamente ( grifo nosso), sem que para isso seja 
necessário o uso de outro dispositivo legal. 
 
Por exemplo: Joaquim estupra Maria. O fato se enquadra diretamente à figura 
penal no artigo 213 do Código Penal, sem necessidade de interposição de 
qualquer outra norma. Vamos dar uma olhada no citado dispositivo: 
 
“Art. 213. Constranger mulher à conjunção 
carnal, mediante violência ou grave 
ameaça: 
 
Pena – reclusão de 6 ( seis ) a 10 ( dez ) 
anos 
 
A propósito: diante do supra exposto, se poderia fazer a seguinte indagação: 
em todos os casos a adequação típica de uma conduta ocorre desta maneira ? 
A resposta à tal pergunta, sem dúvida, há de ser negativa, uma vez que, em 
verdade, nem sempre a adequação típica se dará de forma imediata, como 
adiante se verá, quando estudarmos a adequação típica de subordinação 
mediata ou indireta 
 
Em outros termos: esta espécie de adequação típica ( Imediata ou de 
Subordinação Direta) não possibilita o enquadramento legal de todos os 
comportamentos merecedores de punição. 
 
Sendo que: para que não se deixe sem punição condutas que, de imediato 
não podem ser taxadas de típicas, mas que, no entanto, também merecem ser 
punidas, deve-se recorrer ao que se denominou chamar normas de extensão, 
que acabam funcionando como uma ponte, evitando assim que certos fatos 
danosos fiquem sem punição por falta de adequação típica. 
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 Adequação Típica de Subordinação Mediata ou Indireta ou Ampliada: 
esta ocorrerá quando, comparados o tipo e a conduta, não se verificar, de 
imediato, entre eles, perfeita correspondência, sendo necessário o uso de 
outra norma que promova a extensão do tipo penal até a conduta. 
 
Vamos explicar melhor: por vezes, uma conduta, apesar de não ser 
alcançada pelo tipo penal, poderá ser passível de punição. E para que fique 
bem clara a idéia de adequação típica de subordinação mediata ou ampliada 
ou indireta, temos por bem transcrever os ensinamentos do Profº. Eduardo 
Roberto Alcântara Del-Campo: 
 
“ Na adequação típica de subordinação 
mediata ou ampliada, o fato, para poder 
alcançar a tipicidade depende de 
interposição de uma outra norma que amplia 
o sentido do tipo penal.” 
( Grifo Nosso) 
 
Preste muita atenção: via de regra, a adequação típica de subordinação 
mediata ou indireta ocorrerá nos casos de tentativa, e participação ( que é uma 
das formas de “concurso de pessoas), e tais temas serão estudados com mais 
profundidade em aulas posteriores, mas, no entanto, se faz imprescindível que 
façamos algumas breves explicações, para que assim se possa melhor 
compreender o tema desta aula. 
 
 Tentativa: via de regra, os crimes tentados não se amoldam diretamente a 
nenhum tipo penal incriminador. Não existe , por exemplo, um tipo penal 
que considere, de forma expressa, como sendo criminosa a conduta de 
tentar matar alguém. O que existe é o tipo penal insculpido no artigo 121 do 
Código Penal que descreve a conduta de matar alguém. Portanto, se não 
fossem as já citadas normas de extensão, a conduta de tentar matar 
alguém não sofreria nenhum tipo de sanção. Vamos dar uma olhada no 
citado dispositivo: 
 
 
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“Art. 121. Matar Alguém. 
 
Pena – reclusão de 6 ( seis ) à 20 ( vinte 
anos). 
 
Preste muita atenção: tal como dissemos anteriormente, anteriormente não 
há crime sem lei que o defina ( tal como dita o Princípio da Legalidade). 
 
 Pois bem: num primeiro momento, portanto, poder-se-ia dizer que a conduta 
de tentar matar alguém seria um irrelevante penal . 
 
 Isto porque: o artigo 121, por exemplo, fala em matar e não em tentar matar. 
No entanto, não há dúvidas de que a idéia de deixar sem reprovação penal 
aquele que tenta tirar a vida de seu semelhante vai de encontro aos mais 
dignos preceitos de justiça. 
 
A propósito: cremos ser importante, no presente momento, falarmos sobre o 
que vem a ser, efetivamente, um crime tentado (também denominado de “crime 
imperfeito”) 
 
Pois bem: diz-se que o crime foi “tentado” quando, iniciada a execução, ele 
não se consuma por vontades alheias ä vontade do agente. E tal definição nos 
é fornecida pelo artigo 14, inciso II do Código Penal, que assim preceitua: 
 
Art. 14. Diz-se o crime: 
 
( ... ) 
 
II – tentado, quando iniciada a execução, 
não se consuma por circunstâncias alheias 
à vontade do agente. 
 
Parágrafo Único. Salvo disposição em 
contrário, pune-se a tentativa com a pena 
correspondente ao crime consumado, 
diminuída de um a dois terços. 
 ( Grifo Nosso) 
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Preste muita atenção: a norma disposta no artigo 14, inciso II e seu parágrafo 
único deve ser entendida como sendo uma norma de extensão. 
 
Isto porque: através desta norma, o legislador, dotado de coerência impar, 
possibilitou que se punissem as condutas de tentar roubar, tentar matar, sendo 
que tais condutas, apesar de atípicas, não podem deixar de receber uma 
reprovação penal. Acerca da norma da tentativa, temos por oportuno que se 
atente para os elucidativos ensinamentos do Profº. Fernando Capez: 
 
“A norma da tentativa ( art. 14,inciso II 
do Código Penal) é, portanto, uma norma de 
extensão por meio da qual resulta uma 
adequação típica mediata ou indireta do 
fato tentado à norma que se pretendia 
violar.” 
( Grifo Nosso) 
 
Tenha em mente que: nos casos de tentativa, o crime não se consuma por 
motivos alheios à vontade do agente, e por isso acabam merecendo punição. 
 
Ou seja: já que, pela vontade do agente o crime teria se consumado, ele ( 
agente) não merece ficar sem punição. Temos por oportuno, mais um vez, que 
se atente para os elucidativos ensinamentos do Profº. Fernando Capez, que 
podem assim serem transcritos: 
 
“No caso da tentativa, essa extensão ou 
ampliação do tipo dá-se no tempo, pois o 
modelo descritivo alcança a conduta 
momentos antes de se atingida a 
consumação. A conduta só deveria se 
enquadrar no tipo quando atingisse a 
consumação, mas a norma da tentativa faz 
aquele ( tipo) retroceder no tempo e 
alcançar o fato antes de sua realização 
completa.” 
( Grifo Nosso) 
 
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 Participação: tal instituto, como anteriormente exposto, está ligado ao tema 
“Concurso de Agentes”, e portanto, será estudo com mais profundidade em 
uma aula posterior. Entretanto, assim como fizemos com a tentativa, 
cumpre fazer algumas considerações iniciais sobre a participação, para que 
se possa compreender a relação deste instituto com o tema da presente 
aula. 
 
A propósito: de início é por bem que se exponha que partícipe é aquele que 
concorre para a prática da infração penal de qualquer modo, sem. no entanto, 
praticar o verbo contido na figura típica. Tal como ensina-nos o Profº. Fernando 
Capez, partícipe, portanto, não é aquele que mata, mas que instiga a matar, 
não furta, mas ajuda a subtrair. 
 
Em outros termos: segundo o penalista em questão, o tipo penal sempre tem 
um verbo, que é seu núcleo, e opartícipe é justamente a pessoa que não 
pratica esse verbo, decorrendo daí a impossibilidade de adequação direta, 
imediata. 
 
Perceba, portanto, que: num primeiro momento, via de regra, a conduta do 
partícipe não se enquadra a nenhum tipo penal legal, ou seja, no caso da 
participação também “inocorre” correspondência direta entre a conduta e o tipo 
penal. Vamos dar um exemplo de participação para que se compreenda melhor 
o que se está a afirmar: 
 
 João, Pedro e Gabriel resolvem roubar um banco, sendo que ficou 
combinado que o primeiro iria dirigir o carro dos assaltantes até a porta do 
banco, para que os outros dois cometessem o assalto. De acordo com o 
tipo penal que incrimina a conduta do roubo, apenas poderiam ser punidos 
os dois ladrões que efetivamente praticaram o assalto, que, subtraíram, 
mediante violência, coisa alheia móvel, sendo que o primeiro, que apenas 
dirigiu o carro até a porta do banco não poderia ser incriminado por tal 
conduta. 
 
 
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A propósito: atente-se para o fato de que inexiste um tipo penal que incrimine 
de forma expressa a conduta de dirigir um automóvel para que outros 
cometam crime. 
 
Pois bem: o primeiro, que apenas dirigiu o veículo não “subtraiu”, mas “ajudou 
a subtrair”. Ou seja: João concorreu para a prática do roubo, mas não praticou 
o verbo descrito no tipo penal em questão, qual seja, “subtrair”. 
 
Pois bem: vamos agora dar uma olhada no tipo penal que incrimina a conduta 
de pessoas como as do exemplo supracitado, que insistem em transgredir as 
normas impostas à sociedade, qual seja, o artigo 157 do Código Penal: 
 
Art. 157. Subtrair, coisa móvel alheia, 
para si ou para outrém, mediante grave 
violência ou ameaça à pessoa, ou depois de 
havê-la, por qualquer meio, reduzido à 
impossibilidade de resistência. 
 
Pena – reclusão de 4 ( quatro) a 10 ( dez 
) anos e multa. 
 
Tenha em mente que: tanto neste, como em outros artigos por nós transcritos, 
apenas nos preocupamos em transcrever o caput do artigo, sendo que, na 
maioria dos exemplos transcritos, existem outras figuras e circunstâncias que 
também fazem parte do tipo penal em comento. 
 
Ou seja: via de regra, por questões didáticas, apenas transcrevemos a parte 
que nos interessa. E a parte que nos interessa, no momento, é a descrição 
básica da conduta. Todavia, quando o tema assim exige, transcrevemos outras 
partes do dispositivo, tal como fizemos, por exemplo, no caso da transcrição 
legal do dispositivo que cuida da tentativa. 
 
Voltando à “participação”, perceba que: tal como no caso da tentativa, 
deixar de punir o partícipe, ou seja, aquele que, não obstante o fato de não ter 
praticado o verbo contido no tipo penal contribui para a prática do ilícito, iria de 
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encontro aos mais dignos preceitos de justiça. Ou alguém acha que seria justo 
deixar de punir, por exemplo, aquele que leva os assaltantes até a porta do 
banco apenas porque sua conduta não está tipificada expressamente ? 
 
Sendo que: para os casos de participação, o legislador, também dotado de 
coerência impar, impôs uma norma de extensão para atingir condutas que não 
estão tipificadas expressamente. E o fez através do artigo 29, caput do Código 
Penal vigente, que assim preceitua: 
 
Art. 29. Quem, de qualquer modo concorre 
para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
 
( Grifo Nosso) 
 
Saiba que: o dispositivo supra transcrito, assim como o já citado artigo 14, 
inciso II do Código Penal, possibilita que sejam punidas determinadas condutas 
que, apesar de não estarem tipificadas de forma expressa, merecem uma 
reprovação penal., sendo, portanto, à exemplo do artigo 14, inciso II, uma 
norma de extensão. 
 
2.3. Elementos do Tipo 
 
 Antes de adentrarmos na explanação acerca dos elementos do tipo, 
convém fazer uma ressalva de extrema importância: os elementos do tipo 
penal não se confundem com os elementos do fato típico . 
 
Isto porque: os “elementos do fato típico” dizem respeito aos elementos 
integrantes do fato que se amolda a um tipo penal, enquanto que os 
“elementos do tipo penal” dizem respeito aos elementos que ,via regra, fazem 
parte do próprio tipo penal. 
 
Sendo que: Os elementos do fato típico serão estudados nas próximas aulas, 
entretanto, um desses elementos acabou sendo abordado na presente aula, 
qual seja: a tipicidade. 
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A propósito: apenas para que se conste, os elementos do fato típico são, 
segundo a melhor doutrina, os seguintes: 
 
 Conduta Humana dolosa ou Culposa 
 O Resultado 
 Nexo de Causalidade entre a conduta e resultado 
 Tipicidade 
 
Sendo que: como se asseverou anteriormente, com exceção da tipicidade, que 
fora abordada na presente aula, os outros elementos integrantes do fato típico 
serão estudados nas próximas aulas, portanto não há que se temer a 
complexidade do tema. 
 
Mas enfim: voltemos a falar sobre o tema que nos interessa no momento, qual 
seja, os elementos integrantes do tipo penal, da norma penal incriminadora. 
Vamos, agora, “dissecar” o tipo penal e identificar cada um dos elementos que 
fazem parte de sua composição: 
 
 Elementos Objetivos do Tipo Penal: estes elementos se referem ao 
aspecto material do delito. São, nos dizeres do Profº. Fernando Capez, os 
elementos que existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam 
ser descritos pela lei penal. Pode-se citar como exemplo destes elementos 
os seguintes 
 
a - o objeto do crime - no caso do homicídio, por exemplo, seria a pessoa, o 
“alguém”, do qual fala a norma. 
 
b - o lugar do crime - no caso de violação de domicílio, por exemplo, seria a 
domicílio alheio, “a casa alheia ou suas dependências”, como diz o tipo. 
 
c - o tempo do crime – que no caso do infanticídio, por exemplo, seria o 
“durante o parto ou logo após”, do qual fala o tipo penal. 
 
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A propósito: para facilitar a compreensão do tema ora em estudo, temos por 
bem transcrever os tipos penais usados como exemplo em cada um dos 
citados elementos, quais sejam, o homicídio, a violação de domicílio e o 
infanticídio. Vamos aos dispositivos: 
 
Homicídio 
Art. 121. Matar alguém. 
 
Pena – reclusão de 6 ( seis ) a 20 ( 
vinte) anos. 
 
Infanticídio 
Art. 123. Matar, sob a influência do 
estado puerperal, o próprio filho, durante 
o parto ou logo após. 
 
Pena – detenção de 2 ( dois) a 6 ( seis) 
anos. 
 
 
 
 Violação de Domicílio 
Art. 150. Entrar ou permanecer, 
clandestina ou astuciosamente, ou contra 
vontade expressa ou tácita de quem de 
direito, em casa alheia ou em suas 
dependências. 
 
Pena – detenção de 1 ( um ) a 3 ( três ) 
meses, ou multa. 
 
Preste atenção: para que se fixe melhor o conceito de elementos objetivos do 
tipo, convém termos em mente que, tal como ensina-nos o Profº. o Profº 
Eduardo Roberto Alcântara Del-Campo, normalmente, o tipo penal é formado 
por um verbo, seguido de seu respectivo objeto. 
 
Por exemplo: no tipo do homicídio, que traz em seu caput a descrição da 
conduta de “matar alguém” , facilmente se percebe que o “matar” é o verbo, 
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enquanto que o “alguém” é seu objeto, ou seja, é o elemento objetivo do tipo 
insculpido no artigo 121. 
 
Vejamos outro exemplo: no caso do furto, que é descrito no artigo 155 do 
Código Penal, a conduta que se descreve é “subtrair para si ou para outrem 
coisa alheia móvel”. Também neste caso se pode perceber facilmente que 
“subtrair” representa o verbo do tipo, enquanto que o “coisaalheia” representa 
o objeto, ou seja, é o elemento objetivo do tipo penal insculpido no artigo 155 
do Código Penal. Vamos dar uma olhada no dispositivo em questão: 
 
Furto 
 
Art. 155. Subtrair, para si ou para 
outrem, coisa alheia móvel. 
 
Pena – reclusão de 1 ( um ) a 4 ( quatro) 
anos, e multa. 
 
 Elementos Normativos do Tipo Penal: tal como ensina-nos o Profº. Flávio 
Augusto Monteiro de Barros, este compreendem os termos ou expressões 
de índole jurídica ou cultural. Tais elementos, diferentemente dos elementos 
objetivos, que são, de pronto, identificáveis, dependem de uma valoração 
para que se consiga perceber seu verdadeiro significado. Temos por 
oportuno, no presente momento, que se atente para os elucidativos 
ensinamentos do Profº. Fernando Capez, que podem assim serem 
transcritos: 
 
“Ao contrário dos elementos descritivos ou 
objetivos do tipo penal, o significado dos 
elementos normativos não pode ser extraído 
da mera observação, sendo imprescindível 
um juízo de valoração jurídica, social, 
cultural, histórica, política ou até mesmo 
religiosa.” 
( Grifo Nosso) 
 
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Preste atenção: Os elementos normativos do tipo, geralmente, aparecem na 
forma de expressões como sem justa causa, mulher honesta, dignidade, 
decoro, fraudulentamente, sendo que, tal ensina-nos o Profº. Damásio 
Evangelista de Jesus, tais noções só podem ser compreendidas 
espiritualmente, ao contrário dos elementos objetivos que podem ser 
compreendidos materialmente. 
 
A propósito: vamos agora transcrever alguns tipos penais que contêm 
elementos normativos e fazer as devidas observações: 
 
Abandono Intelectual 
Art. 244. Deixar, sem justa causa de 
prover à instrução primária de filho em 
idade escolar. 
 
Pena – detenção de 15 ( quinze ) dias a 1 
(um)mês, ou multa. 
 
OBS: no caso deste tipo penal, o elemento 
normativo surge através da expressão 
“justa causa”. Exige o tipo, para sua 
configuração, que pais de crianças em 
idade escolar deixem de lhes possibilitar 
a instrução primária, sem justa causa, sem 
um motivo que justifique o aparente 
desleixo. Quem vai analisar a existência 
ou não da “justa causa” é o juiz, ao 
julgar, com base nas provas que foram 
trazidas ao processo. Depende-se de uma 
valoração, por parte do juiz para que se 
constate a existência ou não de uma “justa 
causa” em favor dos pais da criança. 
. 
 
 Corrupção Passiva 
 
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou 
para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função ou antes de 
assumi-la, mas em razão dela, vantagem 
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indevida ou aceitar promessa de tal 
vantagem. 
 
Pena – reclusão de 1 (um) a 8 (oito) anos 
e multa. 
 
OBS: no caso deste dispositivo legal, o 
elemento normativo aparece através da 
expressão “indevida”. Para que um agente 
público seja punido pelo crime supra 
transcrito, é necessária uma valoração, 
para que se constate se a vantagem é 
realmente indevida. Se a dita vantagem for 
apenas um dos privilégios inerentes à 
função que ele exerce, não há que se falar 
que tal vantagem é indevida. O fato de um 
policial militar, por exemplo, receber, 
quando sai da escola de soldados, uma 
arma fornecida pelo Estado, não significa 
que ele está recebendo uma vantagem 
indevida. Mas antes de dizer se a vantagem 
era indevida ou não, com já se disse, é 
mister que se faça uma valoração acerca 
dela. 
 
 
Posse Sexual Mediante Fraude 
 
Art. 215. Ter conjunção carnal com mulher 
honesta. Mediante fraude. 
 
Pena – reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
OBS: no caso deste dispositivo legal, o 
elemento normativo vem expresso através da 
expressão “mulher honesta”. Segundo a 
melhor doutrina, “mulher honesta” é aquela 
mulher honrada, decente. Estão excluídas 
desta denominação, por exemplo, as 
prostitutas, pois no que toca à estas, não 
que se falar em “fraude”, uma vez que a 
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mulher sabe que vai para a cama com um 
homem e vai receber apenas dinheiro em 
troca. Para a configuração do crime em 
tela, é preciso que o homem utilize-se de 
meio fraudulento para manter relações com 
“mulher honesta”, portanto, exige-se uma 
valoração por parte do juiz para que se 
constate que a mulher que alega ser vítima 
de tal crime é realmente “honesta”. O juiz 
é quem vai analisar se ela cabe dentro do 
conceito de mulher honesta exigido pelo 
tipo penal em questão. 
 
 
 Elementos Subjetivos do Tipo Penal: estes são os elementos que 
pertencem ao campo psíquico-espiritual do agente. 
 
Preste Muita Atenção: têm-se por certo que, via de regra, os tipos penais 
descrevem a conduta criminosa de maneira objetiva, sem se fazer qualquer 
menção à estados anímicos do agente. 
 
Sendo que: no homicídio, por exemplo, não interessa se o agente matou a 
vítima porque ela torcia para um time rival ou por causa de uma briga no 
trânsito. O tipo penal do homicídio fala em matar alguém, e portanto, tanto o 
sujeito que mata alguém num estádio de futebol, numa briga de torcidas, como 
o que mata alguém numa briga de trânsito, cometeram um homicídio. 
 
Pare e pense: partindo deste princípio, poderia se questionar: como pode, 
então, o tipo penal, que descreve as condutas de maneira objetiva, conter 
elementos subjetivos ? 
 
Vamos explicar: por vezes o legislador acha conveniente inserir no tipo, que é, 
em sua essência, objetivo, alguns elementos subjetivos. Em determinadas 
situações o legislador, além de descrever a conduta, faz menção expressa a 
uma finalidade específica. 
 
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Em outras palavras: em alguns delitos diz-se: “fazer tal coisa, com tal intuito”. 
 
Saiba ainda que: tais elementos subjetivos, segundo a melhor doutrina, 
costumam aparecer nos chamados delitos de intenção, onde, tal como ensina-
nos o Profº Fernando Capez, deve existir uma representação especial do 
resultado. 
 
Ou seja: nos delitos de intenção o agente pratica uma conduta com uma 
finalidade específica. 
 
Preste muita atenção: não se deve confundir os elementos subjetivos do tipo 
com o elemento subjetivo da conduta, (dolo), que será estudado em uma aula 
posterior. 
 
Isto porque: o dolo integra a conduta, e os elementos subjetivos do tipo, o tipo 
penal. 
 
A propósito: vejamos alguns tipos penais incriminadores que contêm os 
chamados elementos subjetivos do tipo, que fazem menção à uma 
representação especial do resultado, sendo que, ao final de cada um destes 
dispositivos cuidaremos de identificar o elemento subjetivo e fazer um breve 
comentário. 
 
Perceba que: os elementos subjetivos de cada dos tipos penais transcritos 
estão devidamente grifados, por questões didáticas: 
 
Extorsão 
 
Art. 158. Constranger alguém, mediante 
violência ou grave ameaça, e com o intuito 
de obter para si ou para outrem indevida 
vantagem econômica, a fazer, a fazer, 
tolerar que se faça ou deixar de fazer 
alguma coisa. 
 
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Pena - reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) 
anos e multa. 
 
OBS: no caso deste dispositivo, o elemento 
subjetivo se expressa através da expressão 
“com o intuito de obter para si ou para 
outrem indevida vantagem econômica”. O 
Juiz, com base nas provas trazidas ao 
processo deverá valorar se o réu tinha a 
intenção de obter indevida vantagem 
econômica, e ainda, deverá ser analisado, 
também, se a vantagem realmente era 
indevida. Se o agente não tinha a intenção 
de obter a indevida vantagem, ou se a 
vantagem pretendida não era indevida, 
manifesta será a atipicidade da conduta. 
 
Quadrilha ou Bando 
 
Art. 288. Associarem-se mais de três 
pessoas em quadrilha ou bando, para fim de 
cometer crimes. 
 
Pena– reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
OBS: por óbvio que para a configuração do 
tipo penal supra transcrito, 
imprescindível será que a associação de 
mais de três pessoas objetive a prática de 
ilícitos. Sem tal constatação, poderia se 
chegar ao absurdo, por exemplo, de se 
incriminar pessoas que se reúnem apenas 
para jogar futebol aos finais de semana. É 
imprescindível que o Juiz valore, analise, 
se as pessoas que eventualmente figurarem 
como réus em processo por formação de 
quadrilha ou bando, tinham, ao se 
associarem, a intenção de cometer 
delitos. 
 
 
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3. Antijuridicidade 
 
3.1. Considerações Gerais 
 
 Disse-se, momentos antes, que sob o prisma formal crime é todo fato 
típico e antijurídico, sendo que, até o presente momento muito se falou da 
tipicidade, ou seja, da necessidade de estar, a conduta que se pretende 
incriminar, descrita por um tipo penal incriminador. 
 
Sendo que: não obstante a importância de que, efetivamente, se reveste a 
tipicidade, outro aspecto é também de suma importância, qual seja, a 
antijuridicidade. 
 
Ou seja: Não basta que um determinado fato seja típico, é também necessário 
que seja antijurídico. 
 
 
Em outros termos: não basta que uma conduta humana seja típica, descrita 
em lei. É necessário, também, para que uma conduta seja taxada de criminosa, 
que à ela esteja atrelada um outro elemento estrutural do delito, que também é 
de suma importância, qual seja: a antijuridicidade. 
 
Sendo que: esta ( antijuridicidade), por sua vez, pode ser entendida como 
sendo a contrariedade de uma determinada conduta ao direito. 
 
A propósito: mais adiante se verá, que apesar de uma conduta estar descrita 
em lei e ser, portanto, típica, por vezes estará, esta mesma conduta, despida 
da característica de contrariedade do direito, e como se disse anteriormente, 
esta característica de contrariedade ao direito é fundamental para que uma 
determinada conduta seja taxada de criminosa. 
 
Em outras palavras: nem sempre uma conduta típica também será 
antijurídica. Ou, ainda, como bem leciona Zaffaroni, “a tipicidade é apenas um 
indício de antijuridicidade”, uma vez que uma conduta típica pode estar 
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acobertada por uma das causas de exclusão de antijuridicidade que serão 
estudadas em uma aula posterior. 
 
Saiba que: acerca deste particular aspecto, temos por oportuno transcrever os 
sempre elucidativos ensinamentos do Profº. Damásio Evangelista de Jesus: 
 
“Antijuridicidade é a relação de 
contrariedade entre o fato típico e o 
ordenamento jurídico. A conduta descrita 
em norma penal incriminadora será ilícita 
ou antijurídica quando não for 
expressamente declarada lícita. Assim, o 
conceito de ilicitude de um fato típico é 
encontrado por exclusão: é antijurídico 
quando não declarado lícito por causas de 
exclusão da antijuridicidade.” 
( Grifo Nosso) 
 
Vamos explicar melhor: de acordo com a técnica legislativa do direito penal, 
para que possamos considerar como sendo “criminosa” uma determinada 
conduta, num primeiro momento devemos nos certificar de que ela ( conduta) 
está tipificada, descrita em lei, uma vez que tal como rezam os artigos 1º do 
Código Penal, e 5º, inciso XXXIX da Constituição Federal, não há crime sem lei 
anterior que o defina. 
 
Sendo que: após a constatação do enquadramento legal da conduta, após se 
ter verificado que esta conduta é típica, deve-se passar a análise de sua 
antijuridicidade, de sua contrariedade ao ordenamento jurídico. 
 
Saiba que: esta sistemática tem uma razão de ser, posto que, se uma conduta 
não estiver descrita em lei como sendo crime, se não for típica, também não 
poderá ser antijurídica, contrária ao Direito. 
 
 
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Ou seja: a antijuridicidade da conduta pressupõe sua tipicidade, sendo que, 
sobre este particular aspecto. cumpre atentarmos ao que leciona o Profº. 
Aberto Silva Franco: 
 
“O juízo de ilicitude é bifásico: no 
primeiro momento, afirma-se, em caráter 
provisório, que a conduta humana se 
acomoda ao tipo; no segundo, proclama-se a 
inexistência de causa que licite2 a 
conduta típica.” 
( Grifo Nosso) 
 
 
Pois bem: sabemos que a tipicidade de uma conduta é determinada em face 
de sua adequação a uma norma penal incriminadora, mas...e a antijuridicidade 
? Como se chega a conclusão que uma conduta típica também é antijurídica ? 
 
Preste atenção: via de regra, todo fato típico também é antijurídico, tanto que 
a doutrina é unânime ao afirmar que tipicidade é indício de antijuridicidade. 
 
A propósito: acerca deste particular aspecto, cumpre atentarmos para as 
lições do Profº. Alberto Silva Franco, que podem assim serem transcritas 
 
“O indício de ilicitude que a tipicidade, 
de uma forma geral, faz pressupor pode, 
contudo, desaparecer se o legislador, por 
razões as mais diversas, formular uma 
norma permissiva do procedimento típico. A 
causa de exclusão de ilicitude converte o 
fato, em si típico, num fato perfeitamente 
lícito e aprovado pelo ordenamento 
jurídico.” 
 
Preste muita atenção: estas “causas”, estas situações que excluem a 
antijuridicidade de uma determinada conduta são previstas pelas chamadas 
 
2 - Que declare a legalidade 
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normas permissivas, que se contrapõem às chamadas normas proibitivas ( que 
descrevem os comportamentos delituosos). 
 
Continue prestando atenção: estas causas de exclusão de antijuridicidade 
também são denominadas pela doutrina de justificativas, descriminantes, 
causas de justificação. 
 
Saiba ainda que: as principais causas de exclusão de antijuridicidade estão 
previstas no artigo 23 do Código Penal, que assim pode ser transcrito: 
 
Art. 23. Não há crime quando o agente 
pratica o fato: 
 
I – em estado de necessidade 
 
II – em legítima defesa. 
 
III – em estrito cumprimento do dever 
legal ou no exercício regular de direito. 
 
Excesso Punível 
 
Parágrafo único: O agente, em qualquer das 
hipóteses deste artigo, responderá pelo 
excesso doloso ou culposo. 
 
 
A propósito: tal como bem nos lembra o Profº. Flávio Augusto Monteiro de 
Barros, existem ainda outras causas de exclusão de antijuridicidade inseridas 
na parte especial3 do Código Penal, e em outros diplomas legais. 
 
Vamos exemplificar: a antijuridicidade dos crimes de difamação e injúria, que 
são condutas descritas nos artigos 139 e 140 do Código Penal, pode ser 
excluída com base no que preceitua o artigo 142 , que assim preceitua: 
 
 
3 - Lembrando que a parte especial do Código Penal começa no artigo 121, e tem como função definir crimes. 
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Art. 142. Não constituem injúria ou 
difamação punível: 
 
I – A ofensa irrogada em juízo, na 
discussão da causa, pela parte ou por seu 
procurador; 
 
II – a opinião desfavorável da crítica 
literária, artística ou científica, salvo 
quando inequívoca a intenção de injuriar 
ou difamar; 
 
III – o conceito desfavorável emitido por 
funcionário público, em apreciação ou 
informação que preste no cumprimento de 
dever de ofício. 
 
Parágrafo único: nos casos dos ns. I e 
III, responde pela injúria ou pela 
difamação quem lhe dá publicidade. 
 
 
Perceba que: no exemplo supramencionado, a exclusão da antijuridicidade 
não se dá em face de uma das causas arroladas no artigo 23 do Código Penal, 
e sim em face do que preceitua o artigo 142 do Estatuto Repressor. 
 
 
A propósito: à título de complementação, convém darmos uma lida nos 
dispositivos legais que tipificam, respectivamente,a difamação e a injúria. 
Vamos aos dispositivos: 
 
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe 
fato ofensivo à sua reputação: 
 
Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) 
ano, e multa. 
 
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Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a 
dignidade ou o decoro: 
 
Pena: detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, 
ou multa.4 
 
Convém que se fixe, portanto, que: todo fato típico também será antijurídico, 
desde que não incida sobre ele nenhuma “causa de justificação”, nenhuma 
causa de exclusão de antijuridicidade. 
 
Sendo que: ,acerca da metodologia usualmente empregada quando da análise 
da antijuridicidade da conduta, temos por oportuno, ainda, que se atente para 
as elucidativas lições dos Mestres Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique 
Pierangeli, que podem assim ser transcritas: 
 
“O método segundo o qual se constata a 
presença da antijuridicidade, consiste na 
constatação de que a conduta típica não 
está permitida por qualquer causa de 
justificação, em parte alguma da ordem 
jurídica.” 
 ( Grifo Nosso) 
 
A propósito: é importante que se fixe que nem sempre um fato descrito em lei 
como crime ( sendo, portanto, típico) também será antijurídico, contrário ao 
direito. 
 
Para que se possa bem compreender o que estamos a enfatizar, 
faremos uso de um exemplo: 
 
 Suponha-se que Joaquim, durante uma discussão, venha a matar com tiros 
de revólver Manoel, e seja processado por homicídio doloso, em face do 
que preceitua o artigo 121 do Código Penal. No entanto, durante o curso do 
processo se constata que, em verdade, Joaquim só atirou em Manoel 
 
4 - Lembrando que, por questões didáticas, apenas transcrevemos o “caput” dos artigos supracitados, posto que as 
disposições contidas nos incisos e parágrafos dos dispositivos legais em questão não nos interessam no momento. 
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porque este, tendo adentrado a casa daquele lhe apontando uma arma, 
disse que ia matá-lo. 
 
 Nesse caso, tal como preceitua o artigo 25 do Código Penal, não há que se 
negar que Joaquim praticou o fato em legítima defesa, e portanto, sua 
conduta, apesar de típica, não será antijurídica, e consequentemente, o 
crime de homicídio não poderá subsistir, posto que tal como já dissemos, 
toda conduta, para ser considerada “crime”, há de ser, necessariamente, 
típica e antijurídica. 
 
Perceba que: Joaquim praticou um fato típico, pois sua conduta é descrita 
pelo artigo 121 do Código Penal. No entanto, tal conduta não pode ser 
considerada antijurídica, por ter, este, praticado, o fato em legítima defesa. 
 
Preste Muita Atenção: a “legítima defesa” será melhor estudada 
posteriormente. No entanto, desde já cumpre atentar para o artigo 25 do 
Código Penal, que como já dissemos, cuida de disciplinar tal causa de 
exclusão da antijuridicidade. É o dispositivo: 
 
Art. 25. Entende-se em legítima defesa 
que, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, 
atual ou iminente, a direito seu ou de 
outrem. 
( Grifo Nosso) 
 
Em outros termos: Joaquim não agiu de maneira contraria ao direito, posto 
que, nas circunstâncias em que ele se encontrava, o legislador (neste caso 
através do artigo 25 do Código Penal) permite a prática de uma conduta 
descrita como crime no artigo 121 do Estatuto Repressor ( homicídio). 
 
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Não se esqueça que: se o fato for típico e não for antijurídico, não há que se 
falar em crime. Para que um determinado fato possa ser considerado crime, 
como já dissemos anteriormente, deve ele ser, necessariamente, típico e 
antijurídico. 
 
 
 
 
 
A propósito: chegam, alguns autores, a dizer que a antijuridicidade é o 
aspecto mais relevante do delito, e segundo estes mesmos autores, a 
antijuridicidade não é apenas uma característica ou elemento do crime, mas 
sim sua própria natureza intrínseca. 
 
Não se esqueça que: para se formular um juízo acerca da “tipicidade” de uma 
conduta devemos analisar a “adequação” do fato a uma norma penal 
incriminadora, proibitiva, ao passo que, para a formulação de um juízo acerca 
da “antijuridicidade”, necessário se faz que se constate a “inadequação”, a 
contrariedade do fato em relação ao ordenamento jurídico. 
 
3.2. Antijuridicidade Formal e Antijuridicidade Material 
 
 A maioria dos autores de Direito Penal costuma referir-se à duas 
espécies de antijuridicidade, quais sejam: a antijuridicidade formal e a 
antijuridicidade material. 
 
Sendo que: a antijuridicidade formal, segundo a maioria dos autores, é a 
contrariedade existente entre a conduta e norma penal. Ou seja: a ilicitude 
formal, segundo nos informa o Profº Eduardo Del Campo, é a mera oposição 
do fato ao ordenamento jurídico. 
 
Em contrapartida: a antijuridicidade material pode ser entendida como sendo 
a contrariedade do fato em relação ao sentimento comum de justiça, tal como 
nos ensina o Profº. Fernando Capez . 
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Perceba que: a antijuridicidade material, conforme nos ensina o Profº. Eduardo 
Del Campo é mais ampla, posto que analisa o fato em relação ao sentimento 
social. Acerca desta espécie de antijuridicidade, temos por oportuno que se 
atente, ainda, para os ensinamentos do Profº. Flávio Augusto Monteiro de 
Barros5, que podem assim serem transcritos: 
 
“Antijuridicidade Material ou substancial 
é a lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico protegido pela norma violada. É 
portanto, o caráter anti-social do fato 
típico. 
 ( Grifo Nosso) 
 
Saiba que: quando tratam desta “subdivisão”, alguns autores costumam expor 
o seguinte exemplo: prender um perigoso bandido sem mandado e sem 
flagrante é formalmente antijurídico e materialmente jurídico. 
 
Vamos explicar: O artigo 5º, inciso LXI da Constituição Federal preceitua que 
ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente. 
 
Portanto: viola a lei quem prende uma pessoa, mesmo sendo esta um 
perigoso bandido, sem mandado e sem flagrante. Por isso se diz que tal ato é 
formalmente antijurídico. 
 
Mas: como esta “pessoa” era um “perigoso bandido”, será melhor para a 
sociedade que ele fique preso. Como ele era um “perigoso bandido” , não se 
pode dizer que a conduta de prendê-lo sem mandado e sem flagrante é 
socialmente danosa. Daí dizerem, alguns doutrinadores, que, neste exemplo, a 
conduta é materialmente jurídica. 
 
 
5 - Direito Penal – Parte Geral – Vol. I. Saraiva, São Paulo, 2003, p. 300. 
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Tome Muito Cuidado: o conceito material de antijuridicidade não pode se 
sobrepor ao conceito formal de antijuridicidade. Este último ( conceito formal ) 
tem mais força que o primeiro ( conceito material). 
 
Por isso que: Quando uma conduta estiver descrita em lei, sendo, portanto, 
formalmente antijurídica, poderá ensejar uma condenação criminal, mesmo que 
não seja mais reprovada socialmente, mesmo que não se revista mais da 
chamada antijuridicidade material. 
 
Ou seja: a norma que, eventualmente não se revista mais da chamada 
antijuridicidade material, que não vá mais de encontro ao sentimento social de 
justiça, continua vigorando até que outra lei a revogue. 
 
A propósito: exemplo clássico de conduta que vem, cada vez mais, sendo 
aceita socialmente, é o caso do adultério, mas, mesmo com o enfraquecimento 
da reprovação social em face deste tipo de conduta, o artigo de lei que a 
incrimina continua vigorando, e nada impede que o cônjugetraído processe o 
“traidor” criminalmente, pela prática de tal conduta. 
 
Lembre-se que: Tal como dissemos em uma aula anterior, apenas uma lei 
pode revogar outra lei, tal como preceitua a Lei de Introdução ao Código Civil. 
 
Sendo que: o costume, por mais que possa servir de elemento de 
interpretação da norma penal, nunca poderá revogá-la. A propósito, o adultério 
é incriminado pelo artigo 240 do Código Penal. Vamos dar uma olhada no 
dispositivo em questão: 
 
Art. 240. Cometer adultério. 
 
Pena – detenção de 15 (quinze) dias a 6 
( seis) 
 
Preste atenção à um aspecto de extrema importância: não se deve duvidar 
que, com base na ausência de antijuridicidade material de uma conduta possa, 
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o juiz, reconhecer, em favor do réu, a existência de uma causa supralegal6 de 
exclusão de antijuridicidade, e assim decidir que não houve crime por ausência 
de antijuridicidade, mas tal maneira de proceder depende, ao nosso ver, de 
uma análise do caso concreto que para ele se apresente, não podendo ser, 
portanto, regra geral. 
 
A propósito: sobre a importância de cada uma destas espécies de 
antijuridicidade, convém atentarmos para as elucidativas lições do Profº. Cezar 
Roberto Bitencourt, que podem assim ser transcritas: 
 
“ O domínio da chamada antijuridicidade 
material não coincide necessariamente com 
o do ilícito formal, e se, um se apresenta 
discordante do outro, é a este último, 
isto é, à definição legal, que fica 
subordinado o juiz, podendo apenas 
recorrer à noção de antijuridicidade 
material como elemento de interpretação da 
norma”. 
( Grifo Nosso) 
 
Deve-se ainda levar em consideração que: o conceito de antijuridicidade 
formal acaba por confundir antijuridicidade com tipicidade, sendo que, tal como 
leciona o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, a locução “antijuridicidade 
formal” não indica outra espécie de ilicitude, mas apenas um modo de exprimir 
um dos elementos do fato típico ( a tipicidade). Enfatiza ainda o penalista em 
questão que a razão está com Asúa7 , que afirmava que a antijuridicidade 
formal é a tipicidade e a antijuridicidade material é a própria antijuridicidade. 
 
 
Note, portanto, que: A antijuridicidade é uma coisa só, é una: é a 
contrariedade do fato ao direito, como já se expôs. E o que se busca 
denominar de antijuridicidade formal, na verdade, tem muito mais a ver com a 
tipicidade do que com a antijuridicidade. 
 
6 - Que não é prevista legalmente 
7 - Penalista Argentino 
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A propósito: sobre este particular aspecto, e seguindo nossa mesma linha de 
raciocínio, assim leciona o Profº Flávio Augusto Monteiro de Barros: 
 
“ Na verdade, existe apenas 
antijuridicidade material. Prevalece, 
assim, a concepção unitária, que repudia a 
divisão da antijuridicidade em material e 
formal, já que esta última, a rigor, não é 
antijuridicidade, mas tipicidade.” 
( Grifo Nosso) 
 
 
3.3. Antijuridicidade Objetiva e Antijuridicidade Subjetiva 
 
Aspecto que já gerou, em tempos passados, muita discussão 
doutrinária, se referia ao caráter da antijuridicidade. Muito se discutia se teria, a 
antijuridicidade, um caráter objetivo ou subjetivo. Vamos explicar melhor: 
 
 Para os que defendiam que ela tinha um caráter subjetivo, a 
antijuridicidade de uma conduta dependia, também, de aspectos 
subjetivos do agente. 
 
Ou seja: para que um fato fosse antijurídico, era imprescindível que ele tivesse 
sido praticado por uma pessoa imputável, culpável, que tivesse aptidão para 
ser responsabilizado penalmente pela prática de um ilícito penal. Tal como 
ensina-nos Flávio Augusto Monteiro de Barros, para os defensores desta 
teoria, as proibições contidas nos tipos penais incriminadores só se dirigem as 
pessoas imputáveis, pois só estes podem assimilar as ordens e proibições 
contidas na norma jurídico-penal. 
 
 Para os que defendem que a antijuridicidade tem um caráter objetivo, 
sua existência pressupõe apenas a contrariedade a uma norma. 
 
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Ou seja: tal como leciona o supra citado penalista, para esta teoria a 
antijuridicidade consiste num juízo de valoração acerca da lesividade do fato 
praticado, que se mostra contrário ao direito. 
 
A propósito: enfatiza ainda, o penalista em questão, que para os que 
defendem o caráter objetivo da antijuridicidade, o perfil do acusado, ou seja, 
sua qualidade de inimputável, não influi na antijuridicidade. 
 
Note, portanto, que: para os que defendem o caráter objetivo da 
antijuridicidade, sua existência não se condiciona ao perfil pessoal do acusado. 
Cumpre ainda, lembrar que o eminente penalista José Frederico Marques, que 
era adepto desta teoria, lecionava que a antijuridicidade deve ser determinada 
objetivamente, ou seja, independentemente da culpa ou da imputabilidade do 
agente. 
 
Sendo que: a doutrina mais moderna, ao nosso ver acertadamente, é unânime 
em afirmar que a antijuridicidade se reveste apenas de um caráter objetivo uma 
vez que, ao afirmar que esta também possui um caráter subjetivo, se estará 
confundindo a antijuridicidade com a culpabilidade. 
 
A propósito: cremos ser, este posicionamento, o mais acertado, pois tal como 
leciona o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, a ilicitude resolve-se na lesão 
de um bem penalmente protegido, independentemente da culpabilidade do 
sujeito. 
 
 Sendo assim: o louco, e menor de 18 anos, por exemplo, que são 
inimputáveis, tal como se verá em uma aula posterior, podem perfeitamente 
praticar um fato típico e antijurídico. Eles não serão punidos com pena privativa 
de liberdade ( detenção e reclusão), mas tais circunstâncias pessoais ( 
insanidade e menoridade) não excluem a antijuridicidade da conduta. 
 
Preste muita atenção: é importante que se compreenda que o “louco” e o 
menor de 18 anos não estarão imunes à conseqüências jurídico-penais em 
face do fato típico e antijurídico por eles praticado. Em verdade, eles não 
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estarão sujeitos as mesmas conseqüências impostas ao imputável, ao 
culpável, aquele que tem capacidade de entender o caráter ilícito do fato. 
 
Isto porque: se uma pessoa imputável ( que não for louco ou menor de 18 
anos, por exemplo) praticar um homicídio, estará sujeito a uma pena de 
reclusão que varia de 6 a 20 anos. Ao passo que quando um “ louco” pratica tal 
conduta, o juiz poderá aplicar-lhe o que se denomina “ medida de segurança”, 
nos moldes do que preceituam os artigos 96 e seguintes do Código Penal, 
desde que, tal como leciona o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, 
estejam presentes dois requisitos, quais sejam: a periculosidade e o fato típico. 
 
Sendo que: quando o menor pratica um fato descrito em lei como crime, a 
este se aplicará qualquer uma das chamadas “medidas sócio-educativas” 
previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente ( Lei 8.069/90). 
 
Presta muita atenção: as chamadas “ medidas de segurança” são melhor 
estudadas quando tratamos da “ Teoria Geral da Pena”, mas desde já cumpre 
esclarecer que estas se diferenciam bastante das penas de reclusão e 
detenção, e compreendem, segundo o artigo 96 do Código Penal: 
 
a - a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico; 
 
b – sujeição a tratamento ambulatorial. 
 
Enfim: assim, terminamos esta nossa aula, lembrando, porém, que os outros 
elementos do fato típico (a conduta, o resultado e o nexo causal), bem como 
as causas de exclusão de antijuridicidade arroladas no artigo 23, serão 
estudadas em aulas posteriores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Questão-Problema 
 
Um amigo do diretor executivo da empresa onde você trabalha, 
começou a conversar com você enquanto aguardava para ser anunciado. Num 
determinado momento da conversa ele lhe diz: 
 
- Esta semana aconteceu uma coisa engraçada. Há alguns meses atrás, 
tentei matar meu vizinho, pois ele vivia me enchendo o saco. Mas por sorte 
do infeliz, bem no momento que eu disparei meu revólver contra ele, sua 
esposa bateu no meu braço, e o tiro acabou pegando na árvore, que estava 
à uns 3 cm dele. Na hora ainda pensei: que sorte deu o infeliz. Eu bem que 
tentei, mas não consegui acabar com meu vizinho. Depois eu em acalmei, e 
achei melhor não fazer mais nada contra ele, pois acabaria prejudicando a 
eu mesmo, e os familiares dele, que nada têm a ver com isso. Ocorre que, 
no começo desta semana, fui intimado para depor da delegacia, sendo que 
o oficial de justiça apenas disse que se tratava de um crime que teria sido 
cometido contra meu vizinho. Achei um absurdo, pois pelo que sei, tentar 
matar alguém não é crime nenhum. 
 
Depois de ter lhe falado tudo isso, ele vira e diz: você também não acha 
um absurdo ? 
 
O que você responderia ? Aproveite para dissertar sobre as duas formas 
de adequação típica das condutas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro Sinóptico 
 
 
1. Tipicidade: nome dado à perfeita correspondência entre uma 
determinada conduta e um tipo penal incriminador. 
 
2. A descrição legal dos crimes é feita pelos tipos penais, e à 
adequação de uma determinada conduta à descrição feita pelos tipos 
penais incriminadores se dá o nome de tipicidade. 
 
3. Tipicidade e adequação típica: segundo alguns autores a expressão 
“adequação típica” pressupõe um exame que vai mais além da perfeita 
correspondência de uma determinada conduta e um tipo penal 
incriminador. Em essência, no entanto, não há uma diferença 
substancial entre tipicidade e adequação típica. 
 
4. Adequação típica de subordinação imediata ou direta: nestes casos, 
tal como ensina-nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o fato se 
enquadra no modelo legal imediatamente, sem que para isso seja 
necessário o uso de outro dispositivo legal. 
 
5. Adequação típica de subordinação mediata ou indireta: esta 
ocorrerá quando, comparados o tipo e a conduta, não se verificar, de 
imediato, entre eles, perfeita correspondência, sendo necessário o uso 
de outra norma que promova a extensão do tipo penal até a conduta, tal 
como ocorre nos casos de tentativa e participação. 
 
6. Elementos do fato típico: antes de revermos quais são os elementos 
fato típico, é de se ter mente que, tal como dissemos anteriormente, os 
elementos do tipo penal não se confundem com os elementos do fato 
típico. Os “elementos do fato típico” dizem respeito aos elementos 
integrantes do fato que se amolda a um tipo penal, enquanto que os 
“elementos do tipo penal” dizem respeito aos elementos que ,via regra, 
fazem parte do próprio tipo penal. 
 
 Elementos objetivos do tipo penal: se referem ao aspecto material 
do delito, tais como: objeto do crime, lugar do crime, tempo do 
crime. 
 
 Elementos normativos do tipo penal: estes se traduzem em sendo os 
termos ou expressões de índole jurídica ou cultural. 
 
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 Elementos subjetivos do tipo penal: pertencem ao campo psíquico 
espiritual do agente e fazem menção à representação especial do 
resultado. Evidenciam uma finalidade específica por parte do 
agente. 
 
7. Antijuridicidade: esta pode ser entendida como sendo a 
contrariedade de uma determinada conduta ao ordenamento jurídico. 
 
Lembre-se que: se o sujeito praticar um fato típico, mas estiver 
acobertado por uma das causas de exclusão de antijuridicidade, sua 
conduta não será antijurídica, o crime desaparecerá. Ou seja: em 
sempre uma conduta típica também será antijurídica. 
 
8. Antijuridicidade formal: contrariedade existente entre a conduta e 
a norma penal. 
 
9. Antijuridicidade material: contrariedade do fato em relação ao 
sentimento social de justiça. 
 
Não se esqueça que: o conceito material de antijuridicidade nunca 
poderá se sobrepor ao conceito formal de antijuridicidade. É o 
conceito formal de antijuridicidade que o juiz deve levar em 
consideração quando estiverem em conflito as duas espécies de 
antijuridicidade ( formal e material). 
 
8. Antijuridicidade objetiva e antijuridicidade subjetiva: tempos 
atrás, muito se discutiu se a antijuridicidade tinha um caráter 
objetivo ou subjetivo. Para os que defendiam que ela tinha um caráter 
subjetivo, a antijuridicidade de uma conduta dependia, também, de 
aspectos subjetivos do agente. 
 
Em contrapartida: para os que defendem que a antijuridicidade tem um 
caráter objetivo, sua existência pressupõe apenas a contrariedade a 
uma norma, independentemente das condições pessoais do agente.

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