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1 2 3 Sobre saúde intestinal 19 Constipação 68 Simplificando 12 As 7 funções do intestino 29 Diarreia 73 Tarefa de casa 33 SIBO 40 62 Programa dos 6R’s Receitas para a saúde intestinal SUMÁRIO 3 SOBRE SAÚDE INTES - TINAL 4 Ter saúde intestinal vai muito além de ir ao banheiro diariamente. Dores ao evacuar, desconfortos gastrointestinais, distensão abdominal, gases, alergias e hipersensibilidades, além de sinais e sintomas extraintestinais, como urticária, queda de cabelo, unha fraca, ansiedade, depressão, rinites, sinusites, dermatite, olhos inchados e dor lombar podem sinalizar que seu intestino não está funcionando bem. Saúde Intestinal 5 Uma boa saúde intestinal se inicia antes mesmo de nos alimentarmos, através da digestão cefálica, quando visualizamos e sentimos o cheiro do alimento. Sentar-se à mesa e comer com atenção plena e sem distrações, como televisão ou celular, repousando os talheres e mastigando pelo menos 30 vezes a cada garfada são práticas conhecidas como “mindful eating”, capazes de melhorar nossa digestão. Durante a mastigação, produzimos o “fator de crescimento epitelial”, que contribui na reparação gástrica e intestinal. 6 Ao chegar ao estômago, precisamos de um meio ácido para que esse alimento seja bem digerido, evitando que cheguem proteínas grandes no intestino, que podem servir como alimento para bactérias patogênicas conhecidas como protobactérias. Tais patógenos produzem substâncias nocivas reconhecidas como putrescinas e cadaverinas, responsáveis pelos gases fétidos. 7 O uso de inibidores da bomba de prótons (prazóis), estresse, falta de zinco, colina e vitaminas do complexo B, autoimunidade e infecções por Heliobacter pylori reduzem a produção de ácido clorídrico, diminuem a ativação de enzimas, prejudicam a digestão proteica e podem levar a um quadro de supercrescimento bacteriano no intestino delgado. Os principais sinais de hipocloridria são: azia, refluxo, eructação, dor após comer e digestão lenta após comer carnes. 8 No intestino, temos bilhões de microorganismos que nos habitam e convivem mutuamente conosco. Temos 1 a 2 vezes mais células bacterianas que células humanas e 100 vezes mais material genético microbiano. Portanto, somos mais bactérias que humanos. Vírus, bactérias, fungos e protozoários compõem a microbiota intestinal. 8 9 Qualquer desequilíbrio negativo que ocorra entre esses seres podem levar ao quadro de disbiose intestinal, que pode ser a causa de inúmeras patologias vivenciadas na atualidade, como: Doenças autoimunes, diabetes, depressão, esteatose hepática, resistência à insulina, obesidade, doenças cardiovasculares, cálculos renais, alergias e hipersensibilidades tardias, carência de micronutrientes, anemia e até mesmo câncer. 10 As principais causas de disbiose são: Nascer de parto cesariana Não receber aleitamento materno (usar fórmulas infantis) Excesso de higiene (sabonetes, álcool em gel) Sedentarismo Estresse Baixo consumo de polifenóis (frutas, verduras e legumes) Alergias e hipersensibilidades Baixo consumo de fibras Hipocloridria Uso de medicamentos (antibióticos, inibidores da bomba de prótons, corticóides, anti- inflamatórios) e uso de anticoncepcionais Diabetes Baixa hidratação Excesso de açúcares e carboidratos refinados Excesso de proteína animal 11 Falta de mastigação Disfunção pancreática Ficar menos que 12 horas em jejum Excesso de gordura saturada Infecções Cirurgia bariátrica Alimentos torrados Alterações hormonais Deficiência de zinco, vitamina A e D Ingerir muito líquido na refeição Remoção da vesícula biliar Polimorfismos genéticos Agrotóxicos Imunidade baixa Obesidade Frituras Hipotireoidismo Intolerâncias alimentares (ex: lactose) 12 AS 7 FUNÇÕES DO INTES - TINO 1313 O intestino recebe a liberação de enzimas pancreáticas responsáveis pela digestão de carboidratos, proteínas e gorduras. Além disso, há enzimas presentes na borda da escova intestinal, como lactase, sacarase e maltase, responsáveis pela digestão da lactose, sacarose e maltose. Digestão 14 Responsável pela absorção da glicose, aminoácidos, ácidos graxos, colesterol, vitaminas, minerais e fitoquímicos. Eliminação de resíduos alimentares, bactérias, água, fibras e compostos detoxificados no fígado através das fezes. Absorção Excreção 15 Mais de 90% da serotonina e 60% da dopamina produzida no nosso organismo vem do intestino. Assim como nós, bactérias intestinais também produzem serotonina, dopamina, glutamato, GABA e acetilcolina, que são os mesmos neurotransmissores produzidos no cérebro. Também produzem peptídeos beta-amilóides e alfa-sinucleínas, que podem cair na circulação, se depositar no cérebro e aumentar o risco do Alzheimer e Parkinson. Neuronal 16 Cerca de 70% das nossas células imunológicas se localizam no intestino, sendo que 50 a 75% do disparo imunológico inicia a nível intestinal. Um intestino doente leva à imunidade baixa e aumento do risco de infecções, alergias e hipersensibilidades. Imunológico 17 As células enteroendócrinas intestinais produzem hormônios e incretinas como melatonina, GLP-1 (peptídeo semelhante a glucagon 1), motilina, somatostatina, colecistoquinina, entre outros responsáveis pela motilidade intestinal, secreção de insulina, controle do apetite, reparo da mucosa intestinal e digestão, sendo fundamentais ao equilíbrio intestinal. Endócrino 18 Nosso intestino tem alta expressão de enzimas antioxidantes, sendo responsável pela eliminação de compostos indesejáveis ao organismo após metabolização hepática. Quanto mais constipados estamos, menos detoxificamos. TIPOS DE DISBIOSE - Aumento de bactérias patogênicas. - Falta de bactérias boas (probióticos). - Desproporção entre bactérias ruins e bactérias boas. - Aumento do crescimento de fungos. - Baixa diversidade microbiana. Detoxificante 19 CONSTIPAÇ ÃO 20 A constipação é muito comum em grande parte da população. Estar constipado significa que seus movimentos intestinais acontecem com menor frequência do que o normal. O ideal seria, no mínimo, uma evacuação diária. O número de evacuações varia conforme a quantidade de alimentos consumidos por cada pessoa, de acordo com as suas necessidades. Constipação 20 21 Algumas pessoas vão ao banheiro para evacuar três vezes na semana e, em casos mais graves, chegam a ficar até uma semana sem ir ao banheiro. As principais causas da constipação são: alergias, hipotireoidismo, falta de fibras e água, baixo consumo de gorduras boas, deficiência de magnésio, sedentarismo e estresse. O uso pregresso de laxantes também pode ser uma causa, já que o intestino pode se acostumar com o efeito irritativo do laxante, condicionando a evacuação a esse estímulo nocivo, fazendo com que, quando não ocorra seu uso, o intestino não funcione. Se você está constipado, sente dores e dificuldade em evacuar, possui fezes duras, sente que não se esvaziou completamente e tem inchaço na barriga, essas dicas podem lhe ajudar: 22 1. Ingira em torno de 35 a 50 ml/kg de água por dia. 2. Mastigue bem os alimentos. 3. Faça, pelo menos, 30 minutos de exercício físico ao dia. 4. Descasque mais e desembale menos. Consuma, no mínimo, 600g de vegetais, frutas e legumes crus por dia. Farelos e suplementos de fibras são apenas complementos que podem ser usados em alguns casos. 5. Consuma fibras, mas não exagere e beba água para formar o bolo fecal e estimular a motilidade intestinal. Quando estamos 23 desidratados, nosso corpo reabsorve a água das fezes, levando à constipação. 6. Consuma alimentos, chás e shots ácidos ou amargos. Esses sabores estimulam a contração da vesícula biliar e o peristaltismo intestinal. Pode ser um suco de limão puro, chás de boldoe carqueja ou, até mesmo, uma colher de vinagre de maçã três vezes ao dia. 7. Reduza o consumo de proteínas animais. As protobactérias produzem gás metano, responsável pela inibição dos movimentos 24 peristálticos. Não exagere nas carnes. 8. Evite o excesso de carboidratos refinados, industrializados, adoçantes, sal, proteínas animais e agrotóxicos. 9. Consuma gorduras boas. As gorduras auxiliam no funcionamento intestinal. Utilize azeite de oliva extravirgem, abacate, óleo de coco, óleo de gergelim, óleo de semente de uva, castanhas e sementes. 10. Faça jejuns diários de, no mínimo, 12 horas e fracione suas refeições a cada 4 horas ou mais. 25 11. Tente ficar, pelo menos, 4 horas sem comer entre as refeições. A cada 90 a 120 minutos durante o jejum, temos o estímulo de motilidade através da ativação do “complexo motor migratório”. Ao ficarmos 4 horas sem comer entre as refeições, temos, pelo menos, dois estímulos que favorecem a evacuação. 12. Respeite o reflexo gastrocólico! Deu vontade? Vá ao banheiro! Segurar as fezes pode levar à morte de neurônios entéricos e diminuir a 26 motilidade intestinal. 13. Use um banquinho para apoiar as pernas ao evacuar. 14. Em alguns casos, a suplementação com probióticos pode ser necessário. Outra opção é o consumo de alimentos fermentados, como o kefir de água, kimchi, kombucha e natto. 15. A suplementação com magnésio pode melhorar a constipação. Magnésio citrato, inositol ou, até mesmo, o cloreto auxiliam na melhora evacuatória. 16. O consumo do gel de Aloe vera contribui no tratamento da 27 constipação. 17. Busque um nutricionista para que possa ser realizada a dieta de eliminação e reintrodução de alérgenos, a fim de descobrir quais os alimentos são alergênicos e inflamatórios para seu corpo. 18. Avalie alterações tireoidianas, falta de nutrientes, como zinco, selênio, ferro e iodo, presença de metais tóxicos, estresse oxidativo e inflamação que podem levar ao hipotireoidismo. 19. Evite alimentos com ação opioide, como os 28 cereais ricos em glúten (trigo, centeio e cevada) e lácteos, pois ambos possuem substâncias com ação semelhante à morfina, causando vício, analgesia e redução do peristaltismo. As gliadorfinas e caseomorfinas são responsáveis por essa ação. 20. Exercícios de biofeedback feito pelo fisioterapeuta e técnicas de mobilização e manipulação articular por osteopatas também favorecem a motilidade. 29 DIARREIA 30 Embora existam inúmeras doenças ou situações capazes de provocar diarréia, a maior parte dos quadros agudos tem origem infecciosa, ou seja, é uma reação do organismo contra bactérias, vírus, parasitas, toxinas. Os agentes podem ser transmitidos por bebida ou comida contaminada, ou, ainda, de pessoa para pessoa por hábitos inadequados de higiene. Diarreia 30 31 Intolerâncias alimentares, insuficiência digestiva, doença celíaca, predominância estrogênica e hipertireoidismo também podem causar diarreia. Desidratação, carência nutricional, evacuação frequente, fezes líquidas, cólicas, suor frio, dores abdominais, náuseas e sangue nas fezes podem ser sinais e sintomas da diarréia. Algumas estratégias podem ser eficientes no tratamento da diarreia: 1. Evitar consumir alimentos crus. 2. Cozinhar frutas e legumes (sopas, caldos, purês). 3. Hidratação ótima: 35 a 50 mL/kg de peso corpóreo. 4. Remover intolerâncias alimentares, como frutose e lactose. Deve ser avaliado junto ao nutricionista. 32 5. Retirar alimentos alergênicos, adoçantes, açúcares, lácteos, glúten e industrializados. 6. Espinheira santa, guaçatonga, curcumina e gengibre auxiliam na redução da diarreia. Podem ser usados na forma de chás ou na alimentação. 7. Reidratar com água de coco. 8. Evite o excesso de gorduras na alimentação. 9. Probióticos em altas doses podem ser necessários para tratar a diarreia e repor a flora intestinal. 32 33 SIBO 34 A maior parte das bactérias estão presentes no cólon intestinal (intestino grosso). Já no supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO), há uma presença anormal de microorganismos no intestino delgado. Devido a tal alteração, ocorre um aumento dos desconfortos gastrointestinais como distensão e dor abdominal, alternância entre constipação e diarreia, digestão lenta, sensação de plenitude gástrica e saciedade precoce. O diagnóstico padrão-ouro é feito através do aspirado jejunal. Entretanto, por ser um processo invasivo, o mais utilizado é o teste de hidrogênio e metano expirado. SIBO 35 O tratamento tradicional é realizado através do uso de antibióticos. Contudo, o papel do nutricionista é fundamental na modulação da microbiota intestinal durante e após a intervenção medicamentosa. A estratégia Low FODMAPS (restrita em carboidratos fermentativos), associada a uma alimentação rica em compostos fenólicos, tais como as antocianinas presentes nas frutas vermelhas, o ácido clorogênico presente no chá verde e catequinas no cacau são alguns componentes moduladores da microbiota intestinal. 36 Já com a ação antimicrobiana, destacam-se o óleo de orégano, óleo de coco, óleo de alho, gengibre, cúrcuma, cravo, própolis, entre outras ervas e especiarias ricas em fitoquímicos que podem ser utilizadas tanto na forma de chás, tinturas ou em preparações alimentares. As sementes de mamão, de frutas cítricas (limão, laranja, tangerina) e de abóbora também são bactericidas. 36 37 “TOMEI PROBIÓTICOS E PASSEI MAL!” Muitas pessoas utilizam probióticos e sentem sintomas desagradáveis, suspendendo seu uso. Quando se tem alto nível de disbiose, principalmente devido ao aumento de bactérias gram negativas, os probióticos competem com bactérias patogênicas. Quando elas morrem, liberam LPS (lipopolissacarideos) da parede celular, que são absorvidos, ativando receptores do sistema 38 imunológico e gerando uma inflamação transitória. Ou seja, o intestino ainda não está preparado para receber esses microorganismos. Pense, não tem como fazer a pós- graduação antes da faculdade, assim como não tem como corrigir disbiose sem melhorar a qualidade da alimentação, remover os alimentos alergênicos, adequar os fatores digestivos (ácido clorídrico, enzimas, mastigação, bile) e reduzir o estresse. Probióticos mortos (BIOMAMPS) são fragmentos da parede bacteriana e pode ser a estratégia adequada no início. Antes de reinocular probióticos, é preciso reparar a barreira intestinal, recolocar fatores digestivos e remover patógenos e alérgenos. 39 Assim, foi criado o Protocolo 6 R’s, visando obter um tratamento da saúde intestinal de forma integrativa e funcional: PROGRAMA DOS 6R’s 1-REMOVER 4-REINOCULAR 2-REPARAR6-REAVALIAR 3-RECOLOCAR5-REEQUILIBRAR 40 PROGR AMA DOS 6R’s 41 REMOVER R1 Alérgenos, xenobióticos, contaminantes, agrotóxicos, embalagens plásticas, industrializados, parasitas, bactérias e fungos patogênicos. - Alimentação sem alérgenos (trigo, centeio, cevada, lácteos, soja, açúcar, amendoim). - Alimentos orgânicos. - Evitar industrializados, açúcar, farináceos, alimentos fritos ou torrados. - Consumir frutas, folhas, legumes, raízes e tubérculos. - Orégano, óleo de alho, óleo de coco, louro, tomilho, sementes de coentro, alecrim, chá de anis- estrelado, suco de cranberry canela, endro e hortelã possuem ação antimicrobiana. 42 REPARAR R2 Mucosa gastrointestinal OBS: Cuidado com a glutamina! Deve ser evitada em pacientes com câncer, pois pode aumentar a proliferação do tumor. Somente use suplementos orientados por nutricionistas ou médicos. O uso de Aloe vera e prebióticos após a quimioterapia pode ser necessário para reparar a integridade da barreira intestinal. - Glutamina, arginina, glicina. - Colágeno em pó. - Caldo de ossos. - Vitaminas, A, C, D, zinco, silício,complexo B. - Aloe vera gel. - Fibras. - Jejum intermitente. 43 RECOLOCAR R3 Enzimas, ácido clorídrico e mastigação. - Enzimas digestivas (protease, amilase, lipase, bromelina, papaína, entre outras). - Betaína HCL. - Suco de limão. - Vinagre de maçã. - Frutas ricas em enzimas: abacaxi, mamão, figo e kiwi. 43 44 REINOCULAR R4 Probióticos e prebióticos - Probióticos (Lactobacillus, Bifidobacterium, Streptococcus, entre outros). - Prebióticos (goma acácia purificada, polidextrose, inulina, goma-guar, FOS, GOS). - Alimentos fermentados: kefir, chucrute, kimchi, natto, entre outros. - Banana verde crua no suco ou shake. - Farelo de aveia, alho, cebola, aspargos, maçã, laranja, quiabo, chia, linhaça, alcachofra, entre outros. 45 REEQUILIBRAR R5 Meditação, exercício físico, sono, controle do estresse REAVALIAR R6 Após 30, 60, 90 dias... 46 Quais exames podem ajudar no diagnóstico da disbiose e saúde intestinal? Coprológico funcional: visa o estudo das funções digestivas, insuficiência gástrica, pancreática e biliar, hipersecreção biliar, (fermentação hidrocarbonada e putrefação), síndromes ileal e cecal, colites, inflamação intestinal e outras alterações do trânsito intestinal. Microbiológico fecal: avalia microorganismos patogênicos intestinais. Teste urinário de lactulose e manitol: usado para avaliar hiperpermeabilidade intestinal. Teste de microbioma: sequenciamento do microbioma intestinal humano. 47 Probióticos, prebióticos, flavobióticos, paraprobióticos e psicobióticos Probióticos: são bactérias benéficas que vivem no intestino e podem ser suplementadas pelo nutricionista ou médico, de acordo com cada individualidade. Melhoram a saúde geral do organismo, trazendo benefícios como facilitar a digestão e a absorção de nutrientes e fortalecer o sistema imunológico. Atualmente, com exames de sequenciamento genético, é possível individualizar quais probióticos utilizar. Prebióticos: são substratos não digeríveis, como fibras e polifenóis que estimulam seletivamente a proliferação de determinadas bactérias no cólon. São os alimentos para os microorganismos, que produzirão ácidos graxos de cadeia curta com ação anti-inflamatória no 47 48 metabolismo humano. Flavobióticos: são flavonóides concentrados capazes de selecionar bactérias boas, promovendo a simbiose. Também estimulam a expressão de genes e proteínas relacionadas com a redução da inflamação e do estresse oxidativo. Paraprobióticos: também conhecidos como Bio-MAMPs, são bactérias mortas nas quais existem fragmentos ativos de CEPAS probióticas com ação anti- inflamatória e imunomoduladora. Geralmente são utilizados quando há desconforto com o uso de probióticos. 48 49 Pós-bióticos: são produtos produzidos por bactérias como o butirato que auxiliam na modulação do sistema imunológico, melhora do perfil glicídico e lipídico, dentre outros benefícios em todo o organismo. Psicobióticos: são probióticos capazes de produzir neurotransmissores, como GABA e serotonina, reduzindo a ansiedade e depressão através da comunicação via nervo vago. 49 50 Dieta Low FODMAPs FERMENTÁVEIS DISSACARÍDEOS MONOSSACARÍDEOS - FRUTOSE - - ÁLCOOIS DE AÇÚCAR - - LACTOSE - - FRUTANOS - - GALACTANOS - POLIÓIS OLIGOSSACARÍDEOS Elaborada pela Universidade de Monash, na Austrália, esse padrão alimentar ganhou destaque no tratamento da síndrome do intestino irritável. O protocolo Low FODMAPs (baixo em carboidratos fermentáveis) consiste em uma estratégia eficiente no tratamento da síndrome do intestino irritável 51 e supercrescimento bacteriano no intestino delgado, devido ao desequilíbrio da microbiota intestinal (quantitativamente e qualitativamente). Pessoas que sofrem constantemente com distensão abdominal, flatulências excessivas, digestão lenta e sensação de plenitude gástrica se beneficiam com a exclusão desses alimentos. Entretanto, embora se tenha a redução dos sintomas, não trata a causa. Durante um período determinado pelo nutricionista, realiza- se a exclusão de carboidratos fermentáveis que atuam como substrato para a proliferação de bactérias residentes no intestino. O principal objetivo é a redução da proliferação fúngica e bacteriana e, consequentemente, amenização de dores e desconfortos. 52 Esse protocolo pode ser realizado de 2 a 8 semanas e, após o período, são reintroduzidos aos poucos os alimentos que o indivíduo mais tolera. -São alimentos saudáveis, como brócolis, alho, cebola, cogumelos, maçã, couve-flor e abacate, ricos em micronutrientes, fitoquímicos e fibras. Dessa forma, a dieta Low FODMAPs deve ser feita por um curto período, pois reduz a diversidade bacteriana. - Como reduz a diversidade, a suplementação com probióticos e prebióticos de baixa fermentação, como a goma acácia purificada, pode ser bem-vinda. Cuidados 53 - Germinar grãos, sementes e oleaginosas. - Retirar o talo do brócolis, couve, couve-flor... - Reduzir o tamanho da porção dos alimentos ricos em fermentáveis, por exemplo, ¼ de abacate (80 gramas) possui alto teor de FODMAPs, enquanto 1/8 ou 30 gramas é pobre em FODMAPs. Da mesma forma que 10 amêndoas é tolerável, enquanto 20 amêndoas é fermentável. - Evite o suco. Coma a fruta! O suco concentra mais frutose! Formas de reduzir FODMAPs e/ou melhorar a digestibilidade 54 - Prefira a fruta fresca à seca! A uva in natura possui baixo teor de FODMAPs, enquanto a uva passa possui sua concentração elevada. - O consumo de enzimas digestivas melhora a digestibilidade e desconfortos gástricos. - A própria Universidade de Monash disponibiliza o aplicativo “Monash Uni Low FODMAP Diet” para que você possa pesquisar quais alimentos são fermentáveis. 55 Síndrome do intestino irritável: A síndrome do intestino irritável é diagnosticada através do critério ROMA IV: Critérios de ROMA IV para síndrome do instestino irritável Paciente tem dor abdominal recorrente (>1 dia por semana, em média, nos 3 meses anteriores), com início >6 meses antes do diagnóstico. A dor abdominal está associada a, pelo menos, dois dos seguintes sintomas: dor relacionada à defecação, mudança na frequencia das fezes e mudança na forma (aparência) das fezes. O paciente não possui nenhum dos seguintes sinais de alerta: idade >50 anos, nenhuma triagem prévia do câncer de cólon e presença de sintomas; mudanças recentes no hábito intestinal; evidência de sangramento GI oculto (melena ou hematoquezia); dor noturna ou passagem das fezes; perda de peso involuntária; história familiar de câncer colorretal ou doença inflamatória intestinal; massa abdominal palpável ou lipofenopatia; evidência de anemia ferropriva em exames de sangue; teste positivo para sangue oculto nas fezes. 56 Na falta de fibras, as bactérias utilizam glicanos presentes no muco para se proliferarem, aumentando a permeabilidade intestinal. Cerca de 70% da energia dos colonócitos (células intestinais) advém de fermentação das fibras pela microbiota intestinal: ácidos graxos de cadeia curta (especialmente o butirato). A redução da integridade da barreira intestinal leva à endotoxemia e inflamação crônica sistêmica. O excesso de carnes, principalmente quando mal digeridas, seja por falta de O que acontece se faltar fibras? 56 57 mastigação, hipocloridria, ingestão de líquido durante a refeição, insuficiência pancreática e biliar ou excesso no consumo, estimula a proliferação de bactérias tolerantes à bile redutoras de sulfato. Elas utilizam aminoácidos sulfatados e sulfurados, como cisteína, metionina e taurina, produzindo ácido sulfídrico. Essas bactérias também degradam as glicoproteínas do muco intestinal e produzem enzimas proteolíticas, levando à hiperpermeabilidade intestinal. Quando há falta de muco, alimentos mal digeridos e paredes intestinais permeáveis, as toxinase bactérias atingem a corrente sanguínea, ativando o sistema imunológico, aumentando a reatividade e suprimindo a 57 58 tolerância, perdendo a capacidade das células imunológicas diferenciar o “eu” do “não eu”, gerando um processo de autoimunidade. Devemos consumir, no mínimo, 600g de folhas, frutas, legumes e sementes crus por dia! Farelos e suplementos de fibras são apenas complementos. Fibras ainda estimulam a mastigação, produzindo o fator de crescimento epitelilal durante esse processo, capaz de estimular a reparação das células epiteliais do trato gastrointestinal. 58 59 Manter uma microbiota intestinal saudável oferece um efeito protetor contra todas as doenças, inclusive contra a infecção por Sars Cov2. Foi demonstrado um acúmulo viral dentro dos enterócitos. O nosso intestino também possui receptores de angiotensina 2 (ECA2), a porta de entrada do vírus nas células. O RNA viral de Sars Cov2 foi encontrado nas fezes de pacientes infectados. Muitos pacientes não possuem sintomas respiratórios, porém gastrointestinais, como diarreias. Crianças foram internadas, não por síndrome respiratória, mas por gastroenterite. Também foram relatados casos de gastrite e úlcera Microbiota e COVID-19 59 6060 após infecção por Sars Cov2. O vírus ainda aumenta a permeabilidade intestinal. Um intestino hiperpermeável permite a absorção de endotoxinas, macromoléculas e patógenos, ativando o sistema imune para combater. Agora, imaginem essa imensidão de coisa ruim entrando no organismo. O sistema imune fica ativado para atacar tudo isso e o vírus, com sua esperteza, se esconde do sistema imune e penetra nas células. Se ele infectar as vias respiratórias, queremos o sistema imune atuando no local para impedir a replicação viral, mas se o intestino está hiperpermeável e está entrando 61 proteínas estranhas, as nossas células de defesa se distraem em atacar esses antígenos, aumentando a replicação viral. Entretanto, após combater os antígenos, as células imunes vão atacar as células infectadas pelo vírus e essa resposta vem com muita intensidade, causando a famosa tempestade de citocinas, que pode levar à morte por uma tentativa de salvação. Remover alérgenos, consumir fibras, polifenóis, alimentos fermentados, otimizar os micronutrientes e manter a barreira intestinal de mãos dadas como um aperto forte de mãos são essenciais, não só contra Sars Cov2, mas contra todas as doenças. 61 62 RECEITAS PAR A A SAÚDE INTESTINAL 63 Chá antimicrobiano e antifúngico Ingredientes: - 1 pau de canela - 5 cravos - 1 fatia fina de gengibre Modo de fazer: - Adicionar 2 xícaras de água, 1 pau de canela, a fatia de gengibre e os cravos numa panela e deixar ferver por 5 minutos até a água ficar mais escura e aromática. Desligar o fogo, tampar a panela e deixar em infusão por mais 5 minutos. - Tomar o chá em jejum 2 a 3x ao dia. Remover patógenos 63 64 Caldo de ossos Ingredientes: - 1 maço de coentro - 1 unidade de cebola - 1 unidade grande de cenoura - 5 dentes de alho - 2 colheres de sopa de vinagre de maçã - Osso longo de boi ou pé de galinha Modo de fazer: 1- Preencher o fundo da panela de pressão com os legumes. 2- Colocar os ossos sobre os legumes, preenchendo 2/3 da panela. 3- Adicionar água até cobrir o osso. 4- Descansar por 20 minutos. 5- Tampe a panela e coloque em fogo alto até atingir a pressão. Reparo da barreira intestinal 65 Depois disso, abaixe o fogo. 6- Deixe cozinhar por 1 hora e descarte a espuma formada. 7- Coloque água novamente até cobrir o osso. 8- Repetir esse processo mais 2 vezes, totalizando 3 pressões. 9- No final, coe tudo. 10- Deixe esfriar o caldo em temperatura ambiente e depois leve inteiro à geladeira. 11- Depois disso, consumir quando atingir a consistência gelatinosa. Antes de ingerir, retire a parte branca. 12- Congelar por 3 a 6 meses na geladeira ou deixar na geladeira por 7 dias. 66 Chucrute Ingredientes: - 1 repolho verde ou roxo (use um cascado de legumes ou faca e pique ele fininho) - 1 colher de sopa de sal marinho - Cenoura e orégano (opcional) Modo de fazer: 1- Coloque o repolho em um recipiente grande e adicione o sal. Comece a “massagear” o repolho misturando com o sal. Fique nisso até o repolho começar a soltar um líquido. O volume irá diminuir. 2- Após, acomode o repolho em um frasco de vidro. Empurre bem o repolho para o fundo do vidro. 3- Deixe de sobra o espaço de 2 dedos entre o repolho e a tampa, por causa da fermentação. Reinoculação de probióticos 67 4- Suas mãos, a bancada e o vidro precisam estar esterilizadas para não proliferar bactérias ruins. 5- Você deve fechar com um voal (sem a tampa) e deixar em um ambiente escuro (fora da geladeira). Passados uns 10 dias, ele estará pronto. 6- Então você pode colocar a tampa e deixar na geladeira. Estará pronto para consumo. 7- Ele dura, em média, 3 meses na geladeira. 68 SIMPLIFICANDO... Ingerir líquidos longe das refeições (35 ml/kg). Mastigar bem os alimentos e evitar líquido na refeição. Mindful eating (respirar fundo antes da refeição, apoiar os talheres, desligar a TV, não usar o celular, se alimentar em ambiente tranquilo, mastigar bem os alimentos até torná-lo líquido). Consumir 2 a 4 frutas/dia. Consumir vegetais de cores diferentes por dia. Consumir 2 porções de vegetais verdes escuros ao dia. 69 Consumir 2 castanhas do Pará ao dia e 1 porção (30 a 40g) das demais oleaginosas por dia: amêndoas, castanha do baru, castanha de caju, macadâmias e nozes. Consumir 1 a 2 colheres de sopa de sementes ao dia: chia, linhaça, gergelim, sementes de abóbora e girassol. Reduzir cafeína e sal. Evitar o sal refinado. Usar sal grosso moído na hora com moderação e substituir por especiarias na alimentação como orégano e cúrcuma. Exercício físico (pelo menos 30 minutos por dia). Contato com natureza (pelo menos 120 minutos por semana). 70 Incluir 1 a 2 colheres de gordura boa na salada ou antes das refeições (azeite, óleo de abacate, óleo de macadâmia, óleo de chia ou linhaça, óleo de gergelim). Consumir chás digestivos e shots: alecrim, gengibre, hortelã, alcaçuz, Pu-ehr 30 minutos antes das refeições e 2 horas após ou água com limão antes das refeições. Reduzir proteínas animais. Substituir o whey protein por proteína vegana ou colágeno. Jejum intermitente diário de 12 horas. Jejum intermitente de 14 a 18 horas 2 a 3 vezes na semana orientado pelo médico ou nutricionista. 71 Praticar a meditação. Evitar excessos, comer menos e dar preferência à comida feita em casa ou restaurantes orgânicos, saudáveis e confiáveis. Preferir orgânicos sempre que possível. Avaliar junto ao médico sobre a necessidade do uso de antibióticos, “anti-inflamatórios”, inibidores da bomba de prótons, corticoides e anticoncepcionais. Eliminar alimentos fritos e torrados. Manter um horário (rotina) para ir ao banheiro. 72 Use um banquinho para apoio do pé para estimular peristaltismo durante a evacuação. A respiração diafragmática regula o nervo vago e melhora a motilidade gastrointestinal. Coloque uma mão no abdômen e outra no peito. Tente respirar mexendo mais o abdômen que o tórax, o que você vai sentir com o movimento que suas mãos vão fazer, subindo e descendo. 72 7373 TAREFA de CASA Vamos colocar em prática as receitas que disponibilizamos a vocês? Após fazerem a receita do caldo de ossos ou do chucrute ou do chá antimicrobiano e antifúngico, tire uma foto, compartilhe conosco na Comunidade Tribo Vida e nos marque nas redes sociais usando as hashtags: #TriboVida #ComunidadeTriboVida #SolDaTribo #TarefaDasReceitas 73 74 Com esse material, fica evidente a necessidade de que você tenha o acompanhamento de um profissional da saúde, principalmente de um nutricionista funcional, para personalizar a alimentação e suplementação deforma individualizada, visando uma saúde intestinal ótima. Por isso, sempre que realizar uma consulta com seu nutricionista, compartilhe a imagem conosco utilizando a hashtag #tenhaseunutricionista. Caso você ainda não tenha o seu nutricionista, indicamos profissionais formados pelo Professor Gabriel de Carvalho no site: www.gabrieldecarvalho.com.br/profissionais 75 Este é um conteúdo exclusivo para membros da Comunidade Tribo Vida Este material foi elaborado por Tribo Vida e é licenciado por Creative Commons Atribuição-Não-Comercial-Sem-Derivações. Licença Internacional 4.0. Conforme a Lei 9.610/98, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial sem a autorização prévia e expressa do autor (artigo 29). ©2020 TRIBO VIDA | TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. www.tribovida.com.br tribo_vida TriboVida tribovida1
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