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PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. TUTORIA 9 – PROBLEMA 9 OBJETIVOS 1- ANALISAR A ANATOMIA E FISIOLOGIA HORMONAL DA GLÂNDULA ADRENAL CONSIDERANDO SUA REGULAÇÃO, FUNÇÃO E SECREÇÃO. 2- DESCREVER AS FISIOPATOLOGIAS HORMONAIS DA GLÂNDULA ADRENAL (SINTOMAS) 3- RELACIONAR OS FATORES BIOPSICOSSOCIAIS COM A REGULAÇÃO DA FUNÇÃO ADRENAL. ANALISAR A ANATOMIA E FISIOLOGIA HORMONAL DA GLÂNDULA ADRENAL CONSIDERANDO SUA REGULAÇÃO, FUNÇÃO E SECREÇÃO. As glândulas suprarrenais são estruturas bilaterais localizadas acima dos rins. São conhecidas como glândulas suprarrenais, por se situarem no polo superior de cada rim. As glândulas adrenais são similares às glândulas pituitárias, pois ambas são derivadas tanto do tecido neural quanto de tecido epitelial. A porção externa da glândula adrenal, é conhecida como córtex suprarrenal. Nos adultos, o córtex adrenal é composto de três zonas Zona glomerulosa: responsável pela produção de mineralocorticoides. Zona fasciculada: responsável pela formação de glicorticoides. Zona reticular: que produz androgênios adrenais. A porção interna da glândula adrenal é composta por células cromafins, que é denominada medula suprarrenal. As células cromafins da medula adrenal têm o potencial de sintetizar o neurotransmissor da classe das catecolaminas norepinefrina, da tirosina. Córtex da Suprarrenal Zona Fasciculada e Síntese de Glicorticoides Zona Fasciculada A zona fasciculada produz o hormônio glicocorticoide cortisol. Esta zona é um tecido ativamente esteroidogênico composto de cordões retos de células grandes. Síntese Essas células têm citoplasma "espumoso " porque são cheias de gotículas de lipídios que representam ésteres de colesterol armazenados. Tais células produzem algum colesterol de novo, mas, também, importam o colesterol do sangue na forma de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e lipoproteína de alta densidade (HDL). 1. O colesterol livre é esterificado e armazenado nas gotículas de lipídio. 2. O colesterol armazenado é continuamente transformado em colesterol livre pela hidrolase de éster de colesterol, esse processo aumenta em resposta ao estímulo à síntese do cortisol (p. ex., hormônio adrenocorticotrópico [ACTH]. 3. Na zona fasciculada, o colesterol é convertido, sequencialmente, em pregnenolona 4. Posteriormente é convertido em progesterona PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. 5. 17-hidroxiprogesterona 6. 11-desoxicortisol 7. E por fim em cortisol. Transporte e Metabolismo do Cortisol O cortisol é transportado pelo sangue predominantemente ligado à globulina ligadora de corticosteroide [CBG], também conhecida como transcortina, que liga cerca de 90% do hormônio circulante e à albumina, cerca de 7 a 10%. Aqueles que estão ligados tanto à proteína transcortina quanto a albumina não são biologicamente ativos, com isso a parte responsável por desencadear os efeitos fisiológicos é a fração que se encontra livre na circulação O fígado é o sítio predominante de inativação do hormônio. Esse órgão inativa o cortisol e conjuga esteroides ativos e inativos com glicuronida ou sulfato, para que possam ser secretados mais rapidamente pelos rins. A meia-vida do cortisol circulante é de cerca de 70 minutos. O cortisol e os outros glicocorticóides produzidos nas glândulas adrenais não são armazenados na glândula, eles são liberados de acordo com a necessidade do organismo. Mas é necessário que haja níveis mínimos desses hormônios na circulação sanguínea, assim eles se encontram ligados as proteínas como a transcortina ou CBG que representam uma espécie de reservatório, buscando manter uma distribuição igualitária pelos tecidos além dos níveis mínimos de hormônios. Mecanismo de Ação do Cortisol De maneira geral, o cortisol é um hormônio esteroide que atravessa as membranas das células e agem nos receptores para glicocorticóides do tipo II que estão localizados no citoplasma e no núcleo celular, onde o complexo originado com a ligação do cortisol com o receptor associa-se com o elemento regulador dos glicocorticóides estimulando ou bloqueando o processo de transcrição gênica, sendo considerado normal que outros processos intracelulares sofram alteração pelo cortisol. Apresentação Exógena de Cortisol O cortisol se apresenta para uso oral, injetável e tópico, sendo denominado de hidrocortisona. É utilizado, por exemplo, em casos de reações alérgicas e imunossupressoras, e na forma tópica devido ao seu caráter antiinflamatório para casos como eczema e outros problemas inflamatórios. Para a administração de medicamentos com ação semelhante ao do cortisol deve ser observado o critério da secreção desse hormônio pelo ritmo circadiano, assim se for administrar um fármaco sintético deve ser ingeridos dosagens maiores no início do dia e uma menor ao final da tarde e quando for finalizado o tratamento no qual será realizado o processo conhecido desmame, que representa a diminuição gradativa da administração de um medicamento para evitar efeitos nocivos, como a abstinência devido a parada repentina da ingestão do fármaco deve ser retirado primeiramente a dose administrada a tarde e depois a do período da manhã. As respostas produzidas pelo organismo frente às agressões do ambiente do qual o indivíduo faz parte é considerado uma função fisiológica importante, sendo que quando é administrado um glicocorticóides exógeno busca-se aumentar esse mecanismo de ação fisiológico, visando obter ações anti-inflamatória e imunossupressora. A administração de cortisol exógeno em grandes quantidade e por um período prolongado não é aconselhado, devido ao efeito de feedback negativo que o mesmo possui, onde o fármaco passa a agir semelhantemente ao córtex adrenal não havendo com isso a estimulação desse local na glândula podendo causar até mesmo a depressão das zonas fascicular e reticulada. O cortisol foi sintetizado pela primeira vez em 1946, sendo logo em seguida reconhecidos os efeitos adversos advindos com sua administração que tornaram o seu uso em muitos casos limitado, as modificações em sua estrutura possibilitaram o desenvolvimento de novos medicamentos, como a hidrocortisona, prednisona, prednisolona, dentre outros Ações Fisiológicas do Cortisol O cortisol tem uma ampla faixa de ação e é, frequentemente, caracterizado como "hormônio do estresse". Em geral, o cortisol mantém os níveis de glicose sanguínea, as funções do SNC e as funções cardiovasculares durante o jejum, e aumenta os níveis de glicose no sangue durante episódios de estresse às expensas de proteína muscular. O cortisol protege o corpo contra efeitos de autolesões de respostas inflamatórias e imunes descontroladas. O cortisol também reparte a energia para enfrentar u m estresse inibindo as funções reprodutoras. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. Ações Metabólicas → Como o termo glicocorticoide denota, o cortisol é um hormônio esteroide do córtex adrenal que regula a glicose sanguínea. Ele aumenta a glicose sanguínea por estimular a gliconeogênese. → O cortisol aumenta a expressão gênica das enzimas gliconeogênicas hepáticas fosfoenolpiruvato carboxicinase (PEPCK), frutose-1,6-bifosfatase e glicose-6-fosfatase (G6Pase). O cortisol, também, diminui a captação de glicose, mediada por Glut4, no músculo esquelético e tecido adiposo. → Durante o período interdigestivo (baixa razão insulina-glucagon), o cortisol promove a poupança de glicose potencializando os efeitos das catecolaminas sobre a lipólise, disponibilizando, assim, os FFAs como fonte de energia. O cortisol inibe a síntese de proteínas e aumenta a proteólise, especialmente no músculo esquelético, deste modo fornecendo uma rica fonte de carbonos para a gliconeogênese hepática. Há umaimportante diferença entre os efeitos metabólicos totais do cortisol em resposta ao estresse e em relação ao aumento secundário em resposta a um efeito patológico, particularmente com respeito ao metabolismo lipídico. Durante o estresse, o cortisol sinergiza com catecolaminas e glucagon para promover uma resposta metabólica lipolítica, gliconeogênica, cetogênica e glicogenolítica, enquanto sinergiza com as catecolaminas para promover uma resposta cardiovascular adequada. Quando o cortisol está elevado cronicamente, secundário à superprodução patológica, o cortisol sinergiza com a insulina no contexto de níveis elevados de glicose (do apetite aumentado) e hiperinsulinemia (de glicose elevada e intolerância à glicose) promovendo lipogênese e adiposidade troncular (abdominal, visceral). Ações Cardiovasculares → O cortisol reforça seus efeitos sobre a glicose sanguínea pelos seus efeitos positivos sobre o sistema cardiovascular. O cortisol tem ações permissivas para as catecolaminas e, assim, contribui para o débito cardíaco e a pressão sanguínea. O cortisol estimula a síntese de eritropoietina e, assim, aumenta a produção de células vermelhas. Ocorre anemia quando há falta de cortisol e policitemia quando os níveis de cortisol são excessivos. Ações Anti-inflamatória e Imunossupressora → As respostas inflamatória e imune são, frequentemente, parte das respostas ao estresse. Entretanto, as respostas inflamatória e imune possuem o potencial de causar dano significativo, e podem causar a morte, caso não sejam mantidas em equilíbrio homeostático. Como um hormônio de estresse, o cortisol desempenha um importante papel na manutenção da homeostase imune. O cortisol, juntamente com a epinefrina e a norepinefrina, reprime a produção de citocinas pró- inflamatórias e estimulam a produção de citocinas anti-inflamatórias. → A resposta inflamatória a lesões consiste em dilatação local de capilares e aumento da permeabilidade capilar, tendo como resultado edema local e acúmulo de células brancas sanguíneas. Essas etapas são mediadas por prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos. → O cortisol inibe a fosfolipase A2, uma enzima- chave na síntese de prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos. Estabiliza também as membranas lisosomais, diminuindo assim a liberação de enzimas proteolíticas que aumentam a formação local de edema. Em resposta à lesão, os leucócitos normalmente migram para o local da lesão e deixam o sistema vascular. Esses efeitos são inibidos pelo cortisol, assim como ocorre com a atividade fagocítica dos neutrófilos, apesar de a liberação dos neutrófilos na medula óssea ser estimulada. Análogos de glicocorticoides são utilizados farmacologicamente devido a suas propriedades anti-inflamatórias. → O cortisol inibe a resposta imune e, por esta razão, análogos de glicocorticoides têm sido utilizados como imunossupressores em transplante de órgãos. Altos níveis de cortisol diminuem o número de linfócitos T circulantes (principalmente linfócitos T helper) e diminuem sua capacidade de migrar para o local de estímulo antigênico. Os glicocorticoides promovem a atrofia do timo e de outros tecidos linfoides. Apesar de os corticosteroides inibirem a imunidade mediada por células, a produção de anticorpos por linfócitos B não é prejudicada. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. Efeitos do Cortisol no Sistema Reprodutor → A reprodução exige um considerável custo anabólico do organismo. Em humanos, o comportamento e a função reprodutores são diminuídos em resposta ao estresse. → O cortisol diminui a função do eixo reprodutor nos níveis hipotalâmico, pituitário e gonadal. Efeitos do Cortisol sobre os Ossos → Os glicocorticoides aumentam a reabsorção óssea, têm ações múltiplas que alteram o metabolismo ósseo. Os glicocorticoides diminuem a absorção intestinal de Ca2+ e a reabsorção renal de Ca2+. Ambos os mecanismos servem para diminuir a [Ca2+] sérica. Como a [Ca2+] sérica cai, a secreção do hormônio paratireoide (PTH) aumenta e o PTH imobiliza o Ca2+ dos ossos por estimular a reabsorção óssea. → Adicionalmente, os glicocorticoides inibem, diretamente, as funções de formação óssea osteoblástica. Apesar de os glicocorticoides serem úteis para tratar inflamações associadas com artrites, o uso excessivo resultará em perda óssea (osteoporose). Ações do Cortisol sobre o Tecido Conjuntivo → O cortisol inibe a proliferação fibroblástica e a formação de colágeno. Na presença de quantidades excessivas de cortisol, a pele afina e é mais facilmente danificada. O suporte conjuntivo dos capilares é prejudicado, danos capilares aumentam e equimoses são mais frequentes. Ação do Cortisol nos Rins → O cortisol inibe a secreção e ação do hormônio antidiurético (ADH) e, desta forma, é um antagonista do ADH. → Na ausência do cortisol, a ação do ADH é potencializada, o que torna difícil aumentar a liberação de água livre em resposta a uma sobrecarga de água, aumentando a probabilidade de intoxicação hídrica. Apesar de o cortisol ligar-se ao receptor mineralocorticoide com alta afinidade, esta ação é bloqueada pela inativação do cortisol em cortisona pela enzima 11 βHSD2. Entretanto, a atividade mineralocorticoide (/. e., a retenção renal de Na+ e H , 0 e a excreção de K+e H+) do cortisol depende da quantidade relativa de cortisol (ou glicocorticoides sintéticos) e da atividade de 11β-HSD2. Certos agentes (tais como compostos no alcaçuz negro) inibem a 11β- HSD2 e, assim, aumentam a atividade mineralocorticoide do cortisol. O cortisol aumenta a taxa de filtração glomerular tanto por aumentar o débito cardíaco quanto por agir diretamente nos rins. Ações do Cortisol nos Músculos → Quando os níveis de cortisol são excessivos, a fraqueza muscular e dor são sintomas comuns. → A fraqueza tem múltiplas origens. Em parte, é resultado da proteólise excessiva que o cortisol induz. Altos níveis de cortisol podem resultar em hipocalemia (via ações mineralocorticoides), que podem produzir fraqueza muscular por hiperpolarizar e estabilizar a membrana celular muscular e, assim, tornar sua estimulação mais difícil. Ações do Cortisol sobre o Trato Gastrointestinal → O cortisol exerce um efeito trófico sobre a mucosa do trato GI. Na ausência do cortisol, a mobilidade do GI diminui, a mucosa do trato GI degenera e a produção de ácidos e enzimas diminui. Pelo fato de o cortisol estimular o apetite, o hipercortisolismo é frequentemente associado ao ganho de peso. O aumento de secreção de ácido gástrico e pepsina por estímulo do cortisol aumenta o risco de desenvolvimento de úlceras. Efeitos Psicológicos do Cortisol → Distúrbios psiquiátricos estão associados tanto a níveis excessivos quanto a níveis deficientes de corticosteroides. Níveis excessivos de corticosteroide podem, inicialmente, produzir uma sensação de bem- estar, mas a exposição excessiva a esses níveis leva à instabilidade emocional e depressão. A psicose franca pode ocorrer tanto com níveis hormonais excessivos quanto deficientes. O cortisol aumenta a tendência à insónia e diminui o sono REM (Rapid Eye Movement). Pessoas que são deficientes em corticosteroides tendem a ser depressivas, apáticas e irritáveis. Efeitos do Cortisol durante o Desenvolvimento Fetal → O cortisol é necessário para o desenvolvimento normal do SNC, da retina, da pele, do trato GI e dos pulmões. O sistema mais bem estudado são os pulmões, onde o cortisol induz a diferenciação e maturação das células alveolares tipo II. Durante a parte final da gestação, essas células produzem surfactantes PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. que reduzem a tensão superficial nos pulmões e, assim, permitem o início da respiração no nascimento. Regulação da Produçãode Cortisol A produção de cortisol pela zona fasciculada é regulada pelo eixo hipotálamo-pituitária-adrenal envolvendo o hormônio de liberação de corticotropina (CRH), ACTH e cortisol. O hipotálamo e a pituitária estimulam a produção de cortisol e o cortisol atua negativamente (feedback negativo) sobre o hipotálamo e a pituitária para manter seu ponto de equilíbrio. A forma neurogênica de estresse (p. ex., medo), tanto quanto a sistêmica (p. ex., hipoglicemia, hemorragia, citocinas) estimulam a liberação de CRH. O CRH está, também, sujeito a uma forte regulação rítmica diária do núcleo supra- quiasmático, fazendo c o m que o nível de cortisol aumente durante o final da madrugada e as primeiras horas da manhã e vá continuamente declinando durante o dia até o anoitecer. O CRH, agudamente, estimula a liberação de ACTH e, cronicamente, aumenta a expressão do gene da proopiomelanocortina (POMC) e a proliferação e hipertrofia dos corticotrofos. Alguns neurônios parvocelulares co-expressam CRH e ADH, o qual potencializa a ação do CRH. Zona Reticular A zona reticular é uma camada estreita no limite com a medular, composta por agregados irregulares de células não-vacuolizadas. Produz os esteróides sexuais. São eles os andrógenos, como a dehidro-epiandrosterona (DHEA) e a androstenediona, os estrógenos e a progesterona. Ações Fisiológicas dos Androgênios Adrenais Nos homens, a contribuição dos androgênios adrenais para os androgênios ativos é negligenciável. Em mulheres, entretanto, a adrenal contribui com cerca de 50% dos androgênios ativos circulantes, que são necessários para o crescimento dos pelos púbicos e axilares, e para a libido. Além de fornecer precursores androgênicos, não está bem-definido qual ou quais outros papéis, se existem, a zona reticular desempenha em humanos adultos. O DHEAS é o hormônio circulante mais abundante em jovens adultos. Ele aumenta constantemente até os picos que ocorre m entre os 20 e 30 anos e, então, declina gradativamente. Deste modo, há considerável interesse no possível papel do DHEAS no processo de envelhecimento. Entretanto, a função desse esteroide abundante em jovens adultos e o potencial impacto de seu gradual desaparecimento sobre o envelhecimento são, ainda, pouco entendidos. Deve-se observar que a queda do DHEA e DHEAS relacionada c o m a idade t e m conduzido ao uso popular desses esteroides como complementos de dietas, mesmo que os recentes estudos não indiquemqualquer efeito benéfico. Regulação da Função da Zona Reticular O ACTH é o principal regulador da zona reticular. Ambos o DHEA e androstenediona ciciam no mesmo ritmo diurno do cortisol (o DHEAS não o faz devido ao seu longo período de meia-vida). Ademais, a zona reticular mostra as mesmas mudanças atróficas que a zona fasciculada em condições de pouco ou nenhum ACTH. Entretanto, outros fatores devem regular a função androgênica adrenal. A adrenarca ocorre em face dos níveis constantes de cortisol e ACTH, e o surgimento e declínio do DHEAS não está associado a u m padrão similar de produção de cortisol ou ACTH. Entretanto, esses outros fatores, extra ou intra-adrenais, permanecem desconhecidos. Zona Glomerulosa A zona glomerulosa é a mais externa, estreita e imediatamente abaixo da cápsula, composta por células cubóides e colunares, com núcleo denso e citoplasma escasso com poucos lipídios. Esta seção sintetiza os mineralocorticóides: a aldosterona e desoxicorticosterona. A aldosterona é o principal, agindo na regulação da homeostase dos eletrólitos no líquido extracelular, principalmente sódio (Na) e potássio (K). Exerce o seu efeito nos túbulos contorcidos distais e ducto coletor do néfron. A produção da aldosterona encontra-se sob o controle dos níveis séricos de renina, angiotensina e K. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. Transporte e Metabolismo de Aldosterona No sangue, a aldosterona liga-se à albumina e à proteína ligadoras de corticosteroides com baixa afinidade; portanto, t em meia-vida biológica curta, de cerca de 20 minutos. Quase toda aldosterona é inativada pelo fígado em uma passagem; é conjugada a u m grupo glicuronida e excretada pelos rins. Mecanismo da Ação da Aldosterona A aldosterona atua de forma muito semelhante ao cortisol (e outros hormônios esteroides): seu mecanismo primário de ação é mediado pela ligação a um receptor intracelular específico, o receptor mineralocorticoide [MR]. Regulação da Aldosterona As células da mácula densa dos túbulos distais do rim contêm quimio-receptores que detectam concentrações de Na + no fluido do túbulo, sendo que o aumento da concentração de Na + estimula a liberação de renina. A renina é uma enzima proteolítica produzida nas células justaglomerulares das arteríolas aferentes dos glomérulos do rim. Por ação de estímulos como baixa pressão sangüínea, diminuição do volume sangüíneo detectado por baro-receptores das próprias células justaglomerulares, hiponatremia, hiperpotassemia, estímulos de neurotransmissores β1-adrenérgicos, vasopressina e prostaglandinas ocorre a produção de renina. No caso do ACTH, níveis elevados induz a liberação de aldosterona. O angiotensinogênio, é hidrolisado produzindo a angiotensina I. Essa dá origem a angiotensina II, que, por sua vez, é um potente estimulador da síntese de aldosterona, além do seu efeito vasoconstritor e de elevação de pressão arterial. A angiotensina II tem um efeito de retro- alimentação negativa na síntese de renina, participando em dois diferentes pontos da biossíntese de aldosterona: na conversão de colesterol em pregnenolona e na oxidação de corticosterona para a produção de aldosterona. Com a secreção da aldosterona ocorre um aumento de reabsorção de Na+ e de excreção de K, levando a um aumento na reabsorção de água e conseqüente aumento de volume sangüíneo e do débito cardíaco, ocasionando um aumento de pressão arterial. DESCREVER AS FISIOPATOLOGIAS DA GLÂNDULA ADRENAL Doença de Addison A Doença De Addison é uma insuficiência adrenal primária, geralmente com deficiência de mineralocorticoides e glicocorticoides. Na América do Norte e na Europa, a causa mais prevalente da doença de Addison é a destruição autoimune do córtex adrenal. Devido à deficiência de cortisol, a secreção de ACTH aumenta. Níveis elevados de ACTH podem competir pelo receptor MC1R em melanócitos e causar aumento na pigmentação da pele, particularmente em rugas, cicatrizes e gengivas. A perda de mineralocorticoides resulta na contração do volume extracelular, que resulta em hipovolemia e, portanto, na queda da pressão sanguínea. Como a perda de cortisol reduz a resposta vasopressória às catecolaminas, a resistência vascular periférica diminui, facilitando o desenvolvimento de hipotensão arterial. Indivíduos com a doença de Addison também estão sujeitos a hipoglicemia quando estressados ou fatigados, e pode ocorrer intoxicação hídrica se for ingerida água em excesso. Devido ao fato de o cortisol ser importante na função muscular, também ocorre fraqueza muscular na deficiência de cortisol. A perda de cortisol resulta em anemia, diminuição da motilidade e secreção do trato Gl, e redução da absorção de ferro e vitamina B12. O apetite diminui com a deficiência de cortisol, e esta redução de apetite aliada à disfunção do trato Gl predispõe os indivíduos adissonianos à perda de peso. Esses pacientes frequentemente apresentam distúrbios de humor e comportamento, e são suscetíveis à depressão. Insuficiência Adrenal Secundária Insuficiência adrenal secundária é um termo dado a um distúrbio que se assemelha à doença de Addison. Nesse distúrbio, as glândulas adrenais estão hipoativas porque elas não estão sendo estimuladas pela corticotrofina secretada pelahipófise e não porque as glândulas adrenais foram destruídas ou apresentaram uma insuficiência direta. A falta de corticotrofina afeta a secreção PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. adrenal de cortisol muito mais do que a secreção de aldosterona. Os sintomas de insuficiência adrenal secundária são semelhantes aos da doença da Addison, exceto que as manchas escuras na pele e a desidratação não costumam ocorrer. A insuficiência adrenal secundária é diagnosticada por meio de exames de sangue. Ao contrário da doença de Addison, as concentrações de sódio e potássio tendem a ser quase normais na insuficiência adrenal secundária e a concentração de corticotrofina é baixa. A insuficiência adrenal secundária é tratada com corticosteroides sintéticos, como hidrocortisona ou prednisona. Síndrome de Curshing O excesso de hormônio adrenocortical é denominado Síndrome De Cushing. O uso farmacológico de corticosteroides exógenos é, até o momento, a causa mais comum da síndrome de Cushing. A segunda causa mais prevalente são tumores secretores de ACTH. A forma da síndrome de Cushing causada por um adenoma pituitário funcional é denominada doença de Cushing. A quarta causa mais comum de síndrome de Cushing é o hipercortisolismo primário, resultante de um tumor funcionante adrenal. Se a doença é primária ou é um resultado de tratamento com corticosteroide, a secreção de ACTH será suprimida e o aumento da pigmentação da pele não ocorre. Entretanto, se a hipersecreção da adrenal é resultado de um tumor não pituitário, secretor de ACTH, os níveis de ACTH, algumas vezes, elevam-se o suficiente para aumentar a pigmentação da pele. A secreção aumentada de cortisol causa ganho de peso, com uma distribuição de gordura centrípeta característica e uma "corcova de búfalo". A face parece ser mais redonda (deposição de gordura) e as bochechas podem ser avermelhadas, em parte devido à policitemia. Os membros serão finos, devido à perda de músculo esquelético (do aumento da proteólise) e a fraqueza muscular é evidente (da proteólise muscular e da hipocaliemia). A fraqueza dos músculos proximais é evidente, assim, o paciente pode ter dificuldade em subir escadas ou de se levantar de uma posição sentada. O acúmulo de gordura abdominal, associado à atrofia dos músculos abdominais e ao afinamento da pele resulta em um abdômen grande e protuberante. Ocorrem estrias abdominais púrpura como resultado do dano à pele pela proteólise prolongada, do aumento da gordura intra-abdominal e da perda do tônus muscular abdominal. A fragilidade capilar ocorre por causa do dano ao tecido conjuntivo de dos capilares. Os pacientes apresentam sinais de osteoporose e cicatrização deficiente de feridas. Apresenta, também, distúrbios metabólicos que incluem intolerância à glicose, hiperglicemia e resistência à insulina. O hipercortisolismo prolongado pode levar ã manifestação de diabetes melito. Devido à supressão do sistema imune, causada pelos glicocorticoides, os pacientes são mais suscetíveis à infecção. A atividade mineralocorticoide dos glicocorticoides e o possível aumento da secreção de aldosterona produzem retenção salina e, consequentemente, de água que resultam em hipertensão. A secreção excessiva de androgênio em mulheres pode produzir hirsutismo, padrão masculino de calvície e aumento do clitóris (síndrome adrenogenital). Uso de Corticosteroides A síndrome de Cushing também pode surgir em pessoas que precisam tomar altas doses de corticosteroides (por exemplo, prednisona) devido a um quadro clínico grave. Os corticosteroides costumam ser utilizados para tratar muitos tipos de doenças inflamatórias, alérgicas e autoimunes. Exemplos comuns incluem asma, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, várias doenças de pele e muitos outros quadros clínicos. As pessoas que precisam tomar doses altas têm os mesmos sintomas das que produzem hormônio em excesso. Os sintomas podem ocorrer ocasionalmente mesmo se os corticosteroides forem inalados, como no tratamento da asma, ou usados topicamente no tratamento de uma doença de pele. Além de causar a síndrome de Cushing, tomar doses altas de corticosteroides também pode suprimir a função das glândulas adrenais. Essa supressão ocorre porque os corticosteroides enviam um sinal ao hipotálamo e à hipófise para que interrompam a produção dos hormônios que normalmente estimulam a função adrenal. Assim, se a pessoa parar de tomar os corticosteroides subitamente, o corpo não consegue restaurar a função adrenal com a rapidez necessária, o que PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. resulta em uma insuficiência adrenal temporária (um quadro clínico semelhante à doença de Addison). Da mesma forma, quando há estresse, o corpo não consegue estimular a produção dos corticosteroides adicionais necessários. Doença de Cushing A doença de Cushing é um termo dado especificamente à síndrome de Cushing causada por um estímulo excessivo das glândulas adrenais, normalmente devido a um tumor hipofisário. Nesse distúrbio, as glândulas adrenais estão hiperativas porque elas estão sendo excessivamente estimuladas pela hipófise e não porque as glândulas adrenais têm algum problema. Os sintomas da doença de Cushing são semelhantes aos da síndrome de Cushing. A doença de Cushing é diagnosticada por meio de exames de sangue ou, às vezes, por meio de exames de urina e saliva. A doença de Cushing é tratada com cirurgia ou radiação para remover o tumor hipofisário. Caso a remoção do tumor da hipófise não possa ser realizada ou não seja bem-sucedida, as glândulas adrenais podem ser removidas cirurgicamente ou podem ser administrados medicamentos para reduzir a produção da corticotrofina ou bloquear a produção ou os efeitos do cortisol em excesso nos tecidos. Efeito do Uso de Corticosteroides nas Glândulas Adrenais A função das glândulas adrenais pode ficar suprimida em pessoas que utilizam doses elevadas de corticosteroides, como a prednisona. Essa supressão ocorre porque grandes doses de corticosteroides impedem que o hipotálamo e a hipófise produzam os hormônios que normalmente estimulam as funções adrenais. Se a pessoa parar de tomar os corticosteroides subitamente, o corpo não consegue restaurar a função adrenal com a rapidez necessária, o que resulta em uma insuficiência adrenal temporária (um quadro clínico semelhante à doença de Addison). Da mesma forma, quando há estresse, o corpo não consegue estimular a produção dos corticosteroides adicionais necessários. Portanto, o médico nunca interrompe subitamente o uso de corticosteroides caso a pessoa os esteja tomando por mais de duas a três semanas. Em vez disso, o médico diminui gradativamente a dose ao longo de algumas semanas ou até mesmo meses. Talvez também seja necessário aumentar a dose em pessoas que ficam doentes ou gravemente estressadas enquanto tomam os corticosteroides. Talvez seja necessário reiniciar o uso de corticosteroides em pessoas que ficam doentes ou gravemente estressadas no prazo de algumas semanas após a redução ou interrupção do uso de corticosteroides. Curiosidade Qualquer bloqueio nas enzimas que resulte na diminuição da síntese de cortisol aumenta, consequentemente, a secreção de ACTH e produz hiperplasia adrenal. A forma mais comum de hiperplasia adrenal congênita ocorre como resultado da deficiência da enzima 21-hidroxilase (CYP21). Estes indivíduos não podem produzir quantidades normais de cortisol, desoxicortisol, DOC, corticosterona ou aldosterona. A produção deficiente de cortisol e sua consequente elevação dos níveis de ACTH, estimulam a esteroidogênese aumentando a síntese de produtos que são produzidos anteriormente à enzima deficiente, bem como os produtos da zona reticular. Como estes últimosincluem os androgênios adrenais, um feto feminino será virilizado. Esses indivíduos não são capazes de produzir mineralocorticoides, aldosterona, DOC e corticosterona, têm dificuldade de reter sais e manter o volume extracelular. Consequentemente, tendem a ser hipotensos. Caso o bloqueio seja na próxima etapa, 11β- hidroxilase (CYP11B1), a DOC será formada e seus níveis se acumulam. Sendo a DOC atividade mineralocorticoide significante e se seus níveis se elevarem, estes indivíduos tenderão a reter sal e água e se tornarem hipertensos. RELACIONAR OS FATORES BIOPSICOSSOCIAIS COM A REGULAÇÃO DA FUNÇÃO ADRENAL AGENTES ESTRESSORES Os momentos de estresse são desencadeados pelos chamados agentes estressores, que conseguem influenciar de forma extremamente relevante o estado psicológico das pessoas através do ambiente em que estão inseridas. Os agentes estressores podem ser de diversas origens, podendo cada um deles exercer de forma direta influência na vida dos indivíduos acarretando malefícios que podem possibilitar o surgimento de doenças, sendo elas tanto físicas quanto psicológicas. Os agentes estressores são classificados em: Externos Internos PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. Os externos representam os momentos vividos pelos indivíduos, como situações de dificuldade econômica, problemas de relacionamento, pressões no ambiente de trabalho além de diversos outros. Em contra partida os internos correspondem a estímulos que fazem parte da perspectiva interior dos indivíduos, como os sentimentos, as crenças e valores, as vulnerabilidades e a forma como cada pessoa percebe o mundo. Na medida em que os agentes estressores impõem estímulos ao organismo, à resposta gerada através deles permite ao indivíduo sobreviver no seu nicho ou habitat, conseguindo superar as condições impostas pelo meio e se adaptar superando as adversidades. De acordo com Valle (2011) os pesquisadores Giordano e Everly classificaram os agentes estressores de acordo com a natureza da geração de cada um deles em biológicos, relacionados à personalidade e psicossociais. Os agentes estressores de origem biológica correspondem aqueles que surgem a partir de estímulos do ambiente, são considerados estressantes pela própria natureza do qual fazem parte como, por exemplo, ruídos sonoros. Os estressores que são relacionados à personalidade representam aqueles associados a estados de ansiedade excessiva do indivíduo ou uma auto percepção negativa Os estressores psicossociais são aqueles que surgem através da interação do comportamento social das pessoas com a interpretação desse comportamento por meio de experiências já vividas ou outros métodos de aprendizagem, representam momentos de solidão, mudanças repentinas e excessivas na vida das pessoas, além de obstáculos para atingir um objetivo A resposta produzida pelo organismo deve ser proporcional ao tipo de agentes estressor no qual o indivíduo é exposto, com isso a mobilização de energia deve ser adequada buscando restaurar o equilíbrio orgânico permanecendo por um tempo limitado que não cause comprometimento do organismo devido aos efeitos inibitórios que podem gerar sobre a resposta imune, a digestão, a reprodução e outros mecanismos. O cortisol é secretado em grande quantidade no sangue em momentos de estresse psicológico e físico, sendo isso possivelmente resultante do aumento da atividade no sistema límbico compreendendo principalmente a região da amígdala e do hipocampo que são capazes de transmitir estímulos para o hipotálamo posteromedial. O estresse físico e as lesões teciduais também são capazes de gerar aumento dos níveis de cortisol, devido a estímulos no hipotálamo através do tronco cerebral fazendo com que o CRF (Hormônio Liberador de Corticotrofina) seja liberado para o sistema porta hipofisário. Os efeitos produzidos pelo cortisol em sua grande maioria são de ação mais demorada, mas pode se ter também efeitos imediatos como a inibição da secreção de ACTH. Assim os estados de estresse estão diretamente ligados ao aumento da secreção de cortisol, onde mudanças na quantidade dos níveis desses hormônios podem desencadear estados de medo, dor, depressão, dentre vários outros sintomas prejudiciais aos indivíduos Um período longo de exposição aos agentes estressores faz com que o organismo seja sobrecarregado pela demanda metabólica, isso devido ao esforço que o corpo faz para manter a homeostasia, fazendo com que possivelmente não seja capaz de executar algumas outras funções, sendo com isso necessário um tempo maior para a recuperação do funcionamento normal do organismo, onde esse tempo varia de acordo com o tipo de agente ao qual o indivíduo foi exposto e sem que se submeta a um novo estimulo Diversas pesquisas que analisam os estados de ansiedade e depressão estão sendo relacionadas ao aumento dos níveis de cortisol plasmático no organismo. Em muitos casos o uso de fármacos antidepressivos, por exemplo, causa o aumento dos níveis hormonais de cortisol devido a atuarem no sistema nervoso central, onde ocorrem os estímulos iniciais que ativam a produção pelas adrenais do hormônio cortisol ANEXO I PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021. ANEXO II
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