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Brecher Percepção, elite, discurso, sistema internacional, blocos e comunidades regionais, organizacionais, ambiente psicológico+ambiente operacional -> decision making. O comportamento do Estado reação a estímulos externos e pressões 2 estudos: “single country” studies e teoria dos sistemas gerais. Aproximações Teóricas As TEORIAS DE políticas externas não distinguem, as variáveis cruciais dos processos de política externa, nem estabelecem relações entre eles. São mais descritivos do que analíticos. 3 escolas teóricas: Poder / Decision-making / Análise input-output Teóricos do poder: Morgenthau transformou a realidade empírica em teoria normativa. A teoria do poder foi aplicada diretamente à política externa por Kenneth Thompson e Roy Macridis. decision-making: inputs (requests) Decisões Output = resultado= políticas são autorizadas . Estado principal unidade de decision-making ambiente operacional Xambiente psicológico pré-requisito p formação d teoria na política externa. Snyder, Bruck e Sapin, o Estado: a unidade de ação mais significante por tempo indefinido. “Action”=“decision making”. O ambiente operacional não pode influenciar na escolha diretamente percepção que os decision-makers do ambiente e da situação afetam decisões. input-output Gabriel Almond: 3 categorias Conhecimento histórico Processo político Substância política George Modelski: 4 variáveis Power input Power output Interesses Objetivos Design da pesquisa Conceito de sistema válido PE 3 categorias: inputs process outputs Ambiente Operacional fatores relevantes e condições que podem afetar o comportamento externo do Estado. relação ambientes :operacional e psicológico mede o sucesso das decisões. gaps do ambiente psicológico = fracasso da decisão: 1. percepção Imprecisa do ambiente feita pela elite. 2. Inclusão de um novo fator no ambiente operacional. A pesquisa de design - inputs após decisão = (feedback) e antes da implementação. inputs mudam o ambiente operacional afetando a decisão. Sistema Subordinado (sistema internacional) nível de interação intermediário entre o sistema global (globo inteiro) e dois Estados. 4 categorias: Geográfico : mrmbros VIZINHOS e Ñ-VIZINHOS; Organizacional: membros VIZINHOS e Ñ-VIZINHOS. 6 condições : 1. priorização de região geográfica. 2. 3 atores. 3. Reconhecimento dessa comunidade por outros atores 4. “Self-Identification” 5. Unidades de poder X sistema dominante(comunidade) (++++PODER) 6. Melhores resultados no sistema subordinado se vc atua dentro de 1 do sistema (comunidade – vc participando de uma comunidade vc tem mais chances d conseguir o q quer do que se estivesse sozinho) - Exemplos: Americano, Leste Europeu, Oriente Médio, Sudeste Asiático, Africa Sub- sariana e Oeste Europeu. Sistema Bilateral : interações entre dois Estados, exceto superpotências ou potências preeminentes. Estrutura política = instituições e matrizes constitucionais Grupos de interesses X Elites competitivas grupo de decision-making = chefe de Estado e ministros. Imagem da elite = input, pois percepções atos . A imagem e a realidade : coincidir ou divergir (decisão política n terá sucesso) Analista de política externa: construir percepções da elite através de palavras e ações. Percepções - definem interesses dos Estados Decisão: Estratégica ou Tática. Metodologia e Aplicações Empíricas Técnica primária: descrição do conteúdo das informações de forma objetiva, sistemática e quantitativa. Materiais de pesquisa : imagens articuladas das elites estatais = discursos, entrevistas dos responsáveis pelo decision-making da elite. ALLISON: Conceptual Models and the Cuban Missile Crisis 3 modelos teóricos sobre tomada de decisão: Modelo de Política Racional Modelo de Processo Organizacional Modelo Burocrático Modelo de Política Racional: Unidade de Análise: Política como escolha nacional ações escolhidas pela nação ou pelo governo nacional. O Estado monolítico, decisão de pequeno grupo do executivo ou líder de governo Ação: maximizar objetivos estratégicos. A escolha racional que maximize bens do ator ( visão realista e econômica) calculo custo-benefício a partir da combinação de informações como: valores e objetivos, processos de ações alternativos e estimativa de cenários para a conseqüência da ação maximizadora do objetivo estatal ( que nem sempre será a melhor) A ação é escolhida estratégicamernte a partir da avaliação do problema que a nação enfrenta no momento teoria realista: atores monolíticos e balança de poder Modelo de política organizacional ações e escolhas do modelo racional = outputs de organizações -> padrões regulares de comportamento. organizações/ instituições relevantes e padrões de comportamento para a tomada de decisões Atores organizacionais: Não-monolíticos, conjunto hierárquico de organizações que se aliam em “loose ties” na qual o chefe de governo tem a decisão final, mas é influenciado por todo esse esquema. política externa baseada nas organizações, programada, mas O governante tem a ultima palavra e pode implementar a ação de forma não racional. vantagem : existem diversas organizações dentro de um Estado o que possibilita diferentes visões sobre um mesmo problema. Problema: essa descentralização do poder prejudica a tomada de decisões precisas e de forma resumida. “aprendizado” muitas organizações / descentralização do poder e da responsabilidade das ações. é preciso coordenação do trabalho das instituições para que convirjam em uma política externa unificada e coerente. Poder explicativo: compreender funcionamento das instituições para prever comportamenteo em cada situação. Modelo Burocrático Estado não-monolítico processo interno de barganha, negociações pessoais afetam a política externa ação de política externa = outcomes da barganha política diversos atores importantes no governo influenciam a PE não há PE nacional unificada que defenda o interesse nacional, mas agrupamentos de interesses pessoais (governantes, tomadores de decisões e nfluencia de lobbystas) “ These many players do not focus on a single strategic issue but on many diverse intranational problems as well, in terms of no consistent set of strategic objectives but rather according to various conceptions of national, organizational, and personal goals making government decisions NOT BY RATIONAL CHOICE BUT BY THE PULLING AND HAULING, THAT IS POLITICS. Esse jogo de barganha política não ocorre aleatoriamente, havendo “canais de comunicação” dentro do governo para a negociação dos interesses pessoais e/ou organizacionais a ação de política externa não pode ser considerada como intencional mas sim como o resultado da barganha política interna, não havendo um pensamento unificado Tetlock e C. B. McGuire Jr. Cognitive Perspectives on Foreign Policy – P. E. I – O Programa de Pesquisa Cognitiva em Política Externa: É difícil é difícil precisar ou mapear a “mente humana”. Duas acepções-chave: 1) O ambiente internacional muitas informações aos policymakers: difícil identificar soluções que maximizem a função utilidade. Informação incompleta e não-confiável sobre as intenções e capacidades de outros Estados. 2) Os policymakers: capacidade limitada de processar informações recorrem a estratégias simplificadas . Os policymakers podem se comportar racionalmente (tentar maximizar a utilidade), mas tomam atitudes racionais limitadas por suas imagens e visão de mundo. objetivo do programa de pesquisa cognitiva: entender as estratégias cognitivas em que os policymakers se baseiam para construir e manter suas imagens simplificadasdo ambiente externo. Estratégias cognitivas: a) estruturas cognitivas ou de conhecimento p assimilar nova informação escolher opções de política. conhecimento declarativo b) heurística de escolha ( se utiliza da história- tenta descobrir a origem da escolha) ou de julgamento p se convencer rapidamente e com confiança da exatidão de suas posições. conhecimento procedimental conhecimento declarativo = o que os policymakers pensam. conhecimento procedimental= leis do funcionamento cognitivo, como os policymakers pensam sobre as questões. „perceptions e misperceptions‟: as regras ou heurística explicações causais p comportamento de outros Estados, seja aprendendo em lições da história ou escolhendo entre diferentes cursos de ação. II – Pesquisa Representacional: crenças e acepções individuais que decisores trazem o impacto na política externa. 1) Quais são as ferramentas metodológicas e teóricas disponíveis para descrever as estruturas cognitivas que influenciam a política externa? 2) Até qual medida o processamento de informação no campo da política externa é guiado pela teoria (determinado por estruturas cognitivas já existentes) em oposição a dados (que age em resposta ou como reação à realidade externa objetiva)? Sistemas de Crença: infinitas imagens de seus Estados, de outros Estados e das relações. foco muda da unicidade para grandes populações de indivíduos- as semelhanças implícitas ou temas que permitem comparações entre indivíduos e entre situações. três linhas de pesquisa: 1) códigos operacionais 2) mapeamento cognitivo 3) correlatos de personalidade do sistema de crenças da política externa. Pesquisa do Código Operacional: códigos operacionais impõem ordens cognitivas e a estabilidade necessária a um ambiente internacional ambíguo e complexo COMO FAZEM ISSO? ao prover normas, padrões e guias que influenciam escolhas estratégicas e táticas dos. A essência de um código operacional pode ser capturada nas respostas relacionadas à natureza do universo político e os tipos de políticas mais prováveis de concretizar objetivos importantes. Mapeamento cognitivo: técnica metodológica p capturar representações cognitivas dos policymakers. dois elementos-chave: 1) variáveis conceituais: representadas por pontos 2) crenças causais ligando os conceitos: representados por arcos entre os pontos. Variável conceitual: pode assumir diferentes valores (exemplos: gastos com defesa, segurança nacional, etc.) Crenças causais: mudança numa variável conceitual gera mudança também em outra variável conceitual. Diferença Individual sobre Sistemas de Crenças: Os policymakers trabalham não só sem saber consequências de suas decisões, também sem saber exatamente o que está acontecendo no presente. Essa incerteza estrutural dos problemas de política externa se assemelha a testes projetivos de análise da personalidade. Os sistemas de crença da política externa não emergem num vácuo psicológico; eles emergem como respostas auto-expressivas plausíveis às situações nas quais os policymakers se encontram. Deste ponto-de-vista, é essencial estudar o background da personalidade ou o contexto do qual evoluem os sistemas de crenças. SISTEMA DE CRENÇA COMO RESPOSTA À SITUAÇÃO, DEPENDE DO CONTEXTO Processamento Por Teoria X Processamento por Dados (INFORMAÇÕES OBJETIVAS, FATOS): TEORIAS PESAM MAIS, MAS AMBOS FATOS E TEORIA COMPLEMENTAM A DECISÃO. somos tentados a acreditar que os policymakers são mais influenciados por informações teóricas. Evidências empíricas confirmam em parte essa tendência. No entanto, é preciso lembrar que informações objetivas e o processamento de dados objetivos também é importante na formulação da política externa. As duas formas de processamento são complementares e nenhuma supera a outra. III – Processo: regras ou procedimentos p tomar decisões: as regras variam amplamente em forma, complexidade e no esforço mental exigido para sua execução. pessoas têm preferido economizar esforços ao optarem por uma heurística simples e de baixo esforço que lhes permita resolver rapidamente, facilmente e com confiança na exatidão das opções que elas escolheram. cinco linhas de pesquisa: O Erro de Atribuição Fundamental: superestimam a importância de causas internas e disposicionais (de disposição). Duas qualificações: 1) a unidade natural de análise : Estado-nação/ decisão centralizada e pensada- não é tão unitário assim. 2) Nós raramente sabemos as causas verdadeiras do comportamento de outros Estados. verdade emergir lentamente e na maioria das vezes incompleta. Lições da História: O raciocínio analógico categorizar e estruturar problemas não-familiares em termos de problemas familiares. Evitando Dilemas de Valor (trade-offs): dilemas (trade-offs) são desagradáveis por razões cognitivas: é difícil medir as características positivas e as negativas das alternativas; razões motivacionais: é difícil justificar a si mesmo e para os outros a escolha de um valor básico em favor de outro valor básico. Os Efeitos Congeladores do Comprometimento: Escolhido o curso de ação, é difícil se desfazer daquele compromisso. Com isso, decisores e policymakers até buscam argumentos racionais e morais para justificar sua ação. É muito custoso politicamente admitir uma decisão equivocada e, depois de já tê-la implementado em parte, voltar atrás e desfazê-la. O Processo Decisório em Momentos de Crises: nem sempre os policymakers trabalham sob condições favoráveis. sob intensa pressão de tempo, conscientes de que erros de cálculo podem ter sérias consequências. IV - Observações Finais: - Os policymakers são lentos demais para revisar suas impressões iniciais de um evento; - Eles superestimam a importância do planejamento de longo-prazo e subestimam a importância do acaso e de pressões situacionais imediatas como causas do comportamento de outros Estados; - Os policymakers evitam ter que enfrentar dilemas de valor (trade-offs); - Os policymakers extraem lições simples e parciais da história; - Os policymakers defendem e apóiam ferrenhamente compromissos passados; - Os policymakers analisam informação de modos simplistas e superficiais sob condições altamente estressantes de crises. Robert Jervis Perception and Misperception in International Politics Do Perceptions Matter? A questão central é se as percepções dos tomadores de decisões importam, se elas são variáveis explicativas importantes? Jervis separa esse problema em duas questões. A primeira é se diferenças importantes de política externa estão relacionadas com percepções distintas dos tomadores de decisões? A segunda é se existem diferenças significativas entre a realidade e percepções comuns? primeira com base em níveis de análise: 1)sistema internacional 2) Estado 3) burocracia 4) processo de tomada de decisões não haveria a necessidade de se analisar o processo de tomada de decisão se: 1)Estados com posições semelhantes no sistema se comportassem da mesma forma. 2) Estados com características internas semelhantes agissem da mesma forma 3) se a ação dos Estados fosse determinada por rotinas burocráticas. A importância dos níveis de análise varia conforme a situação. Analisa falhas de teorias baseadas nos 3 primeiros níveis de análise : 1)sistema 2) estado 3) burocracia Afirma a importância de se considerar as percepções dos tomadores de decisão. The International Environment Estados reagem igualmente a uma mesma situação objetiva externa. Para comprovar essa tese seria necessário um alto grau de casos de estudo com situações objetivas e o respectivo comportamento dos Estados nelas. Poucos sistemas internacionais apresentaram casos de países que tiveram papeis diversos e de papeis que foram desempenhados por países diferentes.Compulsion in Extreme Circumstances Existe também uma tese que defende que quanto maior a pressão decorrente de uma crise ou ameaça externa maior a homogeneidade de comportamento dos Estados e, portanto, menor a necessidade de se estudar a tomada de decisão. Jervis contra-argumenta : decisões tomadas de forma fácil e consensual são uma exceção. tomadores de decisões divergem sobre a causa da crise e as maneiras de enfrentá-la. Mesmo se essa homogeneidade se confirmasse, seria necessário explicar como que essas ameaças surgiram a partir de outros níveis de análise. O argumento de que o sistema internacional determina o comportamento dos Estados porque os tomadores de decisão afirmam isso não é válido. Existem poucos dados empíricos para comprovar essas teorias e a evidência aponta para a necessidade do estudo de outros níveis de análise. Domestic Determinants explicam a política externa de determinado Estado a partir de variáveis internas como posição geográfica, tradições, estilo nacional e conflitos internos. Se Estados de mesmo tipo se comportassem de forma parecida, uma mudança de liderança ou governo não geraria mudanças na política externa. Jervis considera muito difícil julgar o grau de continuísmo de uma dada atuação externa. Não é possível fazer comparações entre governos de períodos históricos diferentes. É possível evitar esse problema examinando a opinião das elites políticas sobre a política externa adotada. Um desacordo entre as elites pode revelar os limites de explicações baseadas no sistema internacional e na estrutura doméstica. The Bureaucracy As teorias que explicam a política externa a partir da dinâmica burocrática do Estado estão baseadas em duas premissas. A primeira é que as preferências dos burocratas são determinadas pela sua posição no governo. A segunda é que as decisões tomadas são geradas pelas barganhas e rotinas burocráticas. A primeira perde força quando se constata que, em temas não usuais, importantes e que demandam respostas rápidas as divergências sobre políticas não estão relacionadas aos cargos ocupados pelos burocratas ou às organizações que esses representam. Já a segunda premissa perde força quando se constata que a distribuição de poder entre os organismo burocráticos é produzido por fatores fora desse nível de análise e é vital para o produto final desse processo de barganha e negociação. Essas teorias não conseguem especificar como a política final é gerada a partir de preferências conflitantes e tem pouca capacidade preditiva. Além disso, ela não consegue explicar as mudanças de política externa enquanto as estruturas e interesses burocráticos tendem a ser constantes. Perceptions, Reality and a Two-Step Model Conclui-se que é impossível explicar decisões e programas de política externa sem relacioná-los com as noções dos tomadores de decisões sobre o mundo e as imagens que estes fazem de outros atores. O estudo da tomada de decisões é necessário quando policymakers na mesma situação agem de formas diferentes. Mesmo se descobríssemos que Estados em situações semelhantes (seja o posicionamento dentro do sistema, a estrutura doméstica ou a negociação burocrática) agem da mesma forma, seria interessante o estudo da tomada de decisão no caso da existência de diferenças entre as percepções dos tomadores de decisões e a realidade. Jervis propõe um mediated or two step-model, em que as percepções dos atores são examinadas como uma das causas imediatas do seu comportamento. A compreensão do mapa cognitivo de um ator afeta o nosso entendimento do seu comportamento passado e futuro. Claro que as percepções não são as únicas variáveis importantes para a tomada de decisão, mas a causa de muitas disputas sobre política externa deriva de percepções diferentes. Jervis defende que é importante buscar as causas de misperceptions e percepções diferentes. Para isso, a segunda etapa de seu modelo consiste em relacionar as imagens cognitivas às informações disponíveis para o ator. Isso não significa que seja possível explicar o comportamento de todos os Estados. Afirmações sobre as causas e efeitos das imagens cognitivas podem ser somente probabilísticas. Gideon Rose: Neoclassical Realism and theories of Foreign Policy Introdução - O Neorealismo, através de pressupostos gerais a respeitos das motivações de Estados, tenta explicar o comportamento de Estados individuais, mas não pretende explicar este comportamento em grande detalhe ou em todos os casos. - Esta tarefa fica a para as teorias de Foreign Policy - Política Externa (PE). - Essas abordagens têm como variável dependente o comportamento individual de Estados, ao contrário de padrões gerais de comportamento entre Estados. Escolas de Política Externa (PE): 1) Innenpolitik – ênfase em fatores internos (como ideologia política ou econômica, política partidária, estrutura socioeconômica, etc.) para explicar PE. Exemplo de conclusão: o comportamento de países democráticos é diferente do de países não democráticos. Problema: levar em consideração somente aspectos domésticos vai dificultar a explicação do comportamento de estados com sistemas domésticos similares mas PE diferente (e vice-versa). As outras escolas são variações do realismo e trabalham com a influência do sistema internacional no comportamento estatal. 2) Realismo Ofensivo – Fatores sistêmicos sempre dominantes. SI composto de estados racionais e unitários preocupados acima de tudo com a sua segurança. Anarquia internacional vista como Hobbesiana (a não ser em situações de bipolaridade ou deterrance nuclear): segurança escassa e busca pela maximização de vantagem relativa. Diferenças domésticas não importantes. O que vai definir comportamento é poder relativo. 3) Realismo Defensivo – – Fatores sistêmicos sempre dominantes. SI composto de estados racionais e unitários preocupados acima de tudo com a sua segurança. A diferença em relação ao realismo ofensivo, é que a anarquia internacional é vista como benigna: segurança abundante. *** FALTOU COISA 4) Realismo Neoclássico – Teoria innenpolitik está equivocada, pois se há um fator que determina a condução da PE ao longo do tempo, este é a capacidade relativa dos estados. Incorpora varáveis internas e externas. A ambição dos Estados é primeiramente guiada por sua posição no sistema internacional – capacidades materiais relativas (poder). Argumentam, no entanto, que o impacto das capacidades relativas na PE de um Estado é complexa e indireta. Isto pq pressões sistêmicas precisam ser traduzidas através de variáveis intervenientes que se fazem presentes no nível da unidade (percepções de „policy makers‟, estrutura doméstica, etc.). Ao invés de enfatizarem que estados buscam segurança, os neoclássicos ressaltam que Estados respondem às incertezas da anarquia internacional buscando controlar e moldar o ambiente externo. O sistema internacional não é nem hobbessiano nem benigno, mas confuso e difícil de se interpretar. No longo prazo a quantidade relativa de poder material vai determinar a amplitude e magnitude da PE. Um aumento na capacidade material relativa eventualmente vai corresponder a uma expansão na ambição e no escopo da PE de um Estado. A maioria dos realistas neoclássicos trabalha com a ascensão e a queda de grandes potências para fundamentarem a sua teoria. Fatores não sistêmicos podem contribuir para exacerbarem ou mitigarem pressões sistêmicas. Variáveis intervenientes: 1) Percepções e Misperceptions (Wohlforth): pressões sistêmicas filtradas por meio de percepções. Explicações sistêmicas assumem entendimento objetivo e preciso da distribuição de poder no SI. Não explica corretamente. É necessário se analisar detalhadamente como cada policymaker perceber a realidade. Guerra Fria é exemplo perfeito. Ou seja: não negam a importância das capacidades relativas,o problema, no entanto, é o entendimento desta realidade. 2) Força doméstica do Estado (Zakaria): Por conta de fatores internos, líderes podem não ter acesso total aos recursos materiais de poder de um Estado. Ênfase aqui é na capacidade de um Estado traduzir os seus recursos em poder. (Falta de coesão interna, etc.). Christensen: “national political power”: habilidade de líderes estatais para mobilizarem recursos materiais e humanos. Christensen afirma que as elites políticas tendem a conseguir o que desejam, mas acabam tendo que fazer concessões para seus públicos para conseguir. Metodologicamente neoclássicos começam no nível sistêmico, para depois entender como, em casos reais e específicos, o poder relativo é traduzido e operacionalizado na PE. PUTNAM Jogos de dois níveis interação entre níveis doméstico e internacional 1. Introdução membros do Executivo : dilemas distintos em cada esfera, estabelecer conciliação - análise do impacto dos fatores domésticos e internacionais no processo de barganha entre os membros dos Executivos dos Estados. 2. Jogos de dois níveis Nível II – discussões, consentimento para ratificação do acordo. nível nacional: forças domésticas pressão sobre Executivo Executivo: buscam ampliar seu poder de barganha por meio da coalizões entre essas forças; Nível I – barganha mesa internacional nível internacional: membros do Executivo: - satisfazer interesses domésticos - minimizar conseqüências adversas dos desenvolvimentos externos. 3. Win-set acordos possíveis no Nível I que poderiam ser aceitos no II. a) win-sets tornam acordo no Nível I + provável O acordo só é possível quando os win-sets se sobrepõem. isso deve ocorre c todos os países b) Tamanho dos win-sets: afeta distribuição dos ganhos da barganha internacional. Quanto <+ o win-set , + ele poderá ceder. um win-set pequeno = vantagem na barganha, restringe a capacidade de fazer concessões. risco : posição imóvel , estagnação Schelling: divisões internas criam vantagens na barganha internacional. Milner: quanto mais houver divisões internas, menos provável é a cooperação internacional -dificuldade de obter o consentimento para ratificação 5. Determinantes do win-set A distribuição de poder, escolhas políticas,coalizões possíveis no Nível II, Custo do não-acordo ( menor custo, menor win-set), homogeneidade domésticas, Ligação entre áreas temáticas b) As instituições políticas do Nível II: procedimentos domésticos para se obter o consentimento para a ratificação de acordos afetam o tamanho do win-set. As instituições domésticas podemaumentar o poder de barganha OU ampliar o risco de deserção involuntária – incapacidade de cumprir uma promessa por não se obter consentimento para ratificação _ Nem todas as práticas de ratificação são formais. muitos arranjos institucionais requerem vários níveis de ratificação, _ Práticas políticas domésticas podem afetar o tamanho do win-set, : disciplina partidária , autonomia dos decisores (<+ autonomia, <+ o win-set e <+ a probabilidade de acordo. Porém, quanto + forte é um Estado ,+ fraca é sua posição de barganha internacionalmente). c) estratégias Nível I: explorar, Compensações paralelas p atrair apoio doméstico (valor da compensação paralela deve ser calculado em termos da contribuição para o consentimento para ratificação) e sua popularidade para ganhar o consentimento para ratificação de suas iniciativas externas. 6. Incerteza e táticas de barganha no Nível I em geral não têm boas informações sobre a política no Nível II no outro lado. Incerteza sobre tamanho do win-set pode ser instrumento de barganha (negociadores exploram divisões internas dizendo “é melhor fazer acordo comigo, pois a alternativa a mim é pior”) e “stumbling blocks” (incerteza sobre win-set do outro lado amplia risco de deserção involuntária); um jogador maximizador de utilidade busca, convencer os negociadores da outra parte de que seu win- set certamente será aprovado, mas que acordos mais favoráveis ao outro lado provavelmente não o serão. 7. Reestruturação e reverberação -Jogadores podem reestruturar o jogo ou alterar as visões uns dos outros acerca dos custos de não- acordo -Jogadores podem levar em consideração que pressões internacionais reverberam na política nacional, definindo o equilíbrio de poder internamente e assim podendo facilitar o acordo, ao ampliar o win-set doméstico, ou o prejudicar, ao gerar perdas. 8. Papel do negociador central negociadores - representantes de grupos dotados de interesses próprios. objetivos: a) maximização de recursos políticos e minimização de perdas. Resultados do acordo são politicamente recompensadores; b) própria concepção de interesse nacional c) Mudança do equilíbrio de poder no nível doméstico em favor de políticas que preferem devido a razões exógenas. As negociações internacionais podem permitir a líderes fazer o que desejam, mas que não conseguem implementar domesticamente. MILNER Jogos de dois níveis II: preferências, instituições e informação 1. Introdução cooperação internacional coordenação política ajustar comportamentos atingir objetivos específicos ganhos mútuos três variáveis independentes: preferências políticas, instituições políticas domésticas e distribuição da informação teoria da escolha racional 2. Variáveis independentes 2.1. Preferências interesse difere de preferência: representam objetivos que mudam pouco e não se distinguem entre atores // interesse central é a maximização de ganhos. Preferências: escolhas políticas específicas visando maximização DE GANHOS, podendo variar de ator para ator preferências : diferir de acordo com os países e com as áreas temáticas perspectiva de três atores que compartilham poder de formulação da decisão : Executivo, o Legislativo e grupos de interesse . Estado não é ator unitário, e política doméstica não é hierárquica, mas poliárquica (Atores de preferências variadas compartilham poder sobre o processo de formulação da decisão); governo dividido : menos provável é a cooperação internacional, mas melhor o Legislativo fica . Governo unificado : + comum em sistemas c predominância de dois partidos e depende da disciplina partidária. a situação lembra a ação de um ator unitário. A cooperação internacional desejada quando: a) O objetivo é modificar políticas de outros países, impedir que adotem alguma medida ou pressionar a adotar uma. externalidades (negativas geram custos p outro Estado, – positivas :benefícios ) A coordenação pode ser uma forma de evitar que os líderes de B unilateralmente imponham externalidades negativas sobre A. Em troca, os de A podem ter que desistir de algo, mas isso deve valer o preço de limitar B. Se os líderes de A desejam que os de B adotem uma política que gere externalidades positivas, mas os de B não querem, a cooperação internacional pode oferecer uma forma de se atingir um entendimento; b) Líderes desejam evitar problemas políticos domésticos. Coordenação internacional - superar oposição doméstica e adotar certas políticas ; c) Líderes podem reafirmar suas políticas preferidas. benefícios da cooperação internacional superam os custos 2.2. Instituições determinam como controle sobre processo de formulação da decisão é distribuído domesticamente: definição da agenda / poder de emenda e de ratificação / veto. O controle sobre esses poderes influência sobre formulação da decisão. Instituições importam, mas as preferências circunscrevem o nível ao qual as instituições podem produzir variações nos resultados; Podere legislativo: a) Controle sobre a agenda: Limites: capacidade de emenda e ratificação , quem tende a ter tal poder é o Executivo; b) Poder de emenda (++ importante): alteraçõesque tragam o acordo para mais perto de seu ponto ideal. d) Referendos: votos do público para aprovar ou para rejeitar uma proposta política do governo. Executivo controla a proposta de referendos, reduzindo a influência do Legislativo. Executivo usa-os para obter apoio público às propostas executivas; e) Compensações paralelas :Executivo cede em questões para que legislativo ceda em outras envolvendo compensações. Executivo precisa antecipar a reação do Legislativo à proposta aceita internacionalmente p garantir que seja aceitável a) Probabilidade de acordo <+ qdo poder de formulação da decisão está concentrado num ator político doméstico b) Dispersão de poderes legislativos do Executivo para o Legislativo altera os termos da cooperação, tornando-a mais favorável ao Legislativo; b) preferências sobre políticas e sobre instituições, certas instituições tornarão a realização de suas preferências mais provável. c) Escolha de procedimentos para desenvolver e ratificar políticas cooperativas : - Forma como acordos são ratificados – maioria simples, supramaioria, referendo popular etc. influenciam acordos internacionais. pois determinam quem será o votante mediano cuja aceitação o Executivo deve assegurar. determinam os atores relevantes e preferências domésticas. - meios pelos quais se oferece consentimento para ratificação dos acordos seguem ligadas às suas preferências também farão escolhas sobre procedimentos. Eles podem tentar se tornar os votantes medianos; d) Mudanças nos procedimentos de ratificação, depois de as negociações estarem completas cooperação menos provável. 2.3. Informação informação incompleta a) resultados ineficientes (falha em cooperar qdo ganhos conjuntos são possíveis); b) vantagens políticas para quem detém mais informação. _ um Executivo que tenha informação confidencial pode se beneficiar às custas do Legislativo e atingir um resultado mais próximo de suas preferências; É papel dos grupos de interesse oferecer informação aos atores acerca da natureza das questões e dos acordos. 3. Conclusão Qto <+ as diferenças de preferências, qto + igualmente distribuída estiver a informação e qto + instituições dispersarem em poder + poliárquica a) Se … Executivo compartilha poder de formulação de decisão c Legislativo se os dois têm preferências distintas cooperação menos provável b) Quanto + dividido o governo, menos provável é a cooperação, <+ probabilidade de falha na ratificação e <+ a influência do Legislativo sobre os termos do acordo c) Quanto <+ assimetria de info + provável falha na ratificação. Acordo vai refletir + as preferências do Executivo do q legislativo; d) situação de informação assimétrica: se o Legislativo depende de endossantes informados, a cooperação torna-se mais provável e mais responsiva às preferências do Legislativo. Milner: Sob certas condições, informação incompleta não é prejudicial para a cooperação. Na presença de endossantes, informação assimétrica pode ampliar a probabilidade de cooperação. Adição da política doméstica tem conseqüências negativas para a cooperação internacional. Milner desafia Schelling (divisões internas podem criar vantagens de barganha: se um se um grupo se opõe fortemente a certas concessões, ele pode evitar condescender nesta área e garantir um melhor acordo internacionalmente) Milner: quanto + divisões internas, menos provável a cooperação internacional, Executivo terá dificuldade de consentimento p ratificação e será forçado a negociar preferências de outros atores domésticos. Legislativo: pode tornar a cooperação menos provável e tornar acordos mais favoráveis a ele. Ao contrário do que diz o Realismo, nem sempre o Executivo é aquele que prevalece. Para Milner, grupos domésticos compartilham poder GOLDSTEIN, J.; KEOHANE, Ideas and foreign policy: beliefs, institutions, and political change 1. Introdução 1.1. A aproximação entre neo-realismo e institucionalismo neoliberal Institucionalismo neoliberal (NL): a) Keohane aceitou a importância do sistema na constituição do comportamento das unidades, mas, onde Waltz via conflito, Keohane via a possibilidade de cooperação. Keohane acreditava que as unidades poderiam desenvolver estratégias de cooperação, mesmo na falta de um poder soberano forte para penalizar os desertores. A cooperação poderia ser uma estratégia produtiva; b) Instituições seriam responsáveis por compartilhar informações, reduzir os custos de transação, oferecer incentivos às concessões comerciais e mecanismos para a resolução de disputas e conceder mecanismos para a formulação de decisões. Poderiam, assim, ampliar a cooperação até mesmo se nenhum poder coercitivo existisse, já que, quanto mais os atores observassem aos outros, mais eles poderiam analisar a vontade dos outros de cumprir com os acordos cooperativos; c) As instituições internacionais criadas durante a hegemonia poderiam persistir e crescer, oferecendo soluções para os problemas de cooperação, bem como benefícios no comércio, no crescimento econômico e na segurança; a cooperação ocorreria mesmo sem um poder dominante para resolver os problemas da ação coletiva. Diferenças – NR e NL: a) Ganhos: os neo-realistas estão mais preocupados com ganhos relativos dos Estados. Já os neoliberais preocupam-se com ganhos absolutos; b) Limites à cooperação: enquanto para os neo-realistas a cooperação apenas serve para concretizar objetivos de ganho que sejam superiores aos dos outros Estados e a trapaça não é um problema, para os neoliberais a cooperação não é difícil, sendo necessários mecanismos que evitem as trapaças, para que os Estados percebam que os ganhos do longo prazo com a cooperação são melhores do que se deixar levar pelos ganhos de curto prazo. Semelhanças – NR e NL: teoria da escolha racional e positivismo. a) Modelo desenvolvido por Keohane compartilhava muito com o NR: NL aceitava a anarquia internacional e o egoísmo racional dos Estados. _ Queria mostrar que era possível egoístas racionais cooperarem num sistema anárquico; b) No início dos anos 80, inúmeros elementos do neoliberalismo, como a interdependência e os regimes internacionais, foram acomodados dentro do neorealismo, ao mesmo tempo em que o neoliberalismo redefiniu-se de uma interdependência complexa para uma versão mais estatocêntrica mais compatível com o realismo. O neo-realismo revisado era uma combinação do realismo estrutural de Waltz com premissas individualistas, em geral adicionando a dimensão doméstica à sua explicação. A aproximação entre NR e NL: a) Análises centradas em interesses e em escolhas estratégicas, destacando que os Estados são atores racionais que fazem cálculos sobre se cabe ou o conflito ou a cooperação dependendo das circunstâncias em que interagem. Os comportamentos e as escolhas dos atores são frutos dos cálculos sobre as situações estrategicamente mais interessantes e são determinados pelas circunstâncias; assim, na anarquia, podem ser produzidos resultados múltiplos, já que as escolhas estratégicas e os interesses egoístas podem levar tanto à cooperação como ao conflito, de acordo com as circunstâncias. _ O fato de haver auto-interesse não permite fazer observações sobre a lógica e a natureza da anarquia, ou seja, não se pode dizer que a anarquia é um estado apenas de conflito ou de cooperação. É possível, portanto, que se obtenham resultados variáveis na mesma estrutura; b) Grieco e Keohane concordam que os Estados são os principais atores, que os atores são racionais e sensíveis a custos e que a anarquia é a falta de um governo interestatal comum. Na perspectiva liberal, Keohane amplia claramente as considerações sobre a anarquia, apontando que ela não pode explicar a variação nos modelos de conflito ou de cooperação entre os Estados, e diz que a busca de tais ganhos pelos atores depende dascircunstâncias em que esses atores estão inseridos. Segundo Keohane, os ganhos relativos podem ser forças importantes motivadoras de Estados e firmas, mas apenas quando os ganhos assimétricos em um período alteram as relações de poder em outro e quando há a possibilidade de que vantagens subseqüentes em termos de poder possam ser usadas contra os próprios atores. Nas suas considerações sobre ganhos relativos, Keohane leva em conta o número de atores (com mais de dois atores, pode ser atraente conceder ao outro ganhos relativos a fim de atingir um terceiro), a ligação entre as áreas temáticas (espaço para atores empregarem forças em uma área para compensar fraquezas em outras) e a efetiva intenção de aplicação de mais capacidades contra outros atores. 1.2. A síntese racionalista Racionalismo busca uma proposta mais pragmática que pudesse oferecer respostas empíricas às questões que despontaram no mundo pós-Guerra Fria e, com isso, fornecer explicações que as teorias tradicionais não conseguiam trazer. _ Racionalismo vai além do NR e do NL ao procurar respostas para quebra-cabeças em vez de grandes formulações teóricas gerais. Quer, assim, teorias mais modestas baseadas em questões específicas, que possam prever melhor os fatos, trazendo consigo maior sofisticação para o estudo. Em vez de se buscarem orientações teóricas gerais, os programas de pesquisa específicos ligam variáveis explanatórias a um conjunto de resultados ou variáveis dependentes (por exemplo, quais são os efeitos das várias distribuições do poder ou da democracia na propensão dos Estados a entrar em guerras? Sob quais condições as instituições internacionais promovem cooperação?). Quando tais teorias específicas são testadas com a evidência, respostas são propostas, podendo ser falsificadas ou refutadas; Diante de um quebra-cabeça, deve-se formulá-lo como um problema para atores racionais com interesses específicos, interagindo numa situação caracterizada pela escassez de recursos. Assim, no racionalismo, a formulação de um quebra-cabeça envolve atores individualistas, além do uso de uma estrutura comum: o uso da escolha racional, a estrutura de jogos que abarca as idéias tanto de cooperação como de conflito, ou, como destacam os autores, “tanto os argumentos liberais embasados na economia, que enfatizam o acordo voluntário, como os realistas, que enfocam poder e coerção”; Síntese se verifica ao observarmos que os programas de pesquisa específicos que refletem uma orientação teórica geral realista enfocaram que a possibilidade de coerção pode prejudicar alguns atores e apontaram as conseqüências das assimetrias na barganha e os problemas de compromisso no ambiente anárquico. Refletem, assim, a influência da perspectiva liberal na incorporação de aspectos como a dimensão doméstica e a dinâmica das interações e dos relacionamentos. Os argumentos que enfocam a importância da formulação de agenda, a incerteza e a manipulação estratégica são baseados nas mesmas formulações de teoria de jogos que têm guiado o trabalho recente de perspectivas mais liberais que enfatizam os benefícios mútuos da cooperação. No mundo pós-Guerra Fria, os projetos específicos de orientação teórica geral realista se tornaram mais sensíveis a variações nos objetivos dos Estados e a um conjunto mais complexo de relações entre ganhos absolutos e conflitos distributivos; Positivismo: a verdade como correspondência, a unidade metodológica da ciência e a natureza livre de valores do conhecimento científico. Suposições básicas: a separação de sujeito e objeto, o naturalismo e a separação de fato e valor. 1.3. Os reflexivistas Racionalismo X Reflexivismo: a) Racionalistas: interesses são dados e logicamente anteriores a quaisquer crenças mantidas pelos atores. Assumem que atores são auto-interessados que maximizam sua utilidade. Preferências e crenças causais dos atores são dados e a atenção é deslocada para a variação nas restrições encontradas pelos atores; b) Reflexivistas: como práticas de conhecimento constituem os sujeitos. Reflexivistas compartilham uma concepção intersubjetiva do processo em que as identidades e os interesses são endógenos à interação. Perspectivas reflexivistas estão unidas não pelo que concordam, mas pelo a que se opõem: elas criticam o compromisso positivista com uma visão de ciência unificada e a adoção de metodologias das ciências naturais para explicar o mundo social; Principais vertentes reflexivistas: a) Teoria Crítica (com letras iniciais maiúsculas, em referência à Escola de Frankfurt): _ Escola de Frankfurt: dialética do conhecimento e poder. Repúdio às pretensões pseudocientíficas da filosofia moderna e foco nas potencialidades totalitárias de uma forma particular de razão – razão instrumental – que, desde o Iluminismo, tem dominado o pensamento ocidental com suas preocupações sobre o controle técnico da natureza e sua capacidade de resolução de problemas; _ Principal tarefa: libertar povos modernos de sua alienação nas sociedades onde uma compreensão de sua cultura, história e poder político havia sido apropriada por um modo dominante de conhecimento (racionalidade científica) e pelas instituições estatais para o qual esse conhecimento é utilizado e proliferado; _ Assim, expor o projeto positivista no cerne de um processo de conhecimento que se diz neutro é, nesse sentido, um empreendimento emancipatório com implicações políticas práticas. _ Natureza histórica e política de todo conhecimento. Teoria inexoravelmente conectada com a prática. b) Pós-modernismo / Pós-estruturalismo: buscam demonstrar a ausência última de fundações (suposições sobre sujeito/objeto, fato/valor, Eu/Outro) para o pensamento e desestabilizando as noções de essência e de presença. Apontam que as comunidades em que estamos inseridos são frutos do pensamento moderno – como o Estado soberano, por exemplo – e serviram como mecanismos de exclusão e de promoção de uma lógica totalizante; ao converterem circunstâncias socialmente produzidas em condições quase naturais, as perspectivas modernas de imutabilidade da ordem política contribuíram para a formação de sujeitos que sucumbem à crença de que as relações entre as comunidades políticas independentes devem permanecer como estão. Alvos das críticas: _ O fundacionismo e o essencialismo da filosofia científica pós-iIluminista; _ Pressuposições universalistas sobre o homem racional moderno; _ Seu compromisso metateórico com categorias duais de significado e compreensão: Campbell: na modernidade, as fronteiras estatais serviram para estabelecer as identidades por meio da exclusão dos que não estão dentro delas; nesse contexto, as práticas das identidades acabaram levando a conflitos num contexto de territórios rigidamente segmentados. Segundo Campbell, as relações internacionais, ao recorrerem discursivamente ao Estado como a identidade organizadora, podem ser vistas como um discurso particular – e poderoso – sobre a política de identidade, no qual mesmo a problematização “não-estatal” feita por perspectivas como o neoliberalismo – que procurou inserir atores transestatais, subestatais e não-estatais no estudo da política internacional – não buscou retirar o Estado do núcleo do ideal regulativo de interpretação; _ Suas estratégias logocêntricas de identidade e hierarquização: O funcionamento do procedimento logocêntrico pode ser mais claramente visto em oposições práticas familiares, tais como dentro/fora, literal/figurativo, centro/periferia, continuidade/mudança, objetivo/subjetivo. Em face dessas e de outras oposições, o sujeito participante no regime da modernidade é inclinado pelo procedimento logocêntrico a impor uma hierarquia ao identificar sua voz de interpretação e prática com um ponto de vista subjetivo, um centro interpretativo soberano. A partir desse posicionamento, um dos lados de tais oposições pode ser concebido como uma realidade maior, pertencente ao domínio do logos, oucomo presença pura e indivisível sem necessidade de explicação. O outro termo de cada par é então definido somente em relação ao primeiro termo, com uma denotação de inferioridade ou derivação. Ao privilegiar um dos termos, o procedimento logocêntrico dá efeito a uma hierarquia na qual o outro termo se torna uma negação, uma manifestação, um efeito, uma disfunção. c) Feminismo: Perspectiva variada: _ Empiricismo feminista _ Normas da pesquisa positivista para substituir a ciência “má” pela ciência “boa”. Trabalho claramente fundacionalista; _ Standpoint feminista: afinidades com o projeto emancipatório da Teoria Crítica. Todo conhecimento representa um ponto de vista (negam o universalismo) e afirma que o ponto de vista das mulheres (standpoint) provê uma fundação privilegiada sobre a qual o conhecimento pode ser construído, em relação ao ponto de vista do homem. Os oprimidos são melhor equipados para compreender a natureza das relações sociais do que os opressores; _ Pós-modernismo feminista _ Questões mais interessantes: as perspectivas pósmodernas permitem às feministas desconstruir noções de gênero, desprivilegiar noções masculinas do mundo. d) “Construtivismo moderado”: Wendt aponta que a dimensão material não é suficiente para entender o comportamento; por isso, é preciso entender a dimensão constitutiva, que enfoca justamente as identidades. Assim, indica que, ao contrário do que defendem os materialistas mais ferrenhos do mainstream, as estruturas da associação humana são primariamente culturais e esclarece que essas estruturas não apenas regulam o comportamento (não apenas têm efeitos causais), mas constroem identidades e interesses (têm efeitos constitutivos). Enquanto a escolha racional entende identidades e interesses como dados exogenamente à interação e oferecem uma concepção comportamental do processo, o construtivismo de Wendt destaca como expectativas produzidas pelo comportamento afetam identidades e interesses, vendo o conhecimento que define identidades e interesses como endógeno à interação. Nessa ontologia, as forças materiais ainda importam (não são “ideas all way down”, como pensam teóricos mais radicais) e os indivíduos ainda são atores intencionais, mas o significado de tais forças e o conteúdo dos atores dependem das idéias compartilhadas nas quais estão envolvidos. Poder e interesse são fatores importantes na vida internacional, mas seus efeitos são uma função de idéias que determinam seu significado e conteúdo. e) Construtivismo orientado pelas regras: Segundo Onuf, os seres humanos constroem a realidade por meio de atos, que podem ser atos do discurso, os quais, por sua vez, podem ser institucionalizados por meio de regras (“rules”, ao mesmo tempo reguladoras e constitutivas) e assim oferecer o contexto e a base de significado para ações humanas mais amplas. Tais regras orientam o comportamento humano e servem como meios para a construção social, tornando possível o significado compartilhado. Esse processo é densamente político, já que as regras distribuem os benefícios de forma desigual; as regras transformam a matéria em recursos. Têm-se oportunidades assimétricas para o controle: tem-se, assim, o domínio (“rule”). Tais perspectivas reflexivistas serão tratadas mais minuciosamente nas próximas aulas. Por enquanto, será dado destaque ao enfoque neo-institucionalista sobre o papel das idéias. 2. O enfoque neo-institucionalista sobre o papel das idéias Questão: As idéias têm impacto sobre resultados políticos e, se têm, sob quais condições ? _ Argumento de Goldstein & Keohane: Idéias (crenças mantidas pelos indivíduos) influenciam a política quando princípios e / ou crenças causais: a) Oferecem mapas que ampliam a clareza dos atores sobre objetivos ou sobre a relação entre meios e fins; b) Afetam resultados de situações estratégicas em que não há um único equilíbrio; c) Estão incorporadas em instituições políticas. Goldstein & Keohane: a) Tanto idéias como interesses têm peso causal nas explicações das ações humanas; b) Goldstein & Keohane criticam perspectivas que negam a importância das idéias, mas Goldstein & Keohane não desafiam a premissa de que os indivíduos atuam de forma racional e auto-interessada. Vêem o racionalismo com ponto de partida, mas mostram que a existência de anomalias empíricas pode ser resolvida quando idéias são levadas em consideração; c) Goldstein & Keohane também desafiam a tendência antiempiricista de grande parte dos trabalhos reflexivistas. Goldstein & Keohane acreditam que idéias podem e devem ser examinadas empiricamente; d) Goldstein & Keohane enfocam o impacto de crenças dos indivíduos sobre o mundo que tenham implicações para a ação humana. _ Goldstein & Keohane não procuram explicar as fontes dessas idéias, mas sim os seus efeitos. 2.1. Tipos de crença Visões de mundo: afetam a vida social de múltiplas formas e ao longo do tempo. Exemplos: religiões, concepções de soberania (Paz de Vestfália); Princípios: idéias normativas que especificam critérios para distinção entre certo e errado (por exemplo, “escravidão é errado”). Crenças causais: Relações causa-efeito 2.2. Impacto das idéias na PE 2.2.1. Idéias como mapas Indivíduos determinam suas próprias preferências e entendem a relação causal entre seus objetivos e as estratégias políticas alternativas pelas quais podem atingir esses objetivos. Idéias são importantes quando atores acreditam nas ligações causais que identificam ou nos princípios normativos que refletem; Quando vemos a política como uma arena em que atores enfrentam incertezas contínuas sobre interesses e sobre como os maximizar, idéias servem ao propósito de guiar o comportamento sob condições de incerteza ao estipularem modelos causais e ao oferecerem motivações éticas ou morais para a ação; Idéias causais respondem diretamente à incerteza reduzindo-na, enquanto os princípios permitem às pessoas comportar-se decisivamente, apesar da incerteza causal. Princípios causais podem mudar o foco para questões morais e as afastar das instrumentais, que enfocam interesses materiais e poder. 2.2.2. Idéias como pontos focais ou como elemento de ligação Idéias afetam interação estratégica, ajudando ou impedindo esforços conjuntos para resultados mais eficientes. Servem como pontos focais que definem as soluções cooperativas, contribuindo para resultados na falta de um equilíbrio único, ou agem como elementos de ligação a fim de facilitar a coesão de grupos particulares; Jogos podem ter múltiplos equilíbrios (ex.: jogo da galinha); logo, as idéias podem ser a chave para se estabelecer o resultado de um jogo, em especial quando jogadores devem escolher entre resultados que representam ótimos de Pareto para todos, mas não há critérios “objetivos” nos quais possam basear a escolha. 2.2.3. Idéias institucionalizadas (incorporadas a regras e normas) 3. Conclusão Mudanças políticas podem ser influenciadas pelas idéias tanto porque novas idéias emergem como porque ocorrem mudanças nas condições subjacentes afetando o impacto das idéias existentes; Cada um dos três caminhos acima sugere formas em que as mudanças nas condições subjacentes, em vez de mudanças nas idéias propriamente ditas, podem alterar o impacto das idéias na política. Segundo Goldstein & Keohane, idéias em geral se tornam mais eficazes politicamente apenas em conjunção com outras mudanças, tanto nos interesses materiais como nas relações de poder; Mudanças nas idéias podem não levar imediatamente a uma alteração na política. Mudanças nas idéias são freqüentemente sentidas somente depois que o consenso político pré-existente numa área temática é desestabilizado KUBÁLKOVÁ, Foreign policy in a constructed world 1. O construtivismo orientado pelas regras CONSTRUTIVISMO _ Forma de estudar as relações sociais – qualquer tipo e por isso se aplica a todas as áreas da pesquisa social. É um sistema de conceitos e proposições, não éuma teoria como tal. Não oferece explicações gerais para o que as pessoas fazem, por que as sociedades diferem ou como o mundo muda. O construtivismo é uma forma de teorizar; PROPOSIÇÃO _ Os seres humanos são seres sociais, não é possível ser humano fora de relações sociais. Ou seja, as relações sociais fazem ou constroem as pessoas no que elas são. Por outro lado, nós fazemos o mundo o que ele é, a partir da matériaprima que a natureza provê, pelo que fazemos uns com os outros e pelo que dizemos uns aos outros. Aliás, dizer é fazer: a forma mais importante de construir o mundo; OPERACIONALIZAÇÃO _ As pessoas fazem a sociedade, e a sociedade faz as pessoas. Para estudar esse processo, é preciso começar do meio, porque as pessoas e a sociedade já estão lá e estão em constante mudança: REGRAS SOCIAIS (inclui mas não se restringe às regras legais) fazem o processo de co-constituição. 1.1. Regras fazem agentes; agentes fazem regras REGRAS _ Declaração que diz o que as pessoas deveriam fazer. O QUE _ padrão de conduta; DEVERIAM _ diz-nos para adequar nossa conduta ao padrão. Se nós não fazemos o que as regras nos dizem para fazer, podemos esperar as conseqüências que outra regra colocará em efeito, quando uma pessoa que segue as regras chamar pelas conseqüências; Modo de lidar com as regras: seguir, quebrar, fazer, mudar, livrar-se _ PRÁTICAS. Mesmo quando não sabemos o que uma regra diz, podemos inferi-la a partir das práticas das pessoas; AGENTES _ Regras nos dizem quem são os participantes ativos na sociedade. Pessoas são agentes apenas na medida em que a sociedade, por meio das regras, as faz participar em muitas situações para as quais existem regras; As regras permitem que as pessoas ajam em nome de construções sociais: nós mesmos, outros seres humanos, conjunto de pessoas. Por outro lado, os agentes não precisam ser seres humanos individuais para agirem em nome de outros. A agência é uma condição social; ESCOLHAS _ Regras dão escolhas aos agentes (seguir, quebrar, mudar, fazer etc.). Apenas seres humanos podem realmente fazer escolhas. _ Equipamento mental. Contudo, nós podemos fazer tais escolhas em nome de construções sociais; OBJETIVOS _ Agentes agem em sociedade para alcançar objetivos, que refletem as necessidades e desejos das pessoas à luz de suas circunstâncias materiais. Quando seres humanos agem como agentes, eles têm objetivos em mente, mesmo se não estão completamente cientes disso; RECURSOS _ Por meio de suas ações, agentes fazem do mundo material uma realidade social. Na busca de seus objetivos, os agentes se valem de meios materiais. Como o mundo é um lugar social, ao menos para seres humanos, as regras transformam aspectos do mundo material em recursos disponíveis para o uso dos agentes. As regras também constituem agentes e instituições como recursos; INTERESSES _ Se os agentes dizem as razões para usarem os recursos disponíveis, ou se observadores inferem isso da evidência, padrões reconhecíveis nos resultados constituem os interesses dos agentes. Agentes não precisam saber quais são interesses para agir com base neles. Aliás, seres humanos não precisam pensar em si como agentes para serem agentes. Não precisam ter autoconsciência disso; ATO DISCURSIVO _ Regras têm um conteúdo: uma regra diz aos agentes a quem a regra se refere e o que os agentes deveriam fazer em uma determinada situação. Ou seja, expor o conteúdo de uma regra é o mesmo que falar em uma forma em que o ouvinte responde ao que se está dizendo. O ato de falar em uma forma que faça alguém agir é um ato discursivo. Se o ato discursivo obterá algum resultado dependerá de se os outros responderão ao que escutaram. Formas: a) ASSERTIVO: informam os agentes sobre o mundo – o modo como as coisas são – e sobre as prováveis conseqüências da desconsideração dessa informação. PRINCÍPIO _ quando essa informação é declarada em termos gerais. INSTRUÇÃO _ termos específicos; b) DIRETIVO: Imperativos. Se o falante diz o que você deve fazer, ele quer que você acredite que você deve fazer. Geralmente, provê informações sobre as conseqüências de se desconsiderarem essas regras. Essas informações ajudam os agentes racionais a decidirem se querem seguir as regras ou não; c) COMISSIVO: envolve promessas, na forma de direitos e deveres. Todas as regras são constitutivas e reguladoras ao mesmo tempo. _ Por definição, as regras regulam a conduta dos agentes porque são normativas (dizem o que eles deveriam fazer). Essa regulação da conduta constitui o mundo dentro do qual essa conduta se dá, queiram os agentes ou não. Quando da regulação de uma conduta, esta terá efeito sobre o fortalecimento da regra (se obedecida) ou enfraquecimento (se desobedecida). Da mesma forma, uma regra constitutiva tem de afetar a conduta se pretende ser bem sucedida. 1.2. Regras formam instituições; instituições formam sociedades INSTITUIÇÕES _ Agentes fazem escolhas em uma variedade de situações. As regras ajudam a definir essas situações, pois apresentam escolhas aos agentes. Agentes reconhecem essas regras, porque acreditam que segui-las ajuda a alcançar os objetivos. Nessas situações, as regras estão relacionadas às práticas dos agentes e a outras regras. _ INSTITUIÇÕES. Como padrões reconhecidos de regras e práticas, as instituições designam quais pessoas são agentes e constituem o ambiente dentro do qual os agentes agem. Ao exercitar escolhas, os agentes não agem apenas dentro de um determinado arcabouço institucional; eles também agem sobre esse arcabouço, mudando coletivamente os traços institucionais e eles mesmos no processo; CONSEQUENCIAS NÃO PRETENDIDAS _ Formam um padrão estável no que diz respeito a seus efeitos sobre os agentes. Ex: mercado perfeito. Às vezes, os agentes podem escolher evitar mudanças em tais padrões, adotando regras para alcançar esse efeito. Ex.: regra que fixa preços; ESTRUTURA _ Qualquer padrão estável de regras, instituições e conseqüências não-pretendidas. A estrutura pode afetar os agentes, e esses, por sua vez, podem responder a isso em um contexto institucional. _ Quando fazem isso, os agentes institucionalizam a estrutura, trazendo regras para lidar com a situação. Regras em evidência: a) REDE _ Quando regras de instrução estão em maior evidência, os agentes se situam em redes de regras e práticas. Ex: equilíbrio de poder. Suas regras designam um elevado status a poucas grandes potências que devem agir como se fossem iguais em recursos. Se os agentes estatais seguem essas regras, a conseqüência deve ser um equilíbrio de alianças relativamente pacífico entre as grandes potências, independente das intenções imediatas de seus agentes. Reconhecendo o equilíbrio de poder como uma instituição que se adapta a seus interesses, os agentes intencionalmente fomentam essas conseqüências em nome do equilíbrio; b) ORGANIZAÇÃO _ Quando regras diretivas estão em evidência, os agentes se situam em uma cadeia de comando, ou organização. Ex: esfera de influência. Cada agente é designado para um departamento / posição (divisão de tarefas e diferenciação funcional); c) ASSOCIAÇÃO _ Quando regras comissivas / de compromisso estão em evidência, agentes fazem parcerias ou associações com outros agentes. Ex: princípio da soberania. Reciprocidade, Estados são reconhecidos como iguais. Direitos e deveres de respeitar a soberania um do outro. A função de qualquer associação é distribuir papéis a agentes por meio de regras de compromisso. Observação: Em geral, os três tipos de regras existem em todas as instituições. Contudo, se considerarmos as relações internacionais, veremos que a evidência do princípio da soberania torna escassas as regras diretivas, que geralmente aparecem informalmente, mesmo que os agentes neguem que estas existam. 1.3. Onde há regras, há domínio Muitas vezes, os agentes seguem as regras. O padrão das escolhas dos agentes tem uma conseqüência geral, pretendida ou não, que afeta a distribuiçãode benefícios materiais e sociais entre os agentes. _ Controle sobre recursos e sobre outros agentes e suas atividades. Nesse contexto, alguns agentes se beneficiam mais que outros. Com o passar do tempo, as instituições funcionam para a vantagem de alguns e a custas de outros. Regras levam ao domínio; DOMÍNIO _ Onde há regras (e instituições), há domínio _ Domínio: condição na qual alguns agentes usam as regras para exercer controle e obter vantagens sobre outros agentes. O domínio é um padrão estável de relações, mas não um que seja simétrico; Regras em diferentes categorias funcionais levam a diferentes formas de domínio: a) Regras de instrução – status _ Idéias e crenças parecem realizar o domínio. Apesar das aparências, agentes realmente exercem o domínio ao fazer com que outros agentes aceitem suas idéias e crenças. _ Doutrinação _ HEGEMONIA; b) Regras diretivas – departamento/posição _ Organização vertical em uma cadeia de comando _ HIERARQUIA. Quando as regras diretivas são legais, a hierarquia é formal. Geralmente, idéias hegemônicas reforçam hierarquias formais. O resultado é a AUTORIDADE, ou controle legítimo; c) Regras de compromisso – papel _ Papéis definidos por referência a outros papéis. Nenhum papel ou instituição transforma agentes particulares em governante (rulers). Ao contrário, regras de compromisso formais sempre reforçam uma hierarquia. O resultado é um Estado constitucional, que limita o governo do Estado e o faz responsável. Tomados como um todo, papéis podem gerar domínio, não porque reforçam outras formas de domínio, mas porque agentes em associação são os governantes/dominadores (rulers), mesmo que nenhum deles isoladamente o seja _ Conseqüências não-pretendidas (ex.: mercado livre, mão invisível de Adam Smith). ANARQUIA é o domínio exercido por nenhum agente em particular e, portanto, por todos por associação, como uma conseqüência não pretendida de seus atos desordenados. Mas uma vez que os agentes percebem um padrão geral de conseqüências não-pretendidas, não se pode dizer que eles ajam sem pretender essas conseqüências. Nesse sentido, eles legitimam esse domínio. Então, se a anarquia é uma condição de domínio não-relacionada a qualquer intenção dos agentes, as relações internacionais não são anarquia. Quando os agentes pretendem ser dominados por conseqüências não-pretendidas, HETERONOMIA. Agentes autônomos agem livremente, enquanto agentes heterônomos não podem agir livremente. De uma perspectiva construtivista, agentes são sempre autônomos, mas sua autonomia é limitada pelas autonomias dos outros. Assim, o exercício da autonomia faz da heteronomia uma condição social; OPERACIONALIZAÇÃO _ Começando com as regras é possível se mover tanto em direção aos agentes (e as escolhas que as regras os dão oportunidade de fazer) quanto em direção aos arranjos sociais (que emergem das escolhas dos agentes). Como não é possível nas duas direções ao mesmo tempo, a solução prática é começar com as regras e mostrar que as regras fazem dos agentes e instituições o que eles são um ao outro, e então mostrar como as regras fazem o domínio e como a condição de domínio é uma experiência social universal. 2. Construtivismo orientado pelas regras na APE Separação de APE e RIs vem da revolução behaviorista. Segundo construtivistas, APE e o behaviorismo negligenciaram o agente como um ser social. Analistas de política externa ignoram isso quando fazem a suposição de que o comportamento é a variável dependente, suscetível à análise objetiva. _ Construtivistas consideram tal separação um bom ponto de partida. Separação parece ser uma variação de uma distinção importante para os construtivistas entre formulador da decisão como agente e a estrutura do sistema internacional. Construtivistas oferecem soluções diferentes à separação artificial entre agente e estrutura; Construtivistas aplaudem a tendência de APE a olhar para o agente, o formulador da decisão. Termo “formulação” é compatível com a ênfase nos processos de construção social. _ Porém, construtivistas desaprovam a forma como se deu a separação APE / RIs, já que agente e estrutura nunca devem estar separados e nunca deve ser dada prioridade de um sobre o outro; Construtivistas não encontram contradição entre escolhas humanas e determinação material, pois vêem as RIs como relações sociais. Ao definir a PE e a PI como sociais, eles vêem que ambas devem começar com indivíduos interagindo em um e com um mundo que é social e material. Isso dá a qualquer relação social sua natureza dinâmica e ao construtivismo sua habilidade de ver as relações sociais em constante mudança. Visão das demais perspectivas analíticas (Kubálková): a) Realismo Clássico: Acomodava APE e PI. Realismo de Morgenthau era tanto orientado pela PE como ciente dos imperativos contextuais associados à geografia, à história, à economia e à política. PE deve ser a política de segurança, pois a sobrevivência é a primeira tarefa do Estado num ambiente anárquico e violento. _ Comportamento externo do Estado não era explicado como uma série de decisões feitas em nome do Estado, mas em termos de uma situação objetiva à qual todos os Estados responderiam da mesma forma; b) Análise de Política Externa pós-revolução behaviorista: Abre a caixa preta e direciona atenção para fatores pessoais, ideacionais e culturais que afetam a formulação da decisão. Porém, buscou objetivar fenômenos subjetivos por meio de métodos positivistas, introdução da teoria de jogos e da escolha racional; c) Política Internacional pós-revolução behaviorista: RI tornaram-se estudo das restrições sistêmico-estruturais dentro das quais um ator racional toma sua decisão. Unidades apenas se diferenciam pela distribuição de capacidades. Visão neo-realista não é fundamentalmente alterada pelo neoliberalismo; d) Construtivismo moderado (Wendt e Katzenstein): Segundo Kubálková, não há uma mudança na estrutura, mas do enfoque na capacidade dos Estados ou na distribuição de poder como propriedade estrutural para o enfoque na identidade dos Estados. Mudança de capacidades para identidades significa uma mudança do que os Estados podem fazer devido à sua posição na estrutura para o que eles querem fazer devido a como eles se vêem em relação aos outros. _ Kubálková: Porém, problemas ao se falar em identidade quando especialistas falam de um grupo de pessoas, em especial um grupo tão diverso e amplo de pessoas, como se constituíssem um único self na busca de uma identidade plausível. 3. Política externa é o que Estados fazem dela Construtivismo orientado pelas regras: APE é arena para ação individual, mesmo se tal ação tem orientação estrutural ou social. _ PE é pelo menos em parte um ato de construção, é aquilo que os atores decidem que ela será; Smith: Construtivismo desenvolvido por Onuf oferece possibilidades melhores para reavaliação da natureza do mundo social da APE e das RIs. Porém, não é a orientação aceita pelo mainstream. Crítica a Wendt (Smith): a) Perspectiva moderada foi atraída pelo mainstream. _ Wendt busca construir uma ponte entre racionalismo e reflexivismo ao desenvolver um construtivismo que se baseia em aspectos da ala liberal da tradição racionalista (concorda que os Estados são os principais atores e que a ciência social é o método de estudo) e da ala construtivista moderna do reflexivismo (idéias importam mais do que é representado pelo neo-institucionalismo). _ Wendt quer construir uma perspectiva científica de política internacional; b) Versão do construtivismo desenvolvida por Wendt proíbe ligação entre construtivismo e APE, pois a noção de Wendt do Estado como ator remove qualquer papel das influências domésticas sobre o comportamento de PE; c) Wendt não deixa clara a relação entre o material e o ideacional (Ideacional constitui o material, e material tem poder causal independente). _ Dificuldade: Enquanto Wendt precisa introduzir teoria constitutiva como uma formadiferente de explicação do que aquela provida pela teoria causal, ele então tem que ser capaz de definir teoria constitutiva numa forma científica, quando, no senso comum, esse é um termo usado para desenvolver teoria de entendimento. Explicação e entendimento são formas distintas de análise, e Wendt está tentando mover teoria constitutiva de um lado para o outro dessa divisão. Segundo Smith, essas duas perspectivas não podem ser combinadas. _ Wendt redefine teoria constitutiva para que se torne um adendo à teoria causal; d) Ao ver Estado como ator unitário e separado, Wendt torna APE redundante ou impossível. _ Consideração que Wendt faz do comportamento de PE dos Estados não deixa espaço para fatores domésticos, já que Estados são pré-sociais. Para Wendt, Estados formam suas identidades e interesses interagindo uns com os outros; essas não são resultado de debates entre os atores domésticos do processo político doméstico. PE como resultado de interações entre Estados pré-dados. Para Onuf, mundo social no qual atores, independentemente de quem sejam, são governados pela linguagem e pelas regras. Além disso, enfoca indivíduos, sociedade e regras que os ligam. Regras definem quem são os agentes na sociedade e, para Onuf, esses são pessoas. Embora diga que as coletividades sociais podem ser agentes, Onuf sabe que tais coletividades não são pré-sociais; elas são produzidas pelo comportamento dos indivíduos orientado pelas regras. _ Segundo Smith, Onuf vai oferecer maior papel para PE. APE aparece na interface entre instituições, agentes e regras com o objetivo de mostrar como esses levam às escolhas de política externa feitas pelos agentes coletivos conhecidos como Estados Autor ? Enviado por Ana Paula Pellegrino IRischool 2011.2
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