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Ana Beatriz Souza Freitas 1 Nutrição Esportiva * A bioenergética envolve as vias de obtenção de energia, como nosso corpo e quais vias usamos para ressintetizar ATP. Relembrando a bioquímica − Durante o exercício físico, as vias catabólicas são predominantes. Glicogenólise: quebra do glicogênio em glicose − Temos glicogênio hepático (ocorre principalmente quando tivermos mudanças glicêmicas) e muscular. → A ligeira queda glicêmica durante a atividade física, estimula o pâncreas a liberar o glucagon que irá atuar no fígado estimulando a glicogenólise hepática. → A glicogenólise é uma via muito importante no exercício física para darmos conta das mudanças glicêmicas que ocorrem. − Já o glicogênio muscular, fornece a energia principalmente para o músculo. → A adrenalina interage no receptor adrenérgico inicia-se a glicogenólise muscular. → É oxidada para formação de ATP. Glicólise − Refere-se a oxidação da glicose. − Glicólise lática: − Glicólise alática: sem produção do lactato * A glicólise acontece em todos os tecidos para que eles possam produzir sua própria energia. * Também realizamos glicólise a partir do consumo exógeno de por exemplo bebidas carboidratadas durante um exercício físico, com a intenção de manter a glicose na circulação. Lipólise − Quebra de TAG em AG e glicerol. − Temos TAG nos adipócitos e miócitos em especial (tecido adiposo e musculo). → Ambos são utilizados durante o exercício físico. Beta oxidação − Oxidação dos AG. − Se tem muita lipólise acontecendo, provavelmente terá bastante beta oxidação acontecendo também. * Nem todo AG será utilizado, ou seja, não é porque fazemos a lipólise que o AG será usado. Gliconeogênese − Produção de glicose a partir de moléculas que originalmente não possuem glicose. Introdução ao metabolismo energético − A taxa metabólica aumenta durante o exercício em até 100x mais do que em repouso. → Praticando exercício, há muito turnover de ATP. − Muitos sistemas bem controlados colaboram para ressíntese de ATP no músculo. − Não é certo chamar de vias anaeróbias, pois, não são quando falta oxigênio e sim elas não precisam desse oxigênio para ressintetizar ATP. − Glicólise – não devemos chamar de aeróbia e anaeróbia também → Não é o O2 que determina a produção de lactato. − Músculo exerce função endócrina: tecido produz algo que é liberado para circulação e terá ação em outros tecidos. * Ações autocrinas: age no próprio lugar onde foi produzido * Ações parácrinas: age em células adjacentes Músculo: principal comunicador metabólico durante o exercício − O musculo produz miocinas: citocinas e peptídeos produzidos e liberados pelo tecido muscular. • PGC-1a: miocina que atua no próprio musculo, tem como função aumentar a expressão genica de proteínas que favorecem a eficiência metabólica do musculo. • Interleucina-6: é uma citocina com características bem diversas em nosso organismo » Possui um papel anti-inflamatório quando liberada pelo tecido adiposo, pois ela estimula a expressão de IL-10 que é uma citocina anti-inflamatória. » Atua em outros tecidos (fígado – maximiza glicogenólise e gliconeogênese; tec adiposo – modula a quebra do TAG). » O musculo tem medo de ficar sem energia, então quando está com pouca, ele ativa mecanismos que captam mais substratos, um desses mecanismos é a liberação de IL- 6. » É dependente de glicogênio (é liberada quanto menor estiver o estoque de glicogênio). › Uma pessoa com dieta pobre em carboidratos irá liberar mais IL-6. • Irisina: importante para diferenciação do tecido adiposo branco e do marrom. » Quando sai do tecido muscular e atua no tecido adiposo branco, passa a ser marrom que tem mais mitocôndrias, enzimas do metabolismo oxidativo (tecido mais termogênico). • SPARC: proteína liberada pelo músculo que atua no intestino diminuindo a chance de câncer de cólon (ainda é algo que está sendo estudado, mas tem sido bem mostrado em estudos). Ana Beatriz Souza Freitas 2 Nutrição Esportiva Dinâmica de utilização de substratos energéticos durante o exercício * Em atividades mais calmas usamos com prioridade outras vias e quando há aumento da intensidades priorizamos o sistema ATP-CP. Não há exclusividade, há predomínio. − Tem um teste que é feito com uma máscara que avalia o consumo de O2 e produção de CO2, porém se chama teste espirométrico. → Tem que fazer até a exaustão voluntária máxima (aumentam a intensidade aos poucos até chegar no ponto que você não consegue mais continuar e chama de VO2 máximo). − Unidade de medida do VO2 maximo: Xml/kg/min. Sistema ATP-CP − Quando estamos fazendo exercício físico, estamos o tempo todo quebrando ATP (ATP->ADP) − Quando acontece a quebra de ATP, é liberado um Pi e sempre envolve uma molécula de água, ou seja, uma hidrólise. − Toda que vez que quebra um ATP libera um H+. − A enzima ATPase realiza a quebra do ATP (enzimas com ase, quebram alguma coisa). − − O H+ quando acumulado, favorece uma queda do pH, gerando uma acidose muscular. → Essa acidose afeta a função contrátil do tecido muscular. → Com a acidose, o deslizamento da actina e miosina não funciona muito bem. → Com isso, temos a fadiga muscular. → A acidose diminui a atividade de enzimas do metabolismo. − O H+ pode ser exportado para a corrente sanguínea. CP = creatina fosfato − No tecido muscular, temos creatina. Ela pode estar em sua forma livre ou fosforilada (creatina + fosfato = creatina fosfato). − As concentrações de creatina são influenciadas por: alimentação, suplementação, produção endógena, idade, sexo, aspectos genéticos, doenças. − Para o ADP voltar a ser ATP, falta um fosfato. − A enzima creatina quinase adiciona um fosfato nesse ADP. * − O fosfato adicionado veio da creatina fosfato. − A creatina quinase retira o fosfato da creatina fosfato e adiciona no ADP, o transformando em ATP. − O ATP formado colabora novamente para contração muscular. − Esse sistema é imediato, pois é pontual. − À medida que o exercício acontece, esse sistema diminui, pois, ele oferece pouca quantidade de ATP. Com isso, nosso desempenho também diminui. * Exercícios com intervalor maiores são bons para recuperação do sistema ATP-CP. − Conseguimos deixar nosso sistema ATP-CP mais eficiente dependendo do tipo de treino realizado pela pessoa. − O envelhecimento diminui os níveis de creatina e o idoso pode ter problemas de locomoção, dores musculares. → Intensidade é relativa para cada indivíduo. − Vegetarianos possuem menores concentrações de creatina intramuscular. Verde claro: sistema ATP-CP Verde médio: glicólise Verde escuro: fosforilação oxidativa − Do tempo 0 ao 6 o sistema ATP-CP é o que prevalece, ou seja, ocorre mais desse sistema do que dos outros. − Do 6 ao 15, o sistema que prevalece ainda é o ATP-CP, mas houve uma diminuição dele e um aumento da fosforilação oxidativa. − Do 15 ao 30, continua sendo o sistema ATP-CP que prevalece, mas, os outros, principalmente a fosforilação oxidativa, aumentaram. * A creatina melhora o sistema ATP-CP, facilitando a ressíntese de ATP. Eixo vertical: contribuição dos diferentes substratos energéticos Eixo horizontal: faixas de intensidade − A intensidade determina o substrato energético utilizado. − A 25% do VO2 máximo (intensidade leve), temos uso de glicose, AG livres (oriundos do adipócito) e TAG intramuscular. Predominantemente usamos gordura como fonte de energia. − Quando é 65% do VO2 máximo o glicogênio se torna o substrato principal. Há também uso de gordura (mais do que a 25%), AG e glicose. − Já a 85% do VO2 máximo, Ana Beatriz Souza Freitas 3 Nutrição Esportiva Glicólise Relembrando... − Glicólise = oxidação de glicose − Ao ingerirmos carboidratos, temos enzimas (principalmente amilases) que, quebra o CHO em glicose (frutose e galactose também), essa glicose será absorvida e vai parao sangue, gerando um aumento de glicemia. Com isso, o pâncreas libera insulina que tem como função de diminuir a glicemia, sinalizando as células para absorver essa glicose. − O músculo é o órgão principal para manutenção da glicemia pós prandial. − A insulina em contato com a célula muscular irá ativar a proteína IRS-1 que ativa PI3-K (fosfoinositol 3 quinase) que adicionará um fosfato na proteína AKT/PKB que ativa GLUT-4 que é translocado para a superfície da membrana, permitindo a entrada da glicose na célula muscular. − Além disso, a insulina estimula a ação da enzima glicogênio sintase que irá formar o glicogênio (glicogênese). No exercício físico − Durante a atividade física, há uma ativação do SNS que estimula a adrenalina que irá agir nos receptores adrenérgicos presentes no tecido muscular. − A adrenalina irá ativar a enzima glicogênio fosforilase. − Quando a glicogênio fosforilase está ativa, a glicogênio sintase está inibida (adrenalina inibe a glicogênio sintase). − A enzima glicogênio fosforilase irá quebrar o glicogênio em glicose (glicogenólise). → Essa glicose ficará no músculo e não irá sair. − A glicose será oxidada a piruvato. . − A produção do lactato ou acetil-coA depende do fluxo glicolítico. − No exercício físico de alta intensidade, usamos muitas glicoses e para que haja oxidação de glicose, precisamos ter o NAD+ (na glicólise, ele é reduzido a NADH). * Na mitocôndria, o NADH transfere elétrons, bombeia prótons para a ressíntese de ATPs. − Para que o NADH volte a ser um NAD+ ele teria que ir até a mitocôndria e voltar. − Quando o exercício está intenso, tem muita glicólise e precisamos de NAD+, porém acabamos acumulando muito NADH que lentifica a glicólise. * O lactato permite a manutenção do fluxo glicolítico. − A produção de acetil-coA a partir de piruvato, acontece a partir de um complexo chamado piruvato desidrogenase. − A produção do lactato acontece a partir da ação da lactato desidrogenase. * Desidrogenases tiram H. − A lactato desidrogenase tirará o H do NADH e colocará no piruvato (piruvato + H = lactato), ou seja, formar lactato permite que a glicólise continue acontecendo, pois o NADH volta a ser NAD+. − Quando aumenta a intensidade, aumentamos a produção de lactato em relação a produção de acetil-coA. − No corpo: produzindo e removendo lactato de forma estável. − Quando conseguimos manter o exercício de uma forma estável. − Se aumentamos a velocidade, começamos a nos cansar mais e produzimos mais lactato. − Chegamos no máximo estado estável do lactato que produzimos mais lactato do que removemos. → É o limite. → Mais intensidade no exercício, a produção sobrepõe a remoção de lactato. − Com mais intensidade, haverá um acúmulo de lactato no músculo. − Toda quebra de ATP libera H+. − Toda vez que exportamos lactato, ele carrega um H+ com ele, ou seja, o lactato é tamponante, pois ele colabora para regulação do pH intracelular. − O H+ acumulado gera acidose e afeta a eficiência enzimática e consequentemente a função contrátil do músculo. − O lactato coloca H+ na corrente sanguínea, deixando o pH intramuscular menos ácido. − MCT-4 são transportadores responsáveis pelo transporte do lactato do músculo para o sangue. → Tem expressões genicas diferentes desse transportador, ou seja, podem ter pessoas que tem menos desse transportador do que outras. → A quantidade desse transportador determina quanto lactato será transportado do músculo. → Uma pessoa mais treinada consegue se manter melhor em exercícios de alta intensidade pela quantidade de MCT-4 (isso é só um dos fatores). → Quanto mais exercício eu faço, mais MCT-4 eu expresso. → Para aumentar a MCT-4 devemos fazer exercício de alta intensidade. − O H+ liberado no sangue irá se unir ao HCO3 e irá virar H2CO3 que será dissociado em H2O e CO3.: respiração. → Se não temos uma boa respiração, pode atrapalhar isso. − Vai para o fígado para produzir glicose – ciclo de cori. − É um composto gliconeogênico − À medida que quebramos ATP ele dirá ADP e finalmente AMP que ativa a enzima AMPK, o AMP funciona como um sinalizador de que estamos com pouca energia. − A AMPK ativa o GLUT-4 que é responsável pela captação da glicose (captação da glicose por uma via intramuscular que é ativada pela diminuição do conteúdo energético muscular). Ana Beatriz Souza Freitas 4 Nutrição Esportiva Metabolismo dos lipídios Lipólise Beta oxidação Mobilização Utilização − Em resposta ao exercício, temos aumento do SNS. − No tecido adiposo, temos receptores beta adrenérgicos que são estimulados pelo SNS e ativam a enzima lipase hormônio sensível (lipase = quebra lipídios; sensível ao ambiente hormonal). − O ambiente hormonal nesse caso, é catabólico. − Um ambiente anabólico inibe a ação dessa enzima. − A enzima lipase hormônio sensível ativa a lipase triacilglicerol que atua sob o TAG e quando isso acontece, temos a formação de diacilglicerol (DAG). → Houve a liberação de 1 AG. − A LHS atua diretamente sob o DAG formando um monoacilglicerol (MAG). − Sendo assim, foram quebrados 3 ácidos graxos e um glicerol. − Antes eram AG esterificados e agora estão livres. − A quantidade de lipólise de um indivíduo treinado e de um destreinado é a mesma. − A albumina é uma proteína plasmática que transporta várias substâncias. → O fato de ter um aumento da lipólise, faz com que a albumina carregue principalmente ácidos graxos. → Porém, a albumina não carrega todos os AG que foram liberados., ou seja, nem tudo que mobilizamos, é transportado. − Temos uma proteína de membrana (CD36 e FABP) que capta ácidos graxos. − Com o exercício físico, aumentamos a quantidade de AMP no músculo, então será ativada a AMPK que ativa o GLUT-4. − Além disso, a AMPT ativa a CD36 e FABP. − Ou seja, AMPK ativa proteínas com função de captação de substratos. − O fato de termos uma menor quantidade de energia no exercício físicos, faz com que sejam ativadas proteínas que são responsáveis pela captação de ácidos graxos. − Se uma pessoa está em jejum por exemplo, é esperado que ela esteja tentando regular suas funções. No jejum, a lipólise é maior, mas não há tanta captação de AG pelo musculo, pois não há demanda (não precisamos formar tanto ATP como no exercício físico). − Nem tudo transportado, é captado. Ex: 3 TAG estão sendo transportados pela albumina, mas apenas 2 AG são captados. − Por mais que a taxa de lipólise seja a mesma, uma pessoa treinada consegue captar mais ácidos graxos do que uma pessoa destreinada. − Suplementos termogênicos não irão resolver nada, pois, uma pessoa destreinada, o problema não está na lipólise e sim na captação. A captação depende das proteínas que são ativadas com exercícios físicos. − Temos TAG no músculo e muitas vezes acabamos usando-os também durante o treino. Esse TAG compete com os AG do adipócito. − Temos uma preferência a esses TAGs intramusculares. − Também acontece lipólise no músculo. − O AG está no citosol da célula (não oxida nada no citosol). − É preciso que o AG seja internalizado. − O AG se liga a uma coenzima A no citosol. − Tem uma proteína chamada CPT1, CT e CPT2 (Carnitina palmitoil transferase 1 e 2 e carnitina translocase – parmitoil= transporta AG de 16 carbononos). − AG + Coenzima A = Acil coA − A CPTI consegue visualizar o Acil coA e então transfere uma carnitina e retira a coenzima A e entra para mitocôndria uma subst.ância que se chama Acil Carnitina. − O Acil carnitina será translocado e a CT coloca a o Acil carnitina dentro da matriz mitocondrial. − A CPT2 tira a carnitina e coloca uma coenzima A, então volta a ser acil coA. * Mesmo tendo AG no músculo, nem todos são encaminhados para a mitocôndria, além disso, maior parte acaba sendo do próprio musculo e não dos adipócitos. − Os AG estão na mitocôndria, mas ainda assim, não há garantia de que serão oxidados. − O AGserá beta oxidado a acetil coA. Esse processo ocorre por conta de enzima beta rad. 5 Nutrição esportiva Nem tudo que quebramos, transportamos. Nem tudo transportado é captado. Nem tudo captado vai para mitocôndria. Nem tudo que vai para mitocôndria é beta oxidado. Não importa se é aceil coA da glicólise ou AG, o que muda é a intensidade que ele será disponível dependendo de cada um. Quando mais intenso o exercício, mais glicogênio usamos então formamos bastante acetil coA.
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