Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anne Karen Reis CIRURGIA DIGESTIVA Abdome Agudo Inflamatório Tipo de abdome agudo mais comum. ETIOLOGIA 4 causas principais: • Apendicite • Colecistite (inflamação da vesícula biliar) • Pancreatite • Diverticulite EXAME CLÍNICO A anamnese + exame físico fornecem diagnóstico em 90% dos casos entre as mulheres e 98% dos casos entre os homens. Nas mulheres pode ser um pouco mais difícil chegar ao diagnóstico por causa das doenças ginecológicas, que podem gerar confusão. PERITONITE • Lembrar que peritonite é um ACHADO e não uma doença!! O que é Peritonite? É a inflamação do peritônio, que é uma membrana serosa que reveste a cavidade abdominal (peritônio parietal) e também algumas vísceras (peritônio visceral). Entre os dois folhetos do peritônio, visceral e parietal, há um líquido em pequena quantidade chamado líquido peritoneal, para evitar o atrito entre os folhetos e permitir sua boa mobilização. Quando há excesso e acúmulo desse líquido, temos ascite. A ascite acontece por excesso do líquido ou dificuldade na sua drenagem. Classificação Tipos de evolução • Aguda: perfuração de órgão • Crônica: doença inflamatória pélvica Extensão • Localizada, bloqueada → restrita a um quadrante do abdome • Difusa, generalizada → em toda cavidade abdominal Na maioria dos casos, a peritonite é localizada. Só é difusa em casos de perfuração livre para a cavidade. Patogenia • Séptica • Asséptica Origem • Primária → Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE); mais comum em pacientes com ascite. • Secundária → quando a inflamação no peritônio é secundária a alguma doença. Diferenças do líquido ascítico na PBE e na Peritonite bacteriana secundária PBE Peritonite bacteriana secundária Contagem de células polimorfonucleares > 250 células/mm³ > 250 células/mm³ Proteínas totais < 1g/dL > 1g/dL Glicose > 50mg/dL < 50mg/dL LDH Semelhante ao sérico Maior que o sérico Cultura Única bactéria Polimicrobiano Coleta do líquido ascítico → paracentese APENDICITE CONCEITO Obstrução da luz do apêndice. É a causa mais comum de abdome agudo. Anne Karen Reis CIRURGIA DIGESTIVA EPIDEMIOLOGIA Risco geral → 8% de risco de ter apendicite na vida; Incidência → entre os 20-40 anos de idade; Incomum → incomum nos extremos de idade; Mortalidade → menor que 1%, 3% em casos de perfuração e 15% em casos de perfuração em idosos. ETIOLOGIA 1. Fecalitos (90% dos casos); 2. Cálculo biliar (5% dos casos); 3. Corpo estranho/ parasitas (5% dos casos); 4. Neoplasia. FISIOPATOLOGIA O fator causal da apendicite é a obstrução da luz do apêndice, geralmente por fecálitos, o que gera um super crescimento bacteriano. A camada mucosa do apêndice continua produzindo secreção mucosa e, como o apêndice está obstruído, ele acaba passando por uma distensão, o que gera um aumento na pressão intraluminal. Por conta disso, há comprometimento vascular do órgão (isquemia). Se a isquemia continuar evoluindo, ocorre morte tecidual (necrose) que, devido ao aumento da pressão, pode levar a uma perfuração. 1. Perfuração bloqueada → abcesso localizado (formação de coleção purulenta organizada); 2. Perfuração livre → sinais de peritonite difusa. EXAMES CLÍNICOS: SINAIS Sinal de psoas à direita Dor na fossa ilíaca direita, indicativa de irritação do músculo psoas. Posiciona-se o paciente em decúbito lateral esquerdo e o examinador deve realizar a hiperextensão passiva de membro inferior direito. O apêndice cecal repousa sob o músculo psoas. Sinal do obturador Sinal indicador de irritação do músculo obturador interno. Com o paciente em decúbito dorsal, faz-se a flexão passiva da perna sobre a coxa e da coxa sobre a pelve, então procede-se com uma rotação interna da coxa. Sinal de Rosing Dor na fossa ilíaca direita à palpação da fossa ilíaca esquerda. Palpação no cólon descendente desloca os gases para o cólon ascendente, atingindo o apêndice inflamado hipersensível, provocando dor. Sinais de irritação peritoneal → defesa abdominal involuntária e dor à descompressão súbita (Sinal de Blumberg). EXAME CLÍNICO: SINTOMAS • Dor epigástrica ou periumbilical – dor visceral; • 4 a 12 horas → Náuseas, anorexia e febre baixa; • 12 a 24 horas → Aumento da dor e localização na FID (dor migratória, vira parietal) → Cronologia de Murphy DIAGNÓSTICO • História (cronologia dos acontecimentos); • Exame físico; • Exames complementares (US de abdome total, TC de abdome total, leucocitose); Anne Karen Reis CIRURGIA DIGESTIVA • Escore de Alvarado DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Leucocitose com desvio à esquerda; • PCR (proteína C reativa) → indica processos inflamatórios e infecciosos; • βHCG IMAGEM • Fecalito; • Aumento do diâmetro do apêndice (maior que 6 mm); • Densificação da gordura periapendicular; • Líquido periapendicular; • Sinal do alvo. CONDUTA • Cirurgia de urgência → Apendicectomia videolaparoscópica • Antibióticos → Ceftriaxona e Metronidazol DIVERTICULITE INTRODUÇÃO Uma das desordens gastrointestinais mais comuns em países ocidentais, por conta da dieta pobre em fibras e rica em carboidratos e por fatores genéticos. DIVERTICULOSE ≠ DIVERTICULITE Diverticulose (doença diverticular) → Presença de pseudodivertículos na parede do colo. Na maioria das vezes é assintomática. A incidência aumenta com a idade, sendo mais comum em pacientes com mais de 40 anos e muito mais frequente em pacientes com mais de 80 anos. Poucas vezes complicam com diverticulite. Ocorre a presença de pseudodivertículos, pois um divertículo verdadeiro é aquele no qual ocorre a protusão de todas as 4 camadas da parede do intestino. No pseudodivertículo, apenas a mucosa e a submucosa estão em protusão. Principal divertículo verdadeiro → Divertículo de Meckel (no íleo terminal) O principal fator de risco para doença diverticular é a constipação crônica. ETIOLOGIA Bolsas pequenas salientes da parede do intestino (divertículos) que ficam inflamados ou infectados. FISIOPATOLOGIA Obstrução da luz do divertículo ↓ Hipersecreção de muco ↓ Aumento da pressão do divertículo ↓ Comprometimento vascular ↓ Necrose/ Erosões/ Perfuração Perfuração → diverticulite complicada • Peritonite livre ou abcesso • Fístula colovesical (entre o colo e a bexiga) • Obstrução Anne Karen Reis CIRURGIA DIGESTIVA COMPLICAÇÕES (20 – 35%) • Abcessos • Estenoses • Fístulas • Perfurações Cirurgia de emergência em 1-15% dos casos. EXAME CLÍNICO: SINTOMAS • Dor no quadrante inferior esquerdo do abdome → apesar de os divertículos ocorrerem em todo o colo, mas é mais frequente no colo esquerdo; • Febre baixa; • Alterações na movimentação intestinal → ruídos hidroaéreos diminuídos; • Anorexia; • Leucocitose moderada. DIAGNÓSTICO • História do paciente + exame físico • Tomografia de abdome (exame complementar) São contraindicados na fase aguda: • Enema opaco • Colonoscopia → risco de perfuração CLASSIFICAÇÕES Hinchey I e II → Tratamento não cirúrgico de urgência Hinchey III (6%) e IV (35%) → Abordagem cirúrgica de urgência II → Abcesso volumoso (maior que 4 cm); necessário realizar drenagem percutânea guiada por exame de imagem (USG ou TC). CONDUTA Se não houver sinais de gravidade • Dieta leve; • Prescrição de analgésicos e antibióticos (Ceftriaxona ou Metronidazol por 7 dias, em média). Gravidade • Cirurgia de urgência → Cirurgia de Hartmann (colectomia segmentar – ressecar a porção do colo acometida + colostomia terminal);• Drenagem dos abcessos.
Compartilhar