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COM 03 - As Obrigações Empresariais

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DIREITO COMERCIAL 
 03 
As Obrigações 
Empresariais 
 
 
 
 
 
 O Registro da Empresa 
 
 
Noções Gerais 
 
O Registro da Atividade Empresarial: 
Desde o início da atividade empresarial, sentiu-se a necessidade de se registrar os principais 
acontecimentos do seu exercício. Assim como se exige que o indivíduo seja registrado ao nascer, e 
inscreva no Registro Civil os atos marcantes de sua vida até a morte, exige-se também do empresário 
o registro da sua empresa, ou seja, a obrigação do exercente de atividade econômica organizada para 
a produção ou circulação de bens ou serviços de inscrever-se no registro das empresas antes de dar 
início à exploração do seu negócio (art. 967 do Código Civil). 
 
Art. 967 - É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis 
da respectiva sede, antes do início de sua atividade. 
 
 
 Os Órgãos de Registro 
 
SINREM: 
A Lei 8.934, de 18.11.94, regulamentada pelo Decreto 1.800/96, estabeleceu o Sistema Nacional de 
Registro de Empresas Mercantis - SINREM, composto pelo Departamento Nacional de Registro do 
Comércio - DNRC e pelas Juntas Comerciais. 
 
DNRC: 
O Departamento Nacional de Registro do Comércio - DNRC integra o Ministério da Indústria, do 
Comércio e do Turismo, e é o órgão central do SINREM. Tem função supervisora, orientadora, 
coordenadora e normativa, no plano técnico, e supletiva, no plano administrativo. O DNRC não 
realiza o ato de registro de empresa. Compete-lhe fixar as diretrizes gerais para a prática dos atos 
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registrários, pelas Juntas Comerciais, acompanhando a sua aplicação e corrigindo as distorções 
existentes. 
 
As Juntas Comerciais: 
As Juntas Comerciais são órgãos locais de execução e administração dos serviços de registro, 
havendo uma Junta em cada unidade federativa, com sede na Capital. Às Juntas Comerciais incumbe 
a execução do Registro do Comércio. Cabe aos governos estaduais mantê-las. Os seus membros são 
chamados vogais. Os emolumentos pagos pelos interessados relativos aos serviços por elas prestados 
são fixados pelos governos locais, mediante lei. Além de sua função de executar o registro do 
comércio, as Juntas Comerciais têm as seguintes atribuições: 
a) o assentamento dos usos e práticas mercantis; 
b) os encargos de fixar o número, processar a habilitação e a nomeação, fiscalizar, punir e 
exonerar os tradutores, avaliadores comerciais, corretores de mercadorias e os prepostos ou 
fiéis desses profissionais; 
c) a organização e a revisão de tabelas de emolumentos, comissões ou honorários dos 
profissionais enumerados no item anterior; 
d) a fiscalização dos trapiches, armazéns de depósitos e empresas de armazéns gerais; 
e) a solução de consultas formuladas pelos poderes público regionais a respeito do registro do 
comércio e atividades afins; 
f) todas as demais tarefas que lhes forem atribuídas por normas legais ou executivas emanadas 
dos poderes públicos federais. 
 
 
 Efeitos do Registro 
 
O registro do comércio é sempre público: toda e qualquer pessoa tem o direito de pesquisar os 
assentamentos, mesmo que por simples curiosidade. E poderá até requerer uma certidão do que ali 
estiver registrado. Assim, o principal efeito do registro do comércio é a publicidade do ato, uma vez 
registrado será o ato considerado público e portanto ninguém poderá alegar seu desconhecimento. 
 
 
 O Empresário Irregular 
 
Será considerado empresário o exercente de atividade profissional de atividade econômica 
organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços mesmo não estando inscrito no registro 
de empresas, porém existem certas conseqüências: 
a) os empresários irregulares não têm direito de obter concordata preventiva ou suspensiva; 
b) o empresário individual ou os sócios respondem sempre, de modo subsidiário e ilimitado, 
pelas dívidas; 
c) não pode pedir falência do seu devedor, porém pode ter a sua própria falência requerida e 
decretada e pode pedir a própria falência (autofalência); 
d) não pode ter os seus livros autenticados no Registro de Empresa, perdendo portanto, o valor 
da eficácia probatória conferida pela legislação processual; 
e) não pode participar de licitações; 
f) não podem se inscrever nos cadastros fiscais (ex.: CNPJ); 
g) não possuem matrícula no INSS. 
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 Modalidades do Registro 
 
Noções Iniciais: 
A Lei 8.934/94 que estruturou o registro público de empresas mercantis e atividades afins definiu três 
atos de registro de empresa: a matrícula, o arquivamento e a autenticação. 
 
Matrícula: 
É o modo pelo qual se procede ao registro dos auxiliares do comércio, como leiloeiros, tradutores 
públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns gerais (art. 32, I, da Lei 
8.934/94). 
 
Arquivamento: 
É o modo pelo qual se procede ao registro relativo à constituição, alteração, dissolução e extinção de 
firmas mercantis individuais e sociedades mercantis (art. 32, II da Lei 8.934/94). As cooperativas, 
embora sejam sociedades civis, devem ter também os seus atos arquivados no registro de empresa. 
São igualmente arquivados os atos relacionados aos consórcios de empresas e aos grupos de 
sociedades, assim como os concernentes a empresas mercantis autorizadas a funcionar no Brasil. 
Arquivam-se também as declarações de microempresa e as empresas de pequeno porte. O Código 
Civil determina que os atos modificativos da inscrição do empresário sejam averbados à margem 
desta (art. 968, § 1.º), sendo esta averbação uma espécie de arquivamento. 
 
! Os contratos sociais das sociedades só podem ser registrados na Junta Comercial com o visto de advogado (art. 1.°, § 2.° da Lei 8.906/94). 
 
Autenticação: 
A autenticação está ligada aos denominados instrumentos de escrituração, que são os livros 
comerciais e as fichas escriturais. Nesse caso, a autenticação é condição de regularidade do 
documento, já que configura requisito extrínseco de validade da escrituração mercantil. Ela pode 
revestir-se, contudo, também de outra natureza, isto é, a de mero ato confirmatório da 
correspondência material entre cópia e original do mesmo documento, desde que esteja registrado na 
Junta (art. 39, II da Lei 8.934/94). 
 
 
 
 
 
 O Nome Empresarial 
 
 
 Noções Gerais 
 
Noções Iniciais: 
O nome empresarial é aquele com que os empresários se apresentam nas relações jurídicas e 
econômicas. Como elemento de identificação do empresário, o nome empresarial não se confunde 
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com outros elementos identificadores que podem pertencer à empresa, como a marca, o nome de 
domínio e o título de estabelecimento. Enquanto o nome empresarial identifica o sujeito que exerce a 
empresa, o empresário, a marca identifica, direta ou indiretamente, produtos ou serviços, o nome de 
domínio identifica o endereço eletrônico na internet e o título de estabelecimento, o ponto. 
 
Espécies de Nome Empresarial: 
Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada para o exercício da empresa. São 
duas espécies de nome empresarial. A firma só poderá ser composta pelo nome civil, do empresário 
individual, sendo o núcleo do nome empresarial dessa espécie sempre um ou mais nomes civis. A 
denominação deve designar o objeto da empresa e pode adotar por base nome civil ou qualquer outra 
expressão lingüística distinta dos nomes dos sócios. 
 
Art. 1.155 - Considera-se nome empresarial a firmaou a denominação adotada, de 
conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. 
 
Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a 
denominação das sociedades simples, associações e fundações. 
 
! Embora corriqueiramente a expressão “firma” sirva para se referir à empresa ou sociedade, no sentido estritamente jurídico, a denominação firma é reservada para uma das espécies de nome 
comercial e tem a função de além de identificar o empresário, ser a sua assinatura. A firma 
também é chamada de razão individual, no caso do empresário individual, ou razão social, no caso 
de sociedade de empresários. 
 
Regras de Formação do Nome Comercial: 
Para o empresário individual e cada tipo de sociedade empresária, o Código Civil especifica as regras 
para a formação do nome comercial. 
 
Empresário individual Firma, composta pelo nome civil. Poderá abreviá-lo e 
agregar o ramo de atividade (art. 1.156). 
Sociedade em nome coletivo Firma, composta pelo nome civil de um ou mais sócios. 
Quando não constar o nome de todos os sócios, deve trazer 
a expressão “e companhia” ou abreviadamente “& Cia.” 
(art. 1.157). 
Sociedade em comandita simples Firma, composta exclusivamente pelo nome civil dos sócios 
comanditados. É obrigatória a utilização da expressão “e 
companhia”, por extenso ou abreviadamente, para fazer 
referência aos sócios comanditários. 
Sociedade em conta de 
participação 
Este tipo de sociedade, por sua natureza, está impedida de 
adotar nome empresarial (firma ou denominação) (art. 
1.162) 
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Sociedade limitada Firma ou denominação. Se optar por firma, poderá incluir o 
nome civil de um, alguns ou todos os sócios que a 
compõem por extenso ou abreviadamente, acrescido da 
expressão “e companhia” ou “& Cia” sempre que omitir o 
nome de pelo menos um sócio. Adotando denominação, 
 deverá designar o objeto da sociedade. Em ambos os casos 
o nome empresarial deverá trazer a expressão “limitada” 
por extenso ou abreviadamente (“ltda”), caso o contrário 
determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos 
administradores (art. 1.158). 
Sociedade anônima Denominação de que deve constar referência ao objeto 
social acrescida da expressão “sociedade anônima”, por 
extenso ou abreviadamente ou pela expressão “companhia” 
por extenso ou abreviadamente (art. 1.160). 
Sociedade em comandita por 
ações 
Firma ou denominação. A firma pode ser composta pelo 
nome civil, por extenso ou abreviado, dos sócios diretores 
ou administradores que respondem ilimitadamente pelas 
obrigações sociais. Na denominação, exige-se referência ao 
objeto social. Em ambos os casos é obrigatório o uso da 
expressão “comandita por ações” (art. 1.161). 
 
! As microempresas (receita bruta anual menor ou igual a 250.000 UFIR) e as empresas de pequeno porte (receita bruta anual menor que 700.000 UFIR) possuem certas facilidades, tais como a 
simplificação da escrita contábil e documentos fiscais, eliminação de certas exigências 
burocráticas na área trabalhista e previdenciária. O empresário que se registrar como 
microempresário ou empresário de pequeno porte, terá acrescido ao seu nome empresarial a sigla 
ME ou EPP, conforme a Lei 8.864/94. 
 
Proteção ao Nome Empresarial: 
A proteção legal ao nome comercial tem objetivo de preservar dois interesses: crédito (as obrigações 
da empresa devem ser realizadas utilizando-se do nome empresarial) e a clientela. Realiza-se no 
âmbito das juntas comerciais, com exceção das sociedades anônimas, e nelas haverá um livro 
especial para este fim e decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos. 
 
Exclusividade de Uso: 
O empresário titular do nome empresarial tem direito à exclusividade de uso, podendo impedir que 
outro empresário se identifique com nome idêntico ou semelhante, que possa provocar confusão em 
consumidores ou no meio empresarial. 
 
Art. 1.163 - O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo 
registro. 
 
Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá 
acrescentar designação que o distinga. 
 
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Limites Territoriais da Proteção: 
 
Art. 1.166 - A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as 
respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do 
respectivo Estado. 
 
Parágrafo único - O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se 
registrado na forma da lei especial. 
 
Perda da Proteção: 
O empresário individual e a sociedade empresária que se encontrar em inatividade, ou seja, não 
proceder a qualquer arquivamento no prazo de dez anos terá o seu registro cancelado com a 
conseqüente perda da proteção do nome empresarial. 
 
Alteração no Nome Empresarial: 
O nome empresarial pode ser alterado nas seguintes hipóteses: 
a) alteração voluntária: livremente, pela vontade dos sócios com mais de cinqüenta por cento do 
capital social, respeitando-se as regras de formação dos nomes; 
b) alteração obrigatória no caso de retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil consta 
da razão social; 
c) alteração obrigatória no caso de alteração de categoria de sócio; 
d) alteração obrigatória no caso de alienação da firma junto com o estabelecimento empresarial, 
poderá o adquirente modificar o nome da firma ou manter o nome da firma anterior acrescido 
de “sucessor de”; 
e) alteração obrigatória no caso de denominação que tenha semelhança com nome empresarial 
já existente; 
f) alteração obrigatória no caso de denominação e quando houver transformação do tipo 
societário; 
 
 
 
 
 
 A Escrituração Empresarial 
 
 
 Noções Gerais 
 
Noções Iniciais: 
Além da inscrição no registro de empresas é obrigação de todos os empresários escriturar 
regularmente os livros obrigatórios e levantar balanço patrimonial e de resultado econômico a cada 
ano. 
 
Art. 1.179 - O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de 
contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em 
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço 
patrimonial e o de resultado econômico. 
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§ 1o - Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos 
interessados. 
 
§ 2o - É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. 
 
! O micro e o pequeno empresário optante do SIMPLES não estão totalmente dispensados da escrituração. São eles obrigados a manter a escrituração de dois livros, o Caixa e o Registro de 
Inventário. 
 
Obrigações Quanto à Contabilidade e Escrituração: 
São obrigações do empresário quanto à contabilidade e escrituração: 
a) seguir uma ordem uniforme de contabilidade e escrituração e a ter os livros para esse fim 
necessário; 
b) fazer registrar no comércio, todos os documentos, cujo registro for expressamente exigido 
pelo código comercial, dentro de 15 dias úteis da data dos mesmos documentos, se maior ou 
menor prazo se não achar marcado nas leis comerciais; 
c) conversar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis pertencentes ao 
giro de seu comércio, enquanto não prescreverem as ações que lhe possam ser relativas; 
d) formar anualmente um balanço geral de seu ativo e passivo,o qual deverá compreender todos 
os bens de raiz, móveis e semoventes, mercadorias, dinheiro papéis de crédito e outra 
qualquer espécie de valores e bem assim todas as dividas e obrigações passivas; e será datado 
e assinado pelo comerciante a quem pertencer. 
 
Livros Obrigatórios e Facultativos: 
Atualmente o único livro obrigatório fixado por lei é o Diário. Os livros auxiliares ou facultativos são 
em um número variável, de acordo com o movimento e as necessidades do comerciante. São livros 
facultativos, além de outros: 
a) Razão; 
b) Caixa; 
c) Contas Correntes; 
d) Fornecedores; 
e) Bancos; 
f) Controle de Estoques; 
g) Registro de Vencimentos. 
 
! Há certos empresários que estão dispensados da obrigação de escrituração contábil: a) quem exerce em um só estabelecimento atividade artesanal ou atividade em que 
predomine o seu próprio trabalho ou de pessoas de sua família; 
b) daquele que auferir receita bruta anual não superior a cem vezes o maior salário mínimo 
do País e cujo capital não ultrapasse 20 vezes o salário mínimo. 
 
Sociedades Anônimas: 
Conforme a natureza do negócio, o tipo de escrituração adotado, o comerciante necessita de outros 
livros que facilitem o acompanhamento do movimento da empresa. Conquanto não sejam exigências 
de leis comerciais, muitos deles são exigidos por leis especiais. As sociedades anônimas, por 
exemplo, além dos livros comerciais, são obrigadas a possuir, também, os seguintes livros: 
a) Registro de Ações Nominativas; 
b) Registro de Transferência de Ações Nominativas; 
c) Registro de partes beneficiarias; 
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d) Registro de Transferência de partes beneficiaria; 
e) Livro de Atas das Assembléias Gerais; 
f) Livro de Presença dos Acionistas; 
g) Livro de Atas do Conselho Administrativo; 
h) Livro de Atas das Reuniões de Diretoria; 
i) Livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal; 
j) Livro de Ações Endossáveis e Outros. 
 
 
 Formalidades 
 
Para que tenham validade jurídica, os livros de escrituração devem preencher formalidades de duas 
ordens: extrínsecas e intrínsecas. São formalidades extrínsecas (Decreto federal n. 64.567): 
a) serem encadernados; 
b) serem numerados tipográfica e seqüencialmente; 
c) selagem ou pagamento por verba dos emolumentos exigidos; 
d) termo de abertura e de encerramento (assinados pelo titular da empresa ou seu representante 
legal); 
e) folhas rubricadas, ou perfuradas com fio, preso a selo metálico (Decreto-lei n. 307/67). 
São formalidades intrínsecas quanto à escrituração: 
a) em ordem mercantil; 
b) em ordem cronológica (dia, mês, e ano); 
c) sem intervalo em branco, nem entrelinhas; 
d) com clareza, sem emendas e rasuras; 
e) em língua e moeda nacionais; 
 
Art. 1.183 - A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma 
contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, 
borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. 
 
Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de 
livro próprio, regularmente autenticado. 
 
 
 O Livro Diário 
 
Noções Iniciais: 
O livro diário é um livro obrigatório, de escrituração cronológica, destinado a registrar todas as 
operações comerciais. Deve preencher as formalidades extrínsecas e intrínsecas. 
 
Art. 1.180 - Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser 
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
 
Parágrafo único - A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o 
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. 
 
Formalidades Intrínsecas: 
a) escrituração feita em ordem cronológica das operações; 
b) não conter emendas, rasuras, borrões ou linhas em branco; 
c) não conter dados nas entrelinhas ou escritos à margem; 
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d) seguir o método das partidas dobradas; 
e) escriturar em moeda e idioma nacionais. 
 
Formalidades Extrínsecas: 
a) termos de abertura e encerramento lavrados; 
b) registrado na Junta Comercial ou no Departamento Nacional de Industria e comércio; 
c) folhas rubricadas por membro da Junta Comercial, ou por juiz de direito; 
d) ser encadernado e ter as folhas numeradas á máquina. 
 
! Atualmente, admite-se a escrituração do Diário em fichas ou folhas soltas, devidamente rubricadas e copiadas no Diário-Copiador, este encadernado. 
 
 
 O Livro Razão 
 
É livro facultativo, do ponto de vista legal, porém, o principal, do ponto de vista da contabilidade. É 
livro sistemático, isto é, seleciona os lançamentos, conforme sua natureza e finalidade. Destina uma 
página para cada conta e pode ser feito em fichas. Pode ser escriturado juntamente com o Diário, 
através de decalque. A exatidão aritmética do Razão é verificada pelo Balancete de Verificação. Todo 
lançamento consta de uma conta devedora e outra credora, que são transcritas no Razão e, pois, os 
saldos destas contas devem ser iguais. 
 
 
 O Livro Caixa 
 
Destina-se ao registro das operações financeiras, em ordem cronológica. É livro sistemático, porque 
escritura as operações de uma mesma natureza, e financeira. É livro auxiliar, de grande utilidade nas 
grandes empresas, onde há um responsável pelos pagamentos e recebimentos diários e os saldos são 
extraídos diariamente. O saldo do dia anterior é lançado a débito de caixa, ao qual se somam as 
entradas havidas no dia e subtraídas as saídas ocorridas, obtém-se o saldo diário que é sempre 
devedor, pois, saldo criador no Livro Caixa significa “estouro” de Caixa, fato inadmissível. O saldo 
do Livro Caixa deve ser sempre o mesmo da conta caixa do Livro Razão. 
 
 
 O Livro Conta Correntes 
 
É livro sistemático e cronológico. Registra os direitos a receber e as obrigações a pagar, 
individualizando os titulares desses direitos e obrigações, destinando-se uma página para os débitos e 
créditos de cada correntista. É livro auxiliar ou facultativo, mas de grande importância para a 
empresa. 
 
 
 Sigilo e Exibição dos Livros Comerciais 
 
Noções Iniciais: 
Em virtude do princípio do sigilo, a exibição total ou integral é medida de exceção e só pode ser 
concedida em casos especiais, porquanto, nela, os livros ficam à disposição do interessado, que pode 
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examinar toda a escrita, numa verdadeira devassa na situação patrimonial do empresário. O princípio 
do sigilo encontra-se delimitado no art. 1.190 do Código Civil. 
 
Art. 1.190 - Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob 
qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a 
sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em 
lei. 
 
Casos de Exibição Total dos Livros Empresariais: 
A exibição total dos livros empresariais é permitida nos seguintes casos: 
a) nos litígios entre os sócios da sociedade; 
b) nas sucessões, tanto para o herdeiro, como para o comprador do ativo e passivo do negócio; 
c) nas questões dos cônjuges, relativas à comunhão; 
d) nas questões referentes a mandato ou gestão mercantil; 
e) na concordata preventiva e na falência; 
f) nas questões referentes às leis fiscais. 
 
! Nas sociedades de capitais, para que um só acionista possa pedir a exibição integral dos livros da sociedade, é preciso que ele possua ações representativas de, pelo menos, um 
vigésimo do capitalsocial. 
 
Exibição Parcial: 
A exibição parcial prende-se ao exame de alguns pontos ou dados referentes a prova ou provas que se 
pretende fazer em ação judicial pendente. É medida corriqueira, para fins de prova judicial, sujeita à 
apreciação dos Juízes. 
 
 
 Valor Probante dos Livros Comerciais 
 
Exibido total ou parcialmente, ou tendo sido objeto de perícia judicial contábil, o livro empresarial 
terá a força probante (ou eficácia probatória) que a lei estabelece nos arts. 378 e 379 do CPC. Os 
livros empresariais, revestidos das formalidades legais, fazem sempre prova plena: 
a) quando irregulares, contra o seu possuidor; 
b) quando regulares, a favor do possuidor. 
 
! A regularidade implica a observância dos fatores extrínsecos e intrínsecos e, ainda, o fato de que, a cada lançamento feito, corresponda um documento comprobatório da transação realizada e 
escriturada. 
 
 
 Os Livros Fiscais 
 
Imposto de Renda: 
O Imposto de Renda cobrado das pessoas jurídicas, toma por base o Balanço Patrimonial e a 
Demonstração de Resultados, escriturados no Livro Contábil denominado “Diário”. As empresas que 
apresentam lucros, pagam um percentual ao governo federal, a título de Imposto de Renda. O 
conceito de Lucro Real para o Imposto de Renda, é o valor sobre o qual é calculado o Imposto de 
Renda. Nem sempre o cálculo é feito sobre o lucro apresentado no balanço, pois algumas despesas 
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são consideradas não dedutíveis, bem como algumas receitas podem ser consideradas isentas ou não 
tributadas. 
 
Imposto sobre Produtos Industrializados: 
O Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto 87.981, de 23.12.82, estabelece no seu artigo 265, que 
os contribuintes manterão, em cada estabelecimento, conforme a natureza das operações que 
realizarem, os seguintes livros fiscais: 
a) Registro de entradas (mod. 1); 
b) Registro de saídas (mod. 2); 
c) Registro de controle da produção e do estoque (mod. 3); 
d) Registro de selo de controle (mod. 4); 
e) Registro de impressão de documento fiscais (mod. 5); 
f) Registro de utilização de documentos fiscais e termos de ocorrência (mod. 6); 
g) Registro de inventários (mod. 7); 
h) Registro de apuração do IPI (mod.8). 
 
! O livro registro de entradas (mod. 1) é o substituto do livro registro de compras, estabelecido pelo Imposto de Renda. Nele são lançadas as notas fiscais de aquisição ou 
entradas a qualquer título, de mercadorias, bens de uso, matérias-primas e outros 
materiais. 
 
Impostos Estaduais e Municipais: 
São os exigidos pela legislação do ICMS e do ISS. 
 
 
Os Livros Trabalhistas 
 
A CLT (consolidação das leis do trabalho ) obriga as empresas a manter os seguintes livros: 
a) Livro de Registro de Empregados: destina-se ao registro do vinculo de emprego; com os 
mesmos dados constantes no registro feito na carteira de trabalho e previdência social de 
cada funcionário, pode ser substituído por fichas; 
b) Livro de Inspeção do Trabalho: destina-se a receber os termos de visitas dos Inspetores ou 
Fiscais do Trabalho e também dos Agentes Fiscais da previdência Social (INSS). 
 
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 Os Livros Contábeis e o Balanço 
 
Noções Iniciais: 
Nos trabalhos desenvolvidos pela contabilidade, são utilizados vários livros, sendo o Diário 
obrigatório e outros facultativos. O Balanço é um instrumento contábil, através do qual a empresa 
demonstra o resultado econômico de sua atividade mercantil. O balanço reflete, de forma estática, 
numa representação gráfica e sintética, a situação do patrimônio da empresa, pela demonstração do 
seu ativo e passivo. A legislação brasileira define os padrões de balanço, conforme a formação e 
natureza da empresa. 
 
Obrigatoriedade: 
O balanço é uma exigência que se estende a todos os empresários, que anualmente devem fazer uma 
demonstração geral do seu ativo e passivo, compreendendo todos os bens, créditos e dívidas, ao qual 
aporá sua assinatura (art. 1.179, in fine). 
 
Tipos de Balanço: 
São tipos de balanço: 
a) patrimonial: apresenta todos os elementos que formam o patrimônio da empresa, pela 
demonstração do ativo (bens e direitos) e do passivo (obrigações); 
b) econômico: é a demonstração do resultado econômico, pela indicação das receitas e 
despesas; 
c) financeiro: é a demonstração do movimento de dinheiro, pela exposição das entradas e 
saídas. 
 
 
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 Questões de Concursos 
 
 
01 - (Magistratura/SP – 171) Assinale a alternativa incorreta: 
( ) a) A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos 
constitutivos de firma individual e de sociedades, ou de suas alterações. 
( ) b) O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da novidade. 
( ) c) A alienação da firma individual pode ocorrer independentemente do estabelecimento a 
que se refere. 
( ) d) O princípio da novidade impede a adoção de nome igual ou semelhante ao de outro 
empresário. 
 
 
02 - (Magistratura/SP – 173) As Juntas Comerciais são 
( ) a) órgãos normativos vinculados ao Poder Judiciário, com competência para regular o 
comércio em geral. 
( ) b) tribunais federais do comércio, com competência para julgar questões entre 
comerciantes. 
( ) c) órgãos da administração estadual que desempenham função de natureza federal 
atinente ao registro público. 
( ) d) órgãos da administração federal incumbidos de tomar legítimos os atos praticados 
pelas empresas mercantis e auxiliares do comércio 
 
 
03 - (Magistratura/SP – 173) A proteção do nome empresarial é assegurada 
( ) a) com o arquivamento dos atos constitutivos da sociedade na Junta Comercial, ficando 
essa proteção circunscrita à jurisdição administrativa dessa mesma Junta Comercial. 
( ) b) com o depósito do nome empresarial no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, 
que confere exclusividade em todo o território nacional. 
( ) c) mediante a simples utilização desse nome, de maneira continuada e uniforme, em 
todos os negócios da empresa, independentemente que qualquer arquivamento ou 
registro. 
( ) d) desde que não seja idêntico ou semelhante a outro que venha a ser posteriormente 
depositado na mesma Junta Comercial. 
 
 
04 - (Magistratura/SP – 173) Os livros e fichas de escrituração do comerciante 
( ) a) não têm valor probante contra ele, a não ser quando corrobados por outros documentos 
e provas. 
( ) b) fazem prova plena contra as pessoas com quem ele negocia, mesmo que tais livros e 
fichas de escrituração não estejam plenamente legalizados. 
( ) c) somente provam a favor dele, comerciante, quando mantidos com observância das 
formalidades legais e a lei não exigir outro meio de prova. 
( ) d) nada provam contra o comerciante ou terceiros, a não ser quando devidamente 
rubricados pelo Juiz da Comarca onde a empresa mantém sua sede principal de 
negócios. 
 
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05 - (Ministério Público/MG – 40) Dado o nome “Construtora Souza e Silva Ltda.”, podemos 
afirmar que se trata de: 
( ) a) firma individual; 
( ) b) razão social; 
( ) c) denominação; 
( ) d) firma social; 
( ) e) título de estabelecimento. 
 
 
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 Gabarito 
 
 
01.C 02.C 03.A 04.C 05.C 
 
 
 
 
 
 
 Bibliografia 
 
 
• Curso de Direito Comercial 
 Rubens Requião 
 São Paulo: Editora Saraiva, 1998 
 
• Curso de Direito Comercial 
 Fran Martins 
 Rio de Janeiro: Editora Forense, 1998 
 
• Direito Comercial 
 Waldirio Bulgarelli 
 São Paulo: Editora Atlas, 1999 
 
• Manual de Direito Comercial 
 Fábio Ulhoa Coelho 
 São Paulo: Editora Saraiva, 2002 
 
 
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