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Eduarda Michelin – ATM2024.2 1 Trabalho de Parto PARTO NORMAL E CESAREANA Trabalho de Parto 2 ou mais contrações efetivas em 10 minutos – contrações dolorosas, em torno de 10 segundos; Dilatação ou modificações do colo – amolecimento, apagamento (encurta o comprimento do colo sem necessariamente haver dilatação) e dilatação (4cm – fase ativa → ideal para se fazer a internação da paciente). o No colo da primípara, primeiro há o apagamento para posterior dilatação do colo; enquanto que nas multíparas, há o apagamento e a dilatação associados. Quando a dilatação atinge 4cm, se inicia a fase ativa, que é caracterizada por contrações mais regulares e mais intensas e com a dilatação progressiva (1cm/hora). Isso ocorre até que se atinge uma dilatação platô, próxima à dilatação completa, em que ocorre esta estabilização e o nenê começa a descer, passando para as próximas fases. Duração = normal quando ocorre de 8h e 18h. Contraindicações de Parto → Pélvico ou outra apresentação anômala, como apresentação transversa, apresentação de ombro ou apresentação de pé. o Não há contraindicação absoluta quando há o pélvico → pacientes que nunca tiveram parto normal, o indicado é que se faça cesariana; por outro lado, pacientes que já tiveram parto normal, podem fazer um parto pélvico normal desde que sejam consideradas algumas indicações de tamanho e peso (acima de 3,8Kg já há uma contraindicação). Duas cesáreas ou mais. Macrossomia evidente. Placenta prévia total → placenta obstrui o orifício cervical → não ocorre a passagem. CI clínicas → como aneurismas vasculares na gestante. Eduarda Michelin – ATM2024.2 2 Trabalho de Parto Estágios (4) 1. PRIMEIRO ESTÁGIO → dilatação, com posterior descida do polo cefálico. Sinais Vitais = de 1h em 1h. Controle dos BCF’s = de 30 em 30min. MAP = realizada em situações de alto risco, bolsa rota, hipertensão, suspeita de sofrimento fetal, entre outras. Contraindicada em gestantes de baixo risco. Analgesia = é um direito de todas as gestantes – nem sempre alcançada por questões políticas de cada estado e município / nem todos serviços têm esse acesso generalizado -. Quando indicada, normalmente se faz a peridural. Deve ser feita na fase ativa do trabalho de parto (não na fase latente ou início do TPO). Partograma = é obrigatório! Gráfico em que se analisa a evolução do trabalho de parto. É dado por duas linhas dentro de um espaço temporal → a primeira linha é a linha de alerta; a segunda linha é a linha de ação. Os triângulos são a impressão gráfica da dilatação e os círculos representam a descida do polo cefálico (pelos planos de Delee, na coluna da direita). Determina que no momento que se atravessa a linha de alerta, em um determinado momento temporal, se faça a observação da parturiente com mais cuidado = observar se as contrações estão efetivas, se existe alguma alteração no tamanho do feto, alteração de posição fetal → ou seja, observa-se a presença de distócias (dificuldades do trabalho de parto, as alterações que intercorrem durante o período de trabalho de parto). Não necessariamente se interrompe a gestação através da cesariana, mas se diagnostica e se intervém da maneira possível; se for necessário, se interrompe a gestação por cesárea. Posições Fetais → avalia-se onde o polo cefálico está em relação a pelve materna. A posição ideal de nascimento é a posição occiptopúbica (última imagem). o PELVE MATERNA – ângulo latero-lateral é menor, enquanto que o dinâmetro antero- posterior é maior. o O polo cefálico entra na pelve e vai rodando, normalmente em sentido horário. Pode ocorrer de rodar no sentido anti-horário. Amniotomia = ruptura proposital da bolsa. Eduarda Michelin – ATM2024.2 3 Trabalho de Parto O ideal é que ela ocorra de maneira espontânea → a maioria das vezes, ocorre no transcorrer do TPO, embora possa existir ruprema (ruptura prematura de membranas – ruptura das membranas antes do TPO propriamente dito). Para a avaliação do aspecto do líquido amniótico, observa-se a presença de grumos e de mecônio – sugere uma possível hipoxemia fetal -. Além disso, percebe-se o odor desse LA (um odor fétido pode sugerir infecção). Manejo Ativo do TPO = estimular as contrações utilizando ocitocina (determina contrações mais efetivas – não necessariamente mais dolorosas e intensas, mas mais regulares -) e realizando a amniotomia (a ruptura da bolsa é um mecanismo natural de indução do TPO). 2. SEGUNDO ESTÁGIO → expulsão, com saída total do feto. Plano zero de Delee – dilatação completa com descida do nenê -. Paciente come a sentir vontade de fazer esforços expulsivos com a prensa abdominal. Posição de Litotomia com Trendelelmbrug ou outras (cócoras ou em pé, por exemplo). Controle da vitalidade fetal – auscultar os BCFs periodicamente nesse período -. Puxos – começam os esforços expulsivos de fato, utilizando a prensa abdominal -. São recorrentes. Devem ser realizados preferencialmente com a contração uterina. Episiotomia → corte feito a nível do corpo perineal. Normalmente a que se utiliza de rotina é a médio- lateral-esquerdo. As indicações recomendam não realizar a episiotomia rotineiramente. Duração média do segundo estádio do TPO pode durar de 45 a 60 minutos. Algumas literaturas, como o manual do Ministério da Saúde, dizem que o trabalho de parto pode durar de 2 a 3 horas, principalmente em pacientes primíparas; mas existem discussões em relação a isso. O indicado é que acima de 60 minutos de período expulsivo se reavalie essa gestante – não necessariamente ocorrerá a interrupção desse parto, mas é importante avaliar a posição do nenê, o tamanho do feto e se a contração é efetiva –. Desprendimento cefálico → com os puxos, o feto vai descendo e descendo até que ocorra o desprendimento. Esse desprendimento deve ser lento, não brusco, evitando a hiperdistensão (o desprendimento brusco ocorre principalmente em multíparas, onde a descida do feto ocorre muito mais rápido, com poucos esforços expulsivos). Após sair a cabeça, é feita a rotação externa. Após que sair a cabeça (que estava no sentido maior da pelve), o nenê tem que rodar lá fora para que as espáduas, os ombros, também fiquem nesse sentido maior, o diâmetro ântero-posterior. Eduarda Michelin – ATM2024.2 4 Trabalho de Parto o Rotação interna = quando o nenê entra no polo cefálico e vai rodando, normalmente em sentido horário. Desprendimento biacromial → cabeça fetal para baixo (polo cefálico é puxado para baixo, desprendendo o ombro anterior em relação à pelve) e após para cima (levanta-se a cabeça para desprender o ombro em posição posterior). Após esses processos, o nenê é completamente desprendido, permitindo o clampeamento do cordão. O clampeamente deve ser feito após 1 a 3 minutos e, a partir dali, entrega para o pediatra e se coloca no ventre materno. -------------- 3º E 4º ESTÁGIOS = voltados mais aos cuidados maternos, pois é um período de grande preocupação em termos de complicações hemorrágicas. 3. TERCEIRO ESTÁGIO → dequitação (saída da placenta). Dequitação da Placenta = se ocorrer de maneira espontânea, pode durar até 30 minutos – período longo em que a paciente pode perder um volume aumentado de sangue / risco de hemorragia -. O manejo ativo vai diminuir isso = nasceu o nenê, se faz 10 UI de Ocitocina IM (duas ampolas), se faz uma leve tração do cordão e se faz uma massagem no fundo uterino → isso tudo vai fazer com que as contrações uterinas se mantenham muito mais leves do que no parto, com tendência de que a placenta saia de maneira mais rápida com diminuição da perda sanguínea. o Ocorre o globus obstétrico = o útero vai se contrair; com essa contração, ele vai causar uma obstrução mecânica das artérias espiraladas do útero. Com essa obstrução mecânica e com a contração dessas artérias,aumentam as tromboses vasculares fisiológicas ao nível do miométrio com a consequente diminuição da perda sanguínea do sitio placentário, onde a placenta estava ligada. o A principal causa de hemorragia pós-parto é a hipotonia uterina – o útero não se contrai adequadamente, podendo levar a grandes perdas sanguíneas e ao choque. o Na ausência de resposta à Ocitocina, existe um protocolo de segurança que preconiza o uso de outros medicamentos, como a Metilegometrina e o Misoprostol. Se mesmo assim não for suficiente, podem ser realizados tratamentos cirúrgicos, uso de balão intrauterino, entre outras. Devem ser avaliados também no pós-parto o trajeto do feto – muitas vezes pode ser traumático, causando lacerações de colo e vagina – e se foi realizada a episiotomia, sendo necessária, portanto, a episiorrafia. Eduarda Michelin – ATM2024.2 5 Distócias 4. QUARTO ESTÁGIO → primeira hora pós-parto (hora de ouro pós-parto porque há risco maior de hemorragia). Paciente na sala de recuperação. É o momento em que é realizada a prevenção das hemorragias, com observação dessa paciente (sinais vitais, contração uterina e se há sangramento excessivo) = HORA DE OURO Distócias São as alterações relacionadas ao parto. Elas podem ser relacionadas com o canal do parto, às contrações uterinas e/ou ao feto, prejudicando o andamento adequado do parto. São divididas em distócias ósseas – alterações do trajeto por problemas ósseos, como uma pelve inadequada, por exemplo -, distócias funcionais – relacionadas à fisiologia da contração, ao processo fisiológico do parto - e distócia fetal. DISTÓCIA ÓSSEA → redução dos diâmetros da pelve (estreito inferior, estreito médio e estreito superior); distúrbios maternos de postura; hiperescoliose; anãs. DISTÓCIA FUNCIONAL → é o mais rotineiramente avaliado, especialmente durante a primeira fase do trabalho de parto. Inclui a anormalidade da contratilidade e/ou partos precipitados e partos prolongados. Esse controle das contrações pode ser feito pelo partograma e/ou MAP. Anormalidades de contratilidade: o Oligossistolia: contrações muito fracas e irregulares. Diagnóstico = dor é mais discreta, com dilatação lenta e membranas sem tensão. O partograma vai para a direita. Trabalho de parto mais prolongado. Conduta = corrigir a condição aumentando as contrações → amniotomia – método mais fisiológico, se rompe a bolsa, se houver dilatação e for possível - , ocitocina e decúbito lateral esquerdo. o Polissistolia: muitas contrações, muito intensas e muito frequentes → não necessariamente altera a dilatação, mas pode impactar no bem-estar fetal – útero contraído contrai os vasos, diminuindo a troca de O2 entre mãe e feto. Diagnóstico e Complicações = mais de 5 contrações em 10 minutos. Dor intensa e permanente e hipertonia uterina (útero endurecido). Como consequência, há bradicardia fetal, sofrimento fetal – sem o relaxamento, sem troca, hipoxemia fetal – e descolamento de placenta – emergência obstétrica - . Conduta = corrigir iatrogenia (principal causa da polissistolia - pelo uso de ocitocina para estimular contrações -; ou seja, a correção é pela retirada desse medicamento), amniotomia e uso de uterolíticos (fazem a diminuição da Eduarda Michelin – ATM2024.2 6 Distócias contração uterina – são utilizados como última ferramenta como tentativa de tentar diminuir e/ou controlar essas contrações → os mais utilizados são os beta-adrenérgicos). o Prensa abdominal insuficiente → se corrige através da orientação e educação dessa gestante. Em último caso, pode ser feito uso de fórceps para tentar corrigir essa prensa abdominal. DISTÓCIA FETAL → o Distócias de Apresentação = apresentação ideal é a posição cefália Tipos: quando cefálico, podem ocorrer as seguintes alterações → posteriores (occipto-posterior persistente), antero posterior alta, occipto-transversas persistentes. O ideal da posição cefálica é a posição anterior, pois é uma posição mais fácil de rodar. A posição ideal do pélvico é o pélvico completo = quando o glúteo, os pés e a coxa estão fletidas sobre o tronco e as pernas fletidas em relação as coxas. Lembrar que o parto pélvico é uma contraindicação relativa → sendo contraindicado em primigestas. O ideal é que o parto pélvico seja feito com fetos de 2 a 3,5Kg, com posição pélvica completa. É importante evitar parto pélvico com menos de 34 semanas, além de atentar para que a pelve materna esteja adequada (estimativa de peso em relação a pelve materna). Em casos de feto morto e malformações incompatíveis com a vida, pode ser feito o parto, já que não há mais necessidade de cuidados maiores com o nenê. Lembrar também que existem outras apresentações feitais, como a apresentação acromial (com os ombros), de dorso e as podálicas → todas essas são contraindicações de parto normal. A atitude que se pode tomar é a versão, ou seja, a tentativa de mudar essa posição: pode ser interna, colocando-se a mão dentro do útero e tentando virar o nenê para uma posição cefálica ou pélvica, ou externa, que, através de massagens, tenta-se alterar a posição desse nenê. Essas versões estão cada vez mais perdendo indicações dentro dos COs – a única exceção são os fetos mortos, mas ainda assim é necessário muito cuidado para não causar lacerações e rupturas uterinas. Conduta: rotação manual, ocitocina, fórceps e cesariana. o Distócias de Atitude → o adequado é o nenê estar em flexão do seu polo – queixo encostando no tórax. As distócias de atitude ocorrem quando o nenê não está em flexão. Aas defecções de segundo e terceiro grau não permite o parto normal desses nenês. o Distócias de Volume → desproporção céfalo pélvica (DCP). A principal DCP é a macrossomia fetal (<4Kg) – pode ser constitucional (geneticamente definido que o Eduarda Michelin – ATM2024.2 7 Indicações nenê vai ser grande), diabetes materna, pós-datismo, hidrocefalia e aumento de volume regional, como tumorações. Sinais de DCP = dilatação lenta, ausência de descida fetal, edema de vulva e edema de colo (colo que era muito fino começa a engrossar, agora por edema, já que ocorre a compressão do polo cefálico em cima do colo que não dilata adequadamente), bossa serosanguinolenta (acumulo de líquido seroso no couro cabeludo fetal que aumenta pela compressão / é fisiológico, mas quando exagerado, pode ser sinal de DCP), polissistolia e rotura uterina (complicação maior e de última instância). Conduta = cesariana. CESARIANA E FÓRCIPE Indicações Apresentação Pélvica, principalmente em primigestas. Gestação gemelar, principalmente com primeiro pélvico ou ambos pélvicos. Sofrimento fetal agudo – opta-se, nessas situações, pela via de parto mais rápida. Se o parto normal for a mais rápida, pode-se fazer por essa via; caso contrário, opta-se pela cesarea. Macrossomicos. Placenta prévia oclusiva. DPP = descolamento prematuro de placenta. Herpes genital ativo → história de herpes não é indicação; por outro lado, se houver presença de úlceras ou vesículas vulvares, há contraindicação absoluta de cesariana, por conta de risco de encefalite herpética no RN. Infecção pelo HIV – carga viral acima de 1000 ou desconhecida. Condições clínicas maternas. Prematuros – não há evidência de benefício, não sendo uma indicação de cesariana. Cesariana prévia Cesariana após parto normal aumenta risco de ruptura uterina em 2X. Parto normal após 1 cesariana → risco muito pequeno de ruptura. Mais de 1 cesariana prévia tem 5X risco de ruptura → cesariana eletiva nesses casos. Eduarda Michelin – ATM2024.2 8 Indicações COMPLICAÇÕES CESARIANA = a cesariana aumenta o risco de endometrite, de infecção de parede, de hemorragia e de morbidade. Há maior dor, que podem influenciar também no processo de amamentação, e podem ocorrerproblemas de recuperação. FÓRCEPS = o fórceps indicado é o fórceps de alívio, ou seja, aquele em que a apresentação do polo cefálico está visível à nível de rima vulvar – sem afastar os lábios vaginais, é possível enxergar o polo cefálico -. Indicações → dificuldade de uso da prensa abdominal, sofrimento fetal, prolapso de cordão, falha na progressão fetal e período expulsivo prolongado. Condições de aplicabilidade → tem que haver dilatação completa, com o colo completamente dilatado. Tem que haver diagnóstico correto da posição, bolsa rota e feto vivo ou com morte recente. Plano > ou = +3 de De Lee. Não pode ocorrer desproporção e/ou impedimento da pelve. Complicações Maternas → trauma do trajeto, com lacerações do trajeto vulvar, vaginal e do colo. Complicações Fetais → cefalohematoma, dano cerebral, paralisia facial e fraturas.
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