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PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 TUTORIA 2 - PROBLEMA 2 OBJETIVOS 1. DESCREVER A ANATOMIA DA MEDULA (MICRO E MACROSCOPICAMENTE). 2. EXPLICAR A NEUROFISIOLOGIA DAS VIAS ASCENDENTES E DESCENDENTES DA MEDULA. 3. DIFERENCIAR LESÃO DO SNC E SNP. 4. DESCREVER A ESCALA DE AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR. 5. DESCREVER AS PRINCIPAIS SÍNDROMES MEDULARES. (REFLEXO/NEURÔNIO MOTOR 1 E 2). DESCREVER A ANATOMIA DA MEDULA (MICRO E MACROSCOPICAMENTE). LIMITES CRANIALMENTE: bulbo, ao nível do forame magno. CAUDALMENTE: ápice do CONE MEDULAR entre L1 e L2. FORMA E ESTRUTURA 1. FORMA: cilíndrica, ligeiramente achatada no sentido anteroposterior. 2. INTUMESCÊNCIAS (DILATAÇÕES): áreas que fazem conexão com grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e lombo-sacral. Formação se deve à maior quantidade de fibras nervosas necessária para a inervação dos membros. INTUMESCÊNCIA CERVICAL: vai de C3 a T3. Dela saem a 4ª raiz cervical (nervo frênico, controla o diafragma) e de C5-T1 as raízes do plexo braquial (músculos do braço). INTUMESCÊNCIA LOMBOSSACRAL: de T9/10 até L2. Dá origem às raízes dos plexos lombar e sacral. 3. CONE MEDULAR: constitui a extremidade afilada da intumescência lombossacral. Dele originam-se as últimas raízes sacrais e as coccígenas. Rodeado pelas raízes da cauda equina. 4. SULCOS LONGITUDINAIS SULCO MEDIANO POSTERIOR FISSURA MEDIANA ANTERIOR SULCO LATERAL ANTERIOR: originam-se raízes ventrais dos nervos espinhais SULCO LATERAL POSTERIOR: originam-se raízes dorsais dos nervos espinhais SULCO INTERMEDIO POSTERIOR (SOMENTE NA MEDULA CERVICAL): entre o mediano posterior e o lateral posterior que continua em um SEPTO INTERMÉDIO POSTERIOR no interior do funículo posterior. 5. SUBSTÂNCIA CINZENTA: interior da medula (dentro da substância branca). Apresenta forma de borboleta ou “H”. Distinguem-se três colunas ou cornos. COLUNA (CORNO) ANTERIOR: volumosa (pela presença do corpo dos neurônios motores). dela saem os axônios que formam as raízes anteriores. NA CABEÇA: encontram-se os neurônios responsáveis pela motricidade voluntária dos músculos estriados. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 NA BASE: os neurônios responsáveis pela inervação motora involuntária dos músculos lisos. COLUNA (CORNO) POSTERIOR mais delgada que a anterior (os corpos dos neurônios estão no gânglio espinhal). axônios responsáveis pela condução da sensibilidade. NA CABEÇA: neurônios responsáveis pela sensibilidade exteroceptiva – superficial – (tátil, dor, temperatura). NA BASE: neurônios responsáveis pela sensibilidade interoceptiva–visceral. NO COLO(entre a base e a cabeça): células responsáveis pela sensibilidade proprioceptiva –profunda – (ossos, articulações, músculos). COLUNA (CORNO) LATERAL: somente na medula torácica e parte da lombar fibras responsáveis pela inervação visceral. CANAL EPENDIMÁRIO (canal central da medula): Resquício da luz do tubo neural embrionário. Revestido por epêndima. Preenchido por líquor. 6. SUBSTÂNCIA BRANCA: São as fibras ascendentes e descendentes da medula. Localizada na porção externa, recobrindo toda a substância cinzenta. Podem ser agrupadas em 3 funículos ou cordões: FUNÍCULO ANTERIOR: entre fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior. FUNÍCULO LATERAL: entre os sulcos laterais anterior e posterior FUNÍCULO POSTERIOR: entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior. NA PARTE CERVICAL, O SULCO INTERMÉDIO POSTERIOR DIVIDE O FUNÍCULO POSTERIOR EM FASCÍCULO GRÁCIL E FASCÍCULO CUNEIFORME. CONEXÕES COM OS NERVOS ESPINHAIS – SEGMENTOS MEDULARES TOPOGRAFIA VERTEBROMEDULAR No adulto a medula não ocupa todo o canal vertebral / termina ao nível de L2 Abaixo de L2 contém apenas meninges e as raízes nervosas dispostas em torno do cone medular e o filamento terminal chamado de CAUDA EQUINA A diferença entre os tamanhos da medula espinhal e da coluna vertebras se deve a ritmos diferentes de crescimento longitudinal entre essas estruturas: o ATÉ O QUARTO MÊS INTRAUTERINO: ritmos de crescimento igual / medula ocupa todo o canal vertebral. o A PARTIR DO QUARTO MÊS INTRAUTERINO: coluna começa a crescer mais do que a medula / raízes nervosas mantem suas correlações com os forames intervertebrais correspondentes / há alongamento das raízes e afastamento dos segmentos medulares das vertebras correspondentes. ENVOLTÓRIOS DA MEDULA 1. DURA-MÁTER: Mais externa e mais resistente Envolve toda a medula, constituindo o chamado SACO DURAL Cranialmente, a dura-máter é contínua com a dura-máter craniana Caudalmente termina em um fundo de saco ao nível da vertebra S2 Prolongamentos laterais da dura-máter embainham as raízes dos nervos espinhais PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 Contém a CAUDA EQUINA e o FILAMENTO TERMINAL 2. ARACNOIDE: Entre a dura-máter e a pia-máter. Acompanha a dura até o final do cone dural. 3. PIA-MÁTER: Mais delicada e mais interna/ adere intimamente à superfície da medula Quando a medula termina no CONE MEDULAR, a pia-máter continua caudalmente formando um filamento esbranquiçado chamado de FILAMENTO TERMINAL que perfura o fundo- do-saco dural e continua até o HIATO SACRAL Ao atravessar o saco dural, o filamento terminal recebe vários prolongamentos da dura-mater e o conjunto passa a ser denominado FILMENTO DA DURA-MÁTER, que, ao inserir-se no periósteo da o cóccix constitui o LIGAMENTO COCCÍGEO. LIGAMENTO DENTICULADO: pregas longitudinais de pia-máter que constituem elementos de fixação da medula. ESPAÇOS ENTRE AS MENINGES Em relação às meninges que envolvem a medula, existem três cavidades ou espaços: ESPAÇO LOCALIZAÇÃO CONTEÚDO EPIDURAL (EXTRADURAL) Entre a dura-máter e o periósteo do canal vertebral Tecido adiposo e plexo-venoso vertebral interno SUBDURAL Espaço virtual entre a dura-máter e a aracnoide Pequena quantidade de liquido para lubrificação SUBARACNÓIDEO Entre a aracnoide e a pia-máter Liquor (ou Líquido Cefalorraquidiano) CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS ANESTESIAS NOS ESPAÇO MENÍGEOS 1. ANESTESIAS RAQUIDIANAS: anestésico é introduzido no ESPAÇO SUBARACNOIDEO. Agulha perfura espaço entre as vértebras L2- L3, L3-L4 ou L4-l5 No trajeto, perfura sucessivamente a pele, tela subcutânea, o ligamento interespinhoso, o ligamento amarelo, a dura-máter e a aracnoide. Certifica-se de que a agulha atingiu o espaço subaracnóideo pelo liquor que goteja VANTAGENS: não há risco de lesão medular, pois a incisão é feita na região da CAUDA EQUINA, onde só há presença de fibras nervosas, não mais medula espinhal. DESVANTAGENS: risco de dores de cabeça crônicas devido ao perfuramento da dura- máter e o vazamento de líquor. 2. ANESTESIAS EPIDURAIS (ou PERIDURAIS): anestésico é introduzido no ESPAÇO EPIDURAL, onde se difunde e atinge os forames intervertebrais. Certifica-se de que a ponta da agulha atingiu o espaço peridural quando se observa uma súbita baixa resistência, indicando que ela acabou de perfurar o ligamento amarelo. VANTAGENS: não apresenta os inconvenientes da raquidiana DESVANTAGENS: exige uma habilidade técnica enorme, pois há graves riscos de lesão medular. CONCEITOS a) SUBSTÂNCIA CINZENTA: tecido nervoso constituído de neuroglia, corpos de neurônios e fibras predominantemente AMIELINIZADAS. b) SUBSTÂNCIA BRANCA: tecido nervoso constituído de neuroglia e fibras nervosas predominantemente MIELINIZADAS. c) NÚCLEO: massa de substancia cinzenta dentro de substancia branca. d) TRACTO: feixe de fibras nervosas com mesma origem, função e sentido. e) FASCÍCULO: se refere a um tracto mais compacto f) LEMINISCO: alguns feixes de fibras sensitivas.g) FUNÍCULO: usado para a substância branca da medula. Um funículo contem vários tractos ou fascículos. h) DECUSSAÇÃO: formação anatômica constituída por fibras nervosas que CRUZAM OBLIQUAMENTE o plano mediano e que tem MESMA DIREÇÃO. EXEMPLO: decussação das pirâmides. i) COMISSURA: formação anatômica constituída por fibras nervosas que CRUZAM PERPENDICULARMENTE o plano mediano e tem DIREÇÕES OPOSTAS. EXEMPLO: corpo caloso. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 j) FIBRAS DE PROJEÇÃO: saem fora dos limites da área o órgão. k) FIBRAS DE ASSOCIAÇÃO: associam pontos mais ou menos longe da área ou órgão, sem abandoná-lo. SUBSTÂNCIA CINZENTA 1. DIVISÃO: COLUNA ANTERIOR Cabeça Base SUBSTÂNCIA CINZENTA INTERMEDIA Central Lateral (contém a COLUNA LATERAL) COLUNA POSTERIOR Base Pescoço/ colo Cabeça (contém a SUBSTÂNCIA GELATINOSA – tec. Nervoso translucido - PORTÃO DA DOR). 2.CLASSIFICAÇÃO DO NEURÔNIOS MEDULARES 2.1. NEURÔNIOS RADICULARES: axônio longo; sai da medula para constituir a RAIZ VENTRAL (RAIZ MOTORA) a) NEURÔNIOS RADICULARES VISCERAIS: pré- ganglionares do sistema autônomo, cujos corpos localizam-se na substancia cinzenta intermédia lateral (de T1 a L2 – coluna lateral) ou de S2 a S4. Destinam-se à inervação de músculos lisos, cardíacos ou glândulas. b) NEURÔNIOS RADICULARES SOMÁTICOS: destinam- se à inervação de músculos estriados esqueléticos e tem seu corpo localizado na coluna anterior. 2.2. NEURÔNIOS CORDONAIS: axônios ganham a substancia branca da medula onde tomam direção ascendente ou descendente passando a constituir fibras que formam os FUNÌCULOS DA MEDULA. HOMOLATERAL (IPSILATERAL): passa ao funículo situado do mesmo lado do seu corpo HETEROLATERAL (CONTRALATERAL): passa ao funículo situado do lado oposto ao seu corpo. a) NEURÔNIO CORDONAL DE PROJEÇÃO: axônio longo que termina fora da medula (tálamo, cerebelo,...)e integram as VIAS ASCENDENTES. b) NEURÔNIO CORDONAL DE ASSOCIAÇÃO: axônio que se bifurca em um ramo ascendente e um descendente, ambos terminando na substancia cinzenta da própria medula. Constituem um mecanismo de integração entre segmentos medulares situados em níveis diferentes. 2.3. NEURÔNIO DE AXÔNIO CURTO: axônio permanece sempre na substancia cinzenta. Estabelecem conexão entre as fibras aferentes que penetram pelas raízes dorsais e os neurônios motores interpondo-se assim em vários arcos reflexos medulares. 3.NÚCLEOS E LÂMINAS 3.1.NA COLUNA ANTERIOR a) NÚCLEOS DO GRUPO MEDIAL: existem em toda a extensão. Neurônios inervam a musculatura do esqueleto axial. b) NÙCLEOS DO GRUPO LATERAL: fibras que inervam a musculatura do esqueleto apendicular (membros) –só aparecem nas regiões de intumescência cervical e lombar (plexos braquial e lombo-sacral). Neuronios mais medianos musculatura proximal dos membros e os mais laterais, musculatura mais distal. 3.2. COLUNA POSTERIOR a) NÚCLEO TORÁCICO: apenas na região torácica e lombar alta (L1 e L2). PROPRIORECEPÇÃO INCONSCIENTE. Contem axônios cordonais de projeção cujos axônios vão ate o cerebelo. b) SUBSTÂNCIA GELATINOSA: recebe fibras sensitivas que entram pela raiz dorsal. Nela funciona o chamado PORTÃO DA DOR, um mecanismo que regula a entrada no sistema nervoso de impulsos dolorosos. EXPLICAR A NEUROFISIOLOGIA DAS VIAS ASCENDENTES E DESCENDENTES DA MEDULA. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 SUBSTÂNCIA BRANCA TRATOS E FASCÍCULOS As fibras da substância branca agrupam-se em tratos e fascículos que formam as vias por onde os impulsos nervosos sobem e descem. Tratos e fascículos descendentes = constituem as VIAS DESCENDENTES Tratos e fascículos ascendentes = constituem as VIAS ASCENDENTES Fibras ascendentes e descendentes (neurônios cordonais de associação) = VIAS DE ASSOCIAÇÃO VIAS DESCENDENTES (MOTORAS) São formadas por fibras que se originam no córtex cerebral e em áreas do tronco encefálico e terminam fazendo sinapses com neurônios medulares. Algumas fibras terminam nos neurônios pré- ganglionares do sistema nervoso autônomo, constituindo as vias descendentes viscerais. A) NEURÔNIOS PRÉ-GANGLIONARES = SN autônomo = VIAS DESCENDENTES VISCERAIS B) NEURÔNIOS SOMÁTICOS = VIAS MOTORAS DESCENDENTES SOMÁTICAS (dividem em piramidais e extrapiramidais, porém atualmente essa divisão não é mais válida) A via descendente motora é classificada em dois sistemas, lateral e medial. SISTEMA LATERAL O sistema lateral da medula abrange dois tratos que conduzem impulsos nervosos aos neurônios da coluna anterior da medula: TRATO CORTICOESPINHAL LATERAL: Se origina no córtex-motor. - Possui a função de motricidade voluntária da musculatura distal. TRATO RUBROESPINHAL: Se origina no núcleo rubro do mesencéfalo. Possui a mesma função do trato corticoespinhal lateral. MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA CRUZADA: Os dois tractos são cruzados, ou seja, o córtex de um hemisfério cerebral controla os neurônios motores do lado aposto na medula. SISTEMA MEDIAL Abrange os seguintes tratos: TRATO CORTICOESPINHAL ANTERIOR: origem no córtex motor - Função de motricidade voluntária axial e proximal dos membros superiores. TRATO TETO ESPINHAL: origem no teto do mesencéfalo (COLÍCULO SUPERIOR) - Função de orientação sensorial motora da cabeça. TRATO VESTÍBULOESPINHAL LATERAL: origem no núcleo vestibular na área vestibular do IV ventrículo - função de ajustes posturais para a manutenção do equilíbrio. TRATO VESTÍBULOESPINHAL MEDIAL: origem no núcleo vestibular medial. - função de ajustes posturais da cabeça e tronco. TRATO RETÍCULO ESPINHAL PONTINO: origem na formação reticular pontina – ativa a musculatura extensora do MI, postura e motricidade voluntaria da musculatura axial e proximal dos membros. TRATO RETÍCULO ESPINHAL BULBAR: origem na formação reticular bulbar – relaxa a musculatura extensora do MI e motricidade voluntaria da musculatura axial e proximal dos membros. Todos esses tratos terminam ligando em neurônios internunciais, na medula, através dos quais eles se ligam aos neurônios motores situados na parte medial da coluna anterior. VIAS ASCENDENTES As fibras que formam as vias ascendentes estabelecem contato com as fibras que compõe a raiz dorsal do nervo espinhal, trazendo impulsos aferentes de várias partes do corpo. DESTINO DAS FIBRAS DA RAIZ DORSAL Cada filamento radicular ao chegar no sulco lateral divide-se em dois grupos: Lateral e Medial. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 Fibras do grupo lateral: são finas e se dirigem ao ápice da coluna posterior Fibras do grupo medial: dirigem-se à face medial da coluna posterior. Antes de penetrar na coluna posterior – cada uma dessas fibras se bifurcam formando um ramo ascendente e outro descendente (sempre mais curto). Todos esses ramos terminam na coluna posterior da medula, exceto um grande número de fibras medial – os ramos terminam no bulbo. Esses ramos formam as fibras dos fascículos grácil e cuneiforme, que ocupam os funículos posteriores da medula e terminam fazendo sinapses nos núcleos grácil e cuneiforme. Impulsos nervosos que chegam por uma única fibra podem seguir mais de um caminho: a) Sinapses com neurônios motores na coluna anterior: para realização de arcos reflexos simples. Ex Reflexo patelar. b) Sinapses com neurônios internunciais: para realização de arcos reflexos polissinápticos. Neurônio internuncial se liga a neurônio motor. Ex: Reflexo de Flexão. c) Sinapses com neurônios cordonais de associação: para realização de arcos reflexos intersegmentares. Ex: Arco reflexo de Coçar. d) Sinapses com neurônios pré-ganglionares: para a realização de reflexos viscerais. e) Sinapses com neurônios cordonais de projeção: axônios constituem as vias ascendentesda medula - através dessas os impulsos entram pela raiz dorsal e são levados ao Tálamo e ao Cerebelo. Conclui-se então que as fibras que formam as vias ascendentes da medula são ramos ascendentes de fibras da raiz dorsal ou axônios de neurônios cordonais de projeção situados na coluna posterior. VIAS ASCENDENTES DO FUNÍCULO POSTERIOR Nesse funículo existem dois fascículos: grácil e cuneiforme. Eles são formados por ramos ascendentes de fibras longas que terminam no bulbo. Estas fibras são prolongamentos centrais dos neurônios sensitivos situados nos gânglios espinhais. Funículo Grácil: começa no limite caudal da medula. Formado por fibras que penetram na medula pelas raízes coccígea, sacrais, lombares e torácicas baixas. E terminam no núcleo grácil, conduzindo impulsos dos membros inferiores e metade inferior do tronco. Funículo Cuneiforme: evidente a partir da medula torácica alta. Formado por fibras que penetram pelas raízes cervicais e torácicas superiores. Terminam no núcleo cuneiforme, conduzindo impulsos dos membros superiores e metade superior do tronco. Obs: Não existe diferença entre os dois funículos do ponto de vista funcional. Portanto, o funículo posterior é homogêneo funcionalmente e conduz impulsos nervosos relacionados com: a) Propriocepção consciente (cinestesia): permite sem o auxílio da visão, situar uma parte do corpo ou perceber seu movimento. b) Trato discriminativo (epicrítico): permite localizar e descrever as características táteis de um objeto. c) Sensibilidade vibratória: percepção de estímulos mecânicos repetitivos. d) Estereognosia: capacidade de perceber com as mãos, a forma e o tamanho do objeto. VIAS ASCENDENTES DO FUNÍCULO ANTERIOR Nesse funículo localiza-se o trato espino talâmico anterior. Formado por axônios de neurônios cordonais de projeção. Situados na coluna posterior Esses axônios cruzam o plano mediano e fletem-se cranialmente para formar o trato espino talâmico anterior. Cujas fibras nervosas terminam no tálamo e levam impulsos de pressão e tato leves. Esse tato é pouco discriminativo e percebe a fonte de estímulo apenas de maneira grosseira. A sensibilidade tátil tem duas vias na medula: Uma direta – no funículo posterior Outra cruzada - funículo anterior. Por isso, dificilmente se perde toda a sensibilidade tátil nas lesões medulares Exceto quando há transecção do órgão. VIAS ASCENDENTES DO FUNÍCULO LATERAL O trato espino talâmico lateral é formado por neurônios cordonais de projeção que se localizam na coluna posterior. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 Eles emitem axônios que cruzam o plano mediano da comissura branca e chegam ao funículo lateral Onde se fletem cranialmente para formar o trato Sendo que seus fibras terminam no tálamo Esse trato conduz impulsos de temperatura e dor Obs: Quando a dor é intensa e está relacionada com alguma patologia é recomendado a cordotomia - secção do trato espino talâmico lateral O cerebelo é informado de quando os impulsos nervosos chegam na medula e a sua intensidade – pelo trato espinocerebelar anterior DESCREVER A ESCALA DE AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR A escala a seguir, originalmente desenvolvida pelo Medical Research Council of The United Kingdom, atualmente é utilizada de forma universal: 0: contração muscular não visível 1: contração muscular visível com ou sem indício de movimento 2: movimentos dos membros, mas não em relação à gravidade 3: movimento do membro contra a gravidade, mas sem resistência 4: movimento do membro em relação a pelo menos alguma resistência imposta pelo examinador 5: força normal A dificuldade com essa e outras escalas similares é a grande variação de força possível entre os graus 4 e 5. DESCREVER AS PRINCIPAIS SINDROMES MEDULARES O conhecimento das correlações anatomoclínicas é muito importante, pois a correlação entre a localização anatômica de uma lesão e o sintoma clínico observado é um dos processos utilizados para estabelecer o significado funcional de uma área de SNC. As lesões da medula e do tronco encefálico manifestam-se principalmente por alterações de motricidade e sensibilidade. Alterações da Motricidade Podem ser pela própria motricidade voluntária, do tônus ou dos reflexos. Alguns termos acometem a alteração de motricidade: Força Muscular Paresia: diminuição da força muscular Paralisia (ou plegia): Ausência total da força, impossibilitando o movimento. Quando estes sintomas atingem todo um lado do corpo, temos hemiparesia e hemiplegia. Tônus Muscular O tônus é compreendido como o estado de relativa contração em que se encontra permanentemente um mpusculo normal em repouso. As alterações do tônus podem ser: Hipertonia: aumento do tônus Hipotonia: diminuição do tônus Atonia: ausência completa do tônus. Alterações de Sensibilidade As principais alterações da sensibilidade são: Anestesia: desaparecimento total de uma ou mais modalidades de sensibilidade após estimulação adequada. O temo emprega-se mais frequentemente para a perda da sensibilidade tátil, reservando-se o termo analgesia para a perda de sensibilidade dolorosa. Hipoestesia: diminuição da sensibilidade Hiperestesia: aumento da sensibilidade Parestesia: aparecimento, sem estimulação, de sensações espontâneas e mal definidas como, por exemplo, ‘’formigamento’’. Algias: dores, em geral PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 Motricidade As alterações dos reflexos musculotendinosos decorrentes de lesão do sistema nervoso central podem ser: Hiporreflexia: diminuição dos reflexos Hiperreflexia: aumento dos reflexos Arreflexia: ausência dos reflexos Pode haver, ainda, o aparecimento de reflexos patológicos. Ex: quando se estimula a pele da região plantar, a resposta reflexa normal consiste na flexão plantar do hálux. Porém, em caso de lesão do tratocorticoespinhal, ocorre flexão dorsal ou extensão do hálux (sinal de Babinski) Síndrome do Neurônio Motor É resultado de lesão dos neurônios motores da coluna anterior da medula ou dos núcleos motores dos nervos cranianos. Nesse caso, ocorre paralisia com hiporreflexia e hipotonia, denominadas paralisias flácidas. Ocorre também, em pouco tempo, atrofia da musculatura inervada por perda da ação trófica dos nervos sobre os músculos. Síndrome do Neurônio Superior ou Central A lesão localiza-se nas áreas motoras do córtex cerebral ou nas vias motoras descendentes, em especial no trato corticoespinhal. Neste caso, a atrofia muscular é muito discreta, pois os músculos continuam inervados pelos neurônios motores inferiores e o sinal de Babinski é positivo. Lesões da Medula Geralmente ocorre incapacidade permanente sensorial e motora, assim como perda do controle voluntário das funções vesical e intestinal. Diante de suspeita de uma lesão medular, é imprescindível distinguir se a lesão é na medula ou das raízes nervosas. Quando a lesão ocorre nas raízes ventrais, os sinais motores incluem fraqueza, atrofia e perda de reflexos nos músculos inervados pela raiz. Quando a lesão acomete as raízes dorsais, haverá perda total de sensibilidade no dermatómo correspondente à raíz lesada. A identificação dos locais de lesão radiculares pode ser feito através dos mapas de dermátomos e de território de inervação radicular. Lesão da coluna anterior Poliomielite Também conhecida como Paralisia Infantil, é desencadeada por um vírus que destrói especificamente os neurônios motores da coluna anterior. Neste caso, desencadeia uma síndrome do neurônio motor inferior, ou seja, paralisia flácida nos músculos correspondentes à área da medula que foi lesada, seguida, depois de algum tempo, de hipotrofia desses músculos. Quando a destruição acomete os neurôniosresponsáveis pelos movimentos respiratórios, pode haver insuficiência respiratória, podendo levar a morte. Esclerose Lateral Amiotrófica Doença que lesiona os neurônios motores alfa, acarretando a motricidade voluntária, mantendo a sensibilidade. A causa não está totalmente estabelecida. Tabes Dorsalis Consequência da neurossífilis, ocorre lesão das raízes dorsais, especialmente da divisão medial destas raízes. Também são destruidos os funículos grácil e cuneiforme. Como consequência ocorre a perda das funções: PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 Perda da propriocepção consciente: na prática isso se manifesta por perda cinestesia, ou seja, do sentido de posição e de movimento. Perda do tato epicrítico: em virtude da qual o indivíduo perde a discriminação tátil. Perda da sensibilidade vibratória e da estereognosia Hemissecção da Medula A hemissecção da medula desencadeia a síndrome de Brown-Séquard. Os pacientes desenvolvem paralisia ipsolateral espástica, perda da percepção da postura abaixo da lesão e perda contralateral de dor e sensação térmica. Siringomielia Decorre pela formação de uma cavidade no canal central da medula, levando à destruição da substância cinzenta intermédia central e da comissura branca. Esta destruição interrompe as fibras que formam os dois tratos espinotalâmicos laterais, quando eles cruzam ventralmente ao canal central. Acarreta perca da sensibilidade térmica e dolorosa de ambos os lados, em uma área correspondente ao dermátomo relacionado com a fibra lesada. Transecção da Medula Decorre secção completa da medula após sofrer um traumatismo. Nesse caso, o paciente entra em estado de choque espinhal. Esta condição caracteriza-se pela perda da sensibilidade, dos movimentos e do tônus nos músculos inervados pelos segmentos medulares situados abaixo da lesão. Há, ainda, retenção de urina e de fezes e perda da função erétil. Contundo, após um tempo, reaparecem os movimentos reflexos que se tornam exagerados, aparece também o sinal de Babinski. A eliminação de urina e de fezes passa a ser feita reflexamente, ou seja, sem controle voluntário. A ereção só é possível com estimulação manual. Compressão da Medula Decorre com maior frequência em casos de CA. Ao longo do tempo, um tumor que se desenvolve no canal vertebral pode comprimir a medula de fora para dentro, resultando em sintomatologia variável, dependendo a posição do tumor. Inicialmente pode aparecer dores em determinados dermátomos que correspondem às raizes dorsais comprometidas. Com o progredir da doença, aparecem os sintomas de comprometimento de tratos medulares. Um tumor que surge dentro da medula comprime, a mesma, de dentro pra fora, causando pertubações motoras por lesão do trato corticoespinhal lateral. Há também perda da sensibilidade térmica e dolorsa, por compressão do trato espinotalâmico lateral. Secção Cirúrgica dos tratos Espinotalâmicos laterais (Cordotomias) Medida alternativa em casos de dor não aliviada com medicamentos, resultante principalmente de tumores malignos. Processo consiste na secção cirúrgica do trato espinotalâmico lateral, acima e do lado oposto ao processo doloroso. Neste caso, haverá perda da dor e de temperatura do lado oposto, a partir de um dermátomo abaixo do nível da secção. Em caso de tratamento de dores viscerais, é imprescindível a cirurgia bilateral, em vista do grande número de fibras não cruzadas, relacionadas com a transmissão deste tipo de dor.
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