Buscar

Princípios recursais fundamentais

Prévia do material em texto

Direito Processual Civil II
PRINCÍPIOS RECURSAIS FUNDAMENTAIS:
1. Princípio do duplo grau de jurisdição: princípio constitucional implícito, devido a
criação das instâncias pela Constituição
a. Quanto à abrangência: cabe ao legislador prever as hipóteses desses
recursos
2. Princípio da colegialidade: princípio implícito, onde o “juiz natural” das decisões
proferidas no âmbito dos Tribunais componentes do judiciário brasileiro é o órgão
colegiado, exemplo disso é o art 932, que permite que o relator manifeste-se
isoladamente em nome do colegiado.
a. Segue o mecanismo de reserva do plenário, prevista expressamente pela CF
3. Princípio da taxatividade (CPC, art 994, mas nem todos os recursos estão no
art 994): princípios explícitos e formais, somente o legislador pode prever
recursos
a. Sucedâneos recursais (Pedido de reconsideração, Correição parcial, Remessa
necessária, Pedido de suspensão de liminar) não são recursos previstos
legalmente.
b. Exceções ao art 994: embargos infringentes (cabível em 1º grau para julgar
execução fiscal igual ou inferior a 50 ORTN - art 34 da LEF), recurso
inominado (juizados especiais cíveis - art 41 da LJE), agravo inominado ou
interno (referente a decisão interlocutória que suspende a eficácia da
medida liminar concedida em mandado de segurança, ação civil pública, a
pedido da entidade do direito público - art 4 da lei 4348/1964 e art 12, da
LACP)
c. Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:
I - apelação; (para sentenças, às vezes, para decisões interlocutórias)
II - agravo de instrumento; (decisões interlocutórias)
1
III - agravo interno; (colegiamento de decisões monocráticas proferida por
tribunais)
IV - embargos de declaração; (para esclarecer e integrar decisões)
V - recurso ordinário; (matéria constitucional julgada pelo STF e STJ, art 1027)
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; (viabilizar recurso
inadmitido pelos tribunais)
IX - embargos de divergência. (viabilizar a uniformização de jurisprudência
entre órgãos fracionários do STF e STJ)
● SUCEDÂNEOS RECURSAIS:
○ REMESSA NECESSÁRIA: era chamado de recurso de ofício
(apelação ex officio), mas ele não é recurso, pois recursos são
voluntários, não necessários
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito
senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e
suas respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução
fiscal.
● É uma prerrogativa em processos contra fazenda pública (membros
da administração pública direta e indireta), pois quando se tem uma
sentença com resolução do mérito que contraria o interesse público
primário ou secundário (adm. direta e indireta), a decisão não
produzirá efeitos (plano da eficácia, pois já existe e já é válida, em
2
tese) enquanto não for confirmada, é um duplo grau de jurisdição
obrigatório. Possui efeito translativo pleno
● Caso os casos sejam julgados procedentes, total ou em parte, visto
que o exequente é a fazenda pública, a execução fiscal será recorrida
pelo réu através de embargos
● Art 496. (...)
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo
legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o
presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. (de ofício ou a
requerimento)
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa
necessária.
(limite de alçada) § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a
condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e
líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e
fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal,
as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios
que constituam capitais dos Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e
respectivas autarquias e fundações de direito público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença
estiver fundada em: (pois já existe o entendimento vinculante à
administração pública, dispensando, assim, a remessa necessária
prevista no art 496, desde que seja atual e não defasada, mas pode
ser aplicado no mandado de segurança, por exemplo)
I - súmula de tribunal superior; (súmula vinculante)
3
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; (súmula
vinculante)
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência; (súmula vinculante)
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no
âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em
manifestação, parecer ou súmula administrativa.
4. Princípio da singularidade recursal (Art. 1013, parágrafo 5º do CPC): também
chamado de princípio da unirrecorribilidade, referente a cada recurso possui
uma única função específica
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
(...)
§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é
impugnável na apelação. (Código de 2015 veio para solucionar esse impasse:
quando a tutela antecipada é concedida no corpo da sentença, apesar de
parecer decisão interlocutória, por ser uma tutela provisória junto da tutela
definitiva, é uma SENTENÇA, por isso o único recurso cabível é a apelação,
quando a tutela antecipada consta nas decisões interlocutórias, o recurso
cabível é agravo de instrumento)
Singularidade é a característica única e mais adequada de um tipo de recurso para
cada tipo de ação e a finalidade que se deseja do recurso. Ou seja, cada ação tem
sua forma singular de recurso que melhor lhe adequa.
Exemplo: o recurso de uma ação, pode ser os embargos de declaração, mas o
recurso que vier após as sentenças de embargos, não serão mais referentes a ação,
serão recursos apelando referentes aos embargos de declaração.
1. Para a sentença cabe apelação (art. 1009 CPC)
4
2. Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento, principalmente,
mas também cabe apelação e contrarrazões (art 1015 CPC)
3. Das decisões monocráticas cabe agravo interno
Exceção a unirrecorribilidade: recurso especial (lei federal) e recurso extraordinário
(matérias constitucionais), apesar de tratarem de matérias diferentes, o mesmo
acórdão pode tratar dos dois recursos interpostos simultaneamente, sendo dois
recursos referentes à mesma sentença. Os embargos de declaração fundados em
omissão é um recurso opcional, podendo a outra parte atacar com outro recurso
admitido (apelação), ou seja, haverá dois recursos admitidos contra o mesmo ato.
5. Princípio da fungibilidade (Art 1024, parágrafo 3º do CPC): referente a
substituição recursos por outros recursos (deriva da instrumentalidade das
formas)
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se
entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo
a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º .
Pelo princípio da singularidade, caso o recorrente interponha o recurso de forma
errada, ele não será admitido. Entretanto, caso o erro do recurso seja escusável,
desculpável, como em casos de dúvida jurisprudencial ou doutrinárias, visto que as
opiniões são divergentes em alguns assuntos do sistema recursal como um todo
(não será admitido insegurança ou despreparo intelectual do profissional), o órgão
julgador poderá aceitar o recurso equivocado, desde que seja coerente à situação,
não transitando em julgado devido ao equívoco,garantindo uma duração razoável
do processo, dando o prazo de 05 dias apenas para complementar os fundamentos
(princípio da colaboração judicial). O Código de 1939 aceitava o recurso inadequado,
desde que não fosse um erro grosseiro ou de má-fé, o Código atual também adotou
essas exigências, além da dúvida referente a doutrina e jurisprudência.
● Casos em que são admitidos o princípio da fungibilidade
5
○ Lei processual que denomina as sentenças de decisões
interlocutórias, induzindo a parte a errar na escolha do recurso
idôneo, de forma obscura e imprópria à situação
○ Discussões complexas e divergentes na doutrina ou jurisprudência a
respeito da natureza jurídica de certo ato processual, como acontece
com a decisão que, antes da sentença final da causa principal, decide
ação declaratória incidental
○ O juiz profere um ato judicial em lugar de outro, chamando-se e
dando-se forma de sentença a uma decisão interlocutória, ou
vice-versa. Entretanto, é a hipótese menos utilizada do princípio da
fungibilidade, pois deve-se levar em consideração o conteúdo
finalístico do ato: se decide sem extinguir processo, é decisão
interlocutória, se decide extinguindo processo, com ou sem resolução
do mérito, é sentença.
○ Ausência de erro grosseiro, quando o recurso evidentemente não é
cabível, quando se interpõe recurso diverso ao que a legislação prevê
6. Princípio da dialeticidade recursal (Art. 932, inc III do CPC): a dialeticidade vem
de discursivo, ou seja, fundamentado de fatos e de direitos.
Onde na apelação deverá conter como referência a sentença para a discussão a
qual o recorrente está inconformado, devendo evidenciar as razões (error in
procedendo ou error in judicando) pelas quais a decisão precisa ser anulada,
reformada, integrada ou complementada, nos casos em que isso não ocorre,
chama-se de recursos genéricos, onde a petição recursal não apresenta os mesmos
moldes de fundamentação da petição inicial (diálogo entre elas), e leva a não
aceitação da petição recursal (inépcia). Todos os recursos devem ser interpostos em
conformidade com a fundamentação jurídica e processual.
Art. 932. Incumbe ao relator:
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
Na apelação (recurso ordinário) deve constar na fundamentação: fixar os limites de
sua conformidade (tantum devolutum quantum apellatum - devolução ao tribunal para
6
que seja conhecida apenas a parte impugnada) e permitir ao recorrido o exercício do
direito de respostas
7. Princípio da voluntariedade (Arts. 998 a 1000 do CPC): dependente da vontade
da parte
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso. (desistência do recurso é livre)
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja
repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos
extraordinários ou especiais repetitivos.
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato
incompatível com a vontade de recorrer.
● desistência do processo x desistência do recurso: a parte pode desistir do
recurso, mas não pode desistir do processo livremente depois citação do
réu, antes da citação sim. Após a citação o juiz só poderá extinguir o
processo depois de ouvir o réu, visto que este tem o direito subjetivo à
resolução de mérito e pode se opor à extinção do processo.
○ Desistência do processo em primeira instância: extingue sem
resolução de mérito, não fazendo coisa julgada
○ Desistência do recurso: desistência é livre, independente da anuência
do recorrido, pois a resolução do mérito já foi discutida na primeira
instância, transitando em julgado a decisão recorrida,
subentendendo-se que a parte prejudicada na primeira instância
(recorrente) aceitou a resolução do mérito dada na sentença, seja
com resolução ou sem resolução, fazendo assim, a coisa julgada
material e processual
○ Mandado de segurança: é uma ação constitucional, que assegura um
direito certo, o Supremo entendeu que a desistência é em qualquer
7
tempo, pois como ela impugna um ato administrativo é aceitável a
desistência em qualquer grau de jurisdição, presumindo-se
legitimidade do poder pública, extinguindo o processo sem resolução
de mérito
● Renúncia e aceitação:
○ Renúncia: pode ser renunciado o direito de recorrer, visto que o
recurso é voluntário da parte e independe da aceitação da parte
recorrida. A aceitação da renúncia pelo juiz é irrevogável, mas é
possível anular a renúncia em si, caso seja demonstrado um vício de
vontade referente ao ato da renúncia (renúncia feita sobre coação,
com erros de fato, etc).
○ Aceitação: Caso a parte prejudicada aceite tacitamente ou
expressamente a sentença, cumprindo o que fora proferido na
sentença (pagar o credor, por exemplo) perde o direito a recurso,
acarretando em uma preclusão lógica, a menos que declare
expressamente que o cumprimento imediato da sentença refere-se
ao receio das consequências do descumprimento (os juros pela mora
do pagamento, por exemplo), alegando também expressamente o
desejo de recorrer não somente a decisão judicial, mas ao
ressarcimento do “valor” pago com o cumprimento imediato da
sentença.
● Recursos com repercussão geral reconhecida, RE e REsp repetitivos (art. 998,
parágrafo único): sistema para racionalizar as decisões em causas
repetitivas, frequentemente temos a criação de teses que afetam uma
multidão de pessoas (teses multitudinárias), exemplo: litisconsórcio
multitudinário paralelamente a diversas ações individuais sobre correção
monetária do FGTS, o judiciário criou um mecanismo para racionalizar,
criando uma celeridade e isonomia nas decisões, dessa forma, promove-se
uma ação para ser o “leading case” ou “caso piloto”, que irá recorrer e será
encaminhado para o ramo dos recursos repetitivos, mas caso o recursos
esteja prestes a ser rejeitado pelo tribunal, o autor do recurso pode desistir
para que não haja prejuízo para os demais casos, entretanto, o art 998 visa
evitar que isso ocorra, promovendo que, mesmo que haja desistência do
8
recurso piloto, o tribunal poderá analisar o caso geral no futuro, visto que é
de interesse da população em geral.
Art. 998. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise
de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela
objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos
8. Princípio da consumação: art 200, caput. do CPC
Ao interpor o recurso, está consumado o direito de recorrer, não podendo
modificar o recurso interposto (não pode haver aditamento ou complementação à
peça recursal, mesmo que dentro do prazo, salvo a exceção prevista no princípio da
complementaridade). Pode apenas manifestar a vontade de apelar, consumando
preclusão se for dentro do prazo. Caso desista de recorrer, após a proposição da
parte contrária, não poderá mais fazê-lo, pois pressupõe-se conformismo e a
chamada preclusão temporal. Caso o prazo recursal não tenha vencido, desistira de
recurso independente, a parte contrária propõe recurso, ainda poderá recurso
adesivo
9. Princípio da complementaridade (Art. 1024, parágrafo 4º do CPC):
Uma vez interposto o recurso, juntamente com as razões do inconformismo, não é
mais permitido o expediente de complementar o recurso, mesmo que ainda não
tenha transcorrido o prazo cominado na lei para tal recurso, ou seja, se o recorrente
interpoẽ o recurso de apelação no primeiro dia do prazo recursal, não poderá aditar
o recurso no 15º dia (prazos de 15 dias), chama-se de preclusão consumativa.
Art. 1024.
(...)
§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada,o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão
originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da
modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos
embargos de declaração.
9
Exceção ao princípio da consumação:
● Pedro promove ação de indenização por perdas e danos e lucros cessantes
contra Caio. O magistrado condena Caio a pagar a indenização a título de
perdas e danos, mas permanece omisso quanto a indenização por lucros
cessantes. Inconformado, Caio interpõe recurso de apelação para reformar a
sentença a qual foi vencido, ao mesmo tempo que Pedro opõe embargos de
declaração contra a decisão por conta do pedido que ficou omisso. Dando
preferência aos embargos de declaração propostos por Pedro, o juiz sana a
omissão e também condena Caio a pagar as indenizações por lucros
cessantes. Sendo assim, a apelação proposta por Caio e aceita pelo juiz,
encontra-se desatualizada em relação à sentença e o recurso operou
preclusão consumativa, visto que ao julgar os embargos, o juiz declarara que
Caio, além de ter de pagar indenização por perdas e danos, terá de pagar
indenizações por lucros cessantes também. Dá-se o prazo de 15 dias para o
recorrente modificar ou complementar o recurso visando se adequar a
situação atual. Caso o embargo de declaração de Pedro seja rejeitado, por
erro formal ou processual, não há qualquer direito à complementaridade
por Caio. Assim como se Caio não tivesse interposto recurso até a sentença
reformada, também não há de se falar em complementariedade.
QUESTIONAMENTOS:
● Qual o conceito jurídico de recurso?
○ “Recurso é o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a
reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que
se impugna” - José Carlos Barbosa Moreira
● O recurso adesivo é uma espécie de recurso?
○ Não, é uma forma de recorrer. Pode ser feito em recurso ordinário, especial
e extraordinário.
● Para que serve a remessa necessária?
10
○ Prerrogativa da fazenda pública para preservar os interesses da
administração direta e indireta, é o duplo grau de jurisdição obrigatório para
que a decisão produza efeitos, não é voluntário, portanto, não é classificado
como recurso
● O que é a dialeticidade recursal?
○ O princípio da dialeticidade recursal é onde na apelação deverá conter como
referência a sentença para a discussão, nos casos em que isso ocorre,
chama-se de recursos genéricos, equivalentes a petição inicial, mas não
referentes a sentença, produzindo um vício na aceitabilidade do recurso
● A desistência do recurso leva à extinção do feito com ou sem resolução do mérito?
○ Depende. Caso o processo tenha sido sentenciado com resolução de mérito,
pois a resolução do mérito já foi discutida na primeira instância, sendo assim
transita em julgado a decisão recorrida, subentendendo-se que a parte
prejudicada na primeira instância (recorrente) aceitou a resolução do mérito
dada na sentença, seja com resolução ou sem resolução
■ 1ª instância: sentença sem resolução. Recorre, mas desiste. Há uma
extinção sem resolução do mérito.
■ 1ª instância: sentença com resolução. Recorre, mas desiste. Há uma
extinção com resolução do mérito.
10. Princípio da primazia de julgamento de mérito (CPC, art. 4; art. 932, parágrafo
único e art. 1029, parágrafo 3º): é a flexibilização do formalismo processual
que leva à extinção do processo, aproveitando o ato processual para o mérito
Instrumentalidade do processo é a formalidade essencial para chegar ao fim
desejado de forma eficaz, baseado na decisão de resolução do mérito,
podemos ter a legitimidade e o devido exercício do direito material, seja em
uma demanda inicial, seja em uma demanda recursal.
O novo CPC trouxe esse princípio para que nos recursos também seja
assegurado ao recorrente a resolução do mérito, em casos de vício (sanável)
11
no recurso. Visto que os reguladores, por muitas vezes, extinguiam o
processo por vício no recurso, resultado de um direito positivista excessivo e
de uma jurisprudência defensiva. Por exemplo, antes os magistrados tinham
muitos casos para julgar, então caso a parte entrasse com recurso especial,
quando o recurso cabível é o recurso extraordinário, extingue-se o processo
e passava para o próximo caso, ainda que o vício formalíssimo fosse sanável.
Art. 932. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator
concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou
complementada a documentação exigível.
11. Princípio da proibição da reforma para piorar (proibição da reformatio in
pejus), também denominado de princípio da personalidade, do efeito
devolutivo ou de defesa da coisa julgada parcial: não se pode agravar a
situação do recorrente, mesmo que recurso seja improcedente, deve-se
manter a situação da sentença julgada.
Acontece em casos de que a sentença julga procedente em partes, o que é
julgado improcedente poderá ser recorrido total ou em partes. Mas nada
impede que o vencido recorra a parte que fora julgada procedente (ao
mesmo tempo ou sozinho).
Na fase recursal, o juiz constata que a parte que foi conferida procedente
está prescrita e que a recorrente não tem direito a nenhum dos pedidos.
Destaca-se aqui o princípio da reforma para piorar, onde há uma proibição
do tribunal de piorar o pedido inicial julgado procedente, há um limite na
extensão do efeito devolutivo, o tribunal na fase recursal é competente
apenas para julgar os pedidos recorrentes (tantum devolutum quantum
apellatum)
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
impugnada.
§1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido
solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.
12
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher
apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
Todos os fundamentos do capítulo impugnado podem ser rediscutidos, ou
seja, a profundidade da cognição é ampla a todo tempo ou grau de jurisdição
do processo, mas a situação já julgada procedente não será afetada na
prática, apenas será negado o provimento do recurso.
Não se aplica a regra da proibição da reforma para piorar quando ambos os
pólos do processo interpõem recursos, visto que a aceitação de um recurso,
em geral, piora a situação do pólo oposto.
● Súmula 45 STJ. “No reexame necessário é defeso, ao Tribunal, agravar a
condenação imposta à Fazenda Pública.” Devido a translatividade dos
efeitos de julgamento da remessa necessária, é permitido a
reapreciação do pedido em que a Fazenda Pública fora vencida,
podendo, agravar ainda mais a condenação desta, a menos que a
parte vencedora em partes, apele, devido ao efeito devolutivo, haverá
uma apreciação de toda a matéria recorrida, não cabendo falar em
reforma para piorar
13

Continue navegando