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GASTROENTEROLOGIA PANCREATITE AGUDA Julya Pavão PANCREATITE AGUDA · Definição: Processo inflamatório agudo do pâncreas que pode envolver também tecidos peripancreáticos e/ou sistemas de órgãos remotos. · Critérios clínicos: · Dor abdominal característica; · Níveis séricos de amilase ou lípase >=3 vezes o limite superior da normalidade; alterações específicas na TC ou RNM. · Critérios de gravidade: · Falência de múltiplos órgãos: · Choque (PA < 90 mmHg); · Insuficiência respiratória (Pa)2 < 60 mmHg); · Insuficiência renal (creatinina sérica > 2 mg/dL após reidratação); · Sangramento gastrointestinal (> 500 mL/24h). · Complicações locais: · Necrose pancreática (> 30% do parênquima ou > 3 cm na TC abdome); · Abscesso pancreático; · Pseudocisto pancreático. · Sinais de prognóstico desfavorável: · Critérios de Ranson >= 3 e/ou APACHE II>=8. · Classificação: · Leve ou intersticial (80%); · Grave ou necrotizante (15 a 20%). · Prevalência: · EUA: 210.000 internações por ano e segunda causa de admissão hospitalar; · Mortalidade geral de 5%; · A epidemia da obesidade e doenças biliares tem aumentado a incidência de pancreatite aguda; · Pancreatite intersticial ocorre em 80% dos casos (mortalidade de 3%); · Pancreatite necrotizante ocorre em 20% dos casos (mortalidade de 17%). · Patogenia: evento inicial – ação da catepsina sobre o tripsinogênio – secreção da tripsina – ruptura dos vacúolos acinares – liberação adicional de enzimas – ativação de sistemas – quimiotaxia e liberação de citocinas – lesões microvasculares – pancreatite. · Litíase biliar: · Migração de cálculos biliares respondem por 40% dos casos; · Mecanismos: · A) Edema transitório da papila comprometendo o esvaziamento pancreático; · B) Refluxo biliar pela passagem do cálculo pela ampola de Vater. · Apenas 3 a 7% dos portadores de cálculos biliares desenvolvem pancreatite aguda. · A pancreatite aguda é mais comum em mulheres e pessoas com microlitíase (<5mm). · Pancreatite alcoólica: · Segunda causa mais comum de pancreatite aguda (30%); · Representa uma manifestação aguda de pancreatite crônica; · Surgem após ingesta prolongada por mais de 5 anos e ingesta >50 g/dia; · Cerca de 5% a 10% dos etilistas pesados desenvolverão pancreatite; · Fatores genéticos e ambientais podem estar envolvidos; · Predomínio no sexo masculino. · Hipertrigliceridemia: · Ocorre em 1,3 a 3,8% dos casos e é uma importante causa de PA não traumática; · Valores de triglicerídeos plasmáticos acima de 1.000 mg/dL com predomínio de VLDL (ver low density lipoprotein) e quilomícrons são de alto risco para pancreatite. · Mecanismo: · A) Desconhecido; · B) Liberação de ácidos graxos livres; · C) Lesão direta de células acinares e do endotélio. · Causas secundárias: medicamentos (estrógenos, tamoxifeno, inibidores de protease, corticóides), diabetes, hipotireoidismo, síndrome nefrótica. · Drogas: · Causa incomum, respondendo por aproximadamente 1,4% dos casos; · Problema: é subestimado pelos seguintes motivos: dosagem não rotineira de amilase; período de latência entre a exposição e efeito adverso variável; foco em causas mais freqüentes como álcool e litíase biliar; · Mecanismo: · A) Efeito tóxico direto; · B) Reação de hipersensibilidade. · Drogas sabidamente associadas: antiretrovirais (Didanosina); antimicrobianos (Tetraciclina), Diuréticos (Furosemida), AINHs (Salicilatos); drogas usadas nas DII (Mesalazina). · Pâncreas divisum: · Anomalia pancreática congênita; · Falha na fusão do ducto dorsal e ventral durante o segundo mês de gestação; · O tratamento endoscópio ou cirúrgico visa reduzir a obstrução do fluxo. · Disfunção do esfíncter Oddi: · Mecanismo: diminuição do fluxo esfincteriano de bile; · Manometria com pressão >= 40 mmHg. · Pancreatite aguda recorrente: · Investigação inicial: história + exame físico + laboratório + imagem; · 70-80%: biliar/alcoolica/metabólica/drogas; · 10-15%: microlitíase/obstrução do DPP/genética; · 10-20%: idiopática. · Diagnóstico clínico: · O sintoma mais frequente é a dor abdominal em cinta, podendo irradiar-se para o dorso; · Náuseas e vômitos estão presentes em 90% dos casos; · Febre, leucocitose, taquicardia, hipocapnia ou taquipneia, hipotensão e íleo paralítico são características de inflamação sistêmica. · Icterícia está relacionada à pancreatite biliar. · Massa palpável está relacionada à inflamação e coleção líquida peripancreática (pseudocistos). · Diagnóstico clínico: · Sinal de Gray-Turner e Cullen; · Paniculite (inflamação na pele); · Sinal de Fox; · Retinopatia de Purtscher. · 2 sinais positivos indicam pancreatite aguda: dor abdominal característica; amilase e lípase sérica >=3 vezes p limite superior da normalidade; achados característicos na tomografia. · Amilase (enzima produzida pelas glândulas salivares e pelo pâncreas): detectada 6 a 12h na pancreatite aguda; permanece elevada por 3 a 5 dias; amilase sérica >=3 vezes o limite superior (sensibilidade de 85%). · Lipase: igual sensibilidade e maior especificidade; permanece alterada por 7 a 10 dias; amilase e lípase maiores que 3 vezes o valor normal. Especificidade de 95%. · Marcadores biológicos: baixa aplicabilidade clínica; proteína C reativa; correlação clínica e avaliação prognóstica. · Exames de imagem (TC/RMN): diagnóstico não claro; falha na melhora clínica (48 a 72h); presença de complicações. · Critérios prognósticos: · Laboratorial: critérios prognósticos de Ranson e Score APACHE-II. · Radiológico: critérios radiológicos de Balthazar. · Critérios de Ranson: · Na admissão: · Idade > 55 anos; · Leucócitos > 16.000/mm³; · Glicemia > 200 mg/dL; · DHL > 350 UI/L; · AST > 250 UI/L · Nas 48 horas: · Queda do hematócrito > 10%; · Elevação da uréia > 10 mg/dL; · Ca < 8 mg/dL; · PaO2 > 55 mmHg; · Déficit de base > 4 mEq/L. · Pontuação < 3 = 0-3% de risco de mortalidade; pontuação >=3 = 11-15% de risco de mortalidade; pontuação >=6 = 40% de risco de mortalidade. · Critérios prognósticos de APACHE II: pontuação >= 8 = grave. · Critérios radiológicos de Balthazar: · Critérios de gravidade à tomografia: normal, aumento focal ou difuso, inflamação peripancreática, coleção líquida única. · Índice de gravidade à tomografia. · Índice de gravidade x morbidade x mortalidade. · Pontuação >=6 = grave. · Tratamento: · Conservador: · Internação do paciente (equipe médica multidisciplinar; caráter imprevisível da patologia com possíveis complicações; realização de exames; acompanhamento da evolução; ênfase nos casos de necrose); · Prescrever cuidados terapêuticos iniciais (nutrição; analgesia; hidratação; antibiótico); · Investigar o fator etiológico; · Caracterizar a forma da pancreatite aguda; · Prevenir e tratar a necrose pancreática. · Dieta oral deve ser iniciada precocemente (dentro das 24h) conforme tolerada (reduz a translocação bacteriana e o risco de infecção; não há necessidade de ser dieta líquida; em caso de intolerância por via oral optar por sonda). · Hidratação é fundamental. · Analgesia via endovenosa: derivados da meperidina 10 mg EV 4/4h ou 6/6h; cloridrato de tramadol 100-150 mg EV 6/6h ou 8/8h; morfina 2 mg EV 4/4h ou 6/6h; dipirona 320 mg/h (1° opção). GASTROENTEROLOGIA PANCREATITE AGUDA Julya Pavão PANCREATITE AGUDA · Definição: Processo inflamatório agudo do pâncreas que pode envolver também tecidos peripancreáticos e/ou sistemas de órgãos remotos. · Critérios clínicos: · Dor abdominal característica; · Níveis séricos de amilase ou lípase >=3 vezes o limite superior da normalidade; alterações específicas na TC ou RNM. · Critérios de gravidade: · Falência de múltiplos órgãos: · Choque (PA < 90 mmHg); · Insu ficiência respiratória (Pa)2 < 60 mmHg); · Insuficiência renal (creatinina sérica > 2 mg/d L após reidratação); · Sangramento gastrointestinal (> 500 mL/24h). · Complicações locais: · Necrose pancreática (> 30% do parênquima ou > 3 cm na TC abdome); · Abscesso pancreático; · Pseudocisto pancreático. · Sinais de prognóstico desfavorável: · Critérios de Ranson >= 3 e/ouAPACHE II>=8. · Classificação: · Leve ou intersticial (80%); · Grave ou necrotizante (15 a 20%). · Prevalência: · EUA: 210.000 internações por ano e segun da causa de admissão hosp italar; · Mortalidade geral de 5%; · A epidemia da obesidade e doenças biliares tem aumentado a incidência de pancreatite aguda; · Pancreatite intersticial ocorre em 80% dos casos (mortalidade de 3%); · Pancreatite necrotizante ocorre em 20% dos casos (mortalidade de 17%). · Patogenia: even to inicial – ação da catepsina sobre o tripsinogênio – secreção da tripsina – ruptura dos vacúolos acinares – liberação adicional de enzimas – ativação de sistemas – quimiotaxia e liberação de citocinas – lesões microvasculares – pancreatite. · L itía se biliar : · Migração de cálculos biliares respondem por 40% dos casos; · Mecanismos: · A ) Edema transitório da papila comprometendo o esvaziamento pancreático; · B) Refluxo biliar pela passagem do cálculo pe la ampola de Vater. · Apenas 3 a 7% dos portadores de cálculos biliares desenvolvem pancreatite aguda. · A pancreatite aguda é mais comum em mulheres e pessoas com microlitíase (<5mm). · Pancreatite alcoólica : · Segunda causa mais comum de pancreatite agu da (30%); · Representa uma manifestação aguda de pancreatite crônica; · Surgem após ingesta prolongada por mais de 5 anos e ingesta >50 g/dia; · Cerca de 5% a 10% dos etilistas pesados desenvolverão pancreatite; · Fatores genéticos e ambientais podem estar envolvi dos; · Predomínio no sexo masculino. · Hipertrigliceridemia: · Ocorre em 1,3 a 3,8% dos casos e é uma importante causa de PA não traumática; · Valores de triglicerídeos plasmáticos acima de 1.000 mg/dL com predomínio de VLDL (ver low density lipoprotein) e