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Dietoterapia Ambulatorial Nutrição no sobrepeso, na hipertensão e nas dislipidemias Mariana Braga Neves 1ª Edição 2015 EXPEDIENTE Pesquisa de conteúdo Mariana Braga Neves Produção Editorial e Revisão Final Adelson Marques Canudo Capa e Produção Gráfica Bárbara Dal Bianco Benini Freitas Edição Ortográfica e Textual Éverton Oliveira Coordenação de Projeto para mídia digital Lucas França Barbosa Coordenação Geral Adelson Marques Canudo Teresa Cristina Fontes Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro eletrônico poderá ser reproduzida total ou parcialmente sem autorização prévia da A.S. Sistemas. Dietoterapia Ambulatorial - Nutrição no sobrepeso, na hipertensão e nas dislipidemias ISBN nº: 978- 85-65880-29-9 Mariana Braga Neves CRN9 - 2000100325 A.S. Sistemas Rua Professor Carlos Schlo�feld, casa 10 – Clélia Bernardes – Viçosa – MG – CEP 36570-000 Tel: (31) 3892 7700 site: www.assistemas.com.br Ficha catalográfica N518d Neves, Mariana Braga. Dietoterapia Ambulatorial – Nutrição no sobrepeso, na hipertensão e nas dislipidemias [livro eletrônico] / Mariana Braga Neves . – 1.ed. – Viçosa: A.S. Sistemas, 2015. 112 p. 793 Kb / ePUB ISBN: 978-85-65880-29-9 1. Medicina e saúde. I. Título. CDD 610 http://www.assistemas.com.br/ Índice para o catálogo sistemático 1. Medicina e saúde 610 Sumário Dietoterapia Ambulatorial Sumário Módulo 1 Atendimento nutricional individualizado – fichas, interpretação de exames, diagnósticos e propostas para intervenção Elaboração de dietas personalizadas Prescrição de fitoterápicos e ativos funcionais Módulo 2 Sobrepeso e obesidade – epidemiologia, fisiologia e intervenções Nutrição para o emagrecimento e outras opções de tratamento da obesidade Reeducação alimentar: Técnicas e Estratégias Módulo 3 Definições, causas, epidemiologia e consequências Avaliação e tratamento da hipertensão Cuidado nutricional aplicado à hipertensão Módulo 4 Metabolismo lipídico Dislipidemias: tipos, causas e consequências Tratamento e cuidado nutricional aplicado Módulo 5 Atualidades em obesidade e atuação nutricional focada no controle Alimentos funcionais – aplicação no controle da obesidade, hipertensão e dislipidemias Simulação de uma consulta Glossário Apêndice 1 Apêndice 2 Apêndice 3 Apêndice 4 file:///C:/Users/annes/AppData/Local/Temp/calibre_8vuhhzq3/d6n1e4ef_pdf_out/OEBPS/Text/cover.xhtml Apêndice 5 Apêndice 6 APRESENTAÇÃO O presente e-book visa a capacitar os nutricionistas para o atendimento de clientes-pacientes portadores de transtornos como hipertensão, sobrepeso/obesidade e dislipidemia, apresentando os principais pontos que devem ser considerados na elaboração do plano alimentar. Contém um módulo inicial sobre etapas da consulta de nutrição e amplo material para avaliação nutricional e elaboração de orientações nutricionais, além de artigos relacionados a estes três temas. O e-book apresenta ainda uma revisão sobre alimentos funcionais e fitoterápicos relacionados aos assuntos e módulo com atualidades sobre o manejo nutricional dos transtornos abordados. O Autor Módulo 1 A consulta de Nutrição Realizar uma consulta nutricional personalizada é fundamental para o êxito da dieta. Essa consulta deve ser constituída por uma avaliação alimentar, antropométrica, além da análise de antecedentes pessoais e familiares. O nutricionista deve estar apto à interpretação de dados laboratoriais e a estudar os medicamentos usados pelos seus clientes. 1 Atendimento nutricional individualizado – fichas, interpretação de exames, diagnósticos e propostas para intervenção A Nutrição é peça fundamental na promoção da saúde e na garantia de uma melhor qualidade de vida da população. Seja na atenção primária à saúde, seja no planejamento de ações capazes de controlar sintomas e consequências das doenças, o nutricionista tem a sua atuação reconhecida, principalmente na área clínica. O atendimento nutricional consiste primordialmente no ato de realizar uma consulta destinada a avaliar, promover ensinamentos sobre a alimentação saudável, diagnosticar nutricionalmente e elaborar a prescrição capaz de prevenir doenças, melhorar ou amenizar transtornos. O nutricionista pode atuar como autônomo ou como integrante de equipes de saúde. Hospitais, ambulatórios, clínicas, consultórios, residências, centros de saúde são exemplos de locais nos quais o nutricionista pode prestar o seu atendimento nutricional. A consulta de nutrição deve ser cuidadosamente planejada pelo nutricionista que pretende ingressar na área clínica. A consulta pode variar de acordo com o local na qual será prestada. No caso de hospitais, as consultas podem ser prestadas no próprio leito do paciente ou em consultórios, nos casos dos atendimentos para a alta, por exemplo. Em prefeituras, são prestados atendimentos nos Programas de Saúde da Família (PSF’s), policlínicas ou até mesmo nas residências, quando há visita às moradas dos integrantes de uma comunidade. No caso das residências, o atendimento pode se destinar ao acompanhamento de pessoas impossibilitadas de locomoção ou como parte de programas de planejamento da alimentação familiar, como o personal diet. Assim, de acordo com as informações do parágrafo anterior, podemos concluir que não há uma regra para o atendimento nutricional no que diz respeito ao tempo da consulta. Essa é uma dúvida comum quando o profissional começa a realizar os seus atendimentos. Além do objetivo da consulta, são fatores que interferem no tempo do atendimento: o local no qual será prestado, o número de consultas que o nutricionista deve atender em um determinado espaço de tempo e os serviços incluídos na consulta. Quando o nutricionista é o único responsável pelo planejamento das atividades que serão desenvolvidas durante a consulta, sugere- se que o primeiro atendimento de um cliente dure cerca de 1 hora e que os demais (retornos ou novas avaliações) tenham a duração de 30 minutos. Vale lembrar que essa é apenas uma sugestão e que nada impede que o nutricionista organize uma excelente consulta em 30 minutos, por exemplo, caso o local no qual os atendimentos serão realizados tenha uma grande demanda e poucos profissionais disponíveis. As atividades desenvolvidas durante a consulta de nutrição também podem variar de acordo com o local e com o profissional. Para nutricionistas que atuam em consultórios, clínicas particulares, esse é o maior determinante do preço da consulta, pois quanto mais serviços forem oferecidos, maior poderá ser o preço cobrado. No planejamento de uma consulta de nutrição, o profissional ainda precisa pensar nos equipamentos que tem à disposição. Sistematizando o atendimento nutricional Seja para atender hipertensos, portadores de dislipidemia ou obesidade, (grupos estes que serão abordados com mais ênfase neste e-book), ou seja, para realizar atendimentos a atletas, gestantes ou crianças, o primeiro passo é a elaboração da ficha de atendimento. Uma boa ficha de atendimento deve ser capaz de reunir todas as perguntas para a coleta de dados necessária à elaboração do plano alimentar. Entretanto, não deve ser extensa demais para não fadigar o cliente. Pode ainda ser modificada durante o próprio atendimento, de forma que sejam incluídas perguntas convenientes ao problema apresentado pelo cliente, ou excluir informações que não sejam pertinentes. Nos apêndices existentes nesse e-book, encontram-se modelos de fichas que podem ser formatas de acordo com a necessidade de cada profissional. O fundamental é que a ficha deixe o nutricionista bem à vontade para aplicá-la de modo a criar um atendimento nutricional mais dinâmico. A ficha de atendimento deve reunir informações como: Dados pessoais – nome, data de nascimento, ocupação (opcional); Informações gerais sobre hábitos do cliente-paciente – uso ou não de cigarro, bebidas alcoólicas, drogas, medicamentos, consumo de produtos diet/light, integrais; Histórico familiar de doenças; História da doença atual – há quanto tempo apresenta o transtorno?Como surgiu?; Dados sobre o peso – como foi a evolução do peso no último ano? Como era o peso na infância e adolescência?; Informações sobre a atividade física – como é o seu deslocamento diário? Você é responsável pelas atividades domésticas? Pratica exercício? Em que dia da semana? A que horas? Qual modalidade?; Análise da alimentação – saber onde são feitas as refeições, os horários, os alimentos consumidos e as quantidades; Formulário para a avaliação antropométrica – peso, estatura, circunferências, pregas, perímetros; Campos para registro de exames laboratoriais; Diagnóstico, objetivos, conclusão – espaço para o nutricionista colocar as metas, o que combinou com o cliente. Fique ligado! Você vai atuar como autônomo? Pense então na sua consulta! Consulta nutricional – listar o tempo da consulta, o preço da primeira vez e dos retornos e o que a consulta inclui. Adicione também informações sobre os procedimentos que serão feitos, como as avaliações alimentar e antropométrica, a definição de metas, os cálculos de metabolismo e gasto energético. O nutricionista deverá também determinar o tipo de cardápio que oferecerá ao cliente. Será oferecido um cardápio e uma lista de substituição? Serão montados mapas para cada semana do mês? Tudo isso influencia no preço da consulta. Etapas do atendimento personalizado Como dito anteriormente, o tipo de consulta oferecida vai ser definido em função do perfil do paciente-cliente a ser atendido e do seu objetivo. Para que existam mais chances de alcançar esse objetivo, o profissional deve procurar diferenciar a sequência do atendimento e os serviços oferecidos. Ou seja, para cada um dos seus diferentes públicos, o profissional deve estabelecer uma postura, usar materiais distintos e adequados a grupos como gestantes, crianças, esportistas ou idosos, por exemplo. O preenchimento dos dados pessoais é a primeira etapa do atendimento nutricional e pode ser realizada por um atendente ou estagiário, para que, no momento do encontro com o paciente- cliente, o profissional já tenha algum conhecimento sobre o mesmo. Não sendo possível, o próprio nutricionista poderá realizar esse preenchimento. É fundamental que o nutricionista chame o cliente pelo nome e o receba de pé e, de preferência, que vá até a porta. Isso faz com que o paciente se sinta mais bem acolhido. Conhecimento sobre o objetivo da consulta O paciente/cliente deve ser questionado sobre os motivos que o levaram a procurar o profissional e sobre o que espera com a consulta. Nesse momento, muitas vezes o paciente-cliente pode relatar experiências anteriores com outros profissionais e, caso não tenham sido boas, é preciso ter ética e respeitar a conduta e trabalho de outros colegas de profissão e, é claro, ter atenção para que as possíveis falhas não sejam cometidas novamente. Algumas perguntas iniciais são bem-vindas, como: Por que o(a) senhor(a) procurou o atendimento nutricional?; Antes de começarmos a consulta, eu gostaria de saber o que trouxe o(a) senhor(a) ao consultório. Como surgiu a ideia de realizar a consulta nutricional? Pronto! Já temos agora o que motivou o cliente a procurar o atendimento nutricional e já podemos aplicar a ficha de avaliação. Avaliação alimentar A avaliação do consumo alimentar é um importante instrumento, pois, somada a dados clínicos e bioquímicos e à composição corpórea, torna possível identificar alterações do estado nutricional e buscar as corretas estratégias de intervenção. Pode ser realizada pelos seguintes métodos: Recordatório de 24 horas – é um método rápido, que consiste em perguntar ao cliente o que ele comeu no dia anterior ou nas 24 horas que antecederam a consulta. O nutricionista listará essas informações em seu prontuário. O cliente deve informar alimentos, horários, quantidade e outros detalhes que se fizerem necessários; Registro de 3 ou 5 dias – nesse método, o profissional solicitará que o cliente anote todos os alimentos consumidos, com o auxílio de um diário. Mas é importante destacar que, para a sua realização, há a necessidade de uma reconsulta para análise dos resultados ou de uma explicação pré-consulta para que o registro seja feito; Questionário de frequência alimentar – esse questionário pode ser quantitativo ou qualitativo. O profissional fará perguntas sobre grupos de alimentos ao cliente. Exemplo: – Você consome frutas? – Sim (questionário qualitativo). Veja agora um exemplo de questionário quantitativo: Você consome frutas? Sim. Quantas vezes por semana? Três. Quantas frutas por dia? Duas. Dica! Consulte, nos apêndices desse e-book, os modelos de recordatório, registro alimentar e questionário. Uma opção é realizar a investigação da alimentação habitual do cliente. Nessa alternativa, o nutricionista pergunta quais são os alimentos normalmente consumidos em suas refeições, as quantidades, os horários das mesmas e os locais. Seja qual for a técnica escolhida para análise da alimentação é importante que o método esteja de acordo com as características do cliente. Por exemplo: métodos como o recordatório de 24 horas não são adequados para investigação em crianças com pouca idade, porque possivelmente os pequenos, quando consultados, não se lembrarão que comeram na véspera. Considerações sobre os inquéritos: na hora de escolher o método para fazer a avaliação nutricional do seu cliente, lembre-se: Gestantes: a ingestão muda nesse período. Logo, é preciso estar atento às mudanças motivadas por tabus e crenças; Lactantes: a ingestão muda com a intensidade de amamentação; Lactentes: é preciso saber quais são as fórmulas infantis usadas e levar em consideração que há mudanças mês a mês do padrão alimentar; Pré-escolares: a ingestão deve ser monitorada pelo observador; Escolares: limitação de memória, vocabulário incompleto, desconhecimento dos ingredientes; Adolescentes: a ingestão muda com a maturação sexual, padrão alimentar variado, tendência de omissão pelas meninas; Idosos: limitação em recordar alimentos ingeridos, dificuldade de escrita, audição, visão; Indivíduos enfermos: alimentação diferente do habitual, presença de vômito, diarreia, jejum, etc; Analfabetos: a avaliação deve ser realizada por outro membro da família ou pelo observador; Obesos/magros: tendência à omissão ou inclusão de alimentos que não foram consumidos; Atletas: depende da fase de treinamento, ingestão de suplementos, líquidos isotônicos, etc. Calculando a alimentação habitual Feita a avaliação alimentar, os dados poderão ser avaliados manualmente ou em um software próprio. A ideia é evidenciar excessos ou carências nutricionais. Entretanto, o cálculo da ingestão calórica, tanto de macro como de micronutrientes, nem sempre é necessário, porque muitas vezes os erros alimentares já são evidenciados facilmente. É o caso de dietas pobres em ferro, cálcio e fibras. Na dúvida, a melhor opção é realizar o cálculo e mostrar ao cliente o que não está adequado em sua rotina alimentar. Importante! Também é de grande relevância que o cliente seja questionado sobre alergias e aversões alimentares, quais são os alimentos preferidos e o horário de maior fome. Isso porque, para que haja um sucesso na mudança do hábito alimentar, esses fatores precisam ser considerados. Incluir perguntas sobre uso de integrais, adoçantes, alimentos desnatados e outros detalhes na ficha pode garantir um melhor atendimento. Avaliação alimentar complementar Além das informações já fornecidas pelo cliente, são importantes as noções sobre: Tempo das refeições: verifique se há tempo disponível suficiente para a realização das refeições e qual o período de intervalo entre as mesmas; Café: horários de consumo, quantidade e modo de preparo; Mastigação: se está preservada, qual a velocidade (se é rápida, normal ou lenta); Líquidos: como é a ingestão de líquidos, qual a quantidade média de ingestão por dia e qual o tipo de líquido (proporção água/outros líquidos); Horário do dia que tem mais fome: se há algum horário de maior fome/apetite e se tem algum alimento específico(por exemplo: chocolates ou doces depois do almoço). Alimentos e emoções Na atuação em consultório, ficará clara para o profissional a relação entre a alimentação e as emoções. Para ter sucesso com a conduta nutricional, uma avaliação desse processo deve ser realizada cuidadosamente. É importante pesquisar: Relação entre apetite e ansiedade: tristeza, estresse? O que faz o seu cliente comer mais?; Compulsão: questionar ou observar se a ingestão de alimentos é um ato compulsório ou se há realmente apetite. Também é importante procurar saber a que horas ocorre a compulsão; O ato de “beliscar” entre as refeições: questionar sobre o tipo ou os alimentos específicos que costuma “beliscar”. Avaliação clínica Realizada a avaliação alimentar, o próximo passo é a avaliação clínica. Quanto a essa avaliação, algumas considerações precisam ser observadas: Deve ser personalizada e focada no cliente e não na doença; Histórico de doenças do cliente e da família: as doenças que podem ter interferido no estado nutricional e emocional do paciente-cliente. A carga genética que ele possui para desenvolver doenças, principalmente aquelas cuja ocorrência pode ser potencializada pela alimentação (hipertensão arterial, hipercolesterolemias, diabetes, litíase renal e outras); Uso de medicamentos: é imprescindível para a verificação de seus efeitos colaterais (alteração do apetite, interação drogas- nutrientes, funcionamento do intestino), horário e composição de refeições; Doenças atuais: é interessante questionar a doença e também saber sobre os medicamentos em uso, já que em muitas vezes o paciente toma o medicamento, mas não sabe correlacioná-lo com a doença que acredita-se estar tratando; Avaliação de sinais e sintomas: busque uma tabela e correlacione sinais aos sintomas mais frequentes para realizar a avaliação. Para os nutricionistas que optarem pela linha funcional, a aplicação do questionário de rastreamento metabólico é uma excelente opção; Análise de exames laboratoriais: verificar os resultados e principalmente a validade dos mesmos. De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) número 306/2003 e com a Lei número 8.234, de 17 de setembro de 1991, o nutricionista pode solicitar exames laboratoriais necessários à avaliação, à prescrição e ao acompanhamento da evolução nutricional do cliente-paciente. Todavia, segundo o CFN, o nutricionista deverá considerar o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições clínicas, individuais, socioeconômicas e religiosas, desenvolvendo a assistência integrada junto à equipe multiprofissional; considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que pertinente, outros exames laboratoriais; respeitar os princípios da bioética; solicitar exames laboratoriais cujos métodos e técnicas tenham sido aprovados cientificamente. A solicitação e consulta a exames laboratoriais pode permitir: Descoberta de uma doença oculta; Prevenção de doenças, às vezes, irreparáveis (fenilcetonúria); Diagnóstico precoce após aparição dos sintomas; Diagnóstico diferencial entre várias doenças (sintomas parecidos); Determinação da evolução de uma patologia; Avaliação do efeito terapêutico. Mas o nutricionista deve ficar atento, pois há fatores que podem interferir na interpretação correta dos exames: Idade, sexo, estado fisiológico e condições ambientais; Fatores não nutricionais, como estresse, injúria e drogas; A não observância do paciente quanto aos requisitos necessários à coleta dos exames (exemplo: não seguir horário definido para se manter em jejum); Avaliação de hábitos como tabagismo, elitismo e outros que também devem ser considerados, pois os mesmos podem interferir no metabolismo dos nutrientes e no estado nutricional do paciente; Análise da pele, presença de edemas, cor de mucosas, presença de sinais de desidratação; Funcionamento do intestino: perguntar sobre a frequência de evacuações, consistência e coloração das fezes e se há esforço e dor; Outros sintomas gastrointestinais, como azia, refluxo ou flatulência; Avaliar memória, disposição, estresse, fadiga. É imprescindível considerar também que nenhum exame único é suficiente para o diagnóstico. Combinar os exames bioquímicos com os parâmetros antropométricos e realizar a avaliação da ingestão nutricional são ações fundamentais para determinar o estado nutricional do indivíduo. Variando a sua consulta de acordo com o seu cliente De acordo com o grupo a ser assistido, podem ser necessárias perguntas extras como: Gestantes – caso as pacientes sejam gestantes, questionar e considerar a data da última menstruação, a idade gestacional, o peso pré-gestacional, análise da curva de ganho de peso e o ganho de peso até o momento da consulta; Mulheres – como é o fluxo menstrual e se sofrem de TPM. Questionar também se a alimentação muda no período pré- menstrual ou durante a menstruação; Atletas – questionar se usam alguma suplementação, qual o tempo médio de prova, se há treinador responsável, horário dos treinos, duração. Lembrete Em consultas com atletas, não deixe de investigar: Modalidade da atividade – horário de realização, tempo de duração de treinamentos e provas e frequência; Dados complementares – o frequencímetro deve ser usado para medição dos batimentos cardíacos, com pausas entre as séries; Avaliação das atividades diárias – qual é a profissão, descrição do que realiza no serviço, se trabalha sentado, de pé, caminhando, carregando peso e por quantas horas. Essa também é uma investigação fundamental na análise do gasto energético diário. Análise antropométrica A avaliação antropométrica deve ser feita de acordo com o grupo. É fundamental estar atualizado sobre os protocolos usados para avaliar gestantes, crianças, idosos e adultos. Na avaliação antropométrica completa são avaliados: Aferição de peso e estatura (ou comprimento); Questionamento sobre o peso habitual – para que o profissional possa avaliar se houve perda de peso, é preciso observar em quanto tempo isso ocorreu e os motivos que levaram a essa perda; Medida das circunferências – podem ser feitas medidas de coxa, panturrilha, quadril, cintura, abdômen, braço, tórax, cefálica; Aferição de pregas – tríceps, bíceps, peitoral, tórax, panturrilha, coxa, abdômen, suprailíaca, subescapular, axial. Cálculo de índices Além das medidas, são usados alguns índices: IMC: explicar ao paciente/cliente o que significa o Índice de Massa Corporal (IMC) e quais são as limitações de acordo com a estrutura de quem é analisado. É possível estabelecer metas de acordo com esse índice; Cintura/quadril: o profissional deve expor ao paciente que certas medidas podem indicar risco de doenças cardiovasculares. Em contrapartida também é preciso explicar as limitações do método; Tórax/cefálica: índice muito usado em crianças. É preciso ter em mãos tabela de referência; % de gordura corporal: pode ser confrontado com os dados de outras consultas ou com o próprio IMC. É importante explicitar as limitações do método por pregas, comentar sobre a composição corporal e sobre a utilidade do método para avaliações dos resultados do trabalho nutricional que será realizado. Observação: Bioimpedância – caso o nutricionista disponha desse equipamento, a avaliação antropométrica poderá ser complementada. Mas vale ressaltar que a avaliação por BIA apresenta limitações. O nutricionista deve ter em mãos o protocolo para entregar ao cliente de modo a realizar o exame em condições ideais. Esse documento deve conter orientações sobre dieta de véspera, uso de café, água e álcool. Diagnósticos, explicações e negociação para o plano alimentar e metas a serem alcançadas Os dados obtidos na avaliação antropométrica precisam agora ser avaliados com tabelas ou em um software próprio. O nutricionista deverá comentar com o cliente o resultado de sua avaliação. Algumas considerações a respeito seguem abaixo: Peso – explicar o que seria uma faixa de peso saudável, amenizando os títulosjá consagrados, ou seja, evitar que o cliente acredite que está pré-obeso (prefira sobrepeso), obeso grave, etc. Propor metas reais, ou seja, não propor a um cliente obeso uma meta compatível com o IMC 20. O trabalho deve ser feito em etapas; IMC – cruzar com % de gordura para verificar se há realmente um excesso de massa gorda; Comentar sobre circunferências – acompanhar a evolução da cintura, quadril, elogiar quando o cliente ficar abaixo do limite para o risco de doenças cardiovasculares; Análise da alimentação – repassar cada refeição com o cliente, comentando os pontos positivos e negativos, fazendo negociações de horários, quantidades e tipos de alimento. Cálculo das necessidades energéticas Uma vez explicados para o cliente os detalhes do resultado da sua avaliação, chega o momento em que o profissional precisa realizar os cálculos para escolher o valor calórico e os nutrientes que serão prescritos. Os principais cálculos são: Cálculo do GEB – Gasto energético basal; Cálculo da atividade física – cálculo do gasto com as atividades diárias e com o esporte; Zona de emagrecimento – cálculo da faixa na qual a dieta será prescrita; Estabelecimento das necessidades nutricionais – definição dos nutrientes que precisarão ser aumentados no plano, os que precisarão ser reduzidos, e, se necessária, a suplementação. 2 Elaboração de dietas personalizadas Prescrição nutricional Vivemos na era da personalização. Cada vez mais as pessoas solicitam serviços e produtos capazes de atender às suas necessidades específicas. No caso da Nutrição, essa dinâmica não é diferente. Por muitas décadas as dietas foram vistas como regimes restritivos. O profissional nutricionista passa agora a ter uma melhor aceitação, à medida que oferece serviços capazes de atender aos anseios do seu público, abandonando as tabelas com “alimentos permitidos” e “proibidos” em cada situação clínica. A prescrição nutricional inclui a dieta ou plano alimentar, a prescrição de fitoterápicos, complementos e/ou suplementos. Neste capítulo, o foco é a criação das dietas personalizadas. É preciso que fique muito claro o modo correto de criar uma dieta personalizada para que os demais capítulos sejam bem acompanhados. A dieta deve ser personalizada, ou seja, produzida de acordo com o perfil do cliente, suas preferências e gostos alimentares, dentro das possibilidades do paciente, disponibilidade de horários, crenças, religiosidade, bem como as condições social e econômica. Pode ser elaborada com o auxílio de uma tabela de composição dos alimentos ou em algum software específico como o Dietpro 5.i. A nutrição é uma ciência da saúde e, como outras áreas biológicas, permite uma infinidade de possibilidades para a criação de planos alimentares. Muitas vezes não há o certo e o errado, mas a linha que o nutricionista acredita e assume, de forma que o objetivo final seja uma prescrição segura e eficaz. Muitas são as opções de cardápios que podem ser oferecidas. O nutricionista pode montar uma refeição de base e criar, a partir desta, novas montagens para os outros dias da semana ou do mês. Pode ainda oferecer uma lista de substituição de alimentos, desde que esta seja personalizada. Os modelos impressos com campos para colocação somente da quantidade devem ser altamente EVITADOS, pois não transmitem a imagem de um plano individualizado. Evite também rabiscar os formulários com tinta, de forma a excluir da lista alimentos que o cliente não possa comer. O ideal é personalizar. A prescrição de alimentos deve conter uma lista de orientações nutricionais anexada, com a relação do que deve ser evitado, noções de hidratação, mastigação e intervalo entre as refeições. Características importantes da prescrição nutricional Veja as características que a prescrição nutricional deve ter para ser bem-sucedida: Viável do ponto de vista econômico e estar de acordo com a rotina do cliente – pedir para um cliente levar um liquidificador para fazer uma vitamina no meio do expediente de trabalho, por exemplo, é incompatível com a maior parte dos contextos; Flexível, permitindo o consumo de alimentos que habitualmente eram usados antes da consulta, em quantidades moderadas, na medida do possível; O alimento que fizer parte da prescrição deve estar presente em quantidades aceitáveis para consumo. Etapas de elaboração da prescrição nutricional Ao iniciar uma prescrição, é necessário que o nutricionista negocie com o cliente os alimentos que farão parte da sua rotina alimentar, de modo a garantir que a dieta sugerida possa ser plenamente colocada em prática. Negociação com o cliente – repassar a avaliação alimentar, apontando pontos que podem ser mudados e comentando sobre as suas sugestões para o cliente avaliar se aceita a proposta. A composição de macro e micronutrientes da dieta deve ser definida antes da montagem da prescrição. De acordo com o caso, a dieta pode ser normo, hiper ou hipocalórica, assim como conter diferentes quantidades de sódio, potássio, carboidratos, lipídios, proteínas. Essa variação dependerá do caso clínico do cliente. Estabelecimento da composição nutricional (calórica, micronutrientes e macronutrientes), alimentos funcionais – o nutricionista deve calcular o plano de base de acordo com as necessidades do cliente. Dietas monótonas não são bem-aceitas pelo cliente. Além disso, é sempre importante que o nutricionista proponha sugestões de montagens para cada refeição. Todavia, criar diversas opções exige grande tempo dispensado a essa atividade, o que pode tornar a prática complicada e onerosa. Uma opção bastante viável é a criação de refeições de base. Montagem das refeições de base – costuma ser feita em uma tabela ou software. A refeição de base é o esqueleto do cardápio. A partir dela serão elaboradas as substituições de alimentos. Criação de opções – de acordo com o preço da consulta, o nutricionista poderá oferecer ao cliente, opções de cardápios. Fornecimento de receitas – receitas para lanche da noite, merenda e saladas podem ser oferecidas ao cliente. Na medida do possível, essa prescrição deve ser aprovada pelo paciente-cliente, pois assim são maiores as chances de resultados positivos. Para isso, é necessário que o profissional em Nutrição prescreva alimentos fáceis de serem encontrados ou que se encontrem disponíveis para o paciente-cliente. Além disso, sempre que possível, é interessante oferecer opções de marcas e sabores de produtos. A prescrição poderá ser entregue no momento da consulta ou alguns dias depois. Sugere-se que não sejam estabelecidos prazos para a entrega superiores a uma semana. Entregar a dieta na hora da consulta ou alguns dias depois é uma decisão que o nutricionista deve tomar. Essa decisão deve ser tomada de acordo com o nível de exigência do cardápio. Quando for disponibilizada ao paciente uma lista de substituição, esta deve ser personalizada e deve-se evitar riscar alimentos de listas pré-elaboradas ou adicionar outros à mão. Montagem inicial da prescrição nutricional e evolução Atualmente há vários softwares disponíveis no mercado que auxiliam na montagem das prescrições, facilitando o trabalho do nutricionista. Mas é necessário que seja adicionada a essas ferramentas uma visão mais subjetiva do paciente-cliente. Algumas informações fornecidas em suas prescrições não precisam ser do conhecimento do paciente-cliente, como o valor calórico do alimento, que não costuma ser apresentado aos clientes por muitos nutricionistas. Exemplo de prescrição nutricional Cliente portador de hipercolesterolemia deseja controle alimentar e apresenta o seguinte desjejum: pão francês com manteiga + queijo prato e mortadela + café com açúcar com leite integral. Sugestão de desjejum Pão integral com queijo branco e peito de peru + café com leite desnatado + 1 fruta com aveia; ou Pão integral com creme vegetal + queijo minas e peito de peru + café com leite desnatado + fruta com aveia. Criação de opções Vitamina de leite com fruta e aveia + pão com creme vegetal + rolinho de peito de perucom queijo; ou Mingau de leite e aveia + salada de fruta + misto quente de pão integral com peito de peru e queijo minas. Para a criação das opções acima foi feita a montagem de apenas uma refeição, no software. O cálculo foi feito com um tipo de fruta, aveia, pão, leite, café, queijo e peito de peru, que foram substituídos por outros alimentos de mesmo grupo para criar as demais combinações. Oferecer opções dessa forma é de grande valia para o cliente. Porém, nada impede que o nutricionista ofereça apenas uma opção e uma lista de substituição de alimento para que o próprio cliente faça a sua escolha de substitutos. Caso o nutricionista opte por entregar a dieta alguns dias depois da consulta, é fundamental que ele disponibilize um canal para o esclarecimento de dúvidas, como um telefone ou e-mail. As dietas podem ser apresentadas no formato de tabela ou não. Cabe ao nutricionista escolher a melhor maneira para apresentar a sua dieta. Confira nos apêndices desse e-book, alguns modelos para a prescrição personalizada. Evolução da prescrição nutricional A evolução da prescrição nutricional deve dar ao nutricionista a possibilidade de: Realizar a educação nutricional, para garantir que o cliente não abandone o trabalho nutricional antes de ter condições de se programar sozinho; Permitir alterações de quantidades capazes de possibilitar ajustes na composição corporal (reduzir o percentual de gordura, ganho de massa muscular, redução de circunferências, aumento/diminuição de peso); Evitar a monotonia dos alimentos e manter o paciente/cliente motivado. Exemplo de evolução Cliente que deseja emagrecer, não realiza o desjejum e que realiza a principal refeição no trabalho, às 10h00, sendo um quibe e um refrigerante. É preciso NEGOCIAR com o paciente-cliente e aliar o saudável ao possível ao seu contexto. Passo 1: incluir alimentos fáceis de serem transportados para o café da manhã. Exemplo: iogurte + fruta (banana, maçã, pera), barra de cereais ou frutas secas. Passo 2: tornar a refeição principal mais saudável. Exemplo: um pão de queijo + suco de fruta para substituir o quibe e o refrigerante. A evolução das dietas dará continuidade à reeducação alimentar, permitindo cardápios cada vez mais adequados ao cliente. Procure também evitar a mesma dieta por muito tempo para que o plano alimentar não se torne monótono ou para que o cliente não sinta que o seu trabalho é desnecessário. 3 Prescrição de fitoterápicos e ativos funcionais Como já foi dito no capítulo anterior, a prescrição nutricional inclui uma lista de orientações específicas para o cliente, o plano alimentar personalizado e a prescrição auxiliar composta por ativos funcionais ou fitoterápicos de interesse ao caso clínico em questão. A fitoterapia pode auxiliar em diversos transtornos, reduzindo a necessidade de medicamentos, auxiliando tratamentos nutricionais e promovendo melhor qualidade de vida. Contudo, é fundamental que os pacientes que fazem tratamento com esse tipo de medicação estejam atentos à sua condição de saúde e tenham acompanhamento de um profissional responsável, de modo a não serem prejudicados com as restrições de uso dos medicamentos. Para a segura prescrição de fitoterápicos é fundamental que o profissional faça um curso de capacitação. Esses cursos têm por objetivo a apresentação dos principais ativos, suas formas de prescrição, indicação e efeitos. Embora não muito comum, os fitoterápicos têm contraindicações, principalmente em grupos como gestantes, crianças, lactantes e portadores de doenças crônico-degenerativas. Antes de iniciar a prescrição de fitoterápicos é muito importante que o profissional de saúde envolvido, especialmente se for um nutricionista, conheça o mecanismo de ação, os possíveis efeitos colaterais, as interações entre os fitoterápicos e os alimentos. A utilização de plantas medicinais não é isenta de efeitos colaterais, interações medicamentosas ou contraindicações. Elas apresentam substâncias que podem ser tóxicas, desencadeando reações adversas. Além disso, a utilização de dosagem incorreta ou de parte da planta indevida, além da automedicação, pode causar efeitos colaterais indesejáveis. São necessárias medidas de conscientização da população e educação dos profissionais de saúde para que o uso racional das plantas medicinais seja disseminado. Há grupos como crianças, idosos, lactantes, gestantes e portadores de doenças graves que merecem atenção especial e não podem utilizar a Fitoterapia de maneira indiscriminada, devendo-se levar em consideração as dosagens e contraindicações. Além disso, é importante ressaltar que há possibilidades de interação medicamentosa entre a Fitoterapia e o uso de alopáticos, tornando ainda mais necessária a conscientização da população e o cuidado com a automedicação. Os fitoterápicos podem fazer mal à saúde? Como qualquer medicamento, o mau uso de fitoterápicos pode ocasionar problemas à saúde, como alterações na pressão arterial e problemas no sistema nervoso central, fígado e rins, que podem levar a internações hospitalares e até mesmo a morte, dependendo da forma de uso. Gravidez ou gestação: podem causar estímulo da contração uterina e consequente aborto ou parto prematuro. Além disso, pode levar a má-formação do feto, devido a ações mutagênicas, citotóxicas e teratogênicas; Crianças menores de 3 anos: contraindicado; Crianças de 3 a 7 anos: nas crianças de 3 a 7 anos, alguns fitoterápicos podem ser usados em doses que giram em torno de 25% do indicado para adultos. O pediatra deve ser consultado; Crianças de 7 a 12 anos: nas crianças entre 7 e 12 anos, deve-se usar 50% das doses indicadas nas tabelas de referência. É fundamental uma ampla análise do fitoterápico e a troca de informações com outros profissionais que acompanham a criança; Idosos acima de 70 anos: em geral, deve-se usar 50% das doses indicadas nas tabelas de referências. A consulta aos sites do CFN ou da Vigilância Sanitária permite ao nutricionista conhecer os fitoterápicos que pode prescrever. De forma geral, o nutricionista pode prescrever fitoterápicos que não exijam receita médica. Sabemos que muitas medicações que necessitam de prescrição médica são vendidas livremente em farmácias e até em comércios populares, sem a exigência de receitas. Entretanto, o nutricionista deve respeitar os princípios éticos e somente prescrever os fitoterápicos que forem da sua competência. A resolução 402 do CFN de 2007 regulamenta a prescrição de fitoterápicos pelos nutricionistas e deve ser sempre consultada por esses profissionais para a formulação de uma correta receita. Há problemas em usar fitoterápicos associados a outros medicamentos? Os fitoterápicos são medicamentos alopáticos, possuindo compostos químicos que podem interagir com outros fármacos. As plantas medicinais também possuem compostos químicos ativos que podem promover esse tipo de interação. Deve-se ter cuidado ao associar diferentes medicamentos, ou medicamentos com plantas medicinais, o que pode promover a diminuição dos efeitos ou provocar reações indesejáveis. Um exemplo é o uso de Hipérico (Hypericumperforatum) associado a anticoncepcionais, que pode levar à gravidez. Outro caso comum é o uso de Ginco (Ginkgobiloba) junto a anticoagulantes, como warfarina ou ácido acetilsalicílico, podendo promover hemorragias. Deve-se sempre observar as informações contidas nas bulas disponibilizadas nos medicamentos e questionar o médico ou profissional de saúde sobre possíveis interações. Ao iniciar um curso de Fitoterapia, é comum o profissional ter dúvidas sobre as dosagens a serem prescritas. A prescrição de fitoterápicos é vaga em algumas ocasiões, mesmo porque novas pesquisas trazem novas e conflitantes definições. A literatura carece de materiais que orientem o profissional a calcular adequadamente as doses capazes de ocasionar este ou aquele efeito. Por esse motivo, deve ficar claro que a quantidade de fitoterápico a ser prescrita baseia-se nas doses que foram usadas nos estudos científicos. Todavia, o bom sensodo profissional é peça-chave para a escolha não somente do tipo de fitoterápico, como também da dosagem. A quantidade a ser prescrita deve levar em consideração a gravidade do caso, a idade do paciente, o peso e o sexo. Fique atento! Os diversos fornecedores de fitoterápicos trabalham com diferentes quantidades de ativos em cada cápsula. Variam também as concentrações dos ativos em uma mesma porção da matéria-prima. Por esse motivo, torna-se fundamental que o nutricionista coloque em sua prescrição não somente o fitoterápico de interesse para aquele paciente, como também a concentração do ativo, o tipo de cápsula e a quantidade necessária. Dica! O nutricionista deve entrar em contato com as diversas farmácias de manipulação de sua cidade e solicitar aos representantes a relação dos fitoterápicos disponíveis para a manipulação, bem como suas concentrações e quantidade do produto em cada cápsula. Vale também manter uma parceria com essas farmácias, de forma que a receita possa ser revisada por um bioquímico antes de ser entregue ao cliente. Assim como a prescrição de fitoterápicos, a inclusão de alimentos com propriedades funcionais no cardápio é de extrema utilidade para o nutricionista. Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros e, ao mesmo tempo, com o crescente aparecimento de doenças crônicas, como obesidade, aterosclerose, hipertensão, osteoporose, diabetes e câncer, está havendo uma preocupação maior, por parte dos órgãos públicos de saúde, com a alimentação. Hábitos alimentares adequados, como o consumo de alimentos pobres em gorduras saturadas e ricos em fibras presentes em frutas, legumes, verduras e cereais integrais, juntamente a um estilo de vida saudável (exercícios físicos regulares, ausência de fumo e moderação no álcool) passam a ser peça-chave na diminuição do risco de doenças e na promoção de qualidade de vida, desde a infância até o envelhecimento. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), “alimentos funcionais são aqueles que produzem efeitos metabólicos ou fisiológicos através da atuação de um nutriente ou não nutriente no crescimento, desenvolvimento, manutenção e em outras funções normais do organismo humano”. Ainda de acordo com a Anvisa, “o alimento ou ingrediente que alegar propriedades funcionais, além de atuar em funções nutricionais básicas, irá desencadear efeitos benéficos à saúde e deverá ser também seguro para o consumo sem supervisão médica”. É importante salientar que antes que o produto seja liberado para o consumo deve-se obter registro no Ministério da Saúde e, para isso, o produtor precisa demonstrar sua eficácia e sua segurança de uso. O fabricante deve apresentar provas científicas comprovando que a alegação das propriedades funcionais referidas no rótulo é verdadeira e que o consumo do produto em questão não implica risco e, sim benefício à saúde da população. Lembra-se ainda que as alegações podem fazer referências à manutenção geral da saúde ou à redução de risco, mas não à cura de doenças. As propriedades relacionadas à saúde dos alimentos funcionais podem ser provenientes de constituintes normais desses alimentos, como no caso das fibras e dos antioxidantes (vitamina E, C, betacaroteno) presentes em frutas, verduras, legumes e cereais integrais. Essas propriedades também podem passar a estar presentes nos alimentos por meio da adição de ingredientes que modifiquem suas propriedades originais, exemplificada por vários produtos industrializados, como: leite fermentado, biscoitos vitaminados, cereais matinais ricos em fibras e leites enriquecidos com minerais ou ácido graxo ômega 3. O uso dos alimentos com propriedades funcionais é uma tarefa realizada nos consultórios dos nutricionistas. Sabe-se que a inclusão de nutrientes funcionais nos cardápios é uma forma de realizar a nutrição preventiva, linha que deve ser adotada para melhorar a longevidade da população. Esses nutrientes, prioritariamente, devem ser oriundos do consumo de alimentos que os contenham. Entretanto, em algumas situações, faz-se necessária a suplementação, seja pela impossibilidade de consumo na quantidade adequada na dieta diária, seja pela maior praticidade (levando-se em conta a rotina do cliente). Para proceder à prescrição, seja de ativos funcionais ou fitoterápicos, o nutricionista deve ter pleno conhecimento da legislação e ter constante contato com artigos e informes científicos relacionados ao tema para que conheça as substâncias de interesse. Módulo 2 Nutrição e composição corporal A obesidade é hoje um problema de saúde pública. A avaliação antropométrica classifica o portador do sobrepeso e da obesidade e permite determinar a localização da gordura. A gordura visceral é, sem dúvida, a que merece maior atenção. No manejo do sobrepeso/obesidade, a dieta e as mudanças do estilo de vida são fundamentais. 4 Sobrepeso e obesidade – epidemiologia, fisiologia e intervenções Na prática profissional, o nutricionista muitas vezes atenderá pessoas com o desejo de emagrecer por questões de saúde e/ou estética. Ainda que o motivo pelo qual o cliente tenha procurado a ajuda nutricional seja outro (controle do diabetes, constipação, etc), muitas vezes o profissional precisará ajustar o peso do cliente. Dessa forma, realizar um bom atendimento do portador de sobrepeso e obesidade é de extrema importância para o profissional. De acordo com a OMS, a obesidade é uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afetar a saúde. É uma doença crônica, com enorme prevalência nos países desenvolvidos, atinge homens e mulheres de todas as etnias e de todas as idades, reduz a qualidade de vida e tem elevadas taxas de morbilidade e mortalidade. A preocupação das autoridades e dos pesquisadores em deter o avanço dos casos de obesidade em todo mundo é crescente. No Brasil, a situação não é diferente e há quem diga que obesidade preocupa muito mais que o déficit de peso, o que faz com que o profissional precise atuar a todo instante na prevenção do excesso de gordura. Pode-se dizer que o trabalho do nutricionista na prevenção da obesidade deve começar ainda nas consultas do pré-natal. A relação entre a amamentação e a obesidade é controversa, mas muitos estudos mostram que o leite materno teria um efeito protetor em relação à obesidade precoce. Segundo o IBGE, em pesquisa feita em 2008 e 2009, no Brasil, a obesidade atinge 12,4% dos homens e 16,9% das mulheres com mais de 20 anos, 4% dos homens e 5,9% das mulheres entre 10 e 19 anos e 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas entre 5 a 9 anos. Nos Estados Unidos, mais de 65% da população está com sobrepeso e 30% está obesa. A seguir (Tabela 1), você pode acompanhar a classificação da obesidade de acordo com o IMC. IMC (Kg/m2) Classificação 27,0 a 30,0 Obesidade Leve 30,0 a 35,0 Obesidade Moderada 35,0 a 40,0 Obesidade Grave 40,0 a 50,0 Obesidade Mórbida 50,0 a 60,0 Superobesidade Acima de 60,0 Supersuperobesidade Tabela 1. OBESIDADE – CLASSIFICAÇÃO Fonte: Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica. Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade (2008) O maior problema da obesidade não é o excesso de peso em si, mas as consequências do acúmulo de gordura corporal, que aumentam em até quatro vezes os riscos de morte de um portador, se comparados a indivíduos eutróficos. São consequências da obesidade: Aparelho cardiovascular – hipertensão arterial, arteriosclerose, insuficiência cardíaca congestiva e angina de peito; Complicações metabólicas – hiperlipidemia, alterações de tolerância à glicose, diabetes tipo 2, gota; Sistema pulmonar – dispneia (dificuldade em respirar) e fadiga, síndrome de insuficiência respiratória do obeso, apneia de sono (ressonar) e embolia pulmonar; Aparelho gastrintestinal – esteatose hepática, litíase vesicular (formação de areias ou pequenos cálculos na vesícula) e carcinoma do cólon; Aparelho genito-urinário e reprodutor – infertilidade e amenorreia (ausência anormal da menstruação), incontinência urinária deesforço, hiperplasia e carcinoma do endométrio, carcinoma da mama, carcinoma da próstata, hipogonadismo hipotalâmico e hirsutismo; Outras alterações – osteartroses, insuficiência venosa crênica, risco anestésico, hérnias e propensão a quedas; Discriminação educativa, laboral e social; Isolamento social; Depressão e perda de autoestima. O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia dispendida. Os fatores que determinam este desequilíbrio são complexos e podem ter origem genética, metabólica, ambiental e comportamental. Uma dieta hiperenergética, com excesso de gorduras, de hidratos de carbono e de álcool, aliada a uma vida sedentária, leva à acumulação de excesso de massa gorda. Existem provas científicas que sugerem haver uma predisposição genética que determina, em certos indivíduos, uma maior acumulação de gordura na zona abdominal, em resposta ao excesso de ingestão de energia e/ou à diminuição da atividade física. A maior disponibilidade de alimentos, o aumento do consumo de alimentos gordurosos e o baixo nível de atividade física estão por trás do excesso de peso, embora a análise do quadro precise ser ampla, já que muitos podem ser os fatores etiológicos envolvidos. Acredita-se que as mudanças de comportamento alimentar, aliadas a hábitos de vida sedentários, atuando sobre genes de susceptibilidade, sejam o determinante principal do crescimento da obesidade no mundo. Fatores genéticos podem responder por 24% a 40% das variâncias no IMC, por determinarem diferenças na taxa de metabolismo basal, em resposta à superalimentação e outros (Bouchard 1994; Price 2002). Algumas curiosidades sobre os fatores de risco da obesidade Podemos citar as seguintes curiosidades: Quanto mais horas de televisão, jogos eletrônicos ou jogos de computador, maior a prevalência de obesidade; Quanto mais urbanizada é a zona de residência maior é a prevalência de obesidade; Quanto menor o grau de informação dos pais, maior a prevalência de obesidade em crianças. Quando se trata de etiologia da obesidade, o que poucos profissionais sabem é que transtornos endócrinos (insulinomas, diabetes, hipotireoidismo) estão por trás de menos de 1% dos casos. Ao se realizar a avaliação nutricional do portador de sobrepeso ou de obesidade, torna-se fundamental a análise da localização da gordura. Estudos mostram que a gordura visceral contribui para uma menor longevidade por aumentar o risco de outras doenças associadas. Os estudos que objetivam aprofundar os conhecimentos já existentes sobre a obesidade têm buscado analisar até mesmo a microbiota do obeso. Leia no material completar o texto “Microbiota Intestinal e sua possível relação com a obesidade” para entender melhor o processo. Resumidamente, podemos considerar que um simples desequilíbrio entre as populações de algumas bactérias intestinais pode causar a obesidade, uma vez que a absorção de nutrientes pode ser afetada. Quais são os tipos de obesidade? Os tipos de obesidade são: Obesidade androide, abdominal ou visceral – quando o tecido adiposo se acumula na metade superior do corpo, sobretudo no abdômen. É típica do homem obeso. A obesidade visceral está associada a complicações metabólicas, como a diabetes tipo 2 e a dislipidemia e, a doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, a doença coronária e a doença vascular cerebral, bem como à síndrome do ovário policístico à disfunção endotelial (ou seja deterioração do revestimento interior dos vasos sanguíneos). A associação da obesidade a estas doenças está dependente da gordura intra-abdominal e não da gordura total do corpo; Obesidade do tipo ginoide – quando a gordura se distribui, principalmente, na metade inferior do corpo, particularmente na região glútea e coxas. É típica da mulher obesa e considerada menos prejudicial. A cirurgia bariátrica Embora o tema seja assunto para um e-book inteiro, cabe aqui citar a cirurgia bariátrica como opção para o tratamento da obesidade. A cirurgia, quando bem indicada, proporciona perda e manutenção do peso e pode atenuar morbidades, reduzindo em 20% as mortalidades em obesos. Reduz em até 30% o risco de mortalidade por câncer e diabetes em 9% as mortes por doenças cardíacas. A cirurgia é considerada uma opção quando há o fracasso de tratamentos clínicos bem conduzidos e quando as terapias combinadas de dieta, farmacoterapia, exercício e psicoterapia não produziram efeito. Deve-se também considerar como critério a idade de 18 a 65 anos, a ausência de alcoolismo e capacidade do candidato à cirurgia de entender o procedimento e seus riscos. Mas quais são os critérios para indicação de uma cirurgia bariátrica? Veja a seguir: IMC ≥40 ou persistência de excesso de peso (45Kg acima do peso ideal); IMC ≥ 35 com comorbidades graves que podem ser reduzidas com a perda de peso; Presença de comorbidades associadas à obesidade ou agravadas por ela; Adolescentes (≥16 anos): após 6 meses de tratamento medicamentoso com IMC ≥40 associado a comorbidades ou IMC ≥50. O nutricionista participa de todo o processo, sendo o responsável por emitir um laudo pré-cirúrgico para constatar a indicação da cirurgia. A técnica a ser utilizada precisa ser cuidadosamente escolhida, já que em todas, há o risco de carências alimentares. 5 Nutrição para o emagrecimento e outras opções de tratamento da obesidade Os nutrientes podem ser divididos em energéticos e não energéticos. No grupo dos energéticos estão os carboidratos, proteínas, lipídios e o álcool. No grupo dos não energéticos são incluídas as vitaminas, os minerais, as fibras e os nutrientes funcionais, ou seja, aqueles capazes de promover saúde, além da função básica de nutrir. Com o aumento das doenças crônico-degenerativas, a manutenção do peso saudável é a principal medida de controle e promoção de qualidade de vida e deve ser abordada toda vez que o profissional tiver a possibilidade de manter contato com o público. Nosso corpo precisa de energia para realizar tarefas, manter as funções vitais e as atividades físicas diárias. Há ainda a termogênese induzida pelo alimento, ou seja, o efeito térmico que cada nutriente produz. A manutenção do peso dar-se-á quando o valor calórico ingerido equivale ao gasto energético diário. Quando há um desequilíbrio entre ingestão e gasto, situações como ganho ou perda de peso acontecem. Para a promoção do emagrecimento é preciso que o indivíduo ingira menos do que gasta, de modo a caracterizar o emagrecimento. É importante ressaltar que emagrecer e perder peso são conceitos diferentes. O emagrecimento refere-se à queima de gordura. Para que o organismo queime gordura, é fundamental que o valor calórico da dieta seja bem escolhido e seja viável. Quanto mais próximo do gasto total for a dieta, menor será o risco de queima de massa magra e maiores serão as chances de queima de gordura. Estudos recomendam que a dieta seja preferencialmente planejada, de modo a cobrir pelo menos o metabolismo basal, que, na prática, significa o gasto com as funções vitais. Para o cálculo do metabolismo e estimativa do gasto energético podem ser usadas diversas equações. Metabolismo basal ou taxa metabólica basal é a quantidade calórica ou energética que o corpo utiliza, durante o repouso, para o funcionamento de todos os órgãos. Ex.: coração, cérebro, pulmões, intestino. Feito o cálculo do metabolismo, é importante que o profissional procure levar em consideração o gasto com a atividade física diária. Multiplicar o metabolismo basal pelo fator atividade é uma forma de calcular o gasto energético total, sendo: Regra prática: Gasto calórico total = gasto energético basal + gasto com as funções diárias + gasto com o esporte Ao planejar uma dieta para emagrecer, o profissional deverá ter em mãos informações fundamentais e, por isso, a avaliação é necessária e deve conter: Data de nascimento; Sexo; Estatura; Peso; Percentual de gordura corporal; Dados da rotina de diária – ocupação, formasde locomoção, estilo de vida; Informações sobre a atividade física praticada – modalidade, horários, frequência, tempo de prática. Calculado o gasto total, cabe ao profissional escolher o valor calórico a ser prescrito, de acordo com a sua estratégia. Dica! Prescrever valores calóricos muito baixos pode dar origem à fome e levar à queima de massa magra. Por outro lado, valores muito próximos ao gasto total podem fazer com que o emagrecimento seja lento e desmotivante. Assim, é importante procurar prescrever uma dieta confortável, levemente acima do metabolismo basal, mas que permita uma flexibilidade nos fins de semana, por exemplo. O planejamento alimentar para o emagrecimento deve ser personalizado. Nos apêndices disponíveis desse e-book, é possível visualizar um modelo de ficha de atendimento. A avaliação alimentar é a primeira etapa para a realização do trabalho de emagrecimento e pode ser feita através de métodos como a ingestão habitual, recordatório de 24 horas, questionários de frequência alimentar qualitativo ou quantitativo ou por outros inquéritos. A anamnese completa inclui informações sobre estilo de vida, como uso ou não de bebidas alcoólicas, fumo, medicamentos e suplementos. Também é fundamental uma avaliação clínica completa que aborde análise de sinais e sintomas, apalpação, observação e informações sobre histórico familiar de doenças, além da apresentação de exames laboratoriais. Já a avaliação antropométrica deve ser cuidadosamente aplicada. Para cada grupo há um protocolo mais indicado para análise antropométrica. A reeducação alimentar, que nada mais é do que o incentivo ao consumo de alimentos saudáveis e a diminuição da frequência dos gêneros pouco saudáveis, deve ser sempre incentivada. O plano alimentar deve ser variado, criativo e totalmente adaptável à rotina do cliente, permitindo que seja possível a nutrição antes e após o exercício físico, por exemplo. Assim, a nutrição aplicada ao emagrecimento e o profissional devem: Permitir o adequado fracionamento das refeições; Capacitar o cliente ao adequado porcionamento; Fornecer informações sobre grupos de alimentos, para que o cliente seja treinado a substituir um gênero por outro sem comprometer o equilíbrio da dieta; Incluir alimentos nutritivos e saborosos; Monitorar o cliente constantemente para análise dos resultados, reprogramação calórica e trocas de planos alimentares buscando evitar a monotonia; Incluir, na medida do possível, nutrientes termogênicos. Conhecer os principais medicamentos ligados ao emagrecimento também é importante para o profissional. Ainda que a prescrição necessariamente tenha que ser feita por um médico após a análise do cliente como um todo e da necessidade de uso ou não, conhecer as drogas auxilia o nutricionista a entender melhor o processo e a avaliar possíveis interações droga-nutriente. A Fitoterapia também tem se mostrado eficaz como tratamento auxiliar ao emagrecimento. De acordo com o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), a prescrição dos fitoterápicos que não precisam de receita médica pode ser feita pelo nutricionista, desde que haja indicação da apresentação do produto, dosagem, forma e tempo de uso. No emagrecimento, os fitoterápicos podem atuar: Diminuindo a ansiedade e a compulsão; Acelerando o metabolismo; Suprimindo o apetite ou reduzindo a vontade do consumo de doces; Diminuindo o acúmulo de gordura abdominal; Proporcionando saciedade ou reduzindo a absorção de gorduras e carboidratos. Para a adequada prescrição, é necessário uma leitura específica de prescrição de fitoterápicos, por se tratar de um assunto extenso. Na busca pelo emagrecimento, muitas pessoas acabam optando por dietas disseminadas na mídia. Essas dietas nem sempre são equilibradas. Algumas são extremamente reduzidas em calorias. Outras privam um determinado alimento específico. A apresentação “Dietas da Moda” dará ao profissional de saúde uma noção sobre essas dietas. Objetiva-se com tal apresentação expor os principais pontos de cada dieta para que sejam elaborados argumentos capazes de mostrar ao cliente que tais condutas não proporcionarão um emagrecimento saudável e duradouro. Partindo-se do pressuposto que a melhor estratégia para o controle do sobrepeso e da obesidade de fator seja a prevenção, e depois de instalada a alteração, a adoção de uma dieta equilibrada e da prática da atividade, o uso de medicamentos se torna uma segunda opção. Segundo o Consenso Latino-americano de Obesidade, o uso de medicações deve ser considerado quando: IMC for maior que 30; IMC for maior que 25 e existirem riscos associados, como hipertensão ou diabetes tipo II; Se a dupla dieta-exercício não promoveu resultados eficazes. O nutricionista não é o responsável pela prescrição do medicamento, mas pode opinar sobre o assunto e indicar ao cliente um médico para acompanhá-lo. Sendo o tratamento medicamentoso a opção para o controle do paciente-cliente, deve-se considerar que o fármaco seja selecionado e prescrito por médico e que seja destinado ao controle geral do indivíduo. Os medicamentos para controle da obesidade podem causar redução da absorção de nutrientes, atuar sobre o centro da fome- apetite ou modificar o metabolismo. A seguir (Tabela 2), um resumo sobre os principais fármacos disponíveis: Substância Mecanismo deAção DDose Efeitos Colaterais Nome Comercial* Catecolaminérgicos Fentermina Diminui a ingestão alimentar por 30 – 60 mg/dia Boca seca, insônia, taquicardia, ansiedade Ionamin, Adipex, Fastin, mecanismo noradrenérgico Banobese, Obenix, Zantril Fenproporex Diminui a ingestão alimentar por mecanismo noradrenérgico 20 – 50 mg/dia Boca seca, insônia, taquicardia, ansiedade Desobesi- M, Inobesin, Lipomax AP Anfepramona (Dietilpropiona) Diminui a ingestão alimentar por mecanismo noradrenérgico 40 –120 mg/dia Boca seca, insônia, taquicardia, ansiedade Dualid S, Hipofagin, Inibex, Moderine, Obesil Mazindol Diminui a ingestão alimentar por mecanismo noradrenérgico e dopaminérgico. Não é derivado da feniletilamina como os três anteriores 1 – 3 mg/dia Boca seca, insônia, taquicardia, ansiedade Dasten, Fagolipo Fenilpropanolamina Atua aumentandoa ação adrenérgica 50 – 75 mg/dia Sudorese, taquicardia, eventualmente aumenta a pressão arterial Vende-se sem restrição em alguns países. Accutrim, Dexatrim Serotoninérgicos Fluoxetina Inibição da recaptação da serotonina 20 – 60 mg/dia Cefaleia, insônia, ansiedade, sonolência e diminuição da libido Prozac Sertralina Inibição da 50 – 150 Cefaleia, insônia, recaptação da serotonina mg/dia ansiedade, sonolência e diminuição da libido -- Dexfenfluramina Age sobre aserotonina Retirada do mercado Sonolência, cefaleia, boca seca e aumento do ritmo intestinal. Problemas nas válvulas cardíacas Isomeride, Delgar, Fluril, Fatinil Serotoninérgicos e Catecolaminérgicos Sibutramina Inibição da recaptação da serotonina e da noradrenalina, central e perifericamente, diminuindo a ingestão e aumentando o gasto calórico 10 – 20 mg/dia Boca seca, constipação, taquicardia, sudorese, eventualmente aumento da pressão arterial Meridia, Reductil, Plenty Fenfluramina Age sobre a serotonina e da noradrenalina Retirada do mercado Sonolência, cefaleia, boca seca e aumento do ritmo intestinal. Problemas nas válvulas cardíacas Minifage AP e Lipese AP Termogênicos Efedrina Atua como agonista adrenérgico 50 – 75 mg/dia Sudorese, taquicardia, eventual aumento da pressão arterial -- Cafeína Aumenta a ação da noradrenalina em terminações nervosas, 100 – 300 mg/dia Gastrite, taquicardia -- potencializando o efeito da efedrina Aminofilina Aumenta a ação da noradrenalina em terminações nervosas, potencializando o efeito da efedrina 300 – 450 mg/dia Gastrite, taquicardia -- Inibidor da absorção intestinal de gorduras Orlistat Atua no lúmen intestinal, inibindo a lipase pancreática, que é uma enzima necessária para a absorção de triglicerídeos No máximo 120 mg, em 3 tomadasdiárias, antes das refeições Esteatorreia (diarreia gordurosa), incontinência fecal, interfere na absorção das vitaminas A, D, E e K, necessitando de suplementação Xenical Tabela 2: Resumo dos principais fármacos para o tratamento da obesidade Fonte: h�p://www.nutriweb.org.br/n0202/medemagrecer.htm http://www.nutriweb.org.br/n0202/medemagrecer.htm 6 Reeducação alimentar: Técnicas e Estratégias A reeducação é um método extremamente procurado em consultórios, mas que pode ser realizada até mesmo em nível populacional com a promoção de bons hábitos alimentares. Seja em consultórios particulares ou na saúde pública, e sendo possível o trabalho individual, a reeducação consiste em três etapas, que podem ser realizadas simultaneamente. São elas: Etapa 01 – apontar os pontos positivos da dieta do cliente – manutenção dos hábitos desejáveis, reforço do que o cliente já faz certo; Etapa 02 – incorporar novos hábitos de forma contínua e gradual. Por exemplo: se o cliente não come frutas, sugerir uma porção ao dia. Também é importante avaliar o melhor tipo e horário para consumo; Etapa 03 – abandono ou diminuição da frequência de hábitos não desejáveis. A negociação é o ponto-chave da reeducação. O cliente pode e deve usar os alimentos preferidos, ainda que não sejam tão saudáveis, desde que a quantidade e a frequência sejam limitadas. Uma boa opção é sugerir o consumo somente em duas refeições por semana. Ao lidar com o portador de sobrepeso ou obesidade, o profissional precisará conviver com os fatores que impedem o cliente de seguir o seu programa alimentar com êxito. Entre esses problemas, questões emocionais, como a ansiedade, acabam por interferir negativamente no trabalho realizado. Por esse motivo, a consulta também é um momento para que o nutricionista apresente ao seu cliente, algumas técnicas que poderão ajudá-lo a controlar melhor a quantidade e o tipo de alimentos prescritos, favorecendo todo o trabalho nutricional. Automonitoração – permite melhor consciência sobre quantidade, horários, emoções e alimentação. Nessa técnica, o nutricionista deve orientar o cliente sobre como montar um diário alimentar. O diário é uma ferramenta útil para controle da compulsão alimentar, bulimia e emagrecimento. Nesse diário, o cliente anota os horários, alimentos consumidos, quantidades, local, emoções, etc; Controle do estímulo que precede à alimentação – dicas para não fazer supermercado com fome, evitar alimentos tentadores em casa e levantar da mesa após comer fazem com que a quantidade prescrita possa ser seguida com mais exatidão; Controle do ato de comer – descansar os talheres entre uma e outra “garfada” é uma dica que ajuda no controle da quantidade. Na prática, a dica é: “se a sua mão estiver trabalhando, a sua boca deve estar vazia. Se a sua boca estiver trabalhando, ou seja, mastigando, a sua mão deve ficar desocupada”. Evitar outras atividades durante a alimentação como falar, assistir televisão e escutar música também são excelentes dicas; Reforço de comportamentos – principalmente nos retornos, evidenciar e elogiar as boas condutas representa uma ajuda para a motivação do cliente; Reestruturação cognitiva – apresentar pontos positivos quando os argumentos do cliente forem negativos. Por exemplo: o cliente diz que não consegue tomar o café da manhã porque não tem tempo. É importante sugerir que ele acorde mais cedo ou que possa tomar um iogurte no caminho do trabalho. Módulo 3 Nutrição na Hipertensão Cuidar da hipertensão por meio de uma dieta equilibrada deve ser estratégia adotada por nutricionistas da rede pública e privada. O controle começa com a adoção de uma dieta que priorize temperos naturais, com a busca pelo peso ideal e com a inclusão de alimentos capazes de melhorar o quadro hipertensivo. 7 Definições, causas, epidemiologia e consequências Entre as doenças crônico-degenerativas que preocupam os profissionais de saúde, a hipertensão é uma das que mais merece atenção. Ela é o problema de saúde pública mais comum nos países desenvolvidos. A prevalência estimada de hipertensão no Brasil atualmente é de 35% da população acima de 40 anos. Isso representa em números absolutos um total de 17 milhões de portadores da doença, segundo estimativa de 2004 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Cerca de 75% dessas pessoas recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS) para receberem atendimento na Atenção Básica. Atualmente, o conceito de hipertensão não se restringe apenas à elevação da pressão acima dos valores considerados normais (140/90 mmHg). Há a necessidade de uma avaliação mais detalhada e de um acompanhamento completo para considerar um indivíduo hipertenso. Isso porque algumas situações propiciam uma elevação de pressão apenas momentânea. Além disso, alguns indivíduos têm um perfil de pressão arterial mais baixo, de modo que o simples aparecimento de persistentes valores, por exemplo, de 130/80 mmHg, são considerados preocupantes. Variações da Pressão Arterial A pressão arterial varia naturalmente durante a vida de um indivíduo. Lactentes e crianças normalmente apresentam pressão muito mais baixa que os adultos. A atividade também afeta a pressão, que é mais baixa quando o indivíduo encontra-se em repouso. A pressão arterial também apresenta variações ao longo do dia, sendo mais elevada pela manhã e mais baixa à noite, durante o sono. Pelos motivos citados no quadro em azul, sugere-se que os consultórios de nutrição evitem medidas de pressão arterial ou, se optarem por fazê-las, estejam de acordo com os protocolos para a avaliação. Para fins de definição, quando se mede a pressão arterial, registram-se dois valores. O mais elevado é gerado quando o coração se contrai (sístole); o mais baixo corresponde à relaxação entre um batimento e outro (diástole). Transcreve-se a pressão arterial como a pressão sistólica acompanhada de uma barra e, em seguida, a pressão diastólica [por exemplo, 120/80 mmHg (milímetros de mercúrio)]. A pressão arterial elevada define-se como uma pressão sistólica em repouso superior ou igual a 140 mmHg, uma pressão diastólica em repouso superior ou igual a 90 mmHg, ou a combinação de ambas. Na hipertensão, geralmente, tanto a pressão sistólica como a diastólica estão elevadas, embora não esteja descartada a hipótese de apenas uma estar elevada. Por questões didáticas, a hipertensão pode ser classificada em (Tabela 3): Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg) Inferior a 80 Entre 80 - 84 Entre 85 - 89 Acima de 90 Inferior a 120 Ideal Normal Normal alta Alta Entre 120 – 129 Normal Normal Normal alta Alta Entre 130 – 139 Normal alta Normal alta Normal alta Alta Acima de 140 Alta Alta Alta Alta Tabela 3: Classificação da hipertensão em pessoas acima de 18 anos sem transtornos prévios Assim, sugere-se aos profissionais de saúde que seja feito um acompanhamento do indivíduo de modo que elevações importantes de pressão arterial sejam logo detectadas. Isso porque em muitas vezes os sintomas só aparecem quando a situação já está instalada há algum tempo e órgãos já foram comprometidos. Entre os sintomas que podem ser sugestivos de hipertensão estão: Cefaleia; Inchaço nas pernas; Tontura; Fadiga; Irritabilidade; Impotência sexual; Taquicardia; Sangramento nasal; Falta de ar; Dor no peito; Trombose. A avaliação médica é fundamental, já que muitos desses sintomas também são sinais de outras desordens. Como a maioria das doenças crônico-degenerativas, a hipertensão é um mal multifatorial de graves consequências. A hipertensão não tratada leva ao desenvolvimento de muitas doenças crônico- degenerativas, como a insuficiência cardíaca congestiva, a falência renal e a doença vascular periférica. A hipertensão arterial é, geralmente, uma afecção sem sintomas, na qual a elevação anormal da pressão dentro das artérias aumenta o risco de perturbações como o AVC, a ruptura de um aneurisma, uma insuficiência cardíaca, um enfarte do miocárdio e lesões do rim. Um dos problemas mais sérios relacionados à pressãoalta é a arteriosclerose, que pode levar a doenças coronarianas. Pessoas com pressão alta têm mais chances de desenvolver doenças coronarianas, porque a pressão alta coloca mais força nas paredes das artérias. Com o tempo, essa pressão extra pode danificar as artérias, tornando-as mais vulneráveis ao estreitamento e ao depósito de placas. Isso reduz o fluxo de sangue para o coração, privando-o de oxigênio. O endurecimento das paredes das artérias também pode levar à formação de pequenos coágulos de sangue. Cerca de 90% a 95% dos casos são representados por hipertensão essencial ou primária, para a qual não se pode determinar uma causa, embora alguns fatores propiciem o aparecimento do transtorno em indivíduos predispostos: Idade – entre 40 a 60 anos; Sexo – ocorre com maior frequência entre os homens; Hereditariedade; Raça – mais comum entre os negros. Esses sãos os chamados fatores de risco não modificáveis. No caso da hipertensão secundária, entre 5% e 10% dos casos de hipertensão arterial têm como causa uma doença renal. Entre 1% e 2% dos registros têm a sua origem numa perturbação hormonal ou no uso de certos fármacos, como os anticoncepcionais orais. Entre as causas da hipertensão secundária (Tabela 4), estão: Causas principais de hipertensão secundária Doenças renais Estenose da artéria renal Pielonefrite Glomerulonefrite Tumores renais Doença poliquística renal (geralmente hereditária) Lesões do rim Radioterapia que afeta o rim Perturbações hormonais Hiperaldosteronismo Síndrome de CushingFeocromocitoma Fármacos Anticoncepcionais orais Corticosteroides Ciclosporina Eritropoietina Cocaína Abuso de álcool Alcaçuz (em quantidades excessivas) Outras causas Coarctação da aorta Gravidez complicada por pré- eclâmpsia Porfiria intermitente aguda Intoxicação aguda por chumbo Tabela 4: Causas principais de hipertensão secundária Fonte: Manual Merck para a Família Assim, ao tratar um cliente com quadros renais é sempre interessante dispensar também alguma atenção ao cuidado nutricional ligado à hipertensão. O diagnóstico em hipertensão arterial é baseado na anamnese, exame físico e exames complementares que auxiliam na realização do diagnóstico da doença propriamente dita, sua etiologia, grau de comprometimento de órgãos-alvo e na identificação dos fatores de risco cardiovascular associados. A regulação da pressão arterial é feita por mecanismos hormonais: o sistema renina-angiotensina-aldosterona. Quando a pressão arterial diminui, libera-se renina (uma enzima renal). A renina, por sua vez, ativa a angiotensina, um hormônio que contrai as paredes musculares das artérias pequenas (arteríolas) e, como consequência, aumenta a pressão arterial. A angiotensina também estimula a secreção do hormônio aldosterona da glândula suprarrenal, provoca a retenção de sal (sódio) nos rins e a eliminação de potássio. Como o sódio retém água, o volume de sangue é expandido e a pressão arterial aumenta. No próximo capítulo, o tema será as formas de controle da hipertensão. 8 Avaliação e tratamento da hipertensão A avaliação de um indivíduo portador de hipertensão ou com casos isolados de elevação de pressão arterial deve ser detalhada. Normalmente, o médico é o responsável, já que existem questões envolvidas no diagnóstico que extrapolam o cuidado nutricional. A própria medida da pressão arterial exige extremo cuidado, não sendo uma prática simples para consultórios de nutrição, por haver a exigência de critérios com relação à posição, horário, etc. No entanto, ainda que o nutricionista não precise dar ao cliente o diagnóstico de hipertensão, encaminhá-lo para uma avaliação mais detalhada e para uma análise bem-feita é de especial valor. A investigação clínico-laboratorial do paciente hipertenso busca explorar as seguintes condições: Confirmar a elevação da pressão arterial e firmar o diagnóstico; Avaliar a presença de lesões em órgãos-alvo; Identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares e risco cardiovascular global; Diagnosticar doenças associadas à hipertensão; Diagnosticar, quando houver, a causa da hipertensão arterial. Na prática, a avaliação é composta por informações sobre os hábitos de vida, avaliação clínica baseada na observação de sinais e sintomas, análise antropométrica e laboratorial. Informações que devem ser coletadas: Identificação: sexo, idade, raça e condição socioeconômica; História atual: duração conhecida de hipertensão arterial e níveis de pressão; adesão e reações adversas aos tratamentos prévios; sintomas de doença arterial coronária: sinais e sintomas sugestivos de insuficiência cardíaca; doença vascular encefálica; doença arterial periférica; doença renal; diabetes mellitus; indícios de hipertensão secundária; gota; Investigação sobre diversos aparelhos e fatores de risco: dislipidemia, tabagismo, sobrepeso e obesidade, sedentarismo, perda de peso, características do sono, função sexual e doença pulmonar obstrutiva crônica; História pregressa: gota, doença arterial coronária e insuficiência cardíaca; História familiar de acidente vascular encefálico, doença arterial coronariana prematura (homens acima de 55 anos e mulheres com mais de 65 anos), ou morte prematura e súbita de familiares próximos; Perfil psicossocial: fatores ambientais e psicossociais, sintomas de depressão, ansiedade e pânico, situação familiar, condições de trabalho e grau de escolaridade; Consumo de medicamentos ou drogas que podem elevar a pressão arterial ou interferir em seu tratamento (corticosteroides, anti-inflamatórios, anorexígenos e antidepressivos hormônios). Atividade física. A avaliação antropométrica deve considerar: Avaliação de peso, estatura, IMC e percentual de gordura; Localização da gordura – medida da cintura e relação cintura/quadril; Histórico do peso; Medidas de controle que foram feitas para controle do peso. A avaliação clínica deve abordar: Exame do abdômen: apalpação para avaliar retenções ou presença de massas; Extremidades – avaliar a presença de feridas; Pele – verificar nível de hidratação, viço e elasticidade; Avaliação de edema; Análise da coloração da pele e das mucosas. A análise laboratorial deve conter: Exame de urina rotina; Dosagem de potássio; Dosagem de creatinina; Glicemia de jejum; Hematócrito; Colesterol total, LDL, HDL e triglicérides. Avaliação dietética: Consumo de sal, embutidos, tipos de tempero; Bebidas alcoólicas, gordura saturada e cafeína; Consumo de vitaminas, minerais; Consumo de líquido; Local das refeições, quantidade, forma de preparo. O acompanhamento do hipertenso deve ser frequente. A terapêutica a ser adotada depende do nível da doença, da presença de outros transtornos no cliente, do tempo de instalação do problema e da gravidade da situação. Em geral, o tratamento envolve uma combinação de dieta, modificação de hábitos de vida, inclusão de atividade física monitorada e medicamentos. No caso de pré-hipertensos, ou seja, entre os indivíduos cuja pressão arterial esteve elevada em alguns momentos sem persistência do problema ou aqueles cujos níveis de pressão estão em até 139/89 mmHg, sugerem-se apenas modificações no estilo de vida. Essas modificações incluem perda de peso, incentivo às atividades físicas, alimentação saudável e exclusão de hábitos como tabagismo e elitismo. O tratamento da hipertensão deve ser realizado por diversos profissionais, já que em muitas vezes a combinação de uma ação terapêutica com outra medida exige o contato de especialistas em áreas distintas. No capítulo 9, o cuidado nutricional será o tema abordado. Dessa forma, para finalizar este capítulo seguem algumas informações complementares sobre as demais formas de controle: Modificações do estilo de vida – devem começar com o abandono do hábito de fumar e beber. A PA sistólica de hipertensos fumantes é significativamente mais elevada do que em não fumantes, revelando o importante efeito hipertensivo transitório do fumo. No caso da bebida, segundo a literatura, a redução da ingestão de álcool pode implicar