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Trauma CTBMF | Georgea Miranda CLASSIFICAÇÃO DE PERRY DAS LESÕES FACIAIS (QUANTO À PRIORIDADE DO TRATAMENTO) • Imediato: risco de morte (obstrução aérea ou hemorragia severa) ou risco à visão (pressão intraocular) • Necessário dentro de poucas horas: lesões muito contaminadas em paciente instável, o objetivo é realizar manobras para estabilizar o paciente • Necessário dentro de 24 horas: fraturas faciais e lacerações • Postergado para mais de 24 horas: a maioria das demais fraturas faciais SUPORTE BÁSICO DE VIDA Sequência: • Avaliar expansividade do tórax e responsividade do paciente ao chama-lo • Avaliar permeabilidade da via aérea e corrigir situações de risco através de manobras como hiperextensão da cabeça e elevação do mento (apenas se não houver suspeita de lesão na coluna), introdução de cânula orofaríngea, aspiração e retirada de próteses • Avaliar ventilação • Avaliar estado circulatório • Avaliar estado neurológico UMA AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA DEVE SER REALIZADA SEGUINDO AMPLE A- Alergias M- Medicamentos P- História médica cirúrgica e social regressa L- Última refeição E- Eventos que levaram a lesão RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR • Checar responsividade • Se não responsivo, contatar o serviço de emergência, em seguida providenciar desfibrilador externo automático e equipamentos de emergência se disponíveis. Checar pulso e respiração • Posicionar o paciente em decúbito dorsal • Se a respiração ausente ou agônica, mas com pulso presente, deverá ter início o protocolo para parada respiratória • Compressões torácicas: ciclos de 30 compressões (depressões torácicas de 5 a 6cm) + 2 insuflações de 1 segundo, mantendo o ritmo de 100 a 120 compressões por minuto • Utilizar desfibrilador, se disponível • Manter os ciclos até o suporte chegar XABCDE DO TRAUMA • X o Controle de hemorragia externa grave; o É o primeiro a ser feito; o Contenção por meio de Torniquetes (utilizado para estancar o sangue) Trauma CTBMF | Georgea Miranda • A o Ar e coluna cervical; o Imobilização; o Se o paciente apresentar fratura bilateral desfavorável, causando obstrução da via respiratória, o cirurgião maxilofacial pode ajudar simplesmente estabilizando a fratura com um arco estabilizador, reestabelecendo assim a respiração espontânea, eliminando a necessidade de intubação endotraqueal o Sinais de Obstrução – ronco, estridor, voz alterada e engasgo; o Ver, ouvir e sentir; o Manobra de chin lift – elevação do mento para melhorar a respiração, aplicada apenas em situações que não tem chances da existência de lesão cervical no paciente o Manobra de jaw trust - Anteriorizar a mandíbula com cuidado para facilitar a respiração e não lesionar a coluna cervical o Fórceps de Magill – retirar objetos estranhos aspirados; 1ª opção: uso de acessórios e manobras para abrir as vias aéreas 2ª opção: intubação endotraqueal 3ª opção: cricoteodotomia 4ª opção: traqueostomia INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL: acesso pela cavidade oral ao inserir um tubo que permita a passagem de ar para o paciente - quando não se consegue retirar corpos estranhos, a laringoscopia direta permite a visualização da laringe e a colocação do tubo dentro da traqueia o Pontos a serem avaliados antes de realizar a intubação endotraqueal segundo o método de Lemon ➢ Olhar externamente se tem alguma patologia em face e pescoço ou alguma alteração anatômica ➢ Avaliar a regra 3.3.2 3- Paciente consegue abrir a boca o suficiente com o auxilio de três dedos entre os incisivos (Abertura de boca) 3- Paciente consegue posicionar três dedos entre o mento e a junção mandíbula-pescoço, próximo ao osso hióide (tamanho da mandíbula) 2- Consegue posicionar seus dedos entre a proeminência superior da cartilagem tireoide e a junção mandíbula-pescoço próxima ao hioide, conhecida como proeminência laríngea superior. Essa referência identifica a localização da laringe em relação à base da língua (distância entre o mento e osso hioíde) ➢ Escala mallampati Trauma CTBMF | Georgea Miranda ➢ Obstrução ➢ Mobilidade do pescoço ➢ O que define se a via de acesso vai ser orofaríngea ou nasofaríngea é se o paciente tem movimento reflexo de vômito ativo, caso tenha será optado pela nasofaríngea (acesso usados para utilizar acessórios, tentativas de reestabelecer a via aérea sem precisar intubar). INDICAÇÕES PARA OPTAR POR ESTABELECER UMA VIA AÉREA DEFINITIVA GARANTIDA o INTUBAÇÃO NASOTRAQUEAL: contraindicada na maioria dos casos devido o possível risco de lesão cerebral. Uma vez que fraturas da base do crânio e da lâmina cribriforme são muito suscetíveis nesses casos de ferimentos. Deve ser evitado em crianças, pacientes que apresentem sinais de lesões cerebrais traumáticas ou aumento da pressão craniana Trauma CTBMF | Georgea Miranda o CRICOTEOIDOTOMIA: casos como edema de glote, fratura de laringe ou hemorragia profusa, essa região anatômica é preferível uma vez que envolve menos tempo e menor sangramento em comparação a traqueostomia. Acesso realizado através da membrana cricotireóidea. Não recomendado para crianças em virtude dos possíveis danos à cartilagem cricoide. Como resultado, a cricotirotomia por punção e ventilação faríngea é o método cirúrgico de preferência Trauma na região bucomaxilo é uma das principais indicações para cricotirotomia, assim como trismo Trauma CTBMF | Georgea Miranda Cricoteoiodotomia com agulha → temporária, o paciente é oxigenado por no maximo 45 minutos. Não é indicado para pacientes com função pulmonar anormal ou lesão torácica Cricotireoiodotomia cirúrgica → incisão na pele que se estende até a membrana cricotireóidea. Pinça hemostática ou cabo de bisturi podem ser utilizados para dilatar a abertura A deformação da laringe dificulta a identificação anatômica e o posicionamento correto do tubo durante a cricotirotomia. Trauma contuso no pescoço pode levar a fraturas na cartilagem tireoide ou cricoide, danos na vascularização ou fratura do osso hioide. Essas lesões podem impedir o acesso à membrana cricotireoide o TRAQUEOSTOMIA- eleva o risco do paciente cinco vezes mais, último recurso. Indicações: • Presença de transecção da traqueia • Obstrução das vias aéreas superiores • Necessidade de ventilação prolongada • Fraturas complexas da face • Hematomas grandes e expansivos no pescoço • Infecções nos espaços profundos do pescoço • Lacerações no assoalho da boca Trauma CTBMF | Georgea Miranda • Se procedimentos de reconstrução da face forem limitados pela presença do tubo endotraquea • B- o Respiração; o Inspeção visual e palpação do movimento da cavidade torácica e auscultação da entrada de gás o Monitorar Bpm: 60 a 100 e PA 120:80; o FR; 14 a 17 • C o Circulação e controle de hemorragias; Sinais de hemorragia interna: - Sede - Pele fria (palidez e cansaço) - Hipovolemia - Queda da pressão - Vômitos com sangue Trauma CTBMF | Georgea Miranda - Pele isquêmica - FR acelerada Paciente hemodinamicamente instáveis necessitam de rápida triagem radiológica de tórax, abdômen e compartimentos pélvicos. Como também fazer ultrassom abdominal multidetector o Pulso; o Perfusão- bombeamento; o Hemorragia; o Tempo de enchimento capilar (no dedo ou ao redor do trauma); o Temperatura; (36,5) a variação que pode ter é de 0,2 o Nível de consciência; o Palpar diferentes áreas do corpo a fim de se constatar se está chegando sangue em todas elas;Prestar atenção em partes anatômicas susceptíveis à sangramentos abundantes como: • Couro cabeludo: rico em suprimento vascular subcutâneo, lacerações no couro cabeludo podem ser rapidamento estabilizadas com clipes de raney • Nariz: epistaxe pode ocasionar obstrução da via respiratória, pode ser feito o tamponamento posterior com uma sonda foley, este não pode ficar por mais de 24h, se precisar, deve ser trocado diariamente • Cavidade oral: hemorragias severas podem indicar que sistemas vasculares alveolares inferiores se romperam. O uso da barra de Erich consegue cessar o sangramento ou reduz consideravelmente • D o Neurológico; o Nível de consciência; o Tamanho e reação pupilar; relacionados ao nervo optico (II) que carrega fibras visuais e pupilares e oculomotor (III) que inerva o muscular esfíncter da íris que possibilita sua contração. Ao teste as duas pupilas devem responder ao feixe luminoso se contraindo igualmente. Se a luz incide sobre o olho direito e o esquerdo não responde, pode haver rompimento do nervo óptico da direta ou do oculomotor da esquerda. Se a luz incide sobre o esquerdo e esse não responde, deve-se suspeitar do comprometimento do terceiro nervo craniano (oculomotor) o Objetivo de minimizar as chances de lesão secundária; o APVU – A- Alerta, V – responde a voz, P – responde a dor e U – irresponsivo; o Escala de Coma de Glasgow ▪ 13 a 15 (bom) – 12 a 9 (moderado) – 8 a 3 (ruim – intubação); Trauma CTBMF | Georgea Miranda Avaliação do troncoencefálico Manobra oculovestibular (introduzir água fria no interior da orelha). No paciente em coma os olhos desviam-se em direção à orelha irrigada, caso não ocorra, significa que pode haver interrupção ao longo do trato neural ou membrana timpânica Resposta oculocefálica → em pacientes em coma, a cabeça esta virada da linha média e há um movimento reflexo dos olhos na direção oposta da rotação da cabeça • E o Exposição a Temperatura ambiente; o Retirar toda a roupa do paciente a fim de encontrar novas lesões não detectadas; o Limpeza e medicação das feridas; o Exposição piora a temperatura do paciente, realizar uso de mantas térmicas para manter temperatura ideal; o Na região maxilofacial, qualquer prótese ou aparelho móvel que esteja impedindo a clara visualização de um possível sangramento deve ser removido Soro glicosado: repõe glicose Ringer lactado: repõe os eletrólitos e a volemia Escore de gravidade da lesão Ela é categorizada de acordo com o sistema lesionado (respiratório, SNC, cardiovascular, abdominal, extremidades e pele. Cada um é classificado de acordo com a gravidade: 1-Menor 2- Moderado 3- Grave não potencialmente fatal 4- Potencialmente fatal, sobrevivência provável 5- Sobrevivência não provável 6- Cardiovascular, SNC ou queimaduras fatais Adiciona-se as três maiores pontuações, eleva ao quadrado e soma x² + x² + x² Trauma CTBMF | Georgea Miranda Escore de trauma e escore de trauma revisado Escore de trauma forneceu um meio de caracterizar o estado fisiológico dos sistemas cardiovascular, respiratório e neurológico. Variáveis: GCS (escala de coma de glasgow), FR e PA sistólica Cada variável tem pontuação de 0 a 4, o paciente podendo totalizar de 0 a 12, menor pontuação representa uma gravidade crescente do ferimento. Algoritmo para politraumatismo Trauma CTBMF | Georgea Miranda Trauma CTBMF | Georgea Miranda Tipos de lesões Abrasões → removem uma camada superficial da pele, causadas por cisalhamento, reepitelização completa em 7 a 10 dias Contusões → formam edema e hematoma nos tecidos subcutâneos Lacerações → causadas por lesões cortantes de tecidos moles, o fechamento é realizado em camadas Lesões por avulsão → perda de segmentos de tecido mole Mordidas de animais → mais comum em crianças no terço médio da face, deve ser feito exame radiográfico a fim de verificar possíveis fraturas. Realizar profilaxia antibiótica, amoxicilina clavulanato é o fármaco de primeira escolha. Caso apareça lesões após 24h deve ser feito profilaxia com antibiótico resistente a penicilinase. Ferimento por arma de fogo → avaliar o ferimento de entrada e saída, a fase primária geralmente requer tratamento urgente das vias respiratórias FRATURAS DO CRÂNIO: Sinais de fratura da base do crânio: equimose periorbital (olhos de guaxinim) e equimose retroauricular (sinal de battle), vazamento de líquido cefalorraquidiano pelo nariz e comprometimento do VII e VIII pares de nervos cranianos. As artérias carótidas também podem ser afetadas. Se responsivo, perguntar ao paciente se este sente gosto salgado, descarga de sabor metálico, que é um indicador de drenagem de LCR Testes para saber se o líquido que esta saindo das regiões é LCR: Trauma CTBMF | Georgea Miranda - Sinal do anel: uma gota do fluído é colocada em um papel de filtro, se for LCR, os componentes do sangue do fluído permanecem ao centro e formam-se anéis de fluido claro em torno deles Teste laboratorial positivo para beta-2 transferina confirma que é LCR saindo das regiões (orelha e nariz) Após a confirmação se faz a redução da fratura e o escoamento deve ter solução em 7 dias, caso persista, pode ser necessário procedimentos cirúrgicos de reparo EXAME DE CADA ESTRUTURA Fronte e couro cabeludo: grande perda sanguínea devido rico suprimento vascular e falta de elasticidade do couro cabeludo, que impede a contração e fechamento dos vasos. Devido excelente irrigação sanguíneo tecidos avulsionados tem alta taxa de sobrevivência. Pálpebra e aparelho nasolacrimal: o fechamento das lacerações em pálpebras é feito em camadas, reaproximando as margens das pálpebras e o tarso com suturas absorvíveis internas, músculo orbicular e seguido pelo fechamento da pele. Os músculos devem ser identificados e inseridos na placa tarsal, a fim de evitar ptose Trauma CTBMF | Georgea Miranda Órbita: exame avaliando a resposta do olho à luz, formato do globo ocular, simetria entre os olhos, função do músculo extraocular, verificar a presença de diplopia ou estrabismo Área zigomática: fratura nessa região ocasiona depressão da eminência zigomática, crepitação, assimetria facial e equimose periorbital Complexo naso-orbito-etmoidal: fraturas no NOE ocasionam depressão da ponte nasal (parecendo que o nariz seja menor), aumento da distância intercantal, canto medial arredondado, fissuras palpebrais reduzidas e enoftalmia Nariz: hematoma de septo desloca o mucopericôndrio da cartilagem, reduzindo o fornecimento de sangue para cartilagem, pode resultar em deformações estéticas como nariz em sela ou retrusão da ponte nasal. Hematomas que envolvem o septo nasal devem ser drenados com uma pequena incisão ou agulha de aspiração. Tamponamento nasal ou contenções nasais com silastic podem ser colocados para prevenir a recorrências dos hematomas e são retiradas em 7 a 10 dias. Lacerações externas devem ser fechadas com suturas não absorvíveis 6-0. Orelha: em lesões avulsivas que o segmento for de 1cm ou menos, pode ser reinserido e deixado até revascularizar. Para lesões avulsivas maiores pode ser utilizado o “princípio da bolsa” que a orelha é reinserida no coto e oculta por um retalho elevado na região auricular posterior para fornecer suprimento vascular e após 2 a 3 semanas a orelha é descoberta. Esta área deve ser analisada de forma minuciosa, uma vez que sinal de battle (equimose retroauricular), laceração do ducto auditivo, sangue ouLCR no ducto auditivo podem indicar fratura do crânio ou fossa glenoide. Mandíbula, maxila e complexo dentoalveolar: a falta de dentes deve ser observada e contabilizada. Equimoses ou lacerações nos vestíbulos bucais ou no assoalho da boca indicam fraturas subjacentes. Observar abertura incisal maxila, desvio mandibular durante abertura, oclusão. Mordida aberta anterior indica fratura condilar ou subcondilar Trauma CTBMF | Georgea Miranda Lábios: cicatrizes que afetam o orbicular da boca podem resultar em dificuldades funcionais. Uma sutura única deve ser colocada inicialmente para reaproximar a borda do vermelhão com precisão, tecidos fechados em camadas com sutura 4-0 cromada e fechamento da pele com náilon 6-0. Até ¼ do lábio podem ser fechados por primeira intenção com resultados funcionais e estéticos aceitáveis Pescoço: Zona I: a partir do nível das clavículas e chanfradura esternal à cartilagem cricoide Zona II: nível da cartilagem cricoide ao ângulo da mandíbula → mais acessível cirurgicamente Zona III: ângulo da mandíbula até a base do crânio Sinais e sintomas de lesão na laringe, traqueia ou esôfago devem ser levado à rápida intervenção cirúrgica. Estruturas do pescoço: A injeção local de esteróides fornecem um complemento no manejo dos tipos específicos de lesões Cicatrizes faciais continuam a amadurecer durante um período de 12 a 18 meses A epitelização não fornece resistência para ferida, mas sim as fibras de colágeno do tecido conjuntivo Limpeza diária com peróxido de hidrogênio diluído, curativos com sulfato de polimixina B e pomada de bacitracina de zinco- protocolo padrão
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