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Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) PUERPÉRIO (FISIOPATOLOGIA) Puerpério, período puerperal, pós-parto ou sobreparto é o período logo após o nascimento do bebê (após a dequitação placentária e dos anexos), em que as modificações ocorridas no corpo materno retornam ao estado que antecedia a gestação e alterações psíquicas. Dura em cerca de 6 a 8 semanas após o parto, onde todos os órgãos de reprodução que foram alterados irão retornar ao estado não gravídico. No pós-parto imediato: Alívio, tranquilidade e exaustão física (em casos de parto vaginal); Calafrios e em seguida sudorese (em casos de anestesias); Sede (nos casos de mulheres que receberam anestesia não podem comer, sair da posição supina, mexer a cabeça ou falar após as 12 horas do parto, pois o efeito da anestesia ainda estará ativo promovendo enjoos, cólicas, dores de cabeça e etc); Irritabilidade; Sono; Psíquicas (imediata preocupação, depressão). 1. Crise genital: as mucosas da vagina e do útero começam a involuir; 2. Recuperação genital: recuperação das mucosas (endométrio começa a crescer, mucosa que foi lacerada durante a passagem do bebê começa a se recuperar). Classificação: 1. Puerpério imediato (0 ao 10º dia): intensas modificações corporais e alto índice de complicações cirúrgicas (em quem fez cesáreas, episiotomias), caso ocorra alguma complicação na mulher nessa fase, o período é denominado de puerpério patológico; 2. Puerpério tardio (11 ao 45º dia); 3. Puerpério remoto (além do 45º dia): principalmente em primíparas e em mulheres com mais que 35 anos. Retração abaixo da cicatriz umbilical (no período gravídico se localiza próximo ao processo xifoide); Medidas iniciais de um útero gravídico: 15x12x10 cm e 1 kg; entre a 2º e 8º semana de puerpério ele apresenta 350g, chegando até 60g no final do período (involui cerca de 0,7 cm/dia); Apresenta uma atividade contrátil permanente = hemostasia do sítio placentário (fechamento do sítio placentário, parte da placenta que foi aberta no momento da dequitação começa a cicatrizar); As primíparas jovens apresentam um ritmo de involução acelerado em relação às multíparas; Efeito Ferguson: reflexo útero-mamário (lactação acelera a involução), estímulo mamilar e dos ácinos galactóforos liberam ocitocina que provocam a ejeção do leite e contração uterina. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: PERÍODOS: ÚTERO: Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) Ligaduras vivas de Pinard: são artérias e veias espiraladas formadas especificamente para nutrição da placenta, no período puerperal começam a cicatrizar (são fechadas), isso provoca um processo de colapso circulatório (trombotamponagem); O sítio placentário começa a sofrer uma retração e contração do miométrio, desencadeando uma coagulação; 10 dias após o parto o diâmetro abdominal já reduziu 50%; O estimulo da contração do útero estimula o sistema imunológico, que envia leucócitos para essa região a fim de desenvolver uma barreira protetora; 30 dias após o parto, o endométrio já apresenta uma espessura normal (0,2- 0,5 mm). É uma secreção vaginal (sanguíneas, serossanguíneas ou serosas), acontecem em parto vaginal e em cesáreas. Geralmente cessa de 4 a 6 semanas após o parto. 1. Lóquios vermelhos/rubro: são sanguíneos. 2. Lóquios fusca/flavor ou seroso (a partir do 5º dia): serossanguíneo. 3. Lóquios alva/branco (14 ao 21º dia): seroso e esbranquiçado. A menstruação ocorre 45 dias após o parto (em média), o aleitamento materno pode causar uma amenorreia de 8-12 meses (pode ocorrer gravidez nesse período), a gravidez nesse período depende da: Frequência de mamadas do bebê: quanto maior a frequência, maior o bloqueio ovulatório; Tempo de sucção: liberação de ocitocina que bloqueia a ovulação; Suplementação alimentar do recém- nascido (frequência de mamada e sucção diminui); Estado congestivo (edema) com regressão de 48 às 72h após o parto; Atrofia por carência de estrogênio: redução da espessura epitelial; as pregas da parede vaginal atrofiam em até 3 semanas após o parto; Lacerações: todas as mulheres vão ter uma laceração grau I; Carúnculas himenais/mirtiformes: laceração de hímen. Flácida: pele, tecido subcutâneo, fáscia e peritônio foram estirados durante a gravidez e nessa face começam a involuir; Vísceras: retorno à posição original; Diástase do reto abdominal: seis semanas de recuperação. Retorno da função renal: seis meses; Relaxamento da parede vesical: três meses; Hematúria, proteinúria, anúria ou IU pós-parto: Edema + hiperemia + sangramento submucoso vesical; Agravamento do quadro: peridural e raquimedular. Retorno às funções em 6 a 12 semanas; ENDOMÉTRIO: LÓQUIOS: GENITAIS EXTERNOS E VAGINA: PAREDE ABDOMINAL: SISTEMA URINÁRIO: APARELHO CARDIOVASCULAR: Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) Anemia (perda de 500 a 1000 ml de sangue): principalmente em mulheres que fizeram cesáreas; PAS: eleva-se em 10-20 mmHg após o parto (em partos vaginais = o esforço causa uma sobrecarga do sistema circulatório; além da eliminação da circulação placentária); Descompressão da VCI: diminuição da PV (pressão venosa) nos MMII; Nessa fase (puerpério imediato) existe um risco aumentado de TVP devido o aumento do fibrinogênio e fator VIII (fator de coagulação) associado à limitação da atividade física. Lactação: Colostro (3 a 7 dias): mais proteínas e sais minerais com pouco açúcar e gordura. Leite de transição (2 a 3 semanas); Leite maduro (3 semanas após o parto). Recomendações: Evitar restrições para que não ocorra ingurgitamento (sutiãs ou roupas apertadas demais); Mamadas prolongadas podem gerar fissuras, maceração e mastite; A higienização deve ser feita antes e após as mamadas (água e algodão); Caso exista a presença de turgência mamária ou proliferação de bactérias, a mulher pode apresentar febre, o leite ficará ácido. Observação: leites ácidos provocam cólicas no bebê. Cuidados com as mamas: Mantê-las suspensas e confortáveis; Massagear durante o banho; Exercícios na aréola e papila; Exposição ao sol (estímulo de melanócitos e glândulas sebáceas). Amamentação: Oferecer sempre as duas mamas (primeiro leite: mais aquoso, mata a sede; segundo leite: mais gorduroso, mata a fome); É necessário que exista a ordenha após a mamada para que seja retirado o leite residual; O bebê precisa abocanhar a aréola do peito. Tipos de mamilo: Invertido ou pseudoinvertido: também chamando de mamilo umbilicado, é voltado para dentro. O bico pode ser extraído aos poucos com as mesmas técnicas usadas no caso dos planos. É o que mais gera mais obstáculos para amamentar, já que o leite não sai com facilidade. O pseudoinvertido tem a mesma aparência, mas ao ser estimulado fica proeminente, assim, o bebê mama sem problemas. Vantagens da amamentação: Reduz o risco de câncer de ovário e mama; Previne a osteoporose; Queima calorias. Contraindicações: Câncer de mama (contraindicação absoluta); HIV +; Baixo peso e imaturidade; MAMAS: Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) Fenda palatina. Dados vitais: PAS, FR, volume urinário, temperatura axilar para que seja evitado risco de infecções geniturinária e/ou mamária; Sangramentovaginal: persistência de lóquios vermelhos após o 5º dia; sub- involução uterina que ocasiona uma retenção placentária e/ou atonia/hipotonia uterina. Ferida cirúrgica: períneo (episiorrafia); região suprapúbica (incisão abdominal); presença de hematoma, infecção, deiscência (abertura da cicatriz), etc; higienização após micções e evacuações. Complicações pós-parto: MÃES: Hemorragia: 5º causa de morte materna; uterina (hipotonia/atonia; retenção placentária; placentação anômala; sangramento de sítio placentário; lacerações e ruptura uterina); Não-uterina (laceração do trato genital; coagulopatia; hematoma puerperal). Infecção puerperal: Febre (infecção da episiotomia; edometrite; endomiometrite; parametrite e anexite; pelviperitonite; choque séptico); secreção purulenta fétida; aumento do volume uterino; dor à palpação. Tromboflebite pélvica séptica; Fasciite necrosante: causada por uma bactéria que come o tecido do útero, nesses casos é necessário fazer a retirada do útero; Ingurgitamento mamário; Mastite; Atelectasia; Doenças circulatórias (cardiomiopatia dilatada, cardiopatia periparto); Doenças tromboembólicas (a deambulação precoce diminui as chances); Distúrbios emocionais (melancolia, depressão, psicose, síndrome do pânico); NEONATOS: Icterícia neonatal (atinge cerca de 60% dos RNs), o organismo produz excessivamente a bilirrubina, ou seja, não metabolizada pelo fígado por causa da imaturidade do órgão, logo, a pele do bebê fica amarelada. Na maioria dos casos a bilirrubina regride naturalmente e desaparece na primeira semana de vida da criança. Se não for reduzida, pode chegar ao cérebro e interrompe o metabolismo das células nervosas, podendo causar a morte. Tratamento: fototerapia (transforma a bilirrubina tóxica em não tóxica para o organismo); Fatores de risco para desenvolvimento de icterícia: bebês que nascem com o fator sanguíneo RH+; bebês cujas mães são RH-; RNs dos grupos sanguíneos A ou B que sejam filhos de mulheres do tipo O; prematuros; bebês que apresentam dificuldades de amamentação nos primeiros dias. CUIDADOS PÓS-PARTO: Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) PUERPÉRIO (FISIOTERAPIA) É necessário ter conhecimento sobre o horário e a procedência do parto, ou seja, se foi via vaginal (repouso de 6 horas) ou via cesariana (repouso de 8 horas), nessas duas fases ocorre um estresse físico e emocional + instabilidade hemodinâmica. ANAMNESE: Dados pessoais; HPP (história patologia pregressa), HDA: ambas em patologias que aconteceram durante a gestação; Dados obstétricos e do parto: histórico de IU ou IF durante a gestação; Queixas; Posicionamento no leito: principalmente na hora de amamentação; Estado emocional: para verificar receptividade às orientações; EXAME FÍSICO: Sinais vitais: FC, FR, PA e temperatura axilar; Avaliação respiratória: principalmente em partos cesáreos que podem causar casos de atelectasia; Inspeção/palpação abdominal: Para analisar o grau de involução do útero; para observar se existe dor em alguma região; Avaliação dos membros inferiores: principalmente na questão de TVP; Avaliação das mamas. PUERPÉRIO IMEDIATO: Alguma alteração nesses sinais pode limitar a cinesioterapia, em casos de presença de febre não realiza nenhum procedimento, encaminha para a enfermagem. Observa o padrão ventilatório; a expansibilidade torácica; mobilidade diafragmática e ausculta pulmonar. Observação: a mecânica ventilatória está sujeita a alterações, tanto no pós-parto vaginal quanto pós-cesárea. Palpação do útero; timpanismo abdominal; diástase do músculo reto abdominal (paquímetro/dedos: supra (3 dedos acima do umbigo), umbilical e infra (3 dias abaixo do umbigo). Observação: para a realização desse exame, a paciente precisa ficar em decúbito dorsal e com os joelhos fletidos. Então, o fisioterapeuta palpa a região hipotônica do músculo e pede para a paciente realizar uma flexão anterior de tronco. A diástase varia de 2-10 cm de largura (risco acima de 3 cm em realizar contração concêntrica). Presença de edemas e varizes; sinais de formações do trombo (maléolo medial, fossa poplítea e região inguinal), sinal positivo = dor + rubor + hiperemia. Avalia a simetria; condição mamilar (evitar o ingurgitamento mamário – restrição das mamas; evitar mamadas prolongadas = maceração, fissura, mastite; higienização dos mamilos com algodão e água, antes e depois das mamadas; presença de colostro – lactação de 24 às 72h após o parto). Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) 1. Reeducação da função ventilatória: Melhorar a capacidade funcional global; Ventilação diafragmática com estímulo proprioceptivo; Expiração com isometria abdominal; Manobras de mobilização e eliminação de secreções (uso de travesseiros na cicatriz durante a tosse). 2. Reeducação da função abdominal: Melhorar o peristaltismo intestinal (exercícios de mobilização pélvica em DD ou ortostatismo; massagem abdominal no sentido horário – aumenta a eliminação de flatos – timpanismo – deambulação e DL); 3. Estímulo ao aparelho circulatório: Deambulação: previne edema, varizes e trombose; Exercícios que favoreçam o retorno venoso (mobilização tibiotársica); Elevação de MMII no leito (não realizar quando a paciente estiver com a PA elevada). 4. Reeducação do assoalho pélvico: Reduz o risco de IU, IF e disfunções sexuais futuras; Melhora a autoestima e a qualidade de vida; Episiotomia: crioterapia ou termoterapia local; Exercícios de Kegel: melhoram as trocas metabólicas e favorecem a cicatrização. Observação: ter cuidado com posições que tracionam a musculatura, causando dor. 5. Reeducação postural: pacientes que realizam cesarianas apresentam posição antálgica em flexão de tronco. Aliviar as tensões; Diminuir o quadro álgico; Incentivar o uso de posturas corretas; Órtese abdominal (deixa a musculatura abdominal preguiçosa, só recomendar em último caso – pendular, muito protruso); O parto vaginal pode desencadear coccialgias pós-parto, dependendo de como foi esse parto, do tamanho do bebê, se foi utilizado fórceps. Além disso, o parto vaginal desencadeia muita instabilidade sacroilíaca. Queixas álgicas na coluna e fadiga, o que gera ansiedade e estresse. Alongamento de grupos musculares específicos; Orientações sobre o posicionamento correto ao segurar o bebê e amamentá- lo; Exercícios de fortalecimento do AP; Atendimento individual ou em grupo; Assistência aos cuidadores – alongamento e relaxamento. Benefícios: aumenta o vínculo mãe-filho; estimula o aleitamento materno; melhora o controle térmico; diminui o risco de infecções hospitalares. É necessário realizar uma nova anamnese e avaliação funcional do assoalho pélvico (AP). CONDUTAS: 1. Orientações sobre as posturas nas AVDs com o bebê: Uso de slings (faixas de pano para segurar o bebê); CONDUTAS TERAPÊUTICAS: ATENDIMENTO À MÃE CANGURU: PUERPÉRIO TARDIO: Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) 2. Altura do trocador, banheira, berço, carrinho: 10-15 cm do cotovelo da mãe ou na altura do umbigo (crista ilíaca); Recuo para encaixedos pés para que a mulher mantenha a postura ereta da coluna; Tapete antiderrapante ou cadeirinhas dentro da banheira; Entrar no carro para posicionar o bebê na cadeirinha; Finta anterior (um pé na frente do outro, posição de esgrimista). Atendimento individual ou em grupo: Objetivos: Normalização das curvas fisiológicas da coluna (exercícios de alongamento e fortalecimento); Reestruturação da imagem e esquema corporal; Reeducação do AP; Abdominal isométrico (principalmente em cadeia excêntrica – diástase abdominal); Exercícios aeróbicos moderados; Hidroterapia; Retorno às atividades físicas habituais após três meses de atendimento fisioterapêutico. ABORTO (FISIOTERAPIA) É a interrupção da gravidez por expulsão e/ou morte do embrião ou feto junto com seus anexos. Definido pela OMS a partir de 22 semanas completas (154 dias) de gestação, quando o peso ao nascer é normalmente de 500g. Costuma-se classificar o aborto como precoce quando ocorre antes de 1 semanas da gravidez, e como tardio quando se dá entre as 13 e 22 semanas. Após as 22 semanas é denominado de morte fetal e não de aborto. A frequência do aborto está relacionada com: 1. Idade gestacional: quanto maior, menor a possibilidade de aborto espontâneo. 2. Idade materna: maior prevalência após os 30 anos. CLASSIFICAÇÃO: 1. Quanto à etiologia: Espontâneo (involuntário): Ameaça de aborto: ocorre frequente no 1º trimestre de gravidez, incide em 25% das gestações. Nesses casos existe um aparecimento de hemorragia transvaginal, procedente do interior do útero, nas primeiras semanas de gestação. É necessário repouso absoluto. O quadro clínico é o seguinte: Leve hemorragia; dor leve do tipo cólica abdominal ou na região sacro-lombar; canal cervical fechado; não há dor à mobilização cervical ou à palpação dos anexos. Aborto inevitável: ocorre dilatação do colo do útero acompanhado de sangramento severo. O quadro clínico é o seguinte: Sangramento mais intenso, contínuo, de cor vermelha viva, por vezes com coágulos; dor pélvica de maior intensidade tipo cólica; contrações uterinas rítmicas com dilatação cervical. Aborto completo: expulsão completa do conteúdo uterino. O quadro clínico é o seguinte: Diminuição do sangramento (após expelir tudo); útero contraído; cessação da dor. Nesse caso não há necessidade de curetagem ou AMIU (aspiração manual intrauterina). Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) Aborto incompleto: ocorre expulsão do embrião com retenção dos tecidos ovulares. Geralmente ocorre antes de 6- 10 semanas, onde a placenta e o feto/embrião são eliminados juntos. O quadro clínico é o seguinte: Hemorragia abundante, com risco de choque hipovolêmico; a cérvix está aberta, tocando-se os produtos de concepção; dor no hipográstrio, semelhante ao trabalho de parto. Nesse caso é necessária a realização de curetagem ou AMIU. Aborto recorrente: ocorrência de dois ou mais abortos espontâneos em gestações sucessivas ou três ou mais abortos não sucessivos. Causas: incompetência cervical; infecções maternas; estado nutricional; miomas; mal formações uterinas congênitas. Aborto retido: retenção de produtos de concepção mortos no útero por várias semanas. Após a morte fetal/embrionária pode não haver hemorragia vaginal ou outros sinais de ameaça de aborto. O quadro clínico é o seguinte: Perda de sangue escuro (borra de café); ausência de sinais usuais de progressão de gravidez; desaparecimento dos sintomas de gravidez; dor pélvica geralmente ausente; dias ou semanas após a morte fetal, o teste para B- HCG na urina torna-se negativo. Nesse caso é necessária a realização de curetagem ou AMIU. 25% de todas as gestações terminam em abortos espontâneos. Destes, 75% ocorrem nos primeiros três meses de gravidez e são devido a anomalias cromossômicas. No 2º trimestre o feto é expulso principalmente por causas mecânicas (acidentes, trauma no útero, ruptura de membranas). Aborto séptico/infectado: é o aborto complicado por uma infecção uterina. Mas frequente nos casos de aborto clandestino. O quadro clínico é o seguinte: Sinais semelhantes aos de aborto incompleto; dor pélvica espontânea e à palpação; quadro febril; leucorreia fétida. CAUSAS: ESPONTÂNEO PRECOCE: anomalias cromossômicas; doenças autoimunes; insuficiência do corpo lúteo; anomalias da cavidade uterina; infecções; fatores ambientais. ESPONTÂNEO TARDIO: desordens anatômicas – incompetência istmo-cervical (é uma causa de aborto tardio com tendência à repetição); miomas; sinéquias uterinas (cicatrizes uterinas que resultam de agressões nas camadas mais profundas do endométrio com curetagens vigorosas e repetidas); malformações uterinas (útero didelfo, unicorno, bicorno e septado). Útero duplo ou didelfo – possui uma invaginação na cavidade uterina dividindo ela em duas. Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) Nesse tipo de útero pode ser possível engravidar em uma cavidade e continuar menstruando na outra cavidade. Útero septado: quase impossível de existir gravidez, existe uma restrição de crescimento uterina muito grande. Útero bicorno: possui uma invaginação, porém é fechada. Útero unicorno: os dois ovários são posicionados do mesmo lado. Outras causas: Doenças endócrinas: hipotireoidismo (diminuição da produção de T4, responsável pelo crescimento fetal); diabetes mellitus (comprometimento do fluxo sanguíneo do útero); mecanismos imunológicos (autoimunidade - sistema imunológico não reconhece o próprio corpo; e aloimunidade – corpo não reconhece o material genético da mesma espécie). Induzido: Terapêutico (legal): É a interrupção da gravidez por indicação médica antes das 28 semanas, a fim de proteger a saúde da mãe. Indicações: em casos de estupro ou incesto (pai estuprou a filha; irmão estuprou irmã); risco de vida para a mãe; quando a gravidez tende a resultar ao nascimento de uma criança com deformidades físicas severas ou retardo mental; se a grávida tiver um atraso mental grave. Criminal (clandestino): é a interrupção da gravidez antes das 20 semanas, mas não por razões de comprometimento de saúde materna ou doença fetal. 2. Quanto ao tempo de expulsão: Precoce: < 12 semanas de gestação; Tardio: > 12 e < 20 semanas de gestação. 3. Quanto à idade gestacional: Ovular: até a 2ª semana; Embrionário: da 3ª à 8ª semana; Fetal: da 9ª até antes da 22ª semana. 4. Quanto à frequência ou recorrência: Recorrente; Habitual; Ocasional. Formas de indução ao aborto: Cirúrgico: dilatação e evacuação; aspiração a vácuo (AMIU); curetagem e laparatomia. Clínicos: a partir de ocitocina intravenosa; líquido hiperosmótico intraaminionio (envenenamento salino); prostaglandinas F2 alfa e E2; anti progesteronas; pílula RU486 (mifepristona). Complicações do aborto: Infecção; Choque séptico; Hemorragia; Fisioterapia pélvica – Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade (@taciavilar) Trauma (físico e psicológico); Infertilidade; Perfuração do útero; Abortos espontâneos; Morte.
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