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Paralisia Braquial Obstétrica Lesão nervosa periférica causada por uma tração ou compressão do plexo braquial que geralmente ocorre devido a manobras do parto levando a paralisia de músculos do MS (avulsão de algumas fibras ou compressão durante o parto tanto normal, quanto cesárea. Isso depende do médico, mas também depende da posição da qual a criança se encontra). As paralisias do plexo podem levar à sintomas mistos: perda/alteração de sensibilidade e motricidade. Vai depender do tipo de lesão e quais as raízes afetadas. Fatores de risco: - Fetos com idade gestacional normal mas que são muito grandes podem encarar problemas durante o parto; - Mãe obesa ou baixa estatura ou sedada; - Apresentação pélvica fetal (nasce o bumbum primeiro); - Apresentação fetal com rotação de cabeça (durante a manobra para retornar, pode ocorrer a lesão); - Parto prolongado, crânio volumoso; - Dificuldade de tirar o bebê durante a cesárea. Maior acometimento do lado direito e a lesão é unilateral. Parto: -Tração da cabeça e do pescoço durante a liberação dos ombros na apresentação cefálica: - Tração sobre os braços estendidos acima da cabeça na apresentação pélvica: Diagnóstico: - Geralmente é evidente ao nascimento; nos primeiros dias a criança pode sentir muita dor ao ser manipulada; os achados clínicos variam de acordo com as raízes envolvidas Lesões associadas: - Fraturas de úmero, clavícula ou parietal; - Lesão do nervo frênico (raiz de C4) e hemiplegia do diafragma (do mesmo lado da PBO); - Paralisia do nervo facial associada a paralisia facial (boca puxado para o lado bom, o lado acometido é aquele em que não há o desvio da boca). - Ruptura ou hemorragia do esternocleidomastóideo (torcicolo congênito ou um caso mais grave). O que observa após a lesão, edema de uma das raízes ou até uma avulsão completa de todo plexo. A classificação do trauma baseia-se no dano sofrido pelos componentes nervosos, funcionalidade e capacidade de recuperação espontânea. Classificação de Sedon: grau de ruptura das estruturas internas do nervo – neurotmese (prognóstico ruim), axonotmese (prognóstico reservado), neuropraxia (retorno melhor). Neuropraxia: lesão leve com perda motora e sensitiva, sem alteração na estrutura do nervo. Há um acometimento local, do qual a bainha de mielina fica acometida, porém não ocorre a degeneração walleriana e pode recuperar-se por completo. Axonotmese: perda da continuidade do axônio do qual observa-se uma degeneração walleriana do segmento distal, porém não se tem perda das células de Schwann (células que produzem mielina no SNP). A regeneração depende do grau de desorganização do nervo. Neurotmese: ruptura completa do nervo com perda de células de Schwann, degeneração walleriana do seguimento distal e interrupção do crescimento/brotamento axonal. A recuperação é pobre se não houver uma interversão cirúrgica. Classificação de Sanderlon: dividiu em 5 categorias de acordo com o grau da lesão. Tanto a extensão quanto o grau de lesão que vão definir prognóstico e a recuperação motora. Classifica todos os casos de neuropraxia como tipo 1 classificada geralmente por lesões por compressão, de regeneração espontânea e completa, com déficit parcial, sendo sua recuperação em semanas/meses. A axonotmese é dividida em 3 tipos: tipo 2 quando há perda de condução local e distal do axônio levando a degeneração walleriana em que geralmente há uma recuperação completa porém lenta (porque o crescimento é mm a mm) sendo seu prognóstico bom; tipo 3: quando envolve axônio e endoneuro, tendo uma perda da condução local e distal, onde a regeneração acontece do lado contrário do qual limita-se o prognóstico; tipo 4: envolve tanto o endoneuro quanto perineuro com perda de condução local e distal, havendo uma desorganização maior com tecido cicatricial com prognóstico de limitado a ruim. A neurotmese classifica-se como tipo 5 quando há perda de condução e o nervo é totalmente rompido, com prognóstico bastante reservado quando não se faz cirurgia. 1ª Semana – atrofia progressiva das fibras musculares 1º Mês - perda no peso muscular de 30% a 60% 4º Mês - perda no peso muscular chega a 60% a 80% - Criança não deve sentir dor, então nas primeiras semanas devemos observá-la, deixando-a em repouso caso haja presença de dor. - Intervenção precoce deve ser realizada para uma boa recuperação funcional, para se evitar atrofia muscular. Tipos: Erb-Duchenne: paralisia alta de C5-C7 onde envolve todas as raízes desse segmento, pegando também músculos e nervos. Vai depender do tipo de lesão, de qual raiz comprometido. Tipo de padrão: ombro em adução, rotação interna, cotovelo em extensão, antebraço pronado; desvio ulnar; dedos da mão fletidos (mão em Gorjeta de Garçom) Dificuldade em: flexão, abdução, rotação externa do ombro; flexão do cotovelo e ombro; supinação. Reflexos: ausência de reflexo bicipital, braquioradial e de Moro no lado acometido; Possível deficiência sensorial na face externa do braço, antebraço, polegar e indicador Klumpke: paralisia baixa de C8-T1 (C8 porque é a raiz da C7) essa lesão acomete músculos e nervos dessa região. Tipo de padrão: flexão de cotovelo e supinação do antebraço, extensão de punho e dedos em garra (Mão em Garra) Dificuldade em: extensão do cotovelo, pronação de antebraço, flexão de punho, paralisia dos músculos intrínsecos da mão - Ausência do Reflexo de Preensão Palmar Reflexos: bicipital e radial presentes Anestesia/hipoestesia face interna do braço, antebraço, borda ulnar da mão e dedo mínimo Erb-Klumpke: lesão difusa/completa, com paralisia de todos os músculos do membro superior. O membro acometido é flácido e a criança adota uma atitude de abandono. Ausência de todos os reflexos. Prognóstico é muito reservado. Se a criança não consegue elevar a escápula espontaneamente e/ou apresenta síndrome de Horner (miose, ptose palpebral e enoftalmia) a lesão está mais próxima da medula (pré-ganglionar) sendo o prognóstico mais reservado. Não ocorrendo ruptura grave de raízes: - Melhora importante dentro dos 3 primeiros meses - Recuperação entre o 6o e 12o mês (75% a 80% dos casos) Exame Físico: Observar todos os aspectos gerais: edema, atrofia, posição do membro Amplitude de movimento passiva e ativa do MS – Goniometria Teste de Sensibilidade (difícil testar no bebê, sendo usado geralmente só a dolorosa) Avaliação dos reflexos (bicipital, tricipital) e reações (Moro, Preensão, Paraquedas) Força muscular - Teste muscular manual (observar o movimento que ela faz e correlacionar com o músculo) Observação de AVD’s Escala de Mallet: avalia a função do ombro em crianças com PBO. São movimentos fáceis em crianças maiores e usa-se essa escala a fim de ver como está a evolução. Interessante fazer durante o tratamento em períodos diferentes. Avaliação postural: pode haver torcicolo congênito, encurtamento de trapézio, fraqueza do esterno e deformidades até no crescimento do crânio (existe um capacete que pode ser utilizado). A osteopatia trabalha com o crescimento do crânio, então o ideal seria unir a osteopatia ao capacete. Avaliação da atividade bimanual; avaliação funcional, de alcance, conhecer sua rotina. Observar principalmente se essa paralisia está atrapalhando muito sua rotina e se está relacionada ao desenvolvimento. Abordagem Fisioterapêutica: Até o 14º dia, devemos deixar esse membro em repouso para reorganização e cicatrização principalmente levando em contar que pode haver sinais de dor e que não vamos estimular essa dor. O programa terapêutico eficaz e integrado será essencial no tratamento da PBO. Se integrar com a família para entender quem vai estimular, cuidar da criança. Dar orientações a essa família a respeitode exercícios domiciliares. Em crianças mais velhas deve-se encorajar a participar em atividades como natação para trabalhar de forma simétrica. Posicionamento: não utiliza muitos posicionamentos que fixa essa criança, mas algumas órteses são utilizadas. Posiciona-se no berço ao contrario do padrão; estimular decúbito ventral; fazer estimulação sensorial (objetos com texturas diferentes; estímulos com álcool e gelo (criotapping)). Dentro do desenvolvimento dela vamos realizar: - movimentação ativa, ativa-assistida e passiva. - alongamentos suaves (ativo e passivo) - mobilização articular para ganhar ADM Tratamento Fisioterapêutico: Se inicia com a estimulação ativa dos movimentos: à medida que a criança se desenvolve, deve-se oferecer brinquedos de diferentes formas e tamanhos para estimular a preensão e os movimentos do MS em todas as posições, inclusive quando estiver sentada. Brincadeiras na hora do banho também são importantes a fim de estimular os movimentos ativos. Estimulação sensorial: estímulos através de diferentes materiais em contato com a pele do membro envolvido (espuma, toalha, algodão). Estimulação do desenvolvimento motor: estimular reações de extensão protetora em MMSS, rolar, sentar, engatinhar (afim de apoiar o MS envolvido), marchar. Na posição sentada deve ser estimulado o apoio do MS acometido no chão através do alcance de brinquedos oferecidos à outra mão. Hidroterapia: (desde que a criança possa) atividades recreativas na água para que possa movimentar todo o membro. Crianças que não apresentam melhora nos primeiros seis meses, são encaminhadas para o tratamento cirúrgico (transferência ou enxerto de nervo). Exames Complementares Raio-X: com o objetivo de afastar a possibilidade de fratura de clavícula ou extremidade proximal do úmero. A eletroneuromiografia - pode estar indicada principalmente nos três primeiros meses, objetivando localizar a lesão e definir o grau de envolvimento dos nervos. Exame Físico: Avaliação da mobilidade articular; Força muscular; Reflexo de preensão palmar; Reflexo de Moro; Reflexos tendinosos; Sensibilidade É difícil fazer no bebê, mas consegue-se fazer através de observações. Teste específico: teste da toalha: criança acima de 6 meses capaz de retirar a toalha da face. Quando ela não consegue retirar (com o membro afetado) indica que o prognóstico é um pouco ruim. Complicações tardias: assimetria no crescimento dos membros; deformidade em supinação (mão em gorjeta); deformidade em pronação; retração da rotação interna com subluxação posterior do ombro; sinal de trompete (hiperabdução do braço quando vai fazer a flexão de cotovelo); escápula alada; ausência da função dos músculos romboides.
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