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DESCRIÇÃO
Os paradigmas teórico-práticos que definem a Análise Experimental do Comportamento como ciência de base.
PROPÓSITO
Compreender os conceitos teóricos do behaviorismo e da aplicação desse conhecimento em termos práticos facilitará o entendimento do papel do psicólogo na intervenção terapêutica de comportamentos desadaptativos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os conceitos gerais da Análise do Comportamento
MÓDULO 2
Reconhecer a aplicabilidade dos conceitos gerais da Análise do Comportamento na prática psicológica
MÓDULO 3
Identificar o papel do analista do comportamento na avaliação de comportamentos disfuncionais junto às propostas de medidas de intervenção
MÓDULO 4
Definir a importância e as aplicações das diversas subáreas da Análise do Comportamento
INTRODUÇÃO
A Análise do Comportamento é, muitas vezes, confundida com suas subáreas. Ela é a grande área a qual são relacionados os estudos práticos do comportamento e está dividida em três ramos (CARVALHO NETO, 2002):
Behaviorismo radical – filosofia da ciência do comportamento e aporte teórico para os estudos comportamentais.
Análise Experimental do Comportamento – vertente considerada ciência de base.
Análise Aplicada do Comportamento – área destinada à aplicação dos conhecimentos sobre o comportamento.
Neste tema, você será apresentado, mais especificamente, à Análise Experimental do Comportamento, compreendendo os conceitos básicos da Análise do Comportamento, quais variáveis devem ser observadas nos estudos experimentais e como tais conceitos podem ser úteis para entender o comportamento das pessoas nos mais diversos ambientes e formas de interação.
MÓDULO 1
 Descrever os conceitos gerais da análise do comportamento
CONDICIONAMENTO CLÁSSICO: AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO E RECUPERAÇÃO
O behaviorismo ou comportamentalismo considera o comportamento como objeto de estudo e emprega princípios e métodos de outras Ciências Naturais para desenvolver suas teorias (SKINNER, 1969; MOORE, 2011).
Em um período em que o estruturalismo era considerado a grande escola experimental que possibilitou à Psicologia um lugar no hall das ciências, alguns pensadores funcionalistas estadunidenses não cessavam suas críticas ao método introspectivo de estudo da vida mental e dos processos conscientes.
Mas, enquanto os estudos experimentais de Wundt (1832-1920), na universidade alemã de Leipzig, concentravam-se na busca pelo conhecimento da vida mental, na Rússia, um importante fisiologista desenvolvia estudos que iriam impactar, diretamente, a Psicologia.
Para a maioria dos estudantes de Psicologia e até mesmo psicólogas(os) profissionais, o nome Pavlov provavelmente remete a cachorros e sininhos, embora seu trabalho tenha sido bem mais amplo que isso. Suas contribuições à Psicologia estão mais para um “incidente de percurso” do que um interesse subjacente em estudar o comportamento humano.
Autor: Mikhail Nesterov/ wikimedia Commons/Domínio PúblicoIvan Pavlov
Inicialmente, Ivan Pavlov (1849 - 1936) preocupava-se em estudar o papel das enzimas digestivas no processo de digestão de cachorros, trazendo grandes contribuições para a área. Com base nesses estudos, Pavlov elaborou o conceito de reflexo, o qual se refere a uma reação instintiva do organismo a um dado estímulo do ambiente. Tal conceito seria essencial para a Psicologia, anos mais tarde, e será mais explorado a partir de agora.
Pavlov inseria tubos esterilizados nas glândulas salivares de cães, e, ao apresentar comida para os animais, eles liberavam quantidades maiores de saliva, fornecendo o material de estudo que tanto queria. No entanto, Pavlov percebeu que, após algum tempo trabalhando com um mesmo cachorro, essas pequenas ampolas coletoras de saliva começavam a se encher a partir de estímulos que antecediam a apresentação do alimento: quando os animais ouviam seus passos, quando iluminava o laboratório ou mesmo quando se aproximava das gaiolas.
Como o conteúdo da saliva em nada se diferenciava do conteúdo enzimático produzido com a apresentação do alimento, Pavlov percebeu que novos atos reflexos talvez pudessem ser aprendidos caso fossem associados a reflexos naturais. Isso motivou o autor a elaborar e analisar seus primeiros experimentos com a associação de estímulos e respostas reflexas.
Ao perceber a salivação anterior à exposição de comida, Pavlov adotou o procedimento de, imediatamente antes de mostrar a comida, apresentar um estímulo sonoro neutro, isto é, um som que não eliciaria nenhuma resposta natural relacionada à digestão do animal – no caso, uma campainha. Após algumas repetições desse processo, pôde-se observar que, apenas apresentando a campainha, o cachorro já eliciaria a salivação. Tendo em vista a importância de tal descoberta, esse experimento permitiu que Pavlov fosse premiado com um prêmio Nobel de Medicina em 1904 (BERGER; REJMAN, 2019).
Fonte: Gilmanshin/Shutterstock.com.Demonstração do experimento de Pavlov
Alguns termos são muito fundamentais para o estudo da Análise do Comportamento. Dentre eles, o termo eliciar que significa “fazer sair; expulsar”. Esse termo é usado para caracterizar uma resposta reflexa, por conta de sua natureza automática e intrincada ao estímulo. Ou seja, a grosso modo um estímulo “extrai” do organismo uma resposta.
Esse processo de aprendizagem de um novo comportamento reflexo é chamado de condicionamento respondente ou condicionamento clássico (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Para compreender melhor o que são os reflexos e o que significa desenvolver novos comportamentos do tipo reflexo, explicaremos alguns conceitos básicos a seguir.
COMPORTAMENTOS REFLEXOS
Todos os animais, incluindo os seres humanos, nascem com um repertório de comportamentos básicos derivados da história evolutiva de cada espécie. Tais comportamentos são muito importantes para ajudar o organismo a se adaptar e a sobreviver ao ambiente em que o animal vive desde os primeiros momentos de vida. Esses comportamentos sofrem modificações provocadas por alterações no ambiente (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
As reações comportamentais automáticas, herdadas pela espécie e que favorecem a adaptação ao meio, são os reflexos inatos. Veja alguns exemplos:
Se um cisco cair no olho de uma pessoa, ela automaticamente aumentará a frequência de piscadas dos olhos e liberará mais lágrima para lubrificar e expulsar o corpo estranho.
Um bebê, da espécie humana ou de qualquer outra espécie de mamífero, eliciará o comportamento de sugar, pois é assim que se consegue obter alimentos ao nascer.
Diante de uma martelada no joelho, a perna se estica.
Uma sensação de frio gera arrepio nos poros da pele.
Esses e inúmeros outros exemplos demonstram a quantidade enorme de reflexos que um ser humano pode ter diante de condições específicas do ambiente. A essas “condições ambientais” damos o nome de estímulo. O reflexo é a relação entre um estímulo ambiental e a resposta eliciada por ele no organismo (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
COMENTÁRIO
Os reflexos estudados por Pavlov radicalizaram o estudo da Psicologia por se tratarem de objetos observáveis, constantes e quantificáveis, encerrando, por certo tempo, às críticas ao método estruturalista e atraindo a atenção dos funcionalistas estadunidenses para o estudo do comportamento.
Se os comportamentos reflexos são considerados objetos de estudo científico, é necessário compreender as propriedades desses eventos. Entre as diversas características e propriedades, é especialmente relevante ressaltar a lei da intensidade-magnitude e os efeitos de eliciações sucessivas de respostas, uma vez que são importantes para processos terapêuticos de modificação de comportamentos disfuncionais. A tabela a seguir apresenta tais características e propriedades:
	Fenômeno
	Definição
	Exemplo
	Lei da intensidade-magnitude
	Quanto maior a intensidade de um estímulo, maior será a magnitude da resposta por ele eliciada.
	Se uma pessoa pisar sobre um objeto pontudo, bem pequeno e não muito rígido, é provável que elicie uma resposta de dor leve. Mas se pisar sobre um objeto pontiagudo, afiado e rígido,provavelmente, sua resposta de dor será muito mais intensa.
	Eliciações sucessivas de resposta
	Este fenômeno ocorre quando um dado estímulo é apresentado várias vezes em um curto espaço de tempo. Tendo o estímulo apresentado intensidade constante, a resposta poderá reduzir sua magnitude ou, em alguns casos, ter sua magnitude aumentada.
	Imagine que uma pessoa viva próxima a uma estação de tratamento de esgoto. O cheiro proveniente da estação não é agradável, mas, depois de algum tempo, as pessoas que vivem no entorno não percebem o cheiro de maneira tão aversiva.
Agora, imagine uma pessoa que repita um vício de linguagem ao final de cada frase, como, por exemplo, “sacou”. Inicialmente, pode parecer algo inusitado, mas, para algumas pessoas, isso se tornará bastante incômodo depois de algum tempo.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 1: Características e propriedades dos comportamentos reflexos.
CONDICIONAMENTO RESPONDENTE
Como vimos, os comportamentos reflexos são aqueles primordiais para a adaptação e sobrevivência dos animais no ambiente. No entanto, estes não passam o resto da vida com o mesmo repertório comportamental que possuíam ao nascer. Logo, novos comportamentos são desenvolvidos a partir dos reflexos inatos. Esses novos comportamentos, ou melhor, reflexos aprendidos, são integrados ao repertório do organismo por meio de condicionamento respondente.
Ao lembrar do experimento clássico de Pavlov com seus cachorros, é possível discernir os eventos inseridos para compreender a lógica do processo. Observe o esquema que apresenta todo esse processo:
ANTES DO CONDICIONAMENTO:
O pesquisador apresentou um estímulo neuro (campainha) para o cachorro, que não manifestou reações observáveis.
DURANTE O CONDICIONAMENTO:
Em seguida, foi apresentado novamente o mesmo estímulo neutro, mas, agora, concomitantemente a um estímulo incondicionado (comida), e observou-se a eliciação de resposta incondicionada (saliva) pelo cachorro. Esse evento foi repetido algumas vezes.
APÓS O CONDICIONAMENTO:
A partir de determinado momento, a campainha, agora não mais estímulo neutro, mas sim estímulo condicionado, passa a eliciar uma resposta condicionada, que é a salivação, independentemente da presença da comida. Esse, portanto, é um condicionamento de 1ª ordem.
Os termos representados no condicionamento respondente são relativos à situação analisada. O estímulo neutro não é capaz de eliciar uma resposta a qual se está observando. Portanto, neste exemplo, a campainha é um estímulo neutro, porque, naturalmente, não é capaz de eliciar a salivação no cachorro. Da mesma forma, a comida é um estímulo incondicionado, porque elicia a salivação, mas seria considerada um estímulo neutro caso a resposta esperada fosse arrepio, por exemplo (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
Os estudos sobre o condicionamento respondente foram muito importantes para compreender respostas emocionais, como as fobias.
Vamos pensar em um exemplo plausível de ser observado no cotidiano: um motorista que não consegue mais trabalhar em seu veículo desde que sofreu um sequestro. É possível compreender o que aconteceu se a situação for fracionada: dirigir poderia ser considerado o estímulo neutro, uma vez que não eliciava nenhuma resposta emocional negativa.
Imagine que essa pessoa soube de vários casos de violência contra motoristas na região onde costuma trabalhar. Logo, dirigir passa a ser associado a um evento perigoso. Até que um dia, o motorista é rendido por um homem armado, o que o faz eliciar uma resposta de medo muito intensa, com sinais fisiológicos, cognitivos e comportamentais, como tremores, taquicardia, fraqueza nas pernas, pensamento de que pode morrer a qualquer momento e choro.
O assalto armado poderia ser considerado o estímulo incondicionado e a resposta de medo, a resposta incondicionada. No dia seguinte, o motorista acorda e só de pensar que precisa sair para trabalhar, começa a ter sensações quase tão desagradáveis quanto as que experienciou no dia anterior. O ato de dirigir, portanto, passa a ser o estímulo condicionado e o medo de dirigir, a resposta condicionada.
Pavlov também percebeu que seria possível fazer com que a resposta condicionada deixasse de ser eliciada. Isso seria possível apresentando repetidamente o estímulo condicionado sem a presença do estímulo incondicionado. Voltando ao experimento com o cachorro, seria apresentar a campainha e não apresentar mais a comida. Assim, ao fenômeno de eliminação, parcial ou total, de uma resposta condicionada damos o nome de extinção respondente.
Trazendo para situações cotidianas, podemos utilizar alguns exemplos:
NO AMBIENTE DE TRABALHO
Em um escritório, as pessoas que vivenciaram medo na presença de determinado chefe abusivo e agressivo com as palavras começassem a sentir uma melhora gradual no bem-estar e consequente diminuição das sensações negativas, ao adquirirem confiança em um possível novo chefe mais educado, comedido e justo.
Imagine que este novo chefe, que todos respeitam e admiram, que, por um motivo qualquer, perde o controle de suas emoções e acaba sendo mais agressivo que o normal. É possível que as pessoas no ambiente se lembrem do passado recente com o antigo chefe e eliciem novamente uma resposta de medo ou fiquem mais sobressaltadas que o normal.
NAS RELAÇÕES AFETIVAS
Uma pessoa que, após terminar um namoro de forma traumática, passou a não tolerar sentir o aroma do perfume que a fazia lembrar de seu/sua parceiro(a). Sempre que sentia o cheiro do perfume, lembrava-se do(a) ex-namorado(a), o que trazia bastante sofrimento. No entanto, conhece um(a) colega de classe que usa o mesmo perfume e, depois de algum tempo, a sensação de tristeza havia se esvaído. Anos mais tarde, a pessoa encontra-se com aquele(a) amigo(a) e sente novamente o aroma do perfume e experimenta um certo desconforto emocional, como um “aperto no peito inexplicável”, um “mal presságio” ou “uma sensação esquisita”.
Estes exemplos mostram que, mesmo extinguindo uma resposta condicionada, é possível que ela seja recuperada espontaneamente.
O QUE É O COMPORTAMENTO RESPONDENTE?
Assista ao vídeo, que explica e apresenta exemplos de comportamentos reflexos aprendidos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. APREENDEMOS QUE O REFLEXO É A RELAÇÃO ENTRE UM ESTÍMULO AMBIENTAL E A RESPOSTA ELICIADA POR ELE NO ORGANISMO. DENTRO DESSE CONTEXTO, QUAL É A IMPORTÂNCIA DOS COMPORTAMENTOS REFLEXOS?
Reprodução da espécie.
Desenvolvimento do organismo.
Desenvolvimento cerebral.
Desenvolvimento de novos reforçadores.
Sobrevivência e adaptação do organismo ao meio
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. JOÃO SOFREU UM ACIDENTE DE MOTO EM QUE PRECISOU TER UMA DE SUAS PERNAS AMPUTADAS. SÓ DE LEMBRAR DO EVENTO, ELE SE EMOCIONA MUITO. DESDE ENTÃO, NUNCA MAIS CONSEGUIU SUBIR EM UMA MOTO POR CONTA DO MEDO INTENSO QUE SENTE.
COM BASE NO TEXTO ACIMA E NOS CONCEITOS ESTUDADOS, ASSINALE A ALTERNATIVA:
O medo de andar de moto é o estímulo incondicionado.
A moto é o estímulo incondicionado.
A moto, antes do acidente, é o estímulo neutro.
O acidente de moto é a resposta incondicionada
Os ferimentos são a resposta condicionada
Parte inferior do formulário
GABARITO
1. Apreendemos que o reflexo é a relação entre um estímulo ambiental e a resposta eliciada por ele no organismo. Dentro desse contexto, qual é a importância dos comportamentos reflexos?
A alternativa "E " está correta.
Todo animal nasce com uma série de comportamentos básicos herdados pela história da própria espécie e que atuaram, e atuam, na capacidade de o organismo sobreviver e se adaptar em seu meio.
2. João sofreu um acidente de moto em que precisou ter uma de suas pernas amputadas. Só de lembrar do evento, ele se emociona muito. Desde então, nunca mais conseguiu subir em uma moto por conta do medo intenso que sente.
Com base no texto acima e nos conceitos estudados, assinale a alternativa:
A alternativa "C " está correta.
Antes de sofrer o acidente, a moto não eliciavanenhuma resposta de medo em João. Por isso, até esse momento, ela pode ser considerada um estímulo neutro. Apenas depois do acidente (evento traumático), ela pode ser considerada estímulo condicionado.
MÓDULO 2
 Reconhecer a aplicabilidade dos conceitos gerais da Análise do Comportamento na prática psicológica
TEORIA DO CONDICIONAMENTO OPERANTE
O comportamento respondente nos permite estudar, até certo ponto, a relação entre o organismo e o meio. A compreensão de tal conceito permite entender, avaliar e, em alguns casos, até modificar certos comportamentos, principalmente aqueles relacionados a reações emocionais. No entanto, o conceito de respondente não é capaz de explicar comportamentos mais complexos e que compreendem grande parte do repertório comportamental, principalmente de seres humanos.
Burrhus Frederick Skinner
Se uma pessoa encosta o braço em uma superfície muito quente, espera-se que ela responda quase que automaticamente, retirando o braço de perto daquela superfície. Mas como explicar comportamentos como tocar um instrumento musical, aprender a falar uma língua ou a jogar futebol? A teoria de condicionamento operante, criada e amplamente estudada pelo escritor e psicólogo Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), busca entender esse amplo e complexo repertório comportamental.
CONTROLE DE ESTÍMULOS
Diferentemente do comportamento respondente, em que um estímulo (S) elicia uma resposta (R), no paradigma operante, diz-se que um comportamento emitido espontaneamente (resposta) gera uma consequência (estímulo) que influenciará no aumento ou na diminuição das chances de o comportamento ocorrer novamente.
Por exemplo, um aluno levanta a mão para tirar uma dúvida, mas o professor não para a aula e não permite que o aluno fale. Qual é a chance de esse aluno voltar a levantar a mão para tirar dúvidas? Nesse caso, o comportamento de levantar a mão gerou uma consequência no ambiente, representada pela desconsideração do professor. Assim, a consequência será reforçadora, caso aumente a probabilidade de o comportamento ser emitido outras vezes, ou punitiva, se diminuir a probabilidade de esse comportamento se repetir.
Portanto, há dois tipos de comportamentos:
Comportamento respondente
Um estímulo do ambiente elicia uma resposta do organismo.
S → R
X
Comportamento operante
Um comportamento aleatório do organismo gera consequências no ambiente.
R → C
Não é difícil imaginar quantos comportamentos podem ser influenciados pelas consequências do ambiente. São exemplos comuns do cotidiano casos como:
A criança aponta para um brinquedo, e o adulto lhe entrega.
O(a) jovem se comporta mal, e os pais o(a) deixam de castigo.
O funcionário que bateu todas as metas do mês ganha prêmios.
Um dos pontos mais importantes da teoria de Skinner foi a observação da capacidade de modificar comportamentos a partir de suas consequências (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
Os comportamentos operantes são modelados (aprendidos) a partir do repertório de comportamentos respondentes. As respostas emitidas que geram reforço tendem a ser emitidas com mais frequência e a fazer parte do repertório, isto é, em situações semelhantes, serão novamente emitidas.
REFORÇO
Reforço é toda consequência que aumenta a probabilidade de um dado comportamento ocorrer. Os reforços operantes podem ser de dois tipos: positivo e negativo.
Reforço positivo
Ocorre quando há adição de um estímulo, resultando no aumento da frequência do comportamento.
X
Reforço negativo
É caracterizado pela retirada de um estímulo aversivo, resultando no aumento da frequência do comportamento.
Reforço não é o mesmo que recompensa, porque engloba todo e qualquer estímulo que aumente a frequência de um comportamento. Exemplos: um abraço, palavras de motivação, afeto ou assistir a um programa de televisão após terminar de estudar.
REFORÇADORES PRIMÁRIOS
São reforços com valor intrínseco. Exemplos: água, comida e sexo.
REFORÇADORES SECUNDÁRIOS
São reforços aprendidos, que adquiriram importância ao longo da vida, e não têm valor intrínseco. Exemplos: dinheiro, ouro, notas escolares, carro e roupas caras.
MODELAGEM: ESQUEMAS DE REFORÇO E PUNIÇÃO
O conceito de reforço proporcionou um grande impulso no desenvolvimento da teoria comportamental, permitindo explicar como comportamentos já existentes podem ser selecionados a partir de suas consequências. Mas foi a partir do conceito de modelagem que Skinner (1974) explicou como um novo comportamento seria integrado ao histórico comportamental do organismo.
A modelagem é um processo de reforçamento diferencial de aproximações sucessivas com objetivo de aprender um comportamento-fim. Um belíssimo exemplo desse processo de aprendizagem é o aprendizado da língua ou da própria escrita.
EXEMPLO
Um bebê que está aprendendo a falar balbucia sons que não têm um sentido claro logo de início. Porém, à medida em que os adultos ao redor reforçam pequenos acertos da criança, as informações corretas são aprendidas e, quando emitidas, são ainda mais reforçadas. Prova disso é a importância emocional que é comumente dada ao primeiro “mama” e “papa”.
Andar de bicicleta, jogar jogos de carta, aprender a fazer novos amigos e qualquer tipo de comportamento, segundo os behavioristas, pode ser aprendido dessa maneira. Outro aspecto importante sobre a modelagem é a necessidade de aplicar o reforço imediatamente após os comportamentos desejados e nunca reforçar comportamentos indesejados.
Aplicando o estímulo reforçador com frequência e em um curto período após a apresentação do comportamento, a probabilidade de ele ser emitido aumenta consideravelmente.
Aplicação do estímulo reforçador
Uma vez modelado, o comportamento nunca mais deixará o repertório do organismo?
RESPOSTA
Isso não é uma verdade. Basta pensar na quantidade de aprendizagens que perdemos ao longo da vida. Se um jovem aprende a tocar violão, mas passa anos sem praticar, é bem provável que não consiga ter a mesma capacidade que demonstrava. Também pode ser que ele se esqueça de praticamente todas as canções que havia praticado.
Quando se tira o reforço de um comportamento, a tendência é que ele reduza sua frequência de repetição e, se isso se mantiver, deixe de ser emitido. A esse processo damos o nome de extinção operante.
É bastante comum que pais de “primeira viagem” reforcem comportamentos inadequados do(a) filho(a) com receio de estarem fazendo a criança sofrer ou porque não sabem como proceder em determinada situação e, em seguida, precisem de ajuda para extinguir tais comportamentos, conforme o exemplo abaixo:
Quando a criança, em meio a outros adultos, sente-se entediada por não ter o que fazer em uma festa, ela emite alguns comportamentos para tentar eliminar aquela sensação indesejada, como fazer manha, pedir para ir embora, jogar algumas coisas no chão e, talvez, como última tentativa, chorar e gritar. Sentindo-se muito incomodados e envergonhados, os pais dão um dispositivo eletrônico para que a criança se distraia com algum jogo interativo e pare de chorar.
Dias depois, experienciando alguma emoção negativa, a criança chora e grita ainda mais forte que na festa, o que incomoda mais ainda os pais, que, por sua vez, dão novamente o dispositivo eletrônico a ela, fazendo com que pare com os gritos.
Observamos, então, que os pais estão reforçando um comportamento inadequado da criança e, seguindo esse processo com alguma frequência, poderão ensiná-la o comportamento de chorar e gritar sempre que quiser algum eletrônico ou outra coisa que a traga prazer.
Nesse caso, se o reforço é conferido à entrega do dispositivo eletrônico para extinguir o comportamento reforçado de “birra”, será necessário não entregar o que a criança quer. Não importa a intensidade do escândalo, mas, para que esse comportamento cesse, isto é, seja extinto, é necessário parar de reforçá-lo dando à criança jogos eletrônicos.
A modelagem ocorre mais rapidamente quando os reforçadores são aplicados constante e imediatamente. No entanto, esquemas de reforço contínuos são difíceis de serem observados na realidade.Então, se reforçar continuamente é muito difícil, e quando paramos de apresentar o reforço, o comportamento se extingue, como a modelagem, ou seja, a aprendizagem ocorre?
Existem meios mais eficientes de reforçar um organismo pelo chamado reforço parcial (NEVIN, 1992). Esse reforço não ocorre continuamente, mas de forma intermitente e, embora o comportamento seja aprendido mais lentamente, torna-se mais difícil de ser extinto.
As quatro possibilidades de esquemas de reforço parcial são:
ESQUEMA DE RAZÃO FIXA
ESQUEMA DE RAZÃO VARIÁVEL
ESQUEMAS DE INTERVALO FIXO
ESQUEMAS DE INTERVALO VARIÁVEL
ESQUEMA DE RAZÃO FIXA
Reforça o comportamento depois de certo número de respostas. Como exemplo, há os motoristas de aplicativo que ganham bônus após um número preestabelecido de viagens.
ESQUEMA DE RAZÃO VARIÁVEL
O reforço é apresentado após um número imprevisível de respostas, tendendo a aumentar a quantidade e a constância das respostas. É o caso de jogadores compulsivos, que não sabem quando ganharão uma partida.
ESQUEMAS DE INTERVALO FIXO
Quando a primeira resposta é reforçada após um período determinado. Por exemplo, olhar o celular diversas vezes, esperando pela mensagem de uma pessoa específica.
ESQUEMAS DE INTERVALO VARIÁVEL
Ocorre quando a resposta é recompensada depois de uma quantidade indeterminada de tempo. É o caso de um chefe que não avisa quando avaliará o serviço de seus funcionários.
PUNIÇÃO
Se a aplicação de um reforço é a maneira pela qual se torna possível aumentar a probabilidade de um comportamento repetido em situações semelhantes, a punição é exatamente o contrário: é o estímulo que reduz a probabilidade de um comportamento ser emitido novamente. Ela pode ser positiva ou negativa.
A punição positiva ocorre quando um estímulo aversivo é adicionado, reduzindo a probabilidade de o comportamento se repetir. Broncas e violência física são exemplos comuns de punição negativa que alguns pais aplicam em seus filhos quando querem que determinados comportamentos não se repitam.
A punição negativa é quando se retira um estímulo reforçador do ambiente para que determinado comportamento reduza sua frequência. Nesse caso, pode ser representado quando os pais de um adolescente retiram sua mesada por ter se envolvido em brigas na escola.
ATENÇÃO
A punição pode ser uma ferramenta para a eliminação de algum comportamento, mas pode gerar efeitos colaterais indesejados. Punições, principalmente as positivas, podem gerar reações emocionais negativas que, quando muito empregadas, geram ansiedade, tensão emocional, estresse e humor deprimido. O organismo punido não extinguirá o comportamento, mas o suprimirá, lembrando que, para que a extinção ocorra, deve haver a retirada do estímulo reforçador daquele comportamento. Se o comportamento está suprimido, não há garantias de que não será emitido novamente. Pelo contrário, longe da fonte punidora, o organismo pode sentir maior segurança em emitir o comportamento novamente.
O vídeo explica como as consequências do comportamento do indivíduo, assim com as características situacionais influenciam em seu próprio comportamento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. UM MOTORISTA ESTÁ DIRIGINDO A 120 KM/H EM UMA ESTRADA EM QUE A VELOCIDADE MÁXIMA PERMITIDA É DE 90 KM/H. ASSIM, O MOTORISTA RECEBEU UMA MULTA DE R$250,00. QUAL DOS FENÔMENOS APONTADOS REPRESENTA O QUE ACONTECEU NO EVENTO RELATADO?
Reforço positivo
Reforço negativo
Punição negativa
Extinção
Punição positiva
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. EM UMA EMPRESA FICTÍCIA DE PROPAGANDA DE TELEVISÃO, O GERENTE DE DETERMINADO PROJETO NUNCA ELOGIAVA SEUS FUNCIONÁRIOS. CERTA VEZ, UM FUNCIONÁRIO, QUE NORMALMENTE APRESENTAVA BAIXO DESEMPENHO EM RELAÇÃO A SEUS COLEGAS, MAS NUNCA FOI REPREENDIDO POR ISSO, APRESENTOU UMA IDEIA QUE ERA VISIVELMENTE UMA CÓPIA DE OUTROS COMERCIAIS. O CHEFE, ENTÃO, FICOU MUITO INTERESSADO E O PARABENIZOU PELA IDEIA BRILHANTE E POR TER CONTRIBUÍDO COM A EMPRESA. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR EXPLICA O QUE ESTÁ DESCRITO NESTE CASO:
O gerente constantemente reforçava seus funcionários.
O funcionário apresentava baixo rendimento porque era punido negativamente.
É garantido afirmar que os funcionários deste projeto trabalhavam satisfeitos.
O gerente reforçou positivamente um comportamento inadequado.
O gerente puniu todos os funcionários, incluindo o que apresentou a última ideia para o projeto.
Parte inferior do formulário
GABARITO
1. Um motorista está dirigindo a 120 km/h em uma estrada em que a velocidade máxima permitida é de 90 km/h. Assim, o motorista recebeu uma multa de R$250,00. Qual dos fenômenos apontados representa o que aconteceu no evento relatado?
A alternativa "E " está correta.
A multa aplicada ao motorista é a aplicação de um estímulo aversivo com o intuito de reduzir o comportamento inadequado (dirigir acima da velocidade permitida).
2. Em uma empresa fictícia de propaganda de televisão, o gerente de determinado projeto nunca elogiava seus funcionários. Certa vez, um funcionário, que normalmente apresentava baixo desempenho em relação a seus colegas, mas nunca foi repreendido por isso, apresentou uma ideia que era visivelmente uma cópia de outros comerciais. O chefe, então, ficou muito interessado e o parabenizou pela ideia brilhante e por ter contribuído com a empresa. Assinale a alternativa que melhor explica o que está descrito neste caso:
A alternativa "D " está correta.
O gerente reforçou positivamente um comportamento inadequado quando elogiou uma conduta bastante reprovável de plagiar outras ideias.
MÓDULO 3
Identificar o papel do analista de comportamento na avaliação de comportamentos disfuncionais junto às propostas de medidas de intervenção
ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO
Já entendemos os princípios básicos sobre a Análise do Comportamento e como se explica o desenvolvimento do repertório comportamental – a nível reflexo, pelo condicionamento respondente, e a nível complexo, pelo condicionamento operante. Assim, é possível compreendermos como os comportamentos são criados ou deixam de ser emitidos por um organismo.
A partir desse momento, o intuito é discutir sobre a Análise Funcional do Comportamento, a qual se refere ao modelo de aplicação prática da Análise do Comportamento.
A Análise Funcional é entendida como a maneira pela qual a Análise do Comportamento explica os fenômenos comportamentais, utilizando métodos e estratégias de intervenção terapêuticas (NENO, 2003). Para Skinner (2003), a Análise Funcional se encarrega da identificação das variáveis externas capazes de explicar os comportamentos que se quer analisar, prever ou modificar.
A Análise Funcional do Comportamento se propõe a realizar uma visão prática das contingências do indivíduo, ou seja, tem o papel de entender o(s) comportamento(s) inadequado(s) e prejudiciais à vida do indivíduo, bem como intervir de maneira estruturada, a fim de modificá-los. Portanto, é o emprego dos conceitos behavioristas na prática de uma terapia comportamental, unindo os conhecimentos teóricos do behaviorismo radical e as avaliações empíricas da Análise Experimental do Comportamento (FONSECA; PACHECO, 2010).
Antes de iniciar a descrição da Análise Funcional, vale lembrar que a teoria behaviorista é baseada no modelo de causalidade evolucionista, a qual defende a ideia de que a interação entre organismo e ambiente seleciona características comportamentais, assim como características morfológicas (DE-FARIAS; FONSECA; NERY, 2017).
Segundo Skinner (2003), existem três níveis de seleção do comportamento por suas consequências: filogenético, ontogenético e cultural.
NÍVEL FILOGENÉTICO
Diz respeito aos comportamentos selecionados ao longo da história da própria espécie e são muito associados a reflexos inatos. O andar bípede dos homo sapiens é resultado de seleções morfológicas que ocorreram ao longo de milhares de anos.
Isso aconteceu, entre outros motivos, pelo estreitamento da pélvis – característica que impedia que as mulheres levassem a gestação pelo tempo necessáriopara o adequado amadurecimento cerebral do feto (algo em torno de 21 meses). Como os bebês prematuros, nascidos em 9 meses, eram muito frágeis e incapazes de sobreviver no ambiente, os comportamentos relacionados aos cuidados materno e paterno se tornaram evolutivamente mais vantajosos (TONI et al., 2004).
NÍVEL ONTOGENÉTICO
Este nível se refere aos comportamentos armazenados ao longo da vida do indivíduo. Nesse nível, tanto podem ser comportamentos oriundos da via respondente quanto operante. Nesse último caso, as alterações provocadas por tal comportamento no ambiente aumentam ou diminuem as chances de esse comportamento se repetir em situações semelhantes. Como já mencionado anteriormente, os sons emitidos pelo bebê ao balbuciar seus primeiros fonemas, quando reforçados pelos adultos, deverão formar seu repertório de comportamento verbal.
NÍVEL CULTURAL
Por fim, o nível cultural trata da seleção de práticas culturais ao longo da história da cultura de uma sociedade. Os comportamentos reforçados são aqueles considerados benéficos para a cultura daquela sociedade (DE-FARIAS; FONSECA; NERY, 2017). Nesse quesito, existem os mais variáveis exemplos, tanto positivos quanto negativos. Há culturas cujo comportamento pró-social é muito reforçado, e, por isso, o conceito de respeito ao grupo é muito importante. Em contrapartida, há o racismo, comportamento destrutivo, mas reforçado por muitos grupos de pessoas dentro de uma sociedade. Assim, a teoria behaviorista leva a crer que um único comportamento pode ser influenciado por diversas variáveis: genéticas, sócio-históricas e culturais.
Para que a intervenção seja devidamente eficaz, é necessário descobrir a função do comportamento para o organismo analisado. Nesse momento, o conceito de contingência é fundamental para a Análise Funcional.
ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS
Segundo o Vocabulário da Análise do Comportamento, organizado por Teixeira Júnior e Souza (2006), contingência é definida como: “os componentes das relações comportamentais que apresentam relação de dependência entre si”. Em resumo, é a relação entre variáveis que mostram como um comportamento foi desenvolvido e se perpetua no repertório do organismo. Portanto, embora o termo mais conhecido e utilizado nos meios profissionais da Análise Funcional, não é um equívoco chamarmos este estudo de análise de contingências.
Um comportamento por si só não tem relevância para o analista do comportamento. Por isso, é importante analisar as contingências. Um mesmo comportamento emitido por uma pessoa em contingências distintas pode representar significados completamente diferentes. Isso é melhor ilustrado no caso relatado a seguir:
Imagine uma personagem que será identificada pela letra S e que apresenta o comportamento de “fazer tudo muito bem feito”. Quando pequena, sua mãe lhe batia e brigava muito sempre que S deixava algo desarrumado pela casa ou em seu quarto. Cansada dos eventos aversivos proporcionados pela mãe, S sempre se adiantava e arrumava tudo antes de a mãe chegar do trabalho. Quanto mais bem arrumada, limpa e cheirosa estava a casa, quanto mais bem feitos estavam seus deveres de casa, menor era a chance de a mãe se irritar. Às vezes, ela até se mostrava carinhosa.
Portanto, S teve o comportamento de “fazer tudo muito bem feito” reforçado negativamente, pois tirava um estímulo aversivo do ambiente, e positivamente em razão variável, pois a mãe a elogiava com alguma frequência, mesmo que incerta.
Anos mais tarde, sua mãe se conscientizou de que seu comportamento com S era inadequado e passou a ser muito grata pela ajuda que a jovem prestava em casa, sempre agradecendo à filha. S acabou por se esforçar e se dedicar ainda mais com a limpeza da casa porque o reforço dado pela mãe foi muito valorizado por ela.
Isso mostra que um mesmo comportamento pode apresentar funções distintas para o organismo, dependendo das contingências.
Para conceber a relação entre as variáveis e como elas mantêm o comportamento, é adotada uma ferramenta chamada de tríplice contingência. Essa relação pode ser expressa pela seguinte fórmula (MOREIRA; MEDEIROS, 2007):
SD: R – SC
Onde:
SD = estímulo ou situação antecedente.
R = Resposta emitida na presença de SD.
SC = consequência no ambiente que ocorrerá se o comportamento for emitido na presença de SD.
Em termos de trabalho clínico, existem dois modelos de análises funcionais: análises funcionais moleculares e análises funcionais molares (DE-FARIAS; FONSECA; NERY, 2017).
ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES
Este tipo de análise tem por objetivo analisar contingências pontuais, importantes para entender comportamentos específicos em situações determinadas. É um ponto de partida para fazer análises mais amplas em seguida. É nesse momento que se emprega a ferramenta da tríplice contingência (antecedente, resposta e consequências).
Segundo De-Farias, Fonseca e Nery (2017), são cinco os passos para a elaboração de uma análise molecular:
PASSO 1 – IDENTIFICAR A RESPOSTA
O terapeuta deve identificar respostas de natureza observável e eventos privados, como pensamentos e emoções. Segundo as autoras, há pontos importantes e que devem ser levados em consideração pelo profissional. São eles:
É importante ficar atento às respostas que são, de fato, relevantes para a observação terapêutica, uma vez que o paciente tem a tendência a expandir seu discurso e trazer inúmeros relatos de situações que não teriam valor para a avaliação terapêutica e, consequentemente, para a intervenção.
Deve-se evitar colher respostas negativas, escolhendo aquelas que o cliente, de fato, faz, e não as que ele deixa de fazer. É mais útil de intervir em “a criança se levantou e saiu de perto do pai” do que “a criança não obedece”.
É necessário deixar claro quando a resposta for de via respondente, ou seja, quando estiver atrelada a um estímulo específico, porque respostas operantes estão relacionadas às consequências.
PASSO 2 – IDENTIFICAR ANTECEDENTES
Trata-se da situação em que o comportamento ocorreu.
PASSO 3 – IDENTIFICAR CONSEQUÊNCIAS
Trata-se de estímulos ambientais produzidos por uma resposta, e a probabilidade de essa resposta ocorrer varia.
PASSO 4 – IDENTIFICAR PROCESSOS
Deve-se especificar qual é a contingência envolvida no processo operante: reforço positivo ou negativo, punição positiva e negativa.
PASSO 5 – IDENTIFICAR POSSÍVEIS EFEITOS
São aqueles que possivelmente definirão se os comportamentos são adaptativos ou desadaptativos. São avaliados por emoções e frequência (quantas vezes aquele evento se repete).
Veja, a seguir, um breve estudo de caso que ilustra os conceitos abordados. Este é um exemplo prático para demonstrar brevemente como pode ser feita uma formulação de evento específico (molecular). O objetivo é realizar quantas análises moleculares forem necessárias para compreender o quadro.
UM ESTUDO DE CASO
Um indivíduo identificado pela letra J chegou à terapia por se sentir muito triste, solitário e com medo do futuro. Disse que morava em uma cidade pequena e veio morar no Rio de Janeiro para poder trabalhar e estudar. Na faculdade, não consegue fazer amigos com facilidade, mas percebe que as pessoas o procuram para fazer trabalhos em grupo, já que é um aluno muito dedicado e perfeccionista. E ele aceitava, na esperança de conseguir fazer algum contato com seus colegas de turma.
Sempre que tomava coragem para chamar uma menina para sair, J recebia um não ou era ridicularizado. Em relação aos homens, tentou participar de alguns eventos esportivos, mas foi ignorado.
este caso, cabe a seguinte análise:
	Antecedentes
	Respostas
	Consequências
	Processos
	Efeitos
	Dificuldade para interagir socialmente e conflitos interpessoais.
	Tentar estabelecer vínculos sociais.
	Ser ridicularizado.
	Punição +
	Tristeza.
	
	
	Receber resposta “não”.
	Extinção
	Insegurança.
	
	
	Ser ignorado.
	Extinção
	Raiva.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 1: Análise funcional molecular
ANÁLISES FUNCIONAIS MOLARES
A análise funcional molar toma como base as análisesmoleculares previamente descritas pelo profissional, buscando uma avaliação mais ampla a partir de informações coletadas ao longo das sessões. O objetivo é compreender melhor a formação dos padrões comportamentais, unindo o repertório atual com as variáveis mantenedoras daqueles comportamentos.
A formulação da análise molar segue quatro passos:
1
IDENTIFICAR PADRÕES COMPORTAMENTAIS.
2
IDENTIFICAR O HISTÓRICO DE AQUISIÇÃO
Investigação do passado que possa justificar os comportamentos atuais.
3
IDENTIFICAR OS CONTEXTOS MANTENEDORES
Aqueles em que a pessoa está inserida e que favorecem a manutenção do padrão.
4
IDENTIFICAR AS CONSEQUÊNCIAS QUE FORTALECEM / ENFRAQUECEM O PADRÃO.
Um exemplo desse tipo de análise está descrito a seguir:
	PADRÃO DE COMPORTAMENTO: PERFECCIONISMO
	Comportamentos característicos
	Histórico de aquisição
	Contextos atuais mantenedores
	Consequências que fortalecem o padrão
	Consequências que enfraquecem o padrão
	Faz e refaz trabalhos
	Pais exigentes
	Ambiente acadêmico competitivo
	Bom desempenho e boas notas
	Sobrecarga e somatizações
	Nunca acha que estão bons o suficiente
	Só tinha atenção dos pais quando havia bom desempenho
	Ambiente de trabalho muito competitivo
	Reconhecimento social e profissional
	Pouco tempo para lazer
	Assume diversos compromissos ao mesmo tempo
	Comparações constantes com outras pessoas
	Altas expectativas familiares sobre seu desempenho
	Oportunidade de crescimento no trabalho
	Poucas relações de intimidade
	Dificuldade em pedir ajuda
	Dificuldade financeira na família
	Círculo social de pessoas intelectualizadas
	Evita críticas e julgamentos
	Desgaste nos relacionamentos
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 2: Exemplo de análise molar
COMO FAZER UMA AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO?
Este vídeo demonstra os processos de análises funcionais molares e moleculares.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. SEGUNDO SKINNER (2003), OS ORGANISMOS SÃO INFLUENCIADOS POR TRÊS NÍVEIS DE SELEÇÃO DE COMPORTAMENTOS: ONTOGENÉTICO, FILOGENÉTICO E CULTURAL. COM BASE NESSA AFIRMAÇÃO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
Os comportamentos de origem ontológica são essenciais para adaptação ao meio.
Os comportamentos filogenéticos são sempre os mesmos em cada espécie animal.
O repertório filogenético é necessariamente criado por via respondente.
Os comportamentos culturais são desenvolvidos com base nas influências sociais, desde que não recebam influência dos comportamentos filogenéticos.
Comportamentos filogenéticos e ontogenéticos são essenciais para a análise das contingências. Os fatores culturais não influenciam.
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2. PARA O PROFISSIONAL QUE TRABALHA COM A ANÁLISE FUNCIONAL, O MAIS IMPORTANTE É:
Conhecer os reforçadores dos comportamentos.
Saber as contingências que explicam os comportamentos.
Não há utilidade prática nesta análise, uma vez que é empregada para estudos experimentais.
As análises do contexto.
Os esquemas de reforço intermitente.
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GABARITO
1. Segundo Skinner (2003), os organismos são influenciados por três níveis de seleção de comportamentos: ontogenético, filogenético e cultural. Com base nessa afirmação, assinale a alternativa correta:
A alternativa "A " está correta.
A herança ontogenética permite que os animais nasçam com comportamentos básicos e necessários para o organismo sobreviver ao meio.
2. Para o profissional que trabalha com a Análise Funcional, o mais importante é:
A alternativa "B " está correta.
É preciso conhecer as relações entre situação, resposta e consequência para melhor analisar o padrão comportamental.
MÓDULO 4
 Definir a importância e aplicações das diversas subáreas da Análise do Comportamento
SUBDIVISÕES NO ESTUDO DO COMPORTAMENTO
O estudo do comportamento segue uma série de subdivisões com especialidades próprias, tais como:
Behaviorismo radical – que serve de base teórica para os estudos sobre o comportamento.
Análise experimental – ciência de base.
Análise Aplicada do Comportamento – vertente prática, pautada na intervenção terapêutica.
É muito difícil pensar nessas áreas completamente independentes, uma vez que se complementam. Não seria possível, sem as bases teóricas do behaviorismo radical, promover pesquisas sobre o comportamento ou mesmo validar processos aplicados para intervenção. Na visão de Tourinho (1999), todas essas subáreas fazem parte de um grande conjunto organizado, que é a Análise do Comportamento.
Assim, dificilmente, poderemos falar em contribuições e atualização de uma das áreas sem mencionar as outras, ao menos nas áreas experimental e aplicada. Como exemplos, as pesquisas em Análise Experimental do Comportamento possibilitaram o desenvolvimento de técnicas de intervenção terapêuticas com grande aceitação pelos profissionais e com ótimos resultados.
De forma resumida, a Análise do Comportamento aplicada à prática psicoterápica pode ser encontrada com os seguintes nomes, só para citar alguns:
Análise do Comportamento Aplicada (ABA) – para crianças autistas e com problemas comportamentais.
Terapia Comportamental Dialética (DBT).
Psicoterapia Analítico-Funcional (FAP).
Ativação Comportamental (AC).
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA)
A lista de aplicações e desenvolvimentos da Análise do Comportamento é grande. Como exemplo, há, segundo Passos (2016), a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que não foi desenvolvida apenas para as crianças autistas e pode ser adaptada para praticamente qualquer situação.
Estudos mostram que a intervenção precoce em crianças no espectro autista traz benefícios consideráveis a partir dos treinos em ABA (DAWSON; BURNER, 2011; FOXX, 2008). Resumidamente, o tratamento deve focar na modelagem de comportamentos que estão prejudicados na criança, assim como na extinção de comportamentos inadequados presentes em excesso, como, por exemplo, a agressividade.
O ABA pode auxiliar na redução da agressividade 
O ABA utiliza esquemas de reforço
Os esquemas de reforço são quaisquer fatores que tragam alguma satisfação, alegria ou algum reconhecimento e devem ser aplicados imediatamente após o comportamento ser emitido. Quando os reforços são aplicados sucessivamente após algumas repetições, o comportamento é condicionado.
TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA (DBT)
Inicialmente desenvolvida para trabalhar com pacientes suicidas e parassuicidas, hoje, a Terapia Comportamental Dialética (DBT) é considerada um tratamento de primeira linha para o transtorno de personalidade borderline. Trata-se de uma terapia de terceira onda e, portanto, direciona-se mais para a compreensão do contexto e da função dos fenômenos psicológicos, não apenas para sua forma (sintomas).
O DBT trabalha a aceitação através de metas comportamentais
Linehan (2014) percebeu que a proposta de trabalho terapêutico das terapias cognitivas era muito pautada no manejo dos sintomas de transtornos, ou seja, demandava um compromisso por mudança. Esse trabalho focado em mudança era interpretado por pacientes com traços mais rígidos de personalidade como uma invalidação de suas questões emocionais.
Assim, a Terapia Comportamental Dialética é uma abordagem que tem por objetivo trabalhar não somente a mudança, mas também a aceitação de algumas características intrínsecas do paciente, estabelecendo metas comportamentais específicas (ABREU, P. R.; ABREU, J. H. S. S., 2016). São elas:
ESTÁGIO 1 – ALCANÇANDO AS HABILIDADES BÁSICAS
São estabelecidas metas terapêuticas para reduzir comportamentos suicidas ou parassuicidas, ou seja, aqueles que prejudiquem:
A segurança do paciente – quando ele coloca a própria vida em risco.
A qualidade de vida do paciente – é importante orientar o paciente sobre o abuso de drogas, álcool, sexo desprotegido etc.
O próprio plano terapêutico – baseado no aprendizado de mindfulness, controle do estresse, habilidade de regulação das emoções, eficácia interpessoal e autocontrole.
MINDFULNESS
Prática baseada na atenção plena, na concentração,quando do momento presente, e na aceitação. O objetivo é ajudar o praticante a se envolver nas situações e aceitar as emoções, os pensamentos e as características ambientais atuais, deixando de lado lembranças e preocupações com o futuro.
ESTÁGIO 2 – REDUÇÃO DO ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
Esta fase foca em abordar e lidar com eventos traumáticos. Normalmente, pacientes borderline apresentam eventos traumáticos em suas vidas ou a percepção intensificada para eventos de separação. Neste estágio, a cliente é levada a lembrar e a aceitar cada um dos possíveis eventos traumáticos e sintetizar as interpretações sobre abuso físico ou psicológico.
ESTÁGIO 3 – RESOLVENDO PROBLEMAS DE VIDA E AUMENTANDO O RESPEITO PRÓPRIO
Nesta fase, é fundamental que haja a validação emocional do paciente. É importante que o próprio terapeuta o ajude a validar as próprias emoções também. Além disso, é nesse momento que trabalhos de orientação podem ser estabelecidos sobre como arrumar a casa, estudar, trabalhar, como manter um relacionamento saudável etc.
PSICOTERAPIA ANALÍTICO-FUNCIONAL (FAP)
Esta é uma abordagem focada na Análise do Comportamento. No entanto, todo o processo psicoterápico é pautado na relação terapêutica como forma de ajudar o paciente a se engajar na mudança. A ideia envolvida nesse modelo psicoterápico é a de que comportamentos do paciente e do terapeuta são modelados em contingências específicas de suas histórias pregressas, podendo emitir comportamentos semelhantes diante de situações ou estímulos atuais (KOHLENBERG; TSAI, 1994).
Para entendermos melhor esta abordagem, usaremos o exemplo de um paciente com o nome hipotético de Luís, que chega ao consultório com o intuito de trabalhar sintomas de ansiedade que o incomodam muito.
Luís diz que, desde pequeno, seus pais inibiam suas manifestações emocionais com muita frequência, repreendiam seu jeito extrovertido de se comunicar com as pessoas e evitavam deixá-lo brincar com colegas durante a semana. No presente, esse paciente sofre com a dificuldade para interagir com outras pessoas e experimenta medo em desagradá-las.
O FAP baseia-se na relação terapêutica
O terapeuta precisa ficar atento e observar comportamentos modelados nesse passado trazido pelo paciente e que podem se manifestar na relação terapêutica, questionando se:
O paciente se sente incomodado em falar sobre seus próprios sentimentos em sessão.
Dificilmente, é assertivo comigo (terapeuta).
Não consegue se “entregar” à terapia.
Assim, quando os comportamentos-problema que costumam ocorrer no dia a dia do paciente são observados na consulta – os chamados Comportamentos Clinicamente Relevantes (CCR) – o terapeuta deve intervir diretamente neles.
ATIVAÇÃO COMPORTAMENTAL (AC)
Este não é um modelo terapêutico, mas uma intervenção terapêutica que tem demonstrado muita eficácia. Consiste em auxiliar o paciente a ativar comportamentos e aumentar as chances de ser reforçado positivamente, o que vem demonstrando ser mais uma excelente proposta de tratamento para a depressão.
Embora, no quadro depressivo, a pessoa possa querer mudar as emoções e os pensamentos negativos que experiencia, normalmente, não há disposição para ações que possibilitem essa mudança.
A AC auxilia o paciente na luta contra quadros depressivos
Assim, a Ativação Comportamental tem a proposta de auxiliar o paciente a agir perante a vida, reduzindo as esquivas e aumentando a possibilidade de consequências reforçadoras para essas ações. O resultado é uma melhora na disposição, no humor e na capacidade de resolução de problemas cotidianos.
A AC auxilia o paciente na luta contra quadros depressivos
A maneira como a Ativação Comportamental é empregada precisa de uma boa relação terapêutica e conhecimento sobre o paciente. Isso permite que o terapeuta possa propor ao paciente a adoção de atividades que levariam à resolução dos problemas e, com isso, à promoção do aumento das possibilidades do contato com contingências de reforçamento positivo (SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO, 2011). Cabe ao terapeuta analisar quais contingências de vida do paciente favorecem a manutenção de comportamentos desadaptativos.
Uma tarefa muito utilizada nesta abordagem é a do “curtograma”, a qual consiste em pedir ao paciente que descreva quais atividades ele:
Gosta de fazer, mas não faz.
Gosta de fazer e faz.
Não gosta de fazer e não faz.
Não gosta de fazer, mas faz.
Isso dará ao terapeuta uma noção ampla do que está inadequadamente em excesso e o que de prazeroso e reforçador está faltando. Por exemplo, uma pessoa ama futebol, mas, há meses, não vai a uma partida ou sequer assiste aos jogos pela televisão, pois passa horas do dia resolvendo questões do trabalho, mesmo já estando em casa. O terapeuta pode propor ao paciente, respeitando suas necessidades e limitações, pelo menos uma vez por semana, encontrar-se com outras pessoas para assistir aos jogos ou jogar futebol.
COMENTÁRIO
Há alguns anos, a produção científica em Análise Experimental do Comportamento vem sofrendo relativo déficit. A crítica direcionada à grande parte dos pesquisadores é a falta de investigações científicas que apontem para a aplicação direta dos resultados obtidos, já que, por ser uma ciência de base, não necessariamente, as pesquisas trazem resultados práticos e com impacto social (CRITCHFIELD, 2011).
De fato, o objetivo de qualquer ciência básica não é necessariamente trazer resultados práticos, mas explorar e ampliar o conhecimento sobre o tema. Talvez, seja válido abordar mais problemas práticos sem perder a essência do que é fazer pesquisa básica.
Neste vídeo, falamos um pouco mais sobre a prática da Análise do Comportamento e sua aplicabilidade.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. A ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO É VISTA POR ALGUMAS PESSOAS COMO UM ESTUDO PARA DESCOBRIR MANEIRAS DE CONTROLAR NÃO SÓ O COMPORTAMENTO, MAS TAMBÉM A VIDA DO INDIVÍDUO. COM BASE NESSA AFIRMAÇÃO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A Análise Experimental do Comportamento é uma ciência de base, cujo intuito não é produzir nenhum conhecimento prático.
A Análise Experimental do Comportamento testa hipóteses, e não comportamentos.
Tal como uma ciência de base, a Análise Experimental do Comportamento preocupa-se em explorar e avançar o conhecimento e, quando possível, propor uma atividade prática que possa ser construtiva.
A pesquisa na Análise Experimental do Comportamento só teve aplicabilidade prática nas décadas de 1950 e 1960.
A Análise Experimental do Comportamento visa pesquisar quais são as contingências do paciente.
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2. A PSICOTERAPIA ANALÍTICO-FUNCIONAL:
Analisa os pensamentos automáticos e as possíveis crenças disfuncionais do paciente.
Parte do modelo cognitivo para propor um tratamento.
Entende que o indivíduo é constituído apenas por comportamento.
Avalia as contingências que influenciam o padrão de comportamento atual e quais fatores na história de vida possivelmente mantêm os comportamentos disfuncionais.
Trabalha com o discurso livre, deixando o paciente falar o que lhe vem à consciência.
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GABARITO
1. A Análise Experimental do Comportamento é vista por algumas pessoas como um estudo para descobrir maneiras de controlar não só o comportamento, mas também a vida do indivíduo. Com base nessa afirmação, assinale a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
Uma ciência de base está voltada a expandir o conhecimento, e não necessariamente a construir uma prática aplicável na realidade.
2. A Psicoterapia Analítico-Funcional:
A alternativa "B " está correta.
É preciso conhecer as relações entre situação, resposta e consequência para melhor analisar o padrão comportamental.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, abordamos as definições e características da Análise do Comportamento em sua forma mais ampla, passando por todas as subáreas: Análise Experimental do Comportamento, Behaviorismo Radical e Análise Aplicada do Comportamento, na vertente da Análise Funcional.
Foi possível compreendero papel dos comportamentos reflexos para a sobrevivência e a adaptação ao meio, e o quanto esses comportamentos podem influenciar na criação de respostas emocionais. Também foram expostos os principais conceitos de comportamentos operantes e como eles são incorporados no repertório do indivíduo. Por serem comportamentos mais complexos, são aqueles normalmente mais importantes de analisar.
Expomos, também, como é feita a análise de contingências para que seja possível compreender os comportamentos que se formam e afetam o indivíduo no presente. Além disso, foi possível entender como e quais comportamentos fazem parte da história de vida da pessoa. Por fim, pudemos identificar a importância da análise do comportamento tanto para as pesquisas científicas quanto para as intervenções clínicas.
REFERÊNCIAS
ABREU, P. R.; ABREU, J. H. S. S. Terapia comportamental dialética: um protocolo comportamental ou cognitivo? In: Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 18, n. 1, p. 45-58, 2016. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
BERGER, S.; REJMAN, K. Food digestion in Ivan Petrovich Pavlov studies on 115 anniversary of his Nobel Prize and present avenues. Roczniki Państwowego Zakładu Higieny, v. 70, n. 1, p. 97-102, 2019. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
CARVALHO NETO, M. B. Análise do comportamento: behaviorismo radical, análise experimental do comportamento e análise aplicada do comportamento. In: Interação em Psicologia, v. 6, n. 1, p. 13-18, 2002. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
CRITCHFIELD, T. S. Translational contributions of the experimental analysis of behavior. In: The Behavior Analyst, v. 34, n. 1, p. 3-17, 2011. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
DAWSON, G.; BURNER, K. Behavioral interventions in children and adolescents with autism spectrum disorder: a review of recent findings. In: Current Opinion in Pediatrics, v. 23, n. 6, p. 616-620, 2011. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
DE-FARIAS, A. K. C. R.; FONSECA, F. N.; NERY, L. B. Teoria e formulação de casos em análise comportamental clínica. Porto Alegre: Artmed Editora, 2017.
FONSECA, R. P.; PACHECO, J. T. B. Análise funcional do comportamento na avaliação e terapia com crianças. In: Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 12, n. 1/2, p. 1-19, 2010. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
FOXX, R. M. Applied behavior analysis treatment of autism: the state of the art. In: Child and Adolescent Psychiatric Clinics of North America, v. 17, n. 4, p. 821-834, 2008. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
KOHLENBERG, R. J.; TSAI, M. Functional analytic psychotherapy: a radical behavioral approach to treatment and integration. In: Journal of Psychotherapy Integration, v. 4, n. 3, p. 175-201, 1994. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
LINEHAN, M. M. DBT(r) skills training handouts and worksheets. 2. ed. New York: The Guilford Press, 2014.
MOORE, J. Behaviorism. In: The Psychological Record, v. 61, n. 3, p. 449-463, 2011. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed Editora, 2007.
NENO, S. Análise funcional: definição e aplicação na terapia analítico-comportamental. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 5, n. 2, p. 151-165, 2003. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
NEVIN, J. A. An integrative model for the study of behavioral momentum. In: Journal of the Experimental Analysis of Behavior, v. 57, n. 3, p. 301-316, 1992. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
PASSOS, J. As terapias comportamentais: um mar de siglas, ondas, concordâncias e discordâncias. Comporte-se – Psicologia e Análise do Comportamento, 15 mar. 2016. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
SAFFI, F.; ABREU, P. R.; LOTUFO NETO, F. Terapia cognitivo-comportamental dos transtornos afetivos. In: RANGÉ, B. (col.). Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a pesquisa. Porto Alegre: Artmed, 2011.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
SKINNER, B. F. Contingencies of reinforcement: a theoretical analysis. New York: Appleton-Century-Crofts, 1969.
SKINNER, B. F. Sobre o behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1974.
TEIXEIRA JÚNIOR, R. R.; SOUZA, M. A. O. de. Vocabulário de análise do comportamento: um manual de consulta para termos usados na área. Santo André: ESETec, 2006.
TONI, P. M. et al. Etologia humana: o exemplo do apego. Psico-USF, v. 9, n. 1, p. 99-104, 2004. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
TOURINHO, E. Z. Estudos conceituais na análise do comportamento. Temas em Psicologia, v. 7, n. 3, p. 213-222, 1999. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
EXPLORE+
Para compreender conceitos essenciais para a Análise Experimental do Comportamento e para a Análise Funcional, sugerimos que pesquise e leia o material disponível no site da Khan Academy: Revisão sobre variáveis dependentes e independentes.
CONTEUDISTA
Vitor Hugo Loureiro Bruno Costa

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