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Anestesiologia Sara Vitória Técnicas anestésicas Em mandíbula – aula 5 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES A frequência de sucesso do bloqueio em mandíbula é consideravelmente menor do que aquela de muitos outros bloqueios nervosos, decorrentes às considerações anatômicas em que esta apresenta, tais como uma maior densidade óssea, que acaba por dificultar a infiltração de soluções anestésicas. Desse modo, é importante ressaltar que o sucesso dessa técnica depende, principalmente, da posição do anestésico mais próximo possível do tronco alveolar (1mm). Seis bloqueios nervosos vão ser abrangidos: Dois deles — envolvendo o nervo mentual e o bucal — que proporcionam anestesia regional unicamente aos tecidos moles e têm uma frequência de êxito extremamente elevada. Em ambos os casos o nervo anestesiado se situa diretamente sob os tecidos moles, e não encerrado no osso; os outros quatro bloqueios remanescentes — alveolar inferior, lingual e mandibular de Vazirani- Akinosi (de boca fechada) e mandibular de Gow-Gates — proporcionam anestesia regional/troncular à polpa de alguns dos dentes mandibulares num quadrante ou de todos eles. Anestesiologia Sara Vitória Anestesia por bloqueio regional - Alveolar inferior (todos os dentes de uma hemiarcada) - Lingual (2/3 posterior da língua, tecidos moles linguais...) - Bucal (gengiva vestibular dos molares inferiores) - Mentual (gengiva vestibular do pré molar inf. até o incisivo central inf.) Alveolar inferior (anestesia pterigomandibular) Técnica direta: anestesia do nervo alveolar inferior Técnica indireta: anestesia do nervo alveolar inferior, lingual e bucal Nervos Anestesiados: Alveolar inferior, Incisivo, Mentual, Lingual (comumente) Áreas Anestesiadas: Dentes mandibulares até a linha média, isso é, todos os dentes de uma hemiarcada; Mucoperiósteo bucal, ou seja, mucosa vestibular anteriormente ao forame mentual, isto é, mucosa vestibular de pré molar inf. até incisivo central inf. (nervo mentual); dois terços anteriores da língua e assoalho da cavidade oral (nervo lingual); Periósteo e tecidos moles linguais (nervo lingual); corpo da mandíbula. TÉCNICA DIRETA Anestesiologia Sara Vitória Indicações: tratamento de múltiplos dentes mandibulares em uma hemiarcada; anestesia lingual; lesões dos tecidos moles anteriores ao forame mentual (gengiva vestibular de pré a incisivos inf.) Alternativas: Bloqueio do nervo mentual, para a anestesia dos tecidos moles bucais anteriormente ao primeiro molar; Bloqueio do nervo incisivo, para a anestesia dos tecidos moles pulpares e bucais de dentes anteriores ao forame mentual (geralmente do segundo pré-molar ao incisivo central) ... Marcos: Incisura coronoide (concavidade maior na borda anterior do ramo da mandíbula); rafe pterigomandibular (parte vertical); plano oclusal dos dentes mandibulares posteriores Área anestesiada por um bloqueio do nervo alveolar inferior Origem do nervo alveolar inferior Marcos ósseos para o bloqueio nervoso alveolar inferior: 1 - Língula; 2 - borda distal do ramo; 3 - incisura coronoide; 4 - processo coronoide; 5 -incisura sigmoide (mandibular); 6 - colo do côndilo; 7 - cabeça do côndilo Anestesiologia Sara Vitória Posicionamento: Para um bloqueio do nervo alveolar inferior (BNAI) direito, um administrador destro deve se sentar na posição de 8 horas de frente para o paciente. Para um bnai esquerdo, um administrador destro deve se sentar na posição de 10 horas voltado para a mesma direção do paciente. A boca deve estar bem aberta para possibilitar uma maior visibilidade e acesso ao local de injeção. Para se localizar o ponto de penetração da agulha, três parâmetros devem ser considerados: (1) A altura da injeção (2) A colocação anteroposterior da agulha (que ajuda a localizar um ponto preciso para a entrada da agulha) (3) A profundidade de penetração (que determina a localização do nervo alveolar inferior) Note a colocação do corpo da seringa no canto da boca, geralmente correspondendo aos pré-molares. Assim, a ponta da agulha toca gentilmente a extremidade mais distal da rafa pterigomandibular Anestesiologia Sara Vitória - A altura da injeção (1) Deve-se colocar o dedo indicador ou polegar da mão esquerda na incisura coronoide (que fica ao lado da borda anterior do ramo) de 6 a 10 mm acima do plano oclusal. O dedo na incisura coronoide é usado para puxar lateralmente os tecidos, distendendo-os sobre o local de injeção e esticando-os, possibilitando que a inserção da agulha seja menos traumática e também proporcionando melhor visibilidade. O ponto de inserção da agulha se situa a 3/4 da distância anteroposterior da incisura coronoide de volta até a parte mais profunda da rafa pterigomandibular. O corpo da seringa deve estar no canto da boca do lado contralateral. - Local anteroposterior de injeção (2) A penetração da agulha se dá na interseção de dois pontos: a) O primeiro ponto se situa ao longa de uma linha horizontal da incisura coronoide até a parte Anestesiologia Sara Vitória mais profunda da rafe pterigomandibular, no ponto em que ela ascende verticalmente em direção ao palato. b) Já o segundo ponto está numa linha vertical através do ponto 1, a cerca de 3/4 da distância da borda anterior do ramo da mandíbula, determinando assim o local anteroposterior de injeção. - Profundidade de penetração (3) Neste terceiro parâmetro do bnai, deve-se haver o contato com o osso. Desta forma, a agulha deve ser avançada devagar até que se possa sentir que ela encontra uma resistência óssea. Agora, a ponta da agulha deve estar localizada num ponto ligeiramente superior ao forame mandibular. A profundidade média de penetração até o contato com o osso é por volta de 20 a 25 mm. Ademais, caso se faça contato cedo demais com o osso, a ponta da agulha estará localizada demasiado anteriormente (lateralmente) no ramo da mandíbula; e para corrigir, deve-se retirar a agulha ligeiramente dos tecidos e levar o corpo da seringa anteriormente em direção ao incisivo ou canino Anestesiologia Sara Vitória lateral, logo depois, reinserir até a profundidade adequada. Entretanto, caso não haja o contato com o osso, a ponta da agulha estará demasiada posteriormente. Passo a passo: Deve-se: - Introduzir a agulha, ao fazer contato com osso, retrair aprox. 1mm para evitar a injeção subperiosteal - Fazer aspiração ou refluxo, depositar lentamente 1,5 ml de anestésico num período mínimo de 60 segundos. - Retirar lentamente a seringa e aspirar novamente quando aprox. metade de seu comprimento permanecer nos tecidos. Caso a aspiração seja negativa, deve-se depositar parte da solução restante Anestesiologia Sara Vitória (0,2ml) para anestesiar o nervo lingual*. - Retirar a seringa lentamente e tornar a agulha segura. Aguardar de 3 a 5 minutos antes de testar quanto à anestesia pulpar. Ponto de introdução: 1cm acima do plano oclusal. Inserir a agulha de 20 a 25mm, isto é, 3/4 entre a distância entre a incisura coronoide (ou borda anterior do ramo da mandíbula) e a rafe pterigomandibular. TÉCNICA INDIRETA (ou de 3 posições) Possui 3 posições (tempos), sendo a terceira igual a técnica direta. colocação da agulha e seringa para um bloqueio do nervo alveolar inferior Bloqueio do nervo alveolar inferior. A profundidade da penetração é de 20 a 25 mm (dois terços a três quartos do comprimento de uma agulha longa)Anestesiologia Sara Vitória Ponto de punção: Depressão entre a linha oblíqua externa e o ligamento pterigomandibular, 1 cm acima do plano oclusal. Nervos anestesiados: Alveolar inferior, bucal e lingual. Região anestesiada: Toda região inervada por esses nervos. Indicação: tratamento de múltiplos dentes mandibulares em uma hemiarcada, anestesia lingual, lesões dos tecidos moles posteriores ao forame mentual (gengiva vestibular dos molares inf.) Passo a passo: - A agulha penetra incialmente 5mm atingindo o nervo bucal, onde depositamos o anestésico. (1º posição) - Após introduzirmos mais 5mm (10 mm no total) injetamos anestésico bloqueando o nervo lingual. (2º posição) Anestesiologia Sara Vitória - Retiramos a agulha de modo a deixar apenas a ponta no interior dos tecidos. (3º posição) Nervo lingual área anestesiada: dois terços anterior da língua; assoalho da cavidade oral; periósteo e tecidos moles linguais. Técnica: após fazer o bnai, retirar lentamente a seringa e aspirar novamente quando aproximadamente metade de seu comprimento permanecer nos tecidos. Caso a aspiração seja negativa, depositar parte da solução restante (0,2ml) para anestesiar o nervo lingual, visto que 1,5ml foi depositado para fazer o bnai. Complicações: Hematomas (raros); trismo (músculo dolorido ou com movimento limitado); paralisa facial transitória. Nervo mentual Nervos anestesiados: mentual (é um ramo terminal do alveolar inferior) Anestesiologia Sara Vitória Áreas anestesiadas: Membrana mucosa bucal, anteriormente ao forame mentual (em torno do segundo pré- molar) até a linha média e a pele do lábio inferior e do queixo; isto é, gengiva vestibular de pré-molar a incisivo. Indicação: casos em que a anestesia dos tecidos moles bucais é necessária para procedimentos na mandíbula anteriormente ao forame mentual, como: biópsias de tecidos moles; sutura de tecidos moles. Área de inserção: prega mucobucal no forame mentual ou imediatamente anterior ao mesmo Área-alvo: nervo mentual à saída do forame mentual (geralmente localizado entre o ápice do primeiro pré-molar e o do segundo) Marcos: pré-molares mandibulares e prega mucobucal Área anestesiada por um bloqueio do nervo mentual. Anestesiologia Sara Vitória Técnica: - Recomenda-se o uso de uma agulha de calibre 25 ou 27 - Para um bloqueio do nervo mentual direito ou esquerdo, um administrador destro deve se sentar confortavelmente em frente ao paciente, de modo que a seringa possa ser colocada na boca abaixo da linha de visão do paciente. - Deve-se fazer o paciente fechar parcialmente a boca. Isso permite um maior acesso ao local de injeção. - Não há nenhuma necessidade de entrar no forame mentual ou de fazer contato com o osso. Nervo Bucal Nervos anestesiados: bucal (um ramo da divisão anterior de V3). Área anestesiada: tecidos moles e periósteo bucal dos dentes molares mandibulares, isto é, gengiva vestibular dos molares. Indicação: casos em que a anestesia dos tecidos moles bucais é Anestesiologia Sara Vitória necessária para procedimentos dentários na região molar mandibular. Área de inserção: membrana mucosa distal e bucal em relação ao dente molar mais distal no arco. Área-alvo: nervo bucal ao passar sobre a borda anterior do ramo da mandibular. Marcos: molares mandibulares, prega mucobucal. Área anestesiada por um bloqueio do nervo bucal. Alinhamento da seringa. Paralelamente ao plano oclusal no lado da injeção, mas bucal a ele. Distal e bucalmente ao último molar. Anestesiologia Sara Vitória Técnica: - Recomenda-se o uso de uma agulha longa de calibre 25 ou 27. - Para um bloqueio do nervo bucal direito, um operador destro deve se sentar na posição de 8 horas diretamente de frente para o paciente. - Para um bloqueio do nervo bucal esquerdo, um administrador destro deve se sentar na posição de 10 horas voltado para a mesma direção do paciente - Preparar os tecidos para a penetração num ponto distal e bucal ao molar mais posterior. * - Com seu dedo indicador esquerdo (caso destro), puxar lateralmente os tecidos moles bucais na área de injeção, para melhorar a visibilidade. Tecidos esticados permitem uma penetração atraumática da agulha. - Dirigir a seringa para o local de injeção com o bisel com a face para baixo em direção ao osso e a seringa alinhada paralelamente ao plano oclusal do lado da injeção, porém em posição bucal em relação aos dentes. - Penetrar a membrana mucosa no local de injeção, em posição distal e bucal relativamente ao último molar. Anestesiologia Sara Vitória - Avançar a agulha devagar até fazer contato de leve com o mucoperiósteo. - Caso a aspiração seja negativa, depositar lentamente 0,3 ml (aproximadamente um oitavo de um cartucho) em 10 segundos. Técnica de Vazirani-Akinosi Abordagem com a boca fechada usada para fazer anestesia mandibular. Nervos anestesiados: Alveolar inferior, Incisivo, Mentual, Lingual. Áreas anestesiadas: dentes mandibulares até a linha média, isso é, todos os dentes de uma hemiarcada; Mucoperiósteo bucal, ou seja, mucosa vestibular anteriormente ao forame mentual, isto é, mucosa vestibular de pré molar inf. até incisivo central inf. (nervo mentual); dois terços anteriores da língua e assoalho da cavidade oral (nervo lingual); Periósteo e tecidos moles linguais (nervo lingual); corpo da mandíbula. Indicações: abertura mandibular limitada; múltiplos procedimentos em dentes mandibulares; incapacidade de se visualizar Bloqueio mandibular extraoral utilizando a abordagem lateral através da incisura sigmoide. Anestesiologia Sara Vitória marcos para o BNAI (p. ex., devido a uma língua grande) Área de inserção: tecidos moles sobrejacentes à borda medial (lingual) do ramo mandibular diretamente adjacente à tuberosidade maxilar, na parte alta de junção mucogengival circunvizinha ao terceiro molar maxilar Área-alvo: tecidos moles na borda medial (lingual) do ramo mandibular na região do nervo alveolar inferior, do nervo lingual e do nervo milo-hióideo em seu trajeto inferior do forame oval ao forame mandibular (a altura da injeção com o uso da técnica de Vazirani-Akinosi é abaixo daquela do BNMGG, porém acima daquela do BNAI) Marcos: junção mucogengival do terceiro (ou do segundo) molar maxilar; Tuberosidade maxilar; Incisura coronoide no ramo da mandíbula Área anestesiada por um bloqueio nervoso mandibular de boca fechada de Vazirani-Akinosi. Anestesiologia Sara Vitória Anestesia por bloqueio troncular É um verdadeiro bloqueio nervoso mandibular, pois proporciona anestesia sensorial em praticamente toda a distribuição do V3. O nervo alveolar inferior, o lingual, o milo-hióideo, o mentual, o incisivo, o auriculotemporal e o bucal são todos bloqueados pela injeção de Gow-Gates. Nervos Anestesiados: Alveolar inferior; Mentual; Incisivo; Lingual; Milo-hióideo; Auriculotemporal; Bucal (em 75% dos pacientes). Áreas Anestesiadas: Dentes mandibulares até a linha média, isto é, todos os dentes de uma hemiarcada; Mucoperiósteo e membranas mucosas bucais do lado da injeção, isto é, de uma hemiarcada; Dois terços anteriores da língua e assoalho da cavidade oral; Tecidos moles e periósteo da língua; Corpo da mandíbula, parte inferior do ramo da mandíbula;Pele sobre o zigoma, parte posterior da bochecha e regiões temporais. Indicações: Múltiplos procedimentos nos dentes mandibulares; Casos em que é necessária a anestesia dos tecidos moles bucais, do terceiro molar até a linha média; Casos em que é necessária a anestesia dos tecidos moles linguais; Casos em que um bloqueio do nervo alveolar inferior convencional não é bem- sucedido. Anestesiologia Sara Vitória Área de inserção: membrana mucosa na parte mesial do ramo da mandíbula, numa linha da incisura intertrágica até o canto da boca, imediatamente distal ao segundo molar maxilar. Área-alvo: aspecto lateral do colo condilar, logo abaixo da inserção do músculo pterigoide lateral. Marcos: Extraoral: - Borda inferior do trago (incisura intertrágica). O marco correto é o centro do meato auditivo externo, que está oculto pelo trago; por esta razão, sua borda inferior é adotada como auxílio visual - Canto da boca Área anestesiada por um bloqueio do nervo mandibular (de Gow-Gates). Anestesiologia Sara Vitória Área alvo: colo do côndilo Intraoral - A ponta da agulha é colocada logo abaixo da cúspide mesiolingual (mesiopalatina) do segundo molar maxilar, e é movida até um ponto imediatamente distal segundo molar maxilar, mantendo a altura estabelecida na etapa precedente. Marcos intraorais para um bloqueio mandibular de Gow-Gates. Anestesiologia Sara Vitória Referências MALAMED, S.F. MANUAL DE ANESTESIA LOCAL. 6ED. RIO DE JANEIRO; ELSEVIER, (CAPITULO 13 - TÉCNICAS DE ANESTESIA MAXILAR)
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