Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NEFROLOGIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA PROTEINÚRIAS ASSINTOMÁTICAS E SÍNDROME NEFRÓTICA Síndrome nefrótica: Proteinúria > 3,5g, edema, hipoalbuminemia, hiperlipidemia. PROTEINÚRIAS ASSINTOMÁTICAS Proteinúria isolada acima de 150mg/dia e abaixo de 3g/dia. Pode ser de origem glomerular ou tubular. Ausência de outras anormalidades urinárias ou sintomas sistêmicos. Causas: o Primárias. GESF. GN membranosa. o Secundárias: Nefropatia diabética. Nefroesclerose hipertensiva. SÍNDROME NEFRÓTICA Achados obrigatórios: o Proteinúria ≥ 3,5g/24h ou ≥50mg/kg/24h em crianças. o Hipoalbuminemia. o Edema. Achados não obrigatórios (complicações): o Hiperlipidemia. o Hipercoagulabilidade (deficiência antitrombina III). o Desnutrição protéica. o Maior susceptibilidade a infecções (deficiência IgG). Fisiopatologia: o Desorganização entre a barreira de carga e a barreira estrutural do podócito e da membrana basal, havendo grande perda de proteína. Podendo perde 11g, 30g por dia. Susceptibilidade aumentada a infecções (bactérias encapsuladas). o Ig e componentes do sistema complemento. o Peritonite bacteriana espontânea (streptococo). Desnutrição proteica: o Níveis de tiroxina. o Perda de globulina de ligação da tiroxina (TBG). Anemia microcítica hipocrômica resistente ao ferro: o Perda de transferrina. Aumento dos fenômenos tromboembólicos: o Volume intravascular. o Antitrombina III. o Fibrinogênio. Trombose de veia renal (complicação): o 30% GN membranosa. o Dor nos flancos ou na virilha. o Varicocele do lado acometido. o Hematúria macroscópica. o Piora da proteinúria (tendo proteinuria antes) o Redução inexplicada do débito urinário. o Assimetria do tamanho e/ou função dos rins. f NEFROLOGIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Obs.: Quanto menor a albumina, maior as complicações. Medidas gerais: o Restrição salina (Na 2g/dia). o Diureticoterapia. o Controle pressórico: PA ≤ 130 X 80 mmhg (para diminuir a hiperfiltração glomerular). IECA ou BRA. o Controle de dislipidemia. Longa duração ou recidivantes. o Restrição proteica 1.0 = 0.8g/kg/dia. Redução na progressão de doença (DRC II a IV). o Suplementação de Ca e vitamina D (dependendo do estadiamento da doença) Não é recomendado de rotina. Apenas se alteração na histologia óssea. NEFROPATIA POR LESÕES MÍNIMAS Anormalidades estruturais na membrana basal, visíveis à microscopia eletrônica. Desestruturação do podócito, da barreira. Muito edema, perda anormal de proteína na urina. Distribuição etária: o Crianças 80%. o Adultos 20%. Fisiopatologia: o Proteinuria seletiva: Lesão na “barreira de carga”. o Estímulo imunogênico: Fator circulante produzido por linfócitos T (teoria empírica) Lesão podocitária secundária a resposta imune tipo 2 (imunoglobulinas). Maior expressão de CD90 (b7-1) nos podócitos (Reises et al). o Genética: Maior incidência entre familiares. HLA-B12, HLA-B8 e HLA-DRw7. o Microscopia: Óptica: Normal ou pouco alterada. Eletrônica: “Fusão” dos processos podocitários. o Lesões mínimas: Fusão de processos podais podocitários. Manifestações clínicas: o Síndrome nefrótica clássica. o Clara associação com fenômenos atópicos. o Função renal preservada (geralmente). o Períodos de remissão espontânea e recaídas. Responde bem a imunossupressão. o Hematúria microscópica (20%) / macroscópica (rara). o Níveis normais de complemento sérico. Indicação de biópsia renal: o Crianças: Não responsivos após 8 – 10 semanas. NEFROLOGIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA < 1 ano e > 10 anos. Disfunção renal. Recidivantes frequentes. o Adultos: Sempre. Tratamento: o Prednisona dose de 1 a 2 mg/kg/dia durante 4 a 8 semanas com retirada progressiva. Dramática resposta à corticoterapia: Completa: Proteinúria < 300mg/dia (80%). Independente do valor inicial. Parcial: 50% da proteinúria inicial, sendo valor total < 3,5 g/24h (10%). Recidiva: Aumento de proteinúria para níveis nefróticos (>3,5g) após remissão completa ou parcial. Recidivante frequente: 3 ou mais recidivas anuais (40 a 50%). Corticodependência: Recidiva até 4 semanas após remissão ou durante desmame de corticoide ou necessidade de manter corticoide. Corticorresistência: Falência em atingir remissão, ao menos parcial, após 16 semanas. Agente alquilantes: Ciclofosfamida ou clorambucil. Inibidores da calcineurina Cicloporina, tacrolimus. Ácido micofenólico (SNCD). Rituximab: Melhor droga, usada quando as outras não respondem. GLOMERULOESCLEROSE FOCAL E SEGMENTAR (GESF) Existem vários tipos de GESF. Principal causa de síndrome nefrótica primária em adultos: o Focal: <50% dos glomérulos da amostra. o Segmentar: <50% das alças do glomérulo. Epidemiologia: o 10 a 20% em crianças. o 14 a 40% dos pacientes adultos. o 50% adultos da raça negra (por causa do gene). GESF PRIMÁRIA: o Quadro clínico: 2/3 dos casos síndrome nefrótica. 1/3 proteinúria subnefrótica. o HAS: Fala a favor de prognóstico ruim. o TFG comprometida. o Hematúria comprometida. o Hematúria microscópica: Lesão do mesângio associada. o Níveis de complemento séricos normais. NEFROLOGIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA Prognóstico: o Gravidade da proteinúria. o Disfunção renal. o Achados histológicos: Maior grau de fibrose intersticial. Forma colapsante. o Resposta ao tratamento: Remissão completa ou parcial: Sobrevida renal 80% em 10 anos. Não respondedores: Sobrevida renal < 50%. Maior risco de não responder: Fibrose intersticial avançada, disfunção renal, alterações genéticas. GLOMERULOPATIA MEMBRANOSA 2ª maior causa de síndrome nefrótica por doença glomerular primária em adultos. o Pico de incidência: 4ª - 5ª décadas. o Principal glomerulopatia em idosos. Preferencialmente no sexo masculino (2:1). 70 – 80% se apresentam como síndrome nefrótica. 30-40% proteinúria subnefrótica. <10% disfunção renal na apresentação inicial. Classificação: o 75-80% idiopática. o 20-25% GM secundária. Doenças infecciosas: Hepatite B, esquistossomose, malária, sífilis, hanseníase. Doenças auto-imunes: Lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide. Drogas/toxinas: AINES, sais de ouro, penicilamina, captopril. Neoplasias sólidas (10%): Próstata, estômago, cólon, reto, pulmão e mama. Diagnóstico: o Microscopia óptica: espessamento da MBG e espículas na prata, na ausência de proliferação celular. o Imunofluorescência: Imunodepósitos subepiteliais de IgG e C3. o Complemento sérico normal (1ª). o Membranosa: Depósitos subepiteliais. Investigação diagnóstica: o Sintomas sugestivos e/ou > 50 anos: Screening para câncer. Radiografia de tórax. Colonoscopia (se sintomas). Mamografia e papanicolau em mulheres. PSA +/- toque retal em homens. Membranosa (Prognóstico): o Evolução: 30%: Remissão espontânea. 30%: Função renal estável. 30%: Insuficiência renal após 10 a 20 anos. RESUMO – INVESTIGAÇÃO SÍNDROMES NEFRÓTICAS SEGUNDO A SBN (JBN 2005) 1. Hemograma. 2. Glicemia. 3. Exame de fezes (se os antecedentes para esquistossomose forem positivos e o exame de fezes não demonstrar a presença de ovos S. mansoni, realizar biópsia de valva retal). NEFROLOGIA THAYNÁ FIGUEIRÊDO – MEDICINA 4. Pesquisa de anticorpos antinucleares: Depende da doença de suspeita. 5. Sorologia para hepatites B e C. 6. Reação sorológica para sífilis. 7. Pesquisa de anticorpos anti-HIV.8. Exames específicos para outras doenças infecciosas com base na suspeita clínica. 9. Avaliação dirigida a neoplasias: Particularmente em pacientes idosos, mas a extensão da investigação deve ser julgada criteriosamente.
Compartilhar