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AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA Completa, sem ser sobrecarregada ou repetitiva, os itens da anamnese psiquiátrica são: identificação, queixa principal, motivo do atendimento, história de doença atual, história patológica pregressa, história fisiológica, história pessoal, história social e história familiar. Além da anamnese, incluem-se na avaliação psiquiátrica, exame psíquico, súmula psicopatológica, exame físico, exames complementares, diagnóstico (sindrômico ou nosológico) e conduta terapêutica. Possui 3 objetivos básicos: formulação de diagnóstico, prognóstico e planejamento terapêutico; para isso deve-se preferir ambiente fechado, isolado acusticamente e com uma temperatura agradável, evitar interrupções. No início, é essencial que o médico se apresente, explique o objetivo da entrevista e tenha consentimento do paciente, que deve falar livremente, até que o médico questione temas específicos ou pontos duvidosos, sabendo quando e como interromper o paciente (sem cortar o fluxo da comunicação mas controlando e dirigindo a entrevista), o diálogo deve ser informal, evitar perguntas sugestivas e fechadas, não aceitar jargões fornecidos pelo paciente, além de certificar-se de que o paciente compreende as perguntas (linguagem acessível, sem termos médicos). Estrutura e conteúdo A anamnese compreende tudo que a paciente e/ou família relata; o exame psíquico começa desde o primeiro contato com o paciente, observando o comportamento do paciente ao entrar no consultório. Nome: atentar-se para o uso do nome social em pacientes transgêneros, que não se identificam com o gênero biológico, priorizar sempre como o paciente se identifica; Data de nascimento/idade e naturalidade; Sexo e etnia; Estado civil: o cônjuge é um fator de proteção para o suicídio - importante avaliar os riscos de suicídio existentes segundo a escala de Sad Persons; Identificação Nível de instrução/escolaridade: caso o paciente tenha abandonado os estudos deve-se investigar a causa, visto que pode-se encontrar características sugestivas de retar mental ou inteligência abaixo do normal, e/ou conflitos familiares ou de cunho socioeconômico; Profissão; Religião: importante lembrar que algumas religiões não são adeptos ao uso de medicamentos; Residência/procedência: avaliar qualidade de vida de acordo com a região onde mora ou tipo de moradia. Queixa principal Na apresentação pública, o nome pode ser representado pelas iniciais, sem preferível o uso de um pseudônimo para preservar o sigilo. Foco da história da doença atual, deve ser sucinta, convém relacionar no máximo 3 queixas, de prefrência apenas 1 é redigida com as palavras do paciente (entre aspas ou usando sic.) devendo ser registrada mesmo que absurda - caso o paciente não formule nenhuma quaixa, isso também tem que ser anotado. MOTIVO DO ATENDIMENTO: necessário quando não há consciência de morbidade por parte do paciente , o seu contéudo é fornecido por outra pessoa, sendo reproduzidos literalmente as palavras do informante. Importante que o médico aprofunde o questionamneto para que a queixa dique mais específica no prontuário anotando sintomas + tempo. História da doença atual Relato sobre a época e o modo de início da doença, a presença de fatores desencadeantes, tratamentos efetuados e o modo de evolução, o impacto sobre a vida do paciente, intercorrência de outros sintomas e as queixas atuais - na redação do HDA, evitam-se termos técnicos, são utilizadas as palavras do paciente ou do informante, os quadros clínicos são apenas descritos e deve seguir uma ordem cronológica, incluindo informações (alterações psíquicas e físicas) pesquisadas ativamente pelo entrevistador aplicando os negativos pertinentes, ou seja, certos sintomas cuja ausência pode ser significativa para a identificação para a identificação da doença ou da fase evolutiva e relatar também episódios psiquiátricos. SINTOMAS + TEMPO: registrar sintomas além da referida queixa principal e sua duração; HISTÓRIA PRÉVIA: deve ser perguntado se antes desse período estava tudo bem, adicionando novos relatos em caso de negação; GATILHOS: o que influencia na saúde mental do paciente; MOMENTOS DE MELHORA E PIORA: pode variar durante os dias da semana com variação de humor em períodos festivos ou estações do ano; MEDICAÇÕES: registrar tempo de uso e resposta à medicação (melhora ou efeito colateral); deve-se registrar no prontuário: nome do medicamento, posologia, X, Y, Z. X: número de comprimidos pela manhã y: número de comprimidos pela tarde Z: número de comprimidos pela noite Ex.: Lítio 300 mg 1-1-2. História patológica pregressa Estados mórbidos passados, em geral, não psiquiátricos, que não mostrem possuir relação direta ou indireta de causa e efeito da moléstia atual, fazem parte também a revisão de sistemas, isto é, o questionamento junto ao paciente relativo a cada aparelho de seu organismo - todas as doenças importantes realatadas e não se devem listar doenças ausentes. São investigados elementos relativos à história fisiológica, gestação (da mãe), nascimento, aleitamento, desenvolvimento neuropsicomotor, menarca, catamênios, atividade sexual, gestações, partos, abortamentos, menopausa, padrões de sono e alimentação. MEDICAÇÕES QUE JÁ USOU: registrar dose, posologia, inicio e térmico, resposta obtida e efeitos colaterais; EPISÓDIOS PRÉVIOS: incluindo internamentos psiquiátricos; TENTATIVAS PRÉVIAS DO SUÍCIDIO: como, quando e intenção, como se sentiu quando não conseguiu (frustração ou arrependimento), se realmente quis se matar ou se tinha algum ganho secundário naquela falsa intenção. Antecedentes psiquiátricos Exame psíquico HISTÓRIA FAMILIAR: dados relacionados a doenças psiquiátricas e não psiquiátricas, tersido a gravidez desejada ou não pelos pais do paciente, separação dos pais, quem criou o paciente, ordem de nascimento entre os irmãos, diferenças de idade, características de personalidade dos familiares, o relacionamento entre estes e destes com o paciente, atitude da família siante da doença do paciente, relacionamento com cônjuge e filhos. SUICIDAS PASSIVOS: suícidio lento ou não manifestado, normalmente recusam alimentação, deixam de tomar remédios quando necessários, atravessam a rua sem olhar para os lados, etc. SUICIDAS ATIVOS: manifestação e agem. NUNCA menosprezar qualquer tipo de tentativa de suícidio. DOENÇAS CLÍNICAS; MEDICAÇÕES CLÍNICAS EM USO; CIRURGIAS: principalmente cirurgia bariátrica, registrando há quanto tempo foi realizada, em função do risco aumentado de alguns tipos de transtorno (ansiedade, compulsão alimentar, depressão); PASSADO DE TCE (traumatismo cranioencefálico); SINTOMAS QUE LEVEM A DEPRESSÃO: relacionados a memória (Alzheimer e pseudodemência), disfunção da tireoide, neoplasias, problemas renais e doenças hepáticas. ALERGIAS: principalmente medicamentosas. Antecedentes médicos Alcoolismo: investigar dados de quantidade e período. Hipotireoidismo: investigar hereditariedade, pois pode ser causa de um transtorno. Tumores no SNC. Suícidio: é mais comum que outras pessoas morram por suícidio em famílias com outros casos de suícidio. DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS: Antecedentes familiares Com quem reside, relação familiar; Uso de SPAs (substâncias psicoativas): registrar se faz uso de drogas, tipo, momento de início, duração, frequência, etc. Lazer: conhecer o perfil do paciente, avaliando anedonia (negação do prazer) e humor deprimido. Infância: personalidade, socialização, jogos e brincadeiras, aproveitamento escolar, ansiedade de separação. Adolescência: desempenho escolar, uso do álcool e drogas, delinquência, relacionamento interpessoais. Sexualidade: iniciação, preferência, orientação, número de parceiros, frequência. Vida profissional: vocações, estabilidade nos empregos, relacionamentos com chefes, subordinados e colegas, desempenho. Personalidade pré-mórbida: relacionamentos sociais, interesses, hábitos de lazer e culturais, padrãode humor, agressividade, introversão/extroversão, egoísmo/altruísmo, independência/dependência, atividade/passividade, valores, adaptação ao ambiente. HISTÓRIA PESSOAL: história fisiológica, pessoal e social. HISTÓRIA SOCIAL: informações relativas à moradia - condições sanitárias, pessoas com quem convive, número de cômodos, privacidade, características sociodemográficas da região - situação econômica, características socioculturais, atividade ocupacional atual, situação previdenciária, vínculo com o sistema de saúde, atividades religiosas e políticas, antecedentes criminais. História psicossocial Aparência: condições de higiene pessoal, adequação do vestuário, cuidados pessoais; Atividade psicomotora e comportamento: mímica (atitudes e movimentos expressivos), gesticulação, motilidade, deambulação; Atitude: cooperativo, submisso, arrogante, desconfiado, apático, irritado, indiferente…; Atividade verbal: normalmente responsivo, não-espontâneo (pergunta e resposta), fala muito (exaltado) ou pouco (taciturno). Autopsíquica: dados de identificação pessoal. Alopsíquica: temporal, espacial, somatopsíquica (alterações do esquema corporal). Retrógrada: perguntas sobre o passado, data de acontecimentos importantes. Anterógrada: perguntas rápidas e objetivas sobre acontecimentos recentes. De retenção: repita algarismos na ordem direta e inversa. Curso: fuga de ideias (muda de assunto a todo instante), interceptação ou bloqueio, prolixidade (discurso detalhista, cheio de rodeios e repetições), descarrilamento (mudança súbita) e perseveração (repetição dos mesmos conteúdos). Forma: perdas (orgânicas) ou deficiência (oligofrenia) qualitativas ou quantitativas de conceitos ou por perda da intencionalidade (fusão ou condensação, desagregação ou escape do pensamento, pensamento imposto ou fabricado). Começa no primeiro contato com o paciente, considerado fonte principal de informações objetivas na avaliação psiquiátrica, o que é relatado pelo paciente deve ser incluído na anamnese, enquanto o que é observado pelo examinador representa o exame psíquico, são descritas apenas as alterações presenciadas durante a entrevista, de um momento para outro, a sintomatologia psiquiátrica pode mudar, sendo conveniente a descrição das condições nas quais se realizou o exame, as diversas funções psíquicas são avaliadas de forma simultânea e podem alterar-se quantitativamente - além de descrever as funções mentais preservadas e são apontadas todas as alterações presentes. Para a avaliação de algumas funções, como memória, orientação, inteligência, etc. são necessárias perguntas mais específicas ou mesmo testes, a redação deve restringir-se a uma descrição dos fenômenos observados, sem o uso de termos técnicos. APRESENTAÇÃO: impressão geral que o paciente causa no entrevistador. CONSCIÊNCIA: rebaixamento ou embotamento (perda da percepção), turvação ou obnubilação (rebaixamento geral). ORIENTAÇÃO: estado de consciência + noções de tempo e espaço. ATENÇÃO: normovigilância ou euprossexia, hipervigilância, hipovigilância, hipertenacidade, hipotenacidade. MEMÓRIA: avaliar percepção, fixação, conservação e evocação (amnésia, hipomnésia ou hipermnésia). INTELIGÊNCIA: qualificar capacidade de compreensão, relação e respostas (déficit intelectivo - oligofrenia). SENSOPERCEPÇÃO: "não apresenta experiências ilusórias ou alucinatórias", ilusão (percepção deformada da realidade), alucinação verdadeira e pseudoalucinação (auditiva, auditivo- verbal, visual, olfativa, gustativa, cenestésicas e cinestésicas). PENSAMENTO: investigação do curso, forma e conteúdo do pensamento. Conteúdo: obsessões, hipocondrias, fobias e os delírios - ideia delirante: incorrigibilidade, ininfluenciabilidade, incompreensibilidade, convicção íntima e inemovível, podem ser primários (núcleo da patologia) ou secundários (são conseqüentes a uma situação social). - delirium: rebaixamento da consciência; - delírio: alteração do pensamento; - idéia delirante: primário e ocorre com lucidez de consciência; agrupadas em temas de expansão do eu, retração do eu e negação do eu. - ideia deliróide: é secundária a uma perturbação do humor ou a uma situação afetiva traumática, existencial grave ou uso de droga. LINGUAGEM: exame da linguagem falada e escrita; disartrias (má articulação de palavras), afasias (incapacidade de compreender e utilizar os símbolos verbais), verbigeração (repetição incessante de palavras ou frases), parafasia (emprego inapropriado de palavras com sentidos parecidos), neologismo (criação de palavras novas), jargonofasia (“salada de palavras”), mussitação (voz murmurada em tom baixo), logorréia (fluxo incessante e incoercível de palavras), para-respostas (responde a uma indagação com algo que não tem nada a ver com o que foi perguntado). CONSCIÊNCIA DO EU: sentimento de unidade, sentimento de atividade, consciência da identidade e cisão sujeito-objeto. AFETIVIDADE: classificar tonalidade afetiva, identificar estados de euforia, tristeza, irritabilidade, angústia, ambivalência e labilidade afetivas, incontinência emocional. HUMOR: normotímico, hipertímico, hipotímico e distímico. PSICOMOTRICIDADE: normal, diminuída, inibida, agitada ou exaltada, se o paciente apresenta maneirismos, estereotipias posturais, automatismos, flexibilidade cérea, ecopraxia ou qualquer outra alteração. VONTADE: normobúlico (vontade normal) ter a vontade rebaixada (hipobúlico), uma exaltação patológica (hiperbúlico), pode responder a solicitações repetidas e exageradas (obediência automática), pode concordar com tudo o que é dito, mesmo que sejam juízos contraditórios (sugestionabilidade patológica), realizar atos contra a sua vontade (compulsão), duvidar exageradamente do que quer (dúvida patológica), opor-se de forma passiva ou ativa, às solicitações (negativismo). PRAGMATISMO: analisa-se se o paciente exerce atividades práticas. CONSCIÊNCIA DA DOENÇA ATUAL: considerações sobre seu próprio estado, se há perda do juízo ou embotamento. Exame físico Muitos trnastornos mentais possuem etiologia orgânica ou levamà complicações físicas, por isso deve ser dadoênfase ao exame neurológico e ao do sistema endócrino. EXAMES COMPLEMENTARES: hemograma, bioquímica sanguínea, sorologia para sífilis, exame do líquor, neuroimagem cerebral, eletroencefalograma, estudos genéticos, dosagens hormonais, testagem neuropsicológica e psicodiagnóstico. Súmula psicopatológica Os itens são aparência, atitude, consciência, atenção, sensopercepção, memória, fala e linguagem, pensamento, inteligência, imaginação, conação, psicomotricidade, pragmatismo, humor e afetividade, orientação, consciência do eu, prospecção, consciência de morbidade. Na súmula torna-se explícita a subdivisão das funções mentais e são utilizados termos técnicos - pode-se estimar a intensidade das alterações quantitativas com maior precisão e a atribuição de graus de certeza quanto à presença de determinada alteração. Ex.: Lúcido, vestido adequadamente e com boas condições de higiene pessoal, mímica preservada, sem alterações na atividade psicomotora e comportamento, cooperativo, normalmente responsivo. Sem alterações na consciência. Orientado auto e alopsiquicamente. Normovigil. Memórias retrógrada, anterógrada e de retenção preservadas. Inteligência mantida. Sensopercepção sem alterações. Pensamento sem alteração de curso, forma e conteúdo. Linguagem sem alterações. Consciência do eu mantida. Nexos afetivos mantidos. Psicomotricidade sem alterações. Normobúlico. Pragmatismo mantido. Possui consciência da doença atual. Diagnósticos eixo I: transtornos mentais; eixo II: transtorno de personalidade e desenvolvimento; eixo III: distúrbios físicos; eixo IV: estressores sociais; eixo V: o mais alto nível de funcionamento adaptativo). PSIQUIÁTRICO: finalidades principais são comunicação e previsão, favorecendo a investigação científica e fundamenta as medidas terapêuticas e preventivas. SINDRÔMICO:uma mesma entidade nosológica pode manifestar-se sob a forma de diferentes síndromes, baseia-se na súmula psicopatológica e é obrigatório, assim, da informações de qual tipo de patologia o profisional deve seguir sua investigação contribuindo para a construção de um raciocínio. NOSOLÓGICO: pode seguir o modelo categorial ou dimensional. No diagnóstico sindrômico, o médico deve ser objetivo e escrever apenas o nome do transtorno suspeitado. É importante sempre interrogar suspeitas orgânicas, principalmente nas primeiras consultas a ordem cronológica dos sintomas, enfatizando qual idade começou. Condutas terapêuticas Solicitar exames: para afastar causas orgânicas; Medicamentos; Atividades físicas regulares: 30 minutos, 3-5 vezes na semana; Exercer espiritualidade: rezar, orar, meditar, bater tambor; Exposição ao sol: 10-20 minutos por dia entre 10:00-15:00; Lazer: fundamental para saúde mental; Higiene do sono: antes de dormir deve ser evitado uso de eletrônicos, tomar chá (relaxantes), evitar dormir com fome, evitar dormir com a barriga muito cheia, evitar beber muita água. Hábitos alimentares saudáveis: incluir frutas e legumes na dieta Meditação; Atenção plena/mindfulness: hábitos para melhorar a atenção do paciente; Yoga; Exercícios de controle da respiração; Acupuntura; Ventosaterapia; Auriculoterapia; Psicoterapia; PICs: práticas integrativas complementares. Inclui farmacoterapia, psicoterapia e abordagens psicossociais. PLANO TERAPÊUTICO: planjemaneto para próximas consulas (auto-lembrete para o médico).
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