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Fichamento Introdução a Antropologia

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Turma: Introdução a Antropologia turma J
Fichamento: CLASTRES, Pierre. 2004. “Do etnocídio”. In: Arqueologia da Violência. São Paulo. Cosac & Naify. (pp. 54-64).
TODOROV, Tzvetan. 1993. - “Etnocentrismo” In: Nós e os Outros: a reflexão francesa sobre a diversidade humana 1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. (pp. 21-31).
Unidade III – Fichamento comentado
Ao fazer a análise sobre o quarto capítulo, texto “Do Etnocídio”, do livro Arqueologia da violência do antropólogo francês Pierre Clastres, observa-se que logo no início do livro o autor faz uma análise da palavra etnocídio, um conceito vinculado ao genocídio. Nesse sentido, o termo genocídio cultural, por exemplo, é usado para descrever a destruição da cultura de um povo. Porém, o antropólogo Pierre Clastres demonstra em seu texto que a relação etnocídio – genocídio não é precisa o suficiente para demonstrar o quão complexo é o fenômeno contido no termo etnocídio.
A fim de diferenciar etnocídio de genocídio, é relevante dissertar sobre o significado de genocídio. Nesse contexto, observa-se o primeiro registro da palavra genocídio nos meios judiciais foi ocorrido em 1946 durante o processo de Nuremberg, o qual representa o processo jurídico ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, que dissertava acerca do extermínio de judeus europeus na Alemanha nazista. Processo que, como dissertado por Clastres, representa o resultado lógico de um racismo não controlado na sociedade.
Apesar disso, o genocídio está sendo posto em prática muito antes do extremismo de Hitler, porém antes não existia julgamento para quem praticasse esse ato antes do processo de Nuremberg. O massacre de indígenas praticado pelos europeus na época das Grandes Navegações, iniciado no final do século XV com o descobrimento da América, demonstra que esse fato acontece há muito tempo. Foi a partir do estudo minucioso desses eventos etnólogos como Robert Jaulin começaram a estreitar a ideia de genocídio, criando assim o conceito de etnocódio.
Clastres disserta que o acontecimento da América do Sul, onde ocorreu a exploração violenta tanto do espaço físico ali encontrado, quanto da exploração dos povos, foi muito além de um extermínio racial, mas também um extermínio da cultura daqueles povos. “O etnocídio, portanto, é a destruição sistemática dos modos de vida e pensamento de povos diferentes daqueles que empreendem essa destruição. Em suma, o genocídio assassina os povos em seu corpo, o etnocídio os mata em seu espírito.” (Clastres, 1980, p. 56). A partir da citação de Pierre Clastres, nota-se que no genocídio a morte é física e no etnocídio a morte é da cultura do povo.
Clastres ressalta também que apesar dos conceitos de genocídio e etnocídio se diferenciarem quanto ao sujeito da ação, ambos agem interligados com a finalidade de dominar um povo e um território utilizando a opressão de maneira eficaz. Desse modo, o homem etnocida possui a finalidade de moldar o diferente a sua maneira, impondo assim o que ele acha correto. Nesse contexto, os europeus que colonizaram os indígenas na época das Grandes Navegações, viam os índios não como pessoas, mas como animais, enxergando a imposição cultural como única maneira de torna-los menos primitivos.
Congruente a isso, o antropólogo Pierre Clastres disserta, em seu livro Arqueologia da violência, sobre o caráter etnocida dos missionários, os quais exerciam uma papel fundamental no processo de aculturação dos povos sulamericanos. Nesse contexto, a imposição do cristianismo pelos missionários tinha a finalidade de salvar os índios, tirando-os da condição de selvagem e incluindo-os na civilização ocidental.
Desse modo, o etnocídio relaciona-se diretamente com a visão europeia etnocêntrica, classificando outros culturas diferentes da cultura ocidental como culturas inferiores e sem relevância cultural, mas com possibilidade de serem salvas com a imposição de uma cultura superior, no caso a cultura ocidental. Porém, ao longo do texto o antropólogo Pierre Clastres traz o questionamento se esse etnocentrismo é exclusivo do ocidente e chega à conclusão que a ideia de superioridade cultural é inata a toda a cultura, fato observado na análise de como os diferentes povos se autodenominam e como chamam seus povos vizinhos. Desse modo, conclui-se que o etnocídio não é uma característica específica europeia, sendo praticada por outros povos também.
Ademais, apesar do autor considerar que toda a cultura apresenta traços inatos etnocentrista, ele assegura que apenas a cultura ocidental é etnocida, analisando a história detalhada da cultura europeia com a finalidade de encontrar as raízes dessa essência etnocida presente na sociedade. Clastres ressalta a heterogeneidade da cultura ocidental, mostrando que ela não é um bloco homogêneo de costumes, como comumente é visto pela sociedade. Portanto, a fim de se manter no poder o Estado suprime tudo que é contrário a ele, reprimindo essas heterogeneidade de culturas, ação que se aproxima do etnocídio, mostrando que esse comportamento se origina no Estado.
O antropólogo Pierre Clastres disserta que “Que importância podem ter alguns milhares de selvagens improdutivos comparada à riqueza em ouro, minérios raros, petróleo, em criação de bovinos, em plantações de café etc? Produzir ou morrer, é a divisa do Ocidente.” (Clastres, 1980, p. 63). Com essa fala o autor sintetiza o objetivo do etnocídio ocidental, que sem síntese é: caso o nativo não seja produtivo, ele deve ser exterminado e ser substituído pelo expansionismo europeu. Pierre também disserta sobre os Incas na América do Sul, citando-os como uma sociedade bárbara, que praticava etnocídio de maneira desenfreada, em nome da produtividade do espaço e da população. Fato que os difere do etnocentrismo europeu, pois esses praticavam etnocentrismo com a finalidade não só de aumentar seu poder, mas também com a finalidade de ampliar sua produção econômica, uma das diretrizes do capitalismo.
Quanto ao capítulo Etnocentrismo do livro “Nós e os outros. A reflexão francesa sobre a diversidade humana.” De Tzevetan Todorov, o que o autor disserta se correlaciona com o explicitado no texto “Do Etnocídio”, do livro Arqueologia da violência do antropólogo francês Pierre Clastres. Ao falar sobre o etnocentrismo, Todorov o coloca como uma opção universalista, na qual ocorre a exaltação de valores universais a valores próprios da sociedade na qual o indivíduo pertence. Corroborando assim com a dualidade do etnocentrismo que apesar de possuir pretensão universal, também possui presunções particulares.
Uma fala de Pascal no texto mostra o etnocentrismo associado a religião, “Posso muito bem pertencer a uma religião, compará-la às outras, e acha-la melhor do que todas. Mas esta coincidência entre o ideal e o que me é pessoal deve evidentemente tornar-me particularmente cuidadoso na escolha de meus argumentos, “de modo que esse preconceito me suborne” (Todorov, 1989, p.24). Nesse sentido, o autor nos mostra que todos temos um pouco de etnocentrismo dentro da gente, que achamos nossas escolhas melhores que a dos outros, portanto devemos ter cuidado com isso, para não impor nossa escolha sobre o outro.
Outra frase que é importante comentar do autor é “O raciocínio de Pascal é circular, e nisso é exemplar do espírito etnocêntrico: de início definem-se os valores absolutos a partir de seus próprios valores pessoais, e finge-se em seguida julgar seu próprio mundo com a ajuda desse falto absoluto.” (Todorov, 1989, p.24). Com esse trecho observa-se a aproximação com o etnocentrismo.
Ademais, nota-se que no trecho: “Cada nação, convencida de que apenas ela possui a sabedoria, toma todas as outras por loucas, e parece bastante com o indígena que, persuadido de que sua língua era a única do universo, concluiu daí que os outros homens não sabiam falar” (II, 21,t. I, p. 374). Nesse sentido, nota-se que uma nação faz julgamentos sobre a outra, assim cada indivíduo só simpatiza com a cultura a qual pertence, pois é mais próximo dele.
Na conclusão do texto, a fala de Rossaeu acaba com a falsa evidênciada dedução universal por meio da dedução de um particular, que seria comum do etnocentrismo. Assim, a análise de dois particulares gera o entendimento do universal.
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