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Semiologia do idoso Idosos Os idosos são classificados em: · Idosos jovens: 60-69 anos · Idosos velhos: 70-79 anos · Muito idosos: acima de 80 anos De acordo com seu envelhecimento são classificados como: · Bem sucedidos: senescência (modificações fisiológicas do envelhecimento) sem perdas funcionais significativas · Mal sucedido: senilidade (alterações provocadas por doenças) com perdas funcionais significativas · Envelhecimento usual: misto/ doenças interagindo com as perdas funcionais Anamnese A anamnese do idoso não é um relatório, é necessário que haja uma identificação com o médico. Ela irá começar pela história pregressa, depois a queixa principal e duração, seguido história da moléstia atual, sendo que muitas vezes essas vão estar no meio da história que o paciente conta, em seguida será realizado o interrogatório sobre diversos aparelhos e o exame físico. É necessário perceber no início da consulta sobre a capacidade auditiva e visual e adequar a voz, a proximidade, perceber se o mesmo apresenta algum déficit cognitivo, pois o normal é envelhecer lúcido. Princípios gerais: · Acolhimento (todo o local) · Relação sem preconceito ou estereótipos · Não infantilizar a relação · Respeitar os valores que o idoso traz · Estar disponível e não apressado · Ouvir ambos: cuidador e idoso Dificuldades · Considera seu problema consequência natural do envelhecimento · Fica intimidado em se expressar se o médico o apressa · Esconde sintomas por medo de ficar internado ou ter despesas com remédios · Presença de déficit auditivo, visual ou memória · Doenças com apresentação atípica · Múltiplas doenças coexistindo · Sobreposição dos efeitos dos medicamentos benéficos ou maléficos Iniciar o reconhecimento das principais síndromes geriátricas conhecidas como 5 is: · Imobilidade · Insuficiência cognitiva · Instabilidade e quedas · Incontinência · Iatrogenia: dano físico ou psicológico causado pelo médico. Teste da sacola de remédios O teste da sacola de remédios consistem em pedir para o paciente levar uma sacola com todos os remédios que usa para analisar a presença de medicamentos iguais, verificar as condições e validade, perceber se o idoso reconhece medicamentos parecidos, se ele sabe identificar o medicamento e o modo de uso, se o paciente está fazendo automedicação. Abordagem cognitiva simples - mini mental Questionário: · Orientação espacial: Que dia estamos? Onde estamos? (5 pontos cada) · Repetir uma sequência de 3 palavras simples (0-3 pontos) · Fazer um cálculo simples (0-5 pontos) · Memorização: Pedir que repita as palavras ditas anteriormente · Linguagem: mostra dois objetos e solicite que os nomeie (0-2) /pede pra repetir uma frase simples: “Nem lá, nem cá, nem aqui” / seguir uma ordem falada: 0-3/ seguir uma ordem escrita: 0-3 pontos. / escrever uma frase com sentido 1 pt · Copiar esse desenho: 1 pt Resultado: · Normal: 27 pontos · Demência: < 24 ou se menor que 4 anos de escolaridade < 17 pontos QD e HMA Queixa principal é o sintoma que motivou a consulta médica e sua duração (as vezes o investigador tem que ser perspicaz pra notar o real motivo da consulta. Lembrar também que a queixa do paciente pode não ser a mesma do acompanhante ou cuidador. Duração é essencial na anamnese do idoso. HMA não é relatório médico (veio dali, foi pra lá, consultou com), é igual a sintomas, deve explicitar o máximo possível. Exame físico Inicia no momento da entrada ao consultório observando a postura, fascie, rigidez (síndrome parkinsoniana), equilíbrio, verificar se existe indícios de maus tratos. Executar o teste de “levantar e andar” (get up and go test), pesar e medir (perde cm com fraturas por ex), verificar a pressão arterial e hipotensão postural, frequência cardíaca. Observar pescoço e boca analisando linfonodos e condições dentárias, uso de próteses e adequação. Hidratação: turgor, elasticidade, mucosas, pele senil (neoplasias, micoses, carência vitamínica) Tórax (inspeção): tórax com aumento antero posterior por ex no DPOC, cifose na coluna em consequência da osteoporose. Exame completo pulmonar, cardíaco e abdominal No idoso no abdome faz parte obrigatória do exame o toque retal: próstata, fecalomas e neoplasias retais podem estar presentes. O idoso pode ter o fecaloma que se manifesta de maneira atípica como uma confusão mental. Idoso com vida sexualmente ativa: exame ginecológico e exame urológico Exame das extremidades: edemas, pulsos, deformidades articulações, (nódulos de Herbeden: osteoartrose comum no idoso) Ficar atento com a questão dos maus-tratos, pois em idosos nem sempre são maus-tratos ativos mas abandono e negligencia. Por isso é necessário investigar: · Quem é a pessoa na sociedade mais próxima ao idoso? · Sinais indiretos: Emagrecimento inexplicável com hipovitaminose, lesões de queimaduras de fogão, unhas crescidas, cabelos sem cortar, má higiene com presença de fungos e zoonoses, armações de óculos quebradas, apropriação financeira. Exame físico neurológico – Doença de Parkinson Doença de Parkinson pode ter sintomas inespecíficos no início: somente depressão ou quedas Bradicinesia (lentidão) associada ou não a tremores, rigidez, testar reflexos e força muscular, sensibilidade tátil e dolorosa. Sinal da roda dentada Demonstra a rigidez plástica da doença. Caracteriza-se por resistência ao estiramento muscular, com interrupções, de modo semelhante que se observa quando se movimenta uma engrenagem defeituosa. “O movimento não flui” Comunicação difíceis na medicina A comunicação difíceis ocorrem em casos de doenças crônicas incapacitantes e progressivas, óbito, doação de órgãos, transição do cuidado curativo para o cuidado paliativo. Sendo assim para que ela ocorra é necessário: · Local adequado, todos confortáveis. Não se comunica em pé · Saber quem são as pessoas que irão ouvir a comunicação (filho, pai, irmão) além do paciente · Saber quando a comunicação necessita ser verbalizada apenas para o paciente. · Atentar para o vínculo: sé uma primeira relação do médico com o paciente pode ser mais difícil. · Falar pausadamente e não de uma vez só · Usar o silêncio para que o paciente assimile e possa realizar perguntas · Ser honesto e seguro nas respostas · Maioria das comunicações difíceis deverão ser dadas em partes, em duas ou mais abordagens · Entender a raiva do paciente não como uma agressão a você. Entender a negação como parte do processo e não porque o paciente é ignorante Disfagia Deglutição Fase preparatória oral ocorre na cavidade oral. O alimento entra na boca onde é mastigado, triturado e degustado, após isso com o auxílio da língua o alimento é pressionado contra o palato mole e empurrado para faringe. A fase faríngea dura cerca de 1 segundo e começa quando o alimento chega na faringe, em seguida o palato mole a úvula se deslocam superiormente e a respiração é interrompida. E o alimento se desloca para a laringe, as pregas vocais e a epiglote se fecham direcionando o alimento para o esôfago. A fase esofágica dura cerca de 5 segundos e começa na abertura de transição entre faringe e esôfago em seguida o alimento atravessa o esfíncter esofágico superior e através de ondas peristálticas é encaminhado até o estomago passa pelo esfíncter esofagiano inferior e chega ao estomago. Esôfago O esôfago é um órgão tubular de 18 a 26 cm que está localizado na região de C5-6 até T1. Se divide em esôfago cervical torácico e abdominal. Sua função é conduzir o bolo alimentar. Sua porção proximal é composta por musculatura estriada esquelética e sua inervação dada pelo nervo ambíguo e os 2/3 distais é composto por musculatura lisa e sua inervação dada pelo núcleo motor dorsal do vago. Disfagia Disfagia é a dificuldade ou anormalidade em deglutir, interferindo na capacidade do paciente em se alimentar, ou seja, em conduzir o bolo alimentar de qualquer consistência ao estômago. · Odinofagia: dor ao engolir · Globus: sensação de bola na garganta Classificação Orofaríngea: · Também chamada de disfagia de transferência ou alta, temcomo sintoma clássico o engasgo. · É mais frequente em pessoas com mais de 50 anos (5 a 8%), idosos (16%), pacientes hospitalizados (25%) e moradores de casa de repouso (30 a 40%). · Etiologia: alterações em fases em fases orais e faríngeas de deglutição. Está associada a doenças como AVE (42 a 67%), Parkinson (50%), doenças neurodegenerativas (60 a 80%). · Pode levar a complicações graves como desnutrição, pneumonia aspirativa, mortalidade prematura Esofagiana · Também conhecida como disfagia de deglutição ou baixa, tem como principal sintoma entalo. · Ocorrem devido alterações intrínseca e extrínseca ao esôfago e é possível identificar a consistência dos alimentos que mais a causam. · Etiologia: desordens motoras primarias e secundarias do esôfago, alterações estruturais, neoplasias benignas e malignas, anéis esofágicos e compressões vasculares. Quadro clinico e abordagem A história e o exame físico definem 80% da topografia e etiologia do quadro. A disfagia orofaríngea tem como sinais: · Dificuldade ou atraso no início da deglutição · Regurgitação pós-nasal · Tosse · Deglutição repetitiva · “Voz molhada” · Rouquidão · Disartria · Pneumonia de repetição: pneumonia aspirativa que “vai e volta”. A disfagia esofágica tem como sinais: · A melhora após: · Melhora após algumas manobras como a de Valsalva · Deglutição de água · Elevação dos braços sobre a cabeça · Tração dos ombros para trás Outras informações importantes: · Data de início dos sintomas · Disfagia contínua ou intermitente · Caráter progressivo · Tipos de alimentos: sólidos, líquidos, ambos? · Perda de peso · Odinofagia · Vômitos · Regurgitação, pirose · Comorbidades associadas: HIV/AIDS, DM, D. Chagas, doenças reumatológicas, neurológicas, DRGE · Uso de medicações: bisfosfonatos, AINE, tetraciclina… · Cirurgias (CCP) · Radioterapia Abordagem multidisciplinar Neurologista, otorrinolaringologista, gastroenterologista, radiologista Enfermagem e nutricionista Fonoaudiólogo - é muito importante, pois: · Estudo estrutura e funcional · Capacidade de deglutição · Gravidade da disfagia · Capacidade cognitiva · Aspectos comportamentais · Avaliação oral sensório-motora · Manobras facilitadoras · Videodeglutograma. Diagnostico – Exames complementares Vídeodeglutograma e videofluroscopia da deglutição: · Avaliação inicial da DOF · Avaliação em tempo real das fases oral e faríngea da deglutição · Ingestão de diversas consistências do bário (pão e biscoitos) · Risco de aspiração · Indicação de SNE / GTT Avaliação endoscópica flexível da deglutição: · Disfagia orofaríngea · Introdução do Nasofaringolaringoscópio por via transnasal, até a faringe, através do meato nasal medio ou inferior, possibilitando a avaliação da deglutição. Esofagografia convencional: · Baixo custo · Fácil execução · Suspeita de disfagia esofágica · Causas mecânicas e motoras · Suspeita de acalasia, divertículo de Zenker, estenoses esofágicas · Acalasia: está associada à doença de chagas; mas existem outras causas idiopáticas, ou seja, sem causa sabida. Os achados são ausência do relaxamento de EEI e peristalse diminuída/ausente do corpo do esôfago. · Megaesôfago chagástico · Espasmo esofagiano difuso: contrações simultâneas. Tem associação com a doença do refluxo gastresofágico (DRGE). A queixa mais comum é dor torácica, que pode simular SD coronariana aguda, porém a grande diferença é que o espasmo esofagiano difuso é mais presente em pacientes jovens. · Anel de Schatzki: benigno, associado com DRGE, causa sensação de entalo, mas não causa impactação na deglutição. · Divertículo de Zenker: benigno, comum em idosos, ocorre devido uma fragilidade na parede posterior da hipofaringe que acaba formando um divertículo que pode acumular alimentos, o tratamento é endoscópio. Endoscopia digestiva alta · É realizado para determinar etiologias · A principal função é excluir malignidades · Também avalia lesões pré-malignas · Indicada em casos suspeitos de estenoses (diminuição da luz) esofágicas malignas e benignas, esofagite eosinofílica, estenoses actínicas, status pós-cirúrgicos de esofagectomias e acalasia · Diagnóstico, material para estudo anatomopatológico, tratamento · Normal · Complicações DRGE: o órgão apresenta erosão decorrente de complicações DRGE, mas isso não causa disfagia · Estenose esofágica: mostra uma estenose esofágica, por uma fibrose na circunferência da luz do esôfago, diminuindo-a. · Esofagite eosinofílica · Doença do Refluxo Gastro-Esofágico · Biópsia Esofágica com >15 eosinófilos · Teste terapêutico com IBP por 2 meses · Tratamento: Corticoterapia com Fluticasona · Formam-se anéis decorrentes das muitas inflamações constantes, levando à “traqueização” do esôfago, que é reversível. · Câncer de esôfago: · 6º maior causa de morte por câncer (286 mil óbitos/ano). · Disfagia >50% da luz do órgão · Rápida progressão, perda rápida de peso, odinofagia e regurgitação Manometria do esôfago: · É utilizado para avaliar: disfagia esofágica e distúrbios motores do esôfago · Mede as ondas das contrações do esôfago · A manometria de alta resolução é padrão ouro · Manometria com impedanciometria: avalia a integridade do transporte do bolo alimentar. · Acalasia: presença de ondas simultâneas · Espasmo esofagiano difuso: presença de contrações seguidas umas das outras Tratamento Diagnóstico etiológico DOF - equipe multidisciplinar Disfagia Esofágica: · Tratamento endoscópico · Tratamento cirúrgico · Tratamento medicamentoso
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