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Plano de Estudo Tutorado - Língua Portuguesa

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102 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 PLANO DE ESTUDO TUTORADO - ATIVIDADES COMPLEMENTARES 
1º ANO - ENSINO MÉDIO - EJA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
 
 
NOME DO ALUNO(A)_______________________________________________ 
 
TURMA_________ TURNO_________ 
 
 
 
 103 
 
 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS 
 
PLANO DE ESTUDO TUTORADO 
ATIVIDADES COMPLEMENTARES 
1º ANO - ENSINO MÉDIO - EJA 
 
LÍNGUA PORTUGUESA 
PLANO DE ESTUDO TUTORADO – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA EJA/2º BIMESTRE 
 
COMPONENTE CURRICULAR: LÍNGUA PORTUGUESA PET VOLUME: 2 
TURMA: 1º ANO 
PROFESSORA: JULIANA FERVENÇA 
 
 
ORIENTAÇÕES: 
 
Esse PET, contém matéria das 7 semanas do PET - 2º bimestre. Estudaremos: 
 
1 – FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
2 - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
3 - CRÔNICA 
4 - TROVADORISMO 
5 - QUINHENTISMO 
6 - AVALIAÇÃO TRIMESTRAL E RECUPERAÇÃO. 
 104 
SEMANA 1 - LINGUAGEM 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
Caro estudante, 
 
Nessa unidade conheceremos e trabalharemos as funções da linguagem, não esquecendo que 
funções da linguagem não são figuras de linguagem. As funções da linguagem estão diretamente ligadas a 
cada elemento da comunicação, como visto na unidade anterior, como existem seis elementos fundamentais 
da comunicação, também existirão seis funções da linguagem. 
Ao final desta unidade, você estará habilitado a: 
 
• Compreender melhor o processo de comunicação; 
• Utilizar os elementos das funções da linguagem; 
• Trabalhar as diferentes habilidades da linguagem; 
• Diferenciar as funções dentro do contexto social. 
• Empregar com clareza as funções da linguagem no cotidiano. 
 
Bons estudos! 
 
Estamos imersos em meio a um cotidiano estritamente social, no qual nos interagimos com nossos 
semelhantes por meio da linguagem. A mesma permite-nos revelarmos nossos sentimentos, expressarmos 
nossas opiniões, trocarmos informações no intuito de ampliarmos nossa visão de mundo, dentre outros 
benefícios. A cada mensagem que enviamos ou recebemos, seja esta de natureza verbal ou não verbal, 
estamos compartilhando com um discurso que se pauta por finalidades distintas, ou seja, entreter, informar, 
persuadir, emocionar, instruir, aconselhar, entre outros propósitos. 
O objetivo de qualquer ato comunicativo está vinculado à intenção de quem o envia, no caso, o 
emissor. Dessa forma, de acordo com a natureza do discurso presente na relação emissor x interlocutor, a 
linguagem assume diferentes funções, todas elas portando-se de características específicas. 
O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo, demonstrar seus 
sentimentos, convencer alguém a fazer algo, entre outros; consequentemente, a linguagem passa a ter uma 
função, que são as seguintes: 
 
• Função Referencial; 
• Função Conativa; 
• Função Emotiva; 
• Função Metalinguística; 
• Função Fática; 
• Função Poética. 
 
Obs.: Em um mesmo contexto, duas ou mais funções podem ocorrer simultaneamente: uma poesia em que 
o autor discorra sobre o que ele sente ao escrever poesias tem as linguagens poética, emotiva e 
metalinguística ao mesmo tempo. 
 
1) Função Referencial ou Denotativa 
 
Quando o objetivo do emissor é informar, ocorre a função referencial, também chamada de denotativa 
ou de informativa. São exemplos de função denotativa a linguagem jornalística e a científica. Por exemplo: 
 
– Numa cesta de vime há um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma 
maçã vermelha e uma pera. 
 
Transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comentários, 
nem avaliação. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa do singular ou plural, pois transmite 
impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra interpretação além da que 
está exposta. Em alguns textos é mais predominante essa função, como: científicos, jornalísticos, técnicos, 
didáticos ou em correspondências comerciais. 
 
 
 105 
Por exemplo: “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”. 
O Popular, 16 out. 2008. 
2) Função Conativa ou Apelativa 
 
Ocorre a função conativa, ou apelativa, quando o emissor tenta convencer o receptor a praticar 
determinada ação. É comum o uso do verbo no Imperativo. Por exemplo: 
 
– Compre aqui e concorra a este lindo carro 
 
É uma tentativa do emissor de convencer o receptor a 
praticar a ação de comprar ali. A ênfase está diretamente 
vinculada ao receptor, na qual o discurso visa persuadi-lo, 
conduzindo-o a assumir um determinado comportamento. 
Essa modalidade encontra-se presente na linguagem 
publicitária de uma forma geral e traz como característica 
principal, o emprego dos verbos no modo imperativo. 
O objetivo é de influenciar, convencer o receptor de 
alguma coisa por meio de uma ordem (uso de vocativos), 
sugestão, convite ou apelo (daí o nome da função). Os verbos 
costumam estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! 
Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em textos publicitários, em discursos 
políticos ou de autoridades. 
 
3) Função Emotiva ou Expressiva 
 
Nesta, há um envolvimento pessoal do emissor, que comunica seus sentimentos, emoções, inquietações e 
opiniões centradas na expressão do próprio “eu”, levando em consideração o seu mundo interior. Para tal, 
são utilizados verbos e pronomes em 1ª pessoa, muitas vezes acompanhados de sinais de pontuação, como 
reticências, pontos de exclamação, bem como o uso de onomatopeias e interjeições. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é transmitida sob o ponto de 
vista do emissor, a mensagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, apresenta-se na primeira 
pessoa. A pontuação (ponto de exclamação, interrogação e reticências) é uma característica da função 
emotiva, pois transmite a subjetividade 
da mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é comum em poemas ou narrativas de teor 
dramático ou romântico. 
 
4) Função Metalinguística 
 
 106 
É a utilização do código para falar dele mesmo: uma pessoa falando do ato de falar, outra escrevendo 
sobre o ato de escrever, palavras que explicam o significado de outra palavra. Por exemplo: 
 
– Escrevo porque gosto de escrever. Ao passar as ideias para o papel, sinto-me realizado... 
 
 A linguagem tem função metalinguística quando o uso do código tem 
por finalidade explicar o próprio código. 
 
5) Função Fática 
 
O objetivo do emissor é estabelecer o contato, verificar se o receptor está recebendo a mensagem de 
forma autêntica, ou ainda visando prolongar o contato. Há o predomínio de expressões usadas nos 
cumprimentos como: 
bom dia, Oi!. Ao telefone (Pronto! Alô!) e em outras situações em que se testa o canal de comunicação (Está 
me ouvindo?). 
– Alô! Como vai? 
– Tudo bem, e você? 
– Vamos ao cinema hoje? 
– Prometo pensar no assunto. Retorno mais tarde para decidirmos o horário. 
 
A função fática ocorre quando o emissor quebra a linearidade de sua comunicação, a fim de observar 
se o receptor o entendeu. São perguntas como não é mesmo?, você está entendendo?, cê tá ligado?, 
ouviram?, ou frases como alô!, oi. 
O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o emissor, um contato para verificar se a 
mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a conversa. 
 
6) Função Poética 
 
É a linguagem das obras literárias, principalmente das poesias, em que as palavras são escolhidas e 
dispostas de maneira que se tornem singulares. Por exemplo: 
 
CLÍMAX 
 
No peito a mata 
aperta o pranto 
do olhar do louco 
pra meia-lua. 
O clímax da noite, 
escorrendo orvalho como estrelas, 
refletindo nas águas 
da cachoeira gelada. 
Cabeça caída, cabelos escorridos, 
pelos eriçados pela emoção nativista. 
Segurem as florestas, mãos fortes, 
decididas! 
Ficar o vazioé não ter a noite 
é não ter o clímax. 
O clímax da vida
(Dílson Catarino) 
 
 107 
Nesta modalidade, a ênfase encontra-se centrada na elaboração da mensagem. Há um certo cuidado 
por parte do emissor ao elaborar a mensagem, no intuito de selecionar as palavras e recombiná-las de acordo 
com seu propósito. Encontra-se permeada nos poemas e, em alguns casos, na prosa e em anúncios 
publicitários. 
 
Canção 
 
Ouvi cantar de tristeza, 
porém não me comoveu. 
Para o que todos deploram. 
que coragem Deus me deu! 
Ouvi cantar de alegria. 
No meu caminho parei. 
Meu coração fez-se noite. 
Fechei os olhos. Chorei. 
[...] 
 
Cecília Meireles 
Observação: 
Nem toda poesia tem a função poética. Vale lembrar que em um mesmo texto podem aparecer várias 
funções da linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto, para então defini-lo. 
 
EXERCÍCIOS 
 
A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades 
menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema 
tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, 
crescimento e migrações. 
DUARTE,M.Oguiadoscuriosos.SãoPaulo:CompanhiadasLetras,1995. 
1- Predomina no texto a função da linguagem 
 
a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia. 
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação. 
c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem, 
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor. 
e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais. 
2- Leia o texto abaixo e analise o que se pede: 
a) Qual função prevalece no texto? 
_______________________________________________________ 
b) Qual a ênfase dessa função? Retire exemplos do texto. 
_______________________________________________________ 
 
 
 
3- Descubra, nos textos a seguir, as funções de linguagem: 
 
a) "O homem letrado e a criança eletrônica não mais têm linguagem comum." (Rose-Marie Muraro) 
 
b) "O discurso comporta duas partes, pois necessariamente importa indicar o assunto de que se trata, e em 
seguida a demonstração. (...) A primeira destas operações é a exposição; a segunda, a prova." (Aristóteles) 
 
c) "Amigo Americano é um filme que conta a história de um casal que vive feliz com o seu filho até o dia 
em que o marido suspeita estar sofrendo de câncer." 
 
 108 
d) "Se um dia você for embora 
 Ria se teu coração pedir 
 Chore se teu coração mandar." (Danilo Caymmi & Ana Terra) 
 
e) "Olá, como vai? 
 Eu vou indo e você, tudo bem? 
 Tudo bem, eu vou indo em pegar um lugar no futuro e você? 
 Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo..." (Paulinho da Viola) 
 
Leia o texto e responda ao que se pede. 
Tintim 
Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo? Imaginei que 
fosse alguma misteriosa medida de outros tempos que sobrevivera ao sistema métrico, como a braça, a légua, 
etc. Outro mistério era o triz. Qual a exata definição de um triz? É uma subdivisão de tempo ou de espaço. As 
coisas deixam de acontecer por um triz, por uma fração de segundo ou de milímetro. Mas que fração? O triz 
talvez correspondesse a meio tintim, ou o tintim a um décimo de triz. 
Tanto o tintim quanto o triz pertenceriam ao obscuro mundo das micro coisas. 
Há quem diga que não existe uma fração mínima de matéria, que tudo pode ser dividido e subdividido. 
Assim como existe o infinito para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo acaba – existiria o 
infinito para dentro. A menor fração da menor partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e 
cada triz por dois tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por diante, até a loucura. Descobri, finalmente, 
o que significa tintim. É verdade que, se tivesse me dado o trabalho de olhar no dicionário mais cedo, minha 
ignorância não teria durado tanto. Mas o óbvio, às vezes, é a última coisa que nos ocorre. Está no Aurelião. 
Tintim, vocábulo onomatopaico que evoca o tinido das moedas. Originalmente, portanto, "tintim por tintim" 
indicava um pagamento feito minuciosamente, moeda por moeda. Isso no tempo em que as moedas, no Brasil, 
tiniam, ao contrário de hoje, quando são feitas de papelão e se chocam sem ruído. Numa investigação feita 
hoje da corrupção no país tintim por tintim ficaríamos tinindo sem parar e chegaríamos a uma nova concepção 
de infinito. 
Tintim por tintim. A menina muito dada namoraria sim-sim por sim-sim. O gordo incontrolável 
progrediria pela vida quindim por quindim. O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. E você e 
eu vamos ganhando nosso salário tin por tin (olha aí, a inflação já levou dois tins). 
Resolvido o mistério do tintim, que não é uma subdivisão nem de tempo nem de espaço nem de 
matéria, resta o triz. O Aurelião não nos ajuda. "Triz", diz ele, significa por pouco. Sim, mas que pouco? 
Queremos algarismos, vírgulas, zeros, definições para "triz". Substantivo feminino. Popular. "Icterícia." Triz 
quer dizer icterícia. Ou teremos que mudar todas as nossas teorias sobre o Universo ou teremos que mudar 
de assunto. Acho melhor mudar de assunto. O Universo já tem problemas demais. 
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.) 2. (G1 - ifsp 2016) 
 Levando em consideração o texto “Tintim”, de Luis Fernando Veríssimo, e o conceito de funções da 
linguagem, marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso e assinale a alternativa correta. 
( ) “Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo?”. A função da 
linguagem predominante no trecho é a emotiva. 
 ( ) “Originalmente, portanto, ‘tintim por tintim’ indicava um pagamento feito minuciosamente, moeda por 
moeda”. A função da linguagem predominante no trecho é a referencial. 
( ) “Numa investigação feita hoje da corrupção no país tintim por tintim ficaríamos tinindo sem parar e 
chegaríamos a uma nova concepção de infinito.” A função da linguagem predominante no trecho é a 
expressiva. 
 ( ) “Resolvido o mistério do tintim, que não é uma subdivisão nem de tempo nem de espaço nem de 
matéria, resta o triz”. A função da linguagem predominante no trecho é a fática. 
 
a) F, V, V, V. b) V, V, F, F. c) F, V, F, F. d) V, V, F, V. e) V, F, F, V. 
 
 
 
 
 109 
SEMANA 2 - LINGUAGEM 
 Variação Linguística 
 
Não existe um único jeito de falar a língua portuguesa. 
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS: são as variações que uma língua apresenta em razão das condições sociais, 
culturais e regionais nas quais é utilizada. 
 
FATORES DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: 
 
•
Idade; 
•
Gênero; 
•
Grupos sociais; 
•
Profissão; 
•
Nível de escolaridade; 
•
Região. 
 
Como a sociedade é marcada por diferenças sociais, culturais, regionais, etc., a língua apresenta 
muitas variações, que refletem essas diferenças e constituem as variedades linguísticas. 
 
NORMA-PADRÃO: A língua está sempre em mudança, em renovação. Novas palavras surgem a todo 
momento e formas antes valorizadas caem em desuso com o tempo. Para evitar que cada um use a língua à 
sua maneira, temos a norma-padrão, que é uma referência, uma espécie de modelo ou de “lei” que normatiza 
o uso da língua, falada ou escrita. 
 
VARIEDADES URBANAS DE PRESTÍGIO: As variedades do português que mais se aproximam da norma-
padrão são prestigiadas socialmente. São as variedades urbanas de prestígio, também conhecidas como 
norma culta, empregadas pelos falantes urbanos, mais escolarizados e de renda mais alta. 
Outras variedades, faladas em lugares distantes dos grandes centros, ou faladas por pessoas analfabetas ou 
de baixa escolaridade, ou por pessoas de baixa renda, são menos prestigiadas e, por isso, frequentemente 
aqueles que as falam são vítimas de preconceito. 
 
PRECONCEITO LINGUÍSTICO:Do ponto de vista linguístico, não existe variedade linguística melhor ou mais 
correta do que outra. Pessoas de baixa escolaridade, ou vindas do interior, ou vindas de regiões distantes dos 
grandes centros urbanos podem ser ridicularizadas ou inferiorizadas por falarem uma variedade diferente 
daquelas prestigiadas socialmente. Deve-se ficar atento para perceber qual variedade linguística é mais 
adequada à situação. 
 O preconceito linguístico está intimamente relacionado com as variações linguísticas, uma vez que 
ele surge para julgar as manifestações linguísticas ditas "superiores". 
Para pensarmos nele não precisamos ir muito longe, pois em nosso país, embora o mesmo idioma 
seja falado em todas as regiões, cada uma possui suas peculiaridades que envolvem diversos aspectos 
históricos e culturais. 
Sendo assim, a maneira de falar do norte é muito diferente da falada no sul do país. Isso ocorre porque 
nos atos comunicativos, os falantes da língua vão determinando expressões, sotaques e entonações de 
acordo com as necessidades linguísticas. 
De tal modo, o preconceito linguístico surge no tom de deboche, sendo a variação apontada de maneira 
pejorativa e estigmatizada. 
Quem comete esse tipo de preconceito, geralmente tem a ideia de que sua maneira de falar é correta 
e, ainda, superior à outra. 
Entretanto, devemos salientar que todas as variações são aceitas e nenhuma delas é superior, ou 
considerada a mais correta. 
 
TIPOS DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: 
 
1-Diferenças de lugar ou região: As diferenças geográficas têm relação com variações da língua. As 
diferenças podem ser de: som (pronúncia); vocabulário; construções frasais. 
 110 
 
 
2- Escolaridade e classe social: A variação social está relacionada a fatores sociais como etnia, sexo, faixa 
etária, grau de escolaridade e grupo profissional. É percebida segundo os grupos (ou classes) sociais 
envolvidos, tal como uma conversa entre um orador jurídico e um morador de rua. Exemplo desse tipo de 
variação são os socioletos. 
 
A linguagem técnica utilizada pelos médicos nem sempre é entendida pelos seus pacientes 
 
3-Variação situacional ou diafásica: Ocorre de acordo com o contexto, por exemplo, situações formais 
e informais. As gírias são expressões populares utilizadas por determinado grupo social. Algumas gírias 
surgem e desaparecem, mas 
outras podem acabar sendo usadas por vários grupos sociais, chegando a fazer parte da língua de toda a 
sociedade e, consequentemente, passam a integrar os dicionários. 
 
Tipos de assaltantes 
 
Assaltante Paraibano: Ei bichin... Isso é um assalto! Arriba os braços e não se bula. Num se cague e não faça 
mungança... Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a pexera no teu bucho e 
boto teu fato prá fora... 
Assaltante Baiano: Ô meu rei...( pausa ) Isso é um assalto...( longa pausa ) Levanta os braços, mas não se avexe 
não...(outra pausa ) Se não quiser nem precisa levantar pra não ficar cansado... Vai passando a grana bem 
devagarinho... ( pausa pra pausa ) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado, Não 
esquenta meu irmãozinho...(pausa) Vou deixar teus documentos na encruzilhada... 
Assaltante Mineiro: Ô sô, prestensão... Isso é um assarto uai! Levanta os braço e fica quetim Quessê trem na minha 
mão tá cheidibala... Mió passa logo os trocado que não tô bão hoji. Vai andando uai! 
Assaltante de São Paulo: Ôrra, meu... Isso é um assalto, meu... Alevanta os braços, meu... Passa a grana logo, meu... 
Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do CORINTHIANS, 
meu... Pô se manda, meu... 
Assaltante Carioca: Seguiiiinte bicho.... Tu se ferrô. Isso é um assalto! Passa a grana e levanta os braços rapá... Não 
fica de bobeira, vai andando e se olhar pra trás vira presunto. 
Assaltante Gaúcho: O gurí, ficas atento... Báh, isso é um assalto! Levanta os braços e te aquieta tchê! Não tentes 
nada, e cuidado que este facão corta uma barbaridade. Passa os pila prá cá! E te manda a lá cria, se não o quarenta 
e quatro fala... 
Assaltante de Brasília: Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer para pedir seu voto de 
confiança. Prometo se eleito for te representar com responsabilidade e 
que por exigência do FMI ao final de todo mês aumentaremos as seguintes tarifas para dar uma ajuda aos pobres 
políticos do nosso país: Energia, água, passagens aéreas e de ônibus, gás, imposto de renda, licenciamento de 
veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, IPTU, ICMS, PIS, COFINS. Mas meu povo não se esqueça: somos uma 
nação feliz! O Brasil é penta e em fevereiro tem carnaval!!! 
 
 
 111 
 
4-Variação histórica ou diacrônica: Ela ocorre com o 
desenvolvimento da história, tal como o português medieval e o 
atual. 
→ Exemplo de português arcaico: "Elípticos", "pegá-
la-emos" são formas que caíram em desuso. 
 
 
 
FATORES DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: 
 
1º) Oralidade e escrita: Na língua oral são comuns, por exemplo, as 
repetições, as quebras na sequência de ideias, problemas de concordância 
e o uso de expressões de apoio (né?, humm, tá ligado?). Já a língua escrita 
é mais monitorada, pois temos condições de escolher as palavras, de 
corrigir o texto e melhorá-lo até transmitir exatamente o que desejamos. 
Com o uso da internet, as fronteiras entre o oral e o escrito têm se 
enfraquecido. 
 
2º) FORMALIDADE E INFORMALIDADE: Às vezes, mesmo sem perceber, falamos em determinadas 
situações de modo diferente do habitual. Quando falamos em público ou quando conversamos com pessoas 
mais instruídas do que nós ou com pessoas que ocupam cargo ou posição elevado, monitoramos mais o que 
dizemos, evitando gírias, expressões grosseiras e palavras ou expressões que demonstrem intimidade com 
o interlocutor. Assim, a língua apresenta maior grau de formalidade. Quando falamos com amigos, por 
exemplo, a língua apresenta menor monitoramento, dizemos que a língua é informal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º) O INTERLOCUTOR: Não se fala do mesmo modo com um adulto e com uma criança 
4º) O ASSUNTO: Falar sobre a morte de uma pessoa amiga requer uma linguagem diferente da usada para 
lamentar a derrota do time de futebol. 
5º) O AMBIENTE: Não se fala do mesmo jeito em um templo religioso e em uma festa com os amigos. 
6º) A RELAÇÃO FALANTE-OUVINTE: Não se fala da mesma maneira com um amigo e com um estranho. 
7º) A INTENÇÃO: Para se fazer um elogio ou um agradecimento, fala-se de um jeito; para ofender, chocar, 
provocar ou ironizar alguém. 
 
EXERCÍCIOS 
 
1- Observe a tirinha a seguir: 
 112 
 
O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitante da zona rural, comumente chamado de 
“roceiro” ou “caipira”. Considerando a sua fala, essa tipicidade é confirmada primordialmente pela: 
 
a) transcrição da fala característica de áreas rurais. 
b) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comunidades rurais. 
c) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem como coloquial. 
d) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios urbanos. 
e) utilização da palavra “coisa”, pouco frequente nas zonas mais urbanizadas. 
 
2- Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa, saber 
adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de Língua 
Portuguesa convida-o a ler o texto “Aí, galera”, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com 
situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte. Jogadores de futebol podem ser vítimas de 
estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no 
entanto, por que não? 
 
— Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. 
— Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos 
seus lares. 
— Como é? 
— Aí, galera. 
— Quais são as instruções do técnico? 
— Nosso treinador vaticinou que,com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na 
zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um 
contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação 
momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação. 
— Ahn? 
— É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça. 
— Certo. Você quer dizer mais alguma coisa? 
— Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma 
pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas? 
— Pode. 
— Uma saudação para a minha progenitora. 
— Como é? 
— Alô, mamãe! 
— Estou vendo que você é um, um… 
— Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um 
ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação? 
— Estereoquê? 
— Um chato? 
— Isso. 
(Luís Fernando Veríssimo. Correio Braziliense, 13 de maio, 1998.) 
 
A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser substituída, sem comprometimento de sentido, em língua 
culta, formal, por: 
 
a) pegá-los na mentira. 
b) pegá-los desprevenidos. 
c) pegá-los em flagrante. 
d) pegá-los rapidamente. 
e) pegá-los momentaneamente
. 
 113 
3- O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. São elas: 
 
a) A saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a saudação final dirigida a sua mãe. 
b) A linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevista, e um jogador que fala, com 
desenvoltura, de modo muito rebuscado. 
c) O uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da expressão “progenitora”, por parte do 
jogador. 
d) O desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação” e a fala do jogador em “é pra 
dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”. 
e) O fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador entrevistado não 
corresponder ao estereótipo. 
 
4- O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto. Considerando as 
diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa também uma INADEQUAÇÃO 
DA LINGUAGEM usada ao contexto: 
 
a) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito.” — um pedestre que assistiu ao acidente comenta 
com o outro que vai passando. 
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” — um jovem que fala para um amigo. 
c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação.” — alguém comenta em uma reunião de 
trabalho. 
d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada 
empresa.” — alguém que escreve uma carta candidatando- se a um emprego. 
e) “Porquê, se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro 
próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros.” — um professor universitário em um congresso 
internacional. 
 
SEMANA 3 - PRODUÇÃO DE TEXTOS 
 
CRÔNICA 
 
A crônica é um gênero textual narrativo típico de jornais e revistas. Seus temas, em geral, são ligados 
à vida cotidiana urbana. 
Em geral, os assuntos abordados em textos desse tipo são voltados ao cotidiano das cidades – a 
crônica pode ser entendida como um retrato verbal particular dos acontecimentos urbanos. Os bons 
cronistas são aqueles que conseguem perceber, no dia a dia de suas vidas, impressões, ideias ou visões da 
realidade que não foram percebidas por todos. Embora não seja uma regra, as crônicas costumam tratar de 
assuntos mais leves e de um modo humorístico. 
 
Características 
 
A crônica é um gênero discursivo que mescla a tipologia narrativa com trechos reflexivos e, em 
alguns casos, argumentativos. A linguagem da crônica costuma ser leve, marcada por coloquialidade e, 
não raro, cada cronista tem seu estilo próprio no uso das palavras. Os temas comuns a esse gênero são os 
mais variados possíveis. Qualquer assunto cotidiano pode ser motivo de crônica. Por ser um gênero nascido 
na cidade, é comum que tudo que ocorra no ambiente urbano passe a ser escrito em forma de crônica. 
Leia, a seguir, um trecho da última crônica feita por Carlos Drummond de Andrade, em 1984: 
 
Ciao 
 
Há 64 anos, um adolescente fascinado por papel impresso notou que, no andar térreo do prédio onde 
morava, um placar exibia a cada manhã a primeira página de um jornal modestíssimo, porém jornal. Não teve 
dúvida. Entrou e ofereceu os seus serviços ao diretor, que era, sozinho, todo o pessoal da redação. O homem 
olhou-o, cético, e perguntou: 
— Sobre o que pretende escrever? 
― Sobre tudo. Cinema, literatura, vida urbana, moral, coisas deste mundo e de qualquer outro possível. 
O diretor, ao perceber que alguém, mesmo inepto, se dispunha a fazer o jornal para ele, praticamente 
de graça, topou. Nasceu aí, na velha Belo Horizonte dos anos 20, um cronista que ainda hoje, com a graça 
de Deus e com ou sem assunto, comete as suas croniquices. 
 114 
Comete é tempo errado de verbo. Melhor dizer: cometia. Pois chegou o momento deste contumaz 
rabiscador de letras pendurar as chuteiras (que na prática jamais calçou) e dizer aos leitores um ciao -adeus 
sem melancolia, mas oportuno. 
[...] 
 
A leitura do texto de Drummond permite perceber a leveza da linguagem, o tom coloquial – parece 
mesmo uma conversa descontraída com o autor. Além disso, o grande poeta ainda resume, com a precisão 
de artista, os possíveis temas de uma crônica – “cinema, literatura, vida urbana, moral, coisas deste mundo e 
de qualquer outro possível”. 
 
Tipos de crônica 
 
Existem diversos tipos de crônicas – desde as apenas narrativas, passando pelas crônicas jornalísticas 
até chegar em crônicas poéticas, que flertam com o literário. Inclusive, alguns grandes escritores brasileiros, 
como Machado de Assis, Lima Barreto ou Clarice Lispector foram renomados cronistas em seus tempos. 
 
• Crônica narrativa 
 
A crônica narrativa é aquela que contém apenas elementos da narração em sua estrutura, ou seja, que 
apresenta personagens, tempo, espaço e enredo. Nessas crônicas, não há longos trechos reflexivos ou 
argumentativos, como é comum naquelas publicadas em jornais. O assunto da crônica narrativa é, via de 
regra, um tema vinculado ao cotidiano das cidades. 
 
• Crônica jornalística 
 
A crônica jornalística pode ser caracterizada como um gênero que mistura fragmentos narrativos – em 
geral, pequenos fatos cotidianos são contados para, em seguida, promover-se uma reflexão sobre eles – e 
trechos mais longos de reflexão e argumentação sobre o fato narrado. Por ser publicada em jornais, é 
esperado que o tema da crônica jornalística seja de interesse de um grupo social e não apenas do próprio 
cronista. Normalmente, os principais acontecimentos do dia ou da semana anterior são os assuntos redigidos 
nas crônicas jornalísticas. 
 
• Crônica humorística 
 
Uma das marcas das crônicas narrativas e jornalísticas é, em geral, ter um enfoque humorístico acerca 
das cenas e acontecimentos cotidianos. Para atingir esse grau de comédia, cada cronista adota um estilo 
particular – há aqueles que usam da ironia para marcar sua linguagem, há outros que abordam assuntos 
cômicos por natureza, ou ainda os cronistas que constroem discursos engraçados por meio de associações 
inusitadas. Quanto mais original e criativa, melhor será a crônica. 
 
Como fazer uma crônica 
 
Para produzir uma boa crônica, é necessário, antes de mais nada, ser um bom observador da vida 
cotidiana das cidades. É pela observação da realidade por uma perspectiva inusitada que o cronista encontra 
o tema de seus textos. Para além disso, um texto de qualidade deve ser projetado, rascunhado e revisado 
sempre que possível. 
No caso das crônicas narrativas, vale a pena planejar bem quais serão os personagens, o cenário, o 
tempo e o enredo que serão redigidos. Caso seja para escrever uma crônica jornalística, vale a pena pesquisarbem os pontos de vista que serão apresentados e fundamentar bem o que será defendido no texto. 
 
Texto retirado de: https://www.portugues.com.br/literatura/a-cronica-.html 
 
EXERCÍCIOS 
 
Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 3. 
Onde já se viu? 
 
Uma tarde de inverno, estava eu lá, na Rua Barão de Itapetininga, mexendo nas estantes de uma 
livraria. (Não consigo passar por uma sem entrar para fuçar no meio dos livros. Desde que eu tinha quatro 
https://www.portugues.com.br/literatura/a-cronica-.html
 115 
anos de idade - o que já faz muito tempo - livro para mim é a coisa mais gostosa do mundo. A gente nunca 
sabe que surpresa vai encontrar entre duas capas. Pode ser coisa de boniteza, ou de tristeza, ou de poesia, 
ou de risada, ou de susto, sei lá. Um livro é sempre uma aventura, vale a pena tentar!). 
Pois bem, estava eu ali, muito entretida, examinando os livros, quando de repente senti que alguém 
me puxava pela manga. Olhei para baixo e vi um menino - um garotinho de uns nove ou dez anos, magrelo, 
sujinho, de roupa esfarrapada e pé 
no chão. Uma dessas crianças que andam largadas pelas ruas da cidade, pedindo esmola. Ou, no melhor dos 
casos, vendendo colchetes ou dropes, essas coisas. Eu já ia abrindo a bolsa para livrar-me logo dele, quando 
o garoto disse: 
- Escuta, dona ... (naquele tempo, ninguém chamava a gente de tia: tia era só a irmã do pai ou da 
mãe). 
- O quê? - perguntei. - O que você quer? 
- Eu ... dona, me compra um livro? - disse ele baixinho, meio com medo. Dizer que fiquei surpresa é 
pouco. O jeito do menino era de quem precisava de comida, de roupa, isso sim. Duvidei do que ouvira: 
- Você não prefere algum dinheiro? - perguntei. 
- Não, dona - disse o garoto, mais animado, olhando-me agora bem nos olhos. – Eu queria um livro. 
Me compra um livro? 
Meu coração começou a bater mais forte. 
- Escolha o livro que você quiser - falei. 
As pessoas na livraria começaram a observar a cena, incrédulas e curiosas. O menino já estava junto 
à prateleira, procurando, examinando ora um livro, ora outro, todo excitado. Um vendedor se aproximou, meio 
desconfiado, com cara de querer intervir. 
- Deixe o menino escolher um livro - falei. - Eu pago. 
As pessoas em volta me olhavam admiradas. Onde já se viu alguém comprar um livro para um 
molequinho maltrapilho daqueles? 
Pois vou lhes contar: foi exatamente o que se viu naquela tarde, naquela livraria. O menino acabou se 
decidindo por um livro de aventuras, nem me lembro qual. Mas me lembro bem da minha emoção quando lhe 
entreguei o volume e vi seus olhinhos brilhando ao me dizer um apressado obrigado, dona! antes de sair em 
disparada, abraçando o livro apertado ao peito. 
Quanto aos meus próprios olhos, estes se embaçaram estranhamente, quando pensei comigo: "Tanta 
criança rica não sabe o que perde, não lendo, e este menino pobre - que certamente não era um pobre menino 
- sabe o valor que tem essa maravilha que se chama livro!" 
Isso aconteceu há vários anos. Bem que eu gostaria de saber o que foi feito daquele menino... 
 
Tatiana Belinky. Onde já se viu? In: __ o Olhos de ver. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2004. p. 19-21. (Veredas) 
 
1- Releia a seguinte fala da narradora da crônica. 
 
"Tanta criança rica não sabe o que perde, não lendo, e este menino pobre - que certamente não era 
um pobre menino - sabe o valor que tem essa maravilha que se chama livro!" 
 
Com esse comentário, a narradora faz uma crítica em relação ao hábito de leitura entre crianças de 
diferentes realidades sociais. Explique como se dá essa crítica. 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
 
2- Em um trecho da crônica, é dito que o menino pediu o livro meio com medo. Analise a situação e explique 
o porquê de ele ter tido essa reação. 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
 
3- A crônica é um gênero textual curto e com poucos personagens, inspirado em uma situação ou fato do 
cotidiano, real ou imaginário. 
 
a) Qual fato ou situação foi o ponto de partida da crônica de Tatiana Belinky? 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
 
b) Em sua opinião, a narradora realmente vivenciou o fato (ou situação) ou ela o criou? 
 116 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
 
c) Quando e onde o fato aconteceu? 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
 
SEMANA 4 - LITERATURA 
Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/ 
TROVADORISMO 
 
Foi um movimento literário e poético que surgiu na região de Provença, na França, se espalhou por 
quase todo território Europeu tendo seu declínio no século XI. Quem escrevia as composições eram 
chamados de trovadores. Quem cantava ou recitava os poemas era chamado de Jogral. 
 
CARACTERÍSTICAS DO TROVADORISMO 
 
- Tinha relação entre a poesia e a música 
 
No trovadorismo, música e a poesia eram extremamente ligadas. Os poemas e os versos que eram 
recitados estavam sempre seguidos de música e instrumentos musicais (viola, lira, flauta e harpa). Por isso, 
eram chamados de cantigas trovadorescas. Existiam coletâneas das cantigas que eram chamadas 
de cancioneiros, as mais conhecidas são: Cancioneiro da Biblioteca de Lisboa e o 
Cancioneiro da Vaticana. 
 
- Era dividido em dois gêneros: lírico e satírico 
 
O trovadorismo era dividido em dois gêneros distintos: o lírico e o satírico. No trovadorismo lírico 
existiam as cantigas de amor e de amigo, que falavam das sensações e os sentimentos que existia nas 
relações. As produções do trovadorismo geralmente eram voltadas para temas que envolvessem amor e 
sofrimento amoroso. 
Já o trovadorismo satírico tem como característica o humor ácido e debochado. Ele fazia críticas a 
sociedade feudal da época. As cantigas satíricas eram divididas em cantigas de escárnio e cantigas de 
maldizer. 
Ambas as cantigas faziam sátiras ou deboche, porém existia uma diferença em relação como a sátira 
era feita. A cantiga de escárnio tinha um tom mais leve e a cantiga de maldizer era direta e ácida. 
 
- Tratavam de forma amorosa e veneravam a pessoa amada 
 
Os trovadores – quem escrevia as cantigas – compunham as cantigas de amor na primeira pessoa, 
e era comum eles se colocarem em uma posição de inferioridade e submissão em relação à pessoa 
amada. 
Esse tipo de cantiga existia uma grande tendência de veneração e adoração à mulher amada, que 
geralmente era inalcançável da mesma forma como o amor idealizado. 
No trovadorismo o amor descrito tinha muita e cortesia, porém era sofrido e possuía aspecto de 
um amor inalcançável ou não correspondido. 
 
Veja esse exemplo de cantiga de amor: 
 
"Estes meus olhos nunca perderan, 
senhor, gran coyta, mentr’ eu vivo fôr; 
e direy-vos, fremosa mia senhor, 
d’estes meus olhos a coyta que an: 
choran e cegan, quand’alguen non veen, 
e ora cegan por alguen que veen. 
 
Guisado teen de nunca perder 
meus olhos coyta e meu coraçon, 
e estas coytas, senhor, mias son: 
mays los meus olhos, por alguen veer, 
choran e cegan, quand’alguen non veen, 
e ora cegan por alguen que veen. 
 
E nunca ja poderey aver ben, 
poys que amor já non quer nen quer Deus; 
mays os cativos d’estes olhos meus 
morrerán sempre por veer alguen: 
choran e cegan, quand’alguen non veen, 
e ora cegan por alguen que veen." 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/
 117 
 
- Falavam de amizade 
 
Como o nome já diz, na cantiga de amigoo principal tema tratado era a amizade ou amor-amizade. As 
cantigas de amigo eram protagonizadas por uma narradora mulher, não idealizada e humilde, que assumia a 
sua amizade a um amigo ou a um amor platônico. 
Estas cantigas tinham como característica um forte sentimento de sofrimento, tristeza e angústia por 
causa da separação de um amigo ou do homem amado. 
 
Veja um exemplo de cantiga de amigo: 
 
"Ondas do mar de Vigo 
Se vires meu namorado! 
Por Deus, (digam) se virá cedo! 
Ondas do mar revolto, 
Se vires o meu namorado! 
Por Deus, (digam) se virá cedo! 
 
Se vires meu namorado, 
Aquele por quem eu suspiro! 
Por Deus, (digam) se virá cedo! 
Se vires meu namorado 
Por quem tenho grande temor! 
Por Deus, (digam) se virá cedo! ústia pela 
separação de um amigo ou do homem amado." 
 
- Faziam crítica ao cenário político e social 
 
O trovadorismo nasceu na Idade Média, momento que a sociedade vivenciava o feudalismo. Por 
conta disso, o tema principal eram críticas à sociedade feudal da época. 
 
Cantiga Santa Maria. (Foto: Wikipédia) 
 
- Usavam trocadilhos e ambiguidade 
 
Trocadilhos e ambiguidades eram comuns nas cantigas de escárnio, que eram mais leves e tinham 
sátiras de maneira indireta. Essa cantiga tinha como característica frases de duplo sentido e trocadilhos. 
Exemplo cantiga de escarnio: 
 
"Num dia que não se advinha, 
meus olhos assim estarão: 
e há de dizer-se: "Era a expressão 
que ela ultimamente tinha." 
 
Sem que se mova a minha mão 
nem se incline a minha cabeça 
nem a minha boca estremeça 
- toda serei recordação. 
 
Meus pensamentos sem tristeza 
de novo se debruçarão 
entre o acabado coração 
e o horizonte da língua presa. 
 
Tu, que foste a minha paixão, 
virás a mim, pelo meu gosto, 
e de muito além do meu rosto 
meus olhos te percorrerão. 
 
Nem por distante ou distraído 
escaparás à invocação 
que, de amor e de mansidão, 
te eleva o meu sonho perdido. 
 
Mas não verás tua existência 
nesse mundo sem sol nem chão, 
por onde se derramarão 
os mares da minha incoerência. 
 
Ainda que sendo tarde e em vão, 
perguntarei por que motivo 
tudo quanto eu quis de mais vivo 
tinha por cima escrito "Não". 
 
E ondas seguidas de saudade, 
sempre na tua direção, 
caminharão, caminharão, 
sem nenhuma finalidade
 118 
- Criticas eram feitas de maneira direta. 
 
As cantigas de maldizer, diferente das cantigas de escárnio, eram escritas de maneira direta e as 
vezes agressivas. Palavrões e nome de pessoas eram citados pelos trovadores, em alguns casos. 
 
"Roi queimado morreu con amor 
Em seus cantares por Sancta Maria 
por ua dona que gran bem queria 
e por se meter por mais trovador 
porque lhela non quis [o] benfazer 
fez-sel en seus cantares morrer 
mas ressurgiu depois ao tercer dia!…" 
 
- Refletiam o modo de vida na aristocracia feudal 
 
O trovadorismo nasceu na época do feudalismo, então muito conteúdo que foi produzido 
na literatura e poesia remetia ao modo de vida e costumes da sociedade feudal. Comportamentos da época, 
relação relações entre os senhores feudais e os seus vassalos viraram temas de cantigas do trovadorismo. 
 
EXERCÍCIOS 
 
1- Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo. 
Texto I 
Ondas do mar de Vigo, 
se vistes meu amigo! 
E ai Deus, se verrá cedo! 
Ondas do mar levado, 
se vistes meu amado! 
E ai Deus, se verrá cedo! 
Martim Codax 
Obs.: verrá = virá levado = agitado. 
 
Texto II 
1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao 
2. menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da 
3. canção paralelística (...). 
4. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros. 
5. Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que fiquei 
6. com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”; 
7. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando. 
8. O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga. 
 Manuel Bandeira 
 
a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e 
mulheres camponesas. 
b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a cultura 
antropocêntrica. 
c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da 
Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis. 
d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a 
função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente. 
e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões 
estéticos greco-romanos. 
 
2- Assinale a alternativa INCORRETA com respeito ao Trovadorismo em Portugal: 
 
a) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino. 
b) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre senhor e vassalo na sociedade feudal: distância 
e extrema submissão. 
 119 
c) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas. 
d) Durante o trovadorismo, ocorre a separação entre poesia e música. 
e) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de 
cancioneiros. 
 
3- Leia com atenção a estrofe: 
 
Fez-se de amigo próximo o distante 
Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente. 
 
Tomemos a palavra AMIGO. Todos conhecem o sentido com que esta forma linguística é usualmente 
empregada no falar atual. Contudo na Idade Média, como se observa nas catingas medievais, a palavra amigo 
significou: 
 
a) colega 
b) companheiro 
c) namorado 
d) simpático 
e) acolhedor 
 
4- Sobre as principais características do Trovadorismo, estão corretas: 
 
I. Primeiro movimento literário da língua portuguesa, o Trovadorismo surgiu em um período no qual a escrita 
era pouco difundida, por esse motivo, os poetas transmitiam suas poesias oralmente, na maioria das vezes 
cantando-as. 
II. Foi marcado pela transição do mundo medieval para o mundo moderno, conduzindo as artes ao 
Renascimento cultural. Na literatura, deu-se a consolidação da prosa historiográfica, do teatro e da poesia 
palaciana. 
III. Os primeiros textos da literatura portuguesa receberam o nome de cantigas, tradicionalmente divididas em 
cantigas de amor, de amigo, escárnio e maldizer, representadas por nomes como Dom Duarte, Dom Dinis, 
Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes, entre outros. 
IV. Inspirado na cultura clássica greco-latina, o Trovadorismo foi marcado pela introdução de novos gêneros 
literários, entre eles os romances de cavalaria e a literatura de viagens. 
V. Os poetas do Trovadorismo pertenciam à nobreza ou ao clero e, além da letra, criavam também a música 
das composições que executavam para o seleto público das cortes. 
 
a) III e IV. b) I, II e V. c) III, IV e V. d) I, III e V. e) III e IV. 
 
 
SEMANA 5 - LITERATURA 
 
 
QUINHENTISMO 
 
O Quinhentismo foi o conjunto de produções literárias produzidas no Brasil no século XVI. 
Nesse período os países europeus, entre eles Portugal, iniciaram a busca de trocas comercias 
lucrativas, exploração de pedras preciosas e matéria-prima, além da difusão do Cristianismo na expansão 
marítima europeia. 
E foram nessas viagens marítimas em busca de novos territórios que as embarcações portuguesas 
avistaram o Monte Pascal. 
Então, nessas embarcações estavam aqueles que deram início às relações de colonização de 
exploração nas novas terras descobertas e aqueles que escreveram relatos de tudo o que foi visto e 
encontrado. 
Desse modo, na época do descobrimento do Brasil os registos escritos sobre os índios brasileiros, a 
fauna e a flora, bem como as características da região, eram chamados de literatura quinhentista. 
O nome Quinhentismo faz referência justamente ao ano do descobrimento – 1500. 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/religiao/cristianismo
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/expansao-maritima-europeiahttps://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/expansao-maritima-europeia
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/descobrimento-do-brasil
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/indios-brasileiros
 120 
E nesse momento do colonialismo não existia uma literatura nacional. Uma vez que os relatos da 
literatura quinhentista eram sob a ótica dos portugueses e não de escritores nascidos na própria pátria. 
A concepção de identidade e a literatura brasileira só foram construídas séculos depois da colonização 
portuguesa. 
É importante destacar ainda que no Quinhentismo haviam os textos com características linguísticas 
descritivas e informativas. Portanto, eram classificados como literatura de informação ou crônicas 
históricas. 
Ainda dentro do conjunto de textos da literatura quinhentista existiam aquelas produções com 
finalidades religiosas e doutrinárias, as quais eram classificadas como literatura jesuíta. 
 
• Crônicas históricas 
 
Os portugueses que escreviam cartas com a finalidade de manter o rei português, D. Manuel I, bem 
informado sobre o “novo mundo” não tinham características propriamente de literatura ou o valor literário. 
A prova disso é que essas produções escritas tratavam dos objetivos materiais e capitalistas da coroa 
portuguesa. Uma vez que descreviam sobre as riquezas naturais, a cultura dos povos nativos, os animais, os 
recursos hídricos e todo levantamento para estabelecer a relação metrópole-colônia. 
Dessa maneira, eram produções escritas mais históricas do que literárias. E, por isso, muitos historiadores 
as consideram como crônicas históricas ou literatura dos viajantes. 
A carta do principal escrivão-mor português, Pero Vaz de Caminha, inaugurou a literatura quinhentista de 
cunho histórico no Brasil. 
Leia o trecho abaixo da carta de Pero Vaz de Caminha e preste atenção às palavras grafadas: 
 
E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela 
tintura, a qual, certo, era tão bem feita e tão redonda e sua vergonha, 
que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas mulheres de nossa terra, 
vendo-lhes tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela. 
(...) 
O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira 
e uma alcatifa aos pés por estrado, e bem vestido, com um colar d'ouro 
mui grande ao pescoço. (...) Um deles, porém, pôs olho no colar do 
capitão e começou d'acenar com a mão para a terra e despois para o 
colar, como que nos dizia que havia em terra ouro. E também viu um 
castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e então para o 
castiçal, como que havia também prata (...) 
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra 
coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de 
muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-
Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de 
lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, 
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que 
tem! Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a 
principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. (...) [grifos nossos] 
Observe que o texto apresenta a marca da pessoalidade do escrivão europeu quanto ao costume cultural 
indígena, as ambições capitalistas pelas pedras preciosas (ouro e prata), encantamento pela abundância 
hídrica e fertilidade do solo brasileiro. 
 
Destacam-se ainda nas crônicas históricas quinhentistas os seguintes autores: 
 
→Pero de Magalhães Gândavo 
Obras: Tratado da Terra do Brasil e História da província de Santa Cruz; 
 
→Gabriel Soares de Souza 
Obra: Tratado Descritivo do Brasil; 
 
→Hans Staden 
Obra: Meu cativeiro entre os índios do Brasil 
 
• Literatura jesuíta 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/colonialismo
 121 
Depois da chegada dos primeiros colonizadores os próximos viajantes que atravessaram o Oceano 
Atlântico foram os padres jesuítas. 
Os padres chegaram em 1549 na chamada Campanha de 
Jesus, com o objetivo de catequizar os indígenas e os 
filhos dos colonizadores que moravam ou já nasciam na 
colônia brasileira. 
Para isso, os religiosos utilizavam e produziam textos 
mais elaborados que as crônicas históricas para difundir 
o Cristianismo. Muitos desses textos eram fundamentados no 
movimento da Contrarreforma da Igreja Católica, que 
objetivava a conquista e reconquista de fiéis pelo mundo a 
fora. 
Entre os pregadores católicos destaca-se o padre José de 
Anchieta, que produziu grande acervo da Literatura jesuíta, como sermões, poemas autos e cartas. 
José de Anchieta é considerado o pai do teatro brasileiro porque utilizou-se, na época, dessa arte para 
produzir muitas peças teatrais inspiradas na bíblia, e assim divulgar o evangelho entre os povos 
indígenas. Leia abaixo a cena do segundo ato da peça teatral “Auto de São Lourenço” de José de Anchieta e 
preste atenção nas palavras negritadas: 
 
GUAIXARÁ 
 
Esta virtude estrangeira 
Me irrita sobremaneira. 
Quem a teria trazido, 
com seus hábitos polidos 
estragando a terra inteira? 
 
Só eu 
permaneço nesta aldeia 
como chefe guardião. 
Minha lei é a inspiração 
que lhe dou, daqui vou longe 
visitar outro torrão. 
 
Quem é forte como eu? 
Como eu, conceituado? 
Sou diabo bem assado. 
A fama me precedeu; 
Guaixará sou chamado. 
 
Meu sistema é o bem viver. 
Que não seja constrangido 
o prazer, nem abolido. 
Quero as tabas acender 
com meu fogo preferido 
 
Boa medida é beber 
cauim até vomitar. 
Isto é jeito de gozar 
a vida, e se recomenda 
a quem queira aproveitar. 
 
Observe que foi utilizado elemento da cultura indígena, nesse caso a “aldeia”, para interagir, ensinar e 
doutrinar os índios. E ainda conceitos do Catolicismo, como a ideia de “diabo”. 
Na literatura jesuíta ainda teve destaque o fundador do Colégio São Paulo, na aldeia de Piratininga, 
em 1553, padre Manuel da Nóbrega. Suas obras foram: 
•Diálogo sobre a conversão do gentio; 
•Informação das coisas da terra e necessidade que há para se proceder nela; 
•Cartas do Brasil; 
•Tratado contra a Antropofagia e contra os Cristãos Seculares e Eclesiásticos que a Fomentam e a 
Consentem; 
•Caso de Consciência para a Liberdade dos Índios. 
 
Características da literatura quinhentista 
 
•Narrativas textuais com caráter informativos e descritivo 
•Usos de muitos adjetivos; 
•Marcas da subjetividade dos autores; 
•Linguagem sem rebuscamentos; 
•Levantamento das principais questões de interesse capitalista; 
•Narrativas mais elaborada para fins doutrinários e religiosos. 
 
EXERCÍCIOS 
 
Leia o texto a seguir e responda ao que se pede. 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/religiao/cristianismo
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/religiao/catolicismo
 122 
Hans Staden foi um alemão que fez duas viagens ao Brasil entre 1547 e 1549 como artilheiro 
mercenário. O seu relato conta sobre os nove meses que passou entre os indígenas. 
 
Viagens de Hans Staden 
Aconteceram em uma época onde a colonização portuguesa do Brasil ainda era bastante tímida. A 
exploração do pau-brasil era basicamente a grande atividade econômica do período e, nessa época, Portugal 
estava implantando o Governo-geral. A presença portuguesa localizava-se apenas no litoral, em pequenas 
cidades. 
Os relatos desse período mostram os primeiros contatos com os indígenas e a hostilidade de alguns 
desses povos. Entretanto, é preciso considerar que os relatos dos europeus sobre os indígenas são carregados 
da moral religiosa e sua visão etnocêntrica. 
 
1-Dentre os trechos a seguir- todos retirados do livro “Duas viagens ao Brasil”, de Hans Staden - qual retrata a 
visão etnocêntrica, isto é, a partir da perspectiva particular do povo e cultura a qual o autor pertencia? 
 
a) [...]Alguns mamelucos, descendentes de selvagens e cristãos, quiseram fechar esta passagem aos 
Tupinambás. Eram cinco irmãos. O pai deles era português, e a mãe, uma mulher brasileira. Eram cristãos,e 
igualmente treinados e experientes no modo de guerrear tanto dos cristãos quanto dos selvagens, e dominavam 
ambas as línguas. [...] 
 
b) [...] Mas Deus sempre ajuda no infortúnio. Ao rezarmos no final da tarde rogando por sua misericórdia, 
formaram-se ao sul, ainda antes que terminássemos nossas preces, nuvens escuras, para onde nos empurrou 
o vento. [...] 
 
c) [...] O pessoal se preparou para a defesa e não nos queria deixar chegar mais perto com o barco; em vez 
disso, gritaram para mim, para que eu dissesse o que estava acontecendo, onde tinham ficado meus camaradas 
e por que eu estava voltando sozinho num barco cheio de selvagens. Fiquei quieto e não respondi, pois, o chefe 
do barco tinha ordenado que eu aparentasse tristeza, de forma a ver o que as pessoas a bordo fariam. [...] 
 
d) Calei-me e rezei por Deus, como estavam pedindo: “Ó todo-poderoso, Senhor do Céu e da Terra, que ouviste 
e ajudaste desde a aurora da humanidade, quando implorado teu nome. Mostra aos descrentes tua 
misericórdia. Faze-me saber se ainda estás comigo. Mostra aos selvagens pagãos que não sabem nada de ti 
que tu, meu Senhor, ouviste minha prece.” 
 
2- Também chamado de Literatura dos Jesuítas, a literatura de catequese corresponde a segunda fase do 
movimento literário quinhentista. Seus textos tinham o caráter didático e pedagógico voltados para a moral 
religiosa cristã, com temas pautadas a trechos e passagens da bíblia, com encenações da vida de Jesus e dos 
santos. Esse estilo também foi marcado pela poesia didática e linguagem de fácil entendimento e simples. E 
tinha o intuito de pregar o senso moral aos índios, fundamentados no cristianismo. Além disso, eram produzidas 
peças teatrais, crônicas de viagens e históricas, textos informativos e documentais. Todas as produções 
fundamentadas na cultura religiosa da Igreja Católica. 
(Retirado e adaptado de: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/literatura-de-catequese) 
 
Todos os trechos a seguir, contém visão etnocêntrica e moral religiosa capaz de condenar a cultura dos 
povos indígenas brasileiros aos olhos dos religiosos europeus, EXCETO: 
 
a) “Diz que quer ser cristão e não comer carne humana, nem ter mais de uma mulher e outras coisas: somente 
que há de ir à guerra e os que cativar vendê-los e servir-se deles, porque estes, desta terra, sempre têm guerra 
com outros e assim andam todos em discórdia. Comem-se uns aos outros, digo os contrários. É gente que 
nenhum conhecimento tem de Deus, nem ídolos, fazem tudo quanto lhe dizem.” (Diálogo Sobre a Conversão 
do Gentio – Padre Manuel Da Nóbrega) 
 
b) “Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas, / e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas? / Não 
te move a aflição dessa mãe toda em pranto, / que a morte tão cruel do filho chora tanto? / O seio que de dor 
amargado esmorece, / ao ver, ali presente, as chagas que padece? / Onde a vista pousar, tudo o que é de 
Jesus, / ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux. / Olha como, prostrado ante a face do Pai, / todo o sangue 
em suor do corpo se lhe esvai. / Olha como a ladrão essas bárbaras hordas / pisam-no e lhe retêm o colo e 
mãos com cordas. / Olha, perante Anás, como duro soldado/o esbofeteia mau, com punho bem cerrado.” 
(Poema da Virgem – Padre José de Anchieta) 
 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/literatura-de-catequese
 123 
c) “Dos vícios já desligados / nos pajés não crendo mais, / nem suas danças rituais, / nem seus mágicos 
cuidados.” (O auto de São Lourenço – Padre José de Anchieta) 
 
d) “Por demais há trabalhar com estes; são tão bestiais, que não lhes entra no coração cousa de Deus; estão 
tão encarniçados em matar e comer, que nenhuma outra bem-aventurança sabem desejar; pregar a estes, há 
pregar em deserto há pedras.” (Diálogo sobre a conversão do gentio -Padre Manuel da Nóbrega) 
 
3- São características observadas em textos do Quinhentismo, EXCETO: 
 
a) Teocentrismo, conflito existencial e imagens contrastantes 
b) Literatura pedagógica: poesia didática e teatro pedagógico. 
c) Textos de caráter documental e religioso. 
d) Uso de uma linguagem simples, descrição e exaltação à terra. 
 
4- As obras didáticas que caracterizam a literatura jesuítica possuem: 
 
a) hinos, canções e especialmente autos, que visavam infundir o ecumenismo e diversidade religiosa nos índios. 
b) poemas, prosas e especialmente artes, que visavam infundir o pensamento cristão nos índios. 
c) hinos, canções e especialmente autos, que visavam infundir o pensamento cristão nos índios. 
d) hinos, canções e especialmente autos, que visavam infundir o pensamento racional iluminista nos índios. 
 
 
SEMANA 6 - AVALIAÇÃO TRIMESTRAL 
 
ORIENTAÇÕES: 
1. Leia atentamente as questões antes de marcar a resposta correta. 
2. O gabarito está no final da prova, deverá ser preenchido à caneta azul ou preta. 
3. NÃO ESQUEÇA de colocar o seu nome e turma no gabarito. Ao final do preenchimento, destaque-o e 
entregue ao professor aplicador, junto a sua prova. 
4. Durante a avaliação, você consultará apenas o seu material, não podendo compartilhá-lo com seus 
colegas. 
1- (G1 - ifsp 2016) Observe o texto adaptado abaixo. 
 
 124 
O zika vírus foi identificado no Brasil pela primeira vez no final de abril por pesquisadores da 
Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pertencente à mesma família dos vírus da dengue e da febre amarela, 
o zika é endêmico de alguns países da África e do sudeste da Ásia. Veja perguntas e respostas sobre a doença: 
Como ocorre a transmissão? Assim como os vírus da dengue e do chikungunya, o zika também é 
transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A prevenção, portanto, segue as mesmas regras aplicadas a essas 
doenças. Evitar a água parada, que os mosquitos usam para se reproduzir, é a principal medida. 
Quais são os sintomas? Os principais sintomas da doença provocada pelo zika vírus são febre 
intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular. Segundo a infectologista Rosana Richtmann, a boa 
notícia é que o zika vírus é muito menos agressivo que o vírus da dengue: não há registro de mortes 
relacionadas à doença. A evolução é benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em 
um período de até dias. 
Como é o tratamento? Não há vacina nem tratamento específico para a doença. Segundo informações 
do Ministério da Saúde, os casos devem ser tratados com o uso de paracetamol ou dipirona para controle da 
febre e da dor. Assim como na dengue, o uso de ácido acetilsalicílico (aspirina) deve ser evitado por causa do 
risco aumentado de hemorragias. 
É correto afirmar que, no que tange às funções da linguagem, o texto acima é um exemplo de Função 
a) Referencial ou Denotativa. 
b) Expressiva ou Emotiva. 
c) Apelativa ou Conativa. 
d) Fática. 
e) Metalinguística. 
 
2- No período eleitoral, os candidatos tentam, cada um a seu modo, convencer-nos de que são íntegros, 
honestos, salvadores da pátria etc. Por isso predomina nos seus discursos a seguinte função da linguagem: 
 
a)metalinguística. b) fática. c) emotiva. d) conotativa. e) referencial. 
 
3- Veja uma das definições que o Dicionário Aurélio traz para a palavra demagogia: “conjunto de processos 
políticos hábeis tendentes a captar e utilizar com objetivos menos lícitos a exaltação e as paixões populares”. 
Nesse enunciado do dicionário, a função da linguagem que se realiza é: 
 
a) metalinguística. b) fática. c) poética. d) emotiva. e) conotativa. 
 
4- A escrita é uma das formas de expressão que as pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias 
finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar, descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades 
linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se necessário para que se use a língua nas mais diversas 
situações comunicativas. 
Considerando as informações acima, imagine que você está à procura de um emprego e encontrou 
duas empresas que precisam de novos funcionários. Uma delas exigeuma carta de solicitação de emprego. 
Ao redigi-la, você 
 
a) fará uso da linguagem metafórica. 
b) apresentará elementos não verbais. 
c) utilizará o registro informal. 
d) evidenciará a norma padrão. 
e) fará uso de gírias. 
 
5- A única frase inteiramente de acordo com as normas gramaticais do padrão culto é: 
 
a) A secretária pretende evitar que novos mandados de segurança ou liminares contra o decreto sejam 
expedidas. 
b) O CONTRU interditou várias dependências do prédio, inclusive o Salão Azul, cujo o madeiramento do forro 
foi atacado por cupins. 
c) O ministro da Agricultura da Inglaterra declarou que por hora não há motivo para sacrificar os animais. 
d) A poucos dias da eleição, os candidatos enfrentam agora uma verdadeira maratona. 
 125 
e) "Posso vencê-las, mesmo que usem drogas, pois não é isso que as tornarão invencíveis", declarou a 
nadadora. 
 
6- As dimensões continentais do Brasil são objeto de reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse 
tema aparece no seguinte poema: 
 
“(....) 
Que importa que uns falem mole descansado 
Que os cariocas arranhem os erres na garganta 
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais? 
Que tem se o quinhentos réis meridional 
Vira cinco tostões do Rio pro Norte? 
Junto formamos este assombro de misérias e grandezas, 
Brasil, nome de vegetal! (....)” 
(Mário de Andrade. Poesias completas. 6. ed. São Paulo: 
Martins Editora, 1980.) 
 
O texto poético ora reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito 
 
a) étnico e religioso. 
b) linguístico e econômico. 
c) racial e folclórico. 
d) histórico e geográfico. 
e) literário e popular. 
 
Leia o texto a seguir para responder às questões de 7 a 9. 
 
DA INFLUÊNCIA DOS ESPELHOS 
 
Tu lembras daqueles grandes espelhos côncavos ou convexos que em certos estabelecimentos os 
proprietários colocavam à entrada para atrair os fregueses, achatando-os, alongando-os, deformando-os nas 
mais estranhas configurações? 
Nós, as crianças de então, achávamos uma bruta graça, por saber que era tudo ilusão, embora talvez 
nem conhecêssemos o sentido da palavra “ilusão”. 
Não, nós bem sabíamos que não éramos aquilo! 
Depois, ao crescer, descobrimos que, para os outros, não éramos precisamente isto que somos, mas 
aquilo que os outros veem. 
Cuidado, incauto leitor! Há casos, na vida, em que alguns acabam adaptando-se a essas imagens 
enganosas, despersonalizando-se e num segundo “eu”. 
Que pode uma alma, ainda por cima invisível, contra o testemunho de milhares de espelhos? 
Eis aqui um grave assunto para um conto, uma novela, um romance, ou uma tese de mestrado em 
Psicologia. 
(Mário Quintana, Na volta da esquina. Porto Alegre, Globo, 1979, p. 79) 
 
7- Nesta crônica, Mário Quintana 
 
a) vale-se de um incidente de seu tempo de criança, para mostrar a importância que tem a imaginação infantil. 
b) alude às propriedades ilusórias dos espelhos, para mostrar que as crianças sentiam-se inteiramente 
capturadas por eles. 
c) lembra-se das velhas táticas dos comerciantes, para concluir que aqueles tempos eram bem mais ingênuos 
que os de hoje. 
d) alude a um antigo chamariz publicitário, para refletir sobre a personalidade profunda e sua imagem exterior. 
e) vale-se de um fato curioso que observava quando criança, para defender a tese de que o mundo já foi mais 
alegre e poético. 
 
8- Considere as seguintes afirmações: 
 
I. O autor mostra que, quando criança, não imaginava a força que pode ter a imagem que os outros fazem de 
nós. 
 126 
II. As crianças deixavam-se cativar pela magia dos espelhos, chegando mesmo a confundir as imagens com a 
realidade. 
III. O autor sustenta a ideia de que as crianças são menos convictas da própria identidade do que os adultos. 
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em: 
 
a) I, II e III 
b) III, apenas 
c) II e III, apenas 
d) I e II, apenas 
e) I, apenas 
 
9- Na interrogação “Que pode uma alma, ainda por cima invisível, contra o testemunho de milhares de 
espelhos?” há a admissão de que 
 
a) só a força do olhar e do interesse alheio capta as verdades de nossa alma. 
b) a verdade essencial da alma não tem como se opor às imagens que lhe atribuem. 
c) o essencial da alma só é reconhecível na soma de suas múltiplas imagens. 
d) a fragilidade da alma só é superada quando adquire a consistência de uma imagem. 
e) a legitimidade do nosso modo de ser depende inteiramente do reconhecimento alheio. 
 
10- (UNIFESP) Senhor feudal 
Se Pedro Segundo 
Vier aqui 
 Com história 
Eu boto ele na cadeia. 
Oswald de Andrade 
 
O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas cantigas de amor, a 
ideia de poder retoma o conceito de 
 
a) fé religiosa. 
b) relação de vassalagem. 
c) idealização do amor. 
d) saudade de um ente distante. 
e) igualdade entre as pessoas. 
 
11- (FUVEST) Sobre o Trovadorismo em Portugal, é correto afirmar que: 
 
a) sua produção literária está escrita em galego ou galaico-português e divide-se em: poesia (cantigas) e 
prosa (novelas de cavalaria). 
b) utilizou largamente o verso decassílabo porque sua influência é clássica. 
c) a produção poética daquela época pode ser dividida em lírico-amorosa e prosa doutrinária. 
d) as cantigas de amigo têm influência provençal. 
e) a prosa trovadoresca tinha claro objetivo de divertir a nobreza, por isso têm cunho satírico. 
 
12- (FAAP) Leia com atenção a estrofe: 
 
Fez-se de amigo próximo o distante 
Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente. 
 
Tomemos a palavra AMIGO. Todos conhecem o sentido com que esta forma linguística é usualmente 
empregada no falar atual. Contudo na Idade Média, como se observa nas catingas medievais, a palavra 
amigo significou: 
 
a) colega b) companheiro c) namorado d) simpático e) acolhedor 
 
13- Leia os textos a seguir para responder à questão. 
Texto I 
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-
me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e 
flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes 
com suas tinturas que muito agradavam. 
(CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).) 
 127 
Texto II 
 
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de 
Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. 
Da leitura dos textos, constata-se que: 
 
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras 
manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se 
apenas com a estética literária. 
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande 
significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de 
uma linguagem moderna. 
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador 
sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação 
dos nativos. 
 d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes verbal e não 
verbal , cumprem a mesma função social e artística. 
 e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos 
diferentes, produzidas em um mesmo momento histórico, retratando a colonização. 
 
14-Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que: 
 
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese. 
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira. 
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica. 
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica. 
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condiçõesencontradas no 
Novo Mundo. 
 
15- Define-se a Literatura Informativa no Brasil como 
 
a) as obras que visavam a tornar mais acessíveis aos indígenas os dogmas do cristianismo. 
b) a prova de que os autores brasileiros tinham em mente emancipar-se da influência europeia. 
c) reflexo de traços do espírito expansionista da época colonial. 
d) a prova do sentimento de religiosidade que caracterizou os primeiros habitantes da nova terra descoberta. 
e) a descrição dos hábitos de nomadismo predominantes entre os índios. 
 
 
 
 
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Preencha o gabarito com muita atenção. 
 
 
 
 
ALUNO 
 
 
 TURMA 
 
 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 
A 
B 
C 
D 
E 
 
 
 
(O descobrimento do Brasil, Cândido 
Portinari. Óleo sobre tela, 1956)

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