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Piaget 2012

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PERSPECTIVA COGNITIVA
Teoria dos Estágios Cognitivos - o biólogo suíço e Doutor em ciências naturais, Jean Piaget (1896 - 1980) escreveu mais de cinquenta obras e foi o precursor da “revolução cognitiva” da atualidade, com ênfase nos processos mentais. Piaget tinha uma visão organísmica das crianças, considerando-as seres ativos em crescimento, com seus próprios impulsos internos e padrões de desenvolvimento. Ele via o desenvolvimento cognitivo como produto dos esforços das crianças para compreender e atuar sobre seu mundo. O método clínico de Piaget combinava observação com questionamento flexível e para descobrir como as crianças pensam, ele seguia suas respostas com mais perguntas. Assim, descobriu que uma criança de quatro anos acredita que os objetos, com a mesma quantidade, são mais numerosos quando dispostos em fila do que quando amontoados ou empilhados. A partir da observação de seus próprios filhos e de outras crianças, Piaget criou uma teoria abrangente do desenvolvimento cognitivo e afirmou que o desenvolvimento cognitivo inicia com a capacidade inata de se adaptar ao ambiente. Por exemplo, ao explorar os limites de um aposento, as crianças pequenas desenvolvem uma ideia mais precisa desse ambiente e maior competência para lidar com ele. Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo ocorre em uma série de estágios qualitativamente diferentes. Em cada estágio, a mente da criança desenvolve um novo modo de operar. Da infância à adolescência, as operações mentais evoluem da aprendizagem baseada na simples atividade sensório motora ao pensamento lógico abstrato. Esse desenvolvimento gradual ocorre através de três princípios inter-relacionados: organização, adaptação e equilibração. 
1o) Organização - tendência de criar estruturas cognitivas (esquemas) cada vez mais complexas - sistemas de conhecimento ou modos de pensar que incorporam imagens cada vez mais precisas da realidade. Essas estruturas chamadas esquemas são padrões organizados de comportamento que uma pessoa utiliza para pensar e agir em uma situação. À medida que as crianças adquirem mais informações, os esquemas tornam-se cada vez mais complexos. Por exemplo, um bebê tem um esquema simples para sugar, mas logo desenvolve esquemas diferentes para sugar um seio, uma mamadeira ou um polegar. Inicialmente, os esquemas para olhar e pegar operam de maneira independente. Posteriormente, o bebê integra esses esquemas separados em um único esquema que lhes permite olhar um objeto enquanto o segura com a mão. 
2o) Adaptação - termo utilizado para descrever como uma criança lida com novas informações que parecem conflitar com o que ela já sabe. A adaptação envolve duas etapas: 
 Assimilação - significa receber informações e incorporá-las às estruturas cognitivas existentes e; 
 Acomodação - significa mudar as estruturas cognitivas para incluir novo conhecimento.
3o) Equilibração - esforço constante para manter um balanço ou equilíbrio estável - determina a mudança da assimilação para a acomodação. Quando as crianças não conseguem lidar com novas experiências dentro de suas estruturas existentes, organizam novos padrões mentais que integram a nova experiência, assim restaurando o equilíbrio. Um bebê que está acostumado a mamar no seio ou na mamadeira e que começa a sugar o bico do canudo (de uma caneca para bebês) está demonstrando assimilação - utilizando um esquema já existente para lidar com um novo objeto ou com uma nova situação. Quando um bebê descobre que para beber de canudo são necessários movimentos da língua e da boca um pouco diferentes daqueles utilizados para sugar o seio ou a mamadeira, ele se ajusta pela modificação do esquema anterior - acomodação. Assim, assimilação e acomodação operam juntas para produzir equilíbrio e crescimento cognitivo. Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo dá-se através do equilíbrio entre a assimilação e a acomadação, resultando em adaptação. Segundo essa formulação, o ser humano assimila os dados que obtém do exterior, mas uma vez que já tem uma estrutura mental que não está "vazia", precisa adaptar esses dados à estrutura mental já existente. O processo de modificação de si próprio é chamado de acomodação. Esse esquema revela que nenhum conhecimento nos chega do exterior sem que sofra alguma alteração pela nossa parte. Ou seja, tudo o que aprendemos é relacionado com aquilo que já tínhamos aprendido. A partir dos princípios descritos acima, Piaget considerou quatro estágios no processo evolutivo da espécie humana:
1º Estágio - Sensório motor (0 a 2 anos);
2º Estágio - Pré-operatório (2 a 7 anos); 
3º Estágio - Operações concretas (7 a 11-12 anos);
4º Estágio - Operações formais (12 anos em diante);
Cada um desses estágios é caracterizado por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia. De uma forma geral, todos os indivíduos vivenciam essas quatro fases na mesma sequência, porém, o início e o término, de cada um delas pode sofrer variações em função das características da estrutura biológica de cada indivíduo e da riqueza (ou não) dos estímulos proporcionados pelo meio ambiente em que ele estiver inserido. Por isso mesmo, a divisão nessas faixas etárias é uma referência e não uma norma rígida. Segue abaixo as principais características de cada um dos estágios cognitivos elaborados por Piaget:
1o) Período Sensório Motor (0 a 2 anos) - a criança nasce em um universo, para ela caótico, habitado por objetos evanescentes (que desaparecem uma vez fora do campo da percepção). No recém-nascido as funções mentais limitam-se ao exercício dos aparelhos reflexos inatos. Assim sendo, o universo que circunda a criança é conquistado mediante a percepção e os movimentos, como, por exemplo, a sucção e o movimento dos olhos. Progressivamente, a criança vai aperfeiçoando tais movimentos reflexos e adquirindo habilidades, chegando ao final do período sensório motor já se concebendo dentro de um cosmo com objetos, tempo e espaço, entre os quais situa a si mesma como um objeto específico, agente e paciente dos eventos que nele ocorrem. Portanto, o comportamento que caracteriza esse estágio é do tipo reflexo, ou seja, sucção, choro, preensão, mordida e balanço, ou seja, é constituído por impressões que chegam ao organismo por meio dos órgãos, dos cinco sentidos e do aparelho motor. O que a criança vê e percebe é entendido como extensão de seu corpo e a inteligência está relacionada à experiência imediata e a presença física do objeto. Somente a partir dos nove meses a criança é capaz de entender que os objetos existem, mesmo que ela não esteja vendo-os. Nessa etapa, a criança desconhece as regras e está voltada apenas para sua satisfação (egocentrismo). Esse estágio é conhecido como o da inteligência prática em ação e não verbal.
Período Pré-operatório (2 a 7 anos) - o que marca a passagem do período sensório motor para o pré-operatório é o aparecimento da função simbólica ou semiótica, ou seja, a emergência da linguagem. A inteligência é anterior à linguagem que é considerada como uma condição necessária, mas não suficiente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de reorganização da ação cognitiva que não é dado pela linguagem. Isso implica entender que o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento da inteligência. O surgimento linguagem acarreta modificações importantes nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança, uma vez que possibilita as interações  interindividuais e  fornece a capacidade de trabalhar com representações que atribuem significados à realidade. A aceleração do alcance do pensamento é atribuída às possibilidades de contatos interindividuais fornecidos pela linguagem. Contudo, embora o alcance do pensamento apresente transformações importantes, ele  caracteriza-se, ainda, pelo egocentrismo, uma vez que a criança ainda não concebe uma realidade da qual não faça parte devido à ausência de esquemas conceituais e de lógica. Nesse estágio a criança começaa utilizar a linguagem, os símbolos e as imagens mentais e esse processo permite o início da socialização e da entrada da criança no mundo da moralidade. A criança começa a conhecer as regras sociais de convivência, passando do estágio de anomia (monólogo coletivo) para heteronomia (aceitação das regras sociais). O pensamento da criança ainda não é reversível - capaz de percorrer um caminho mental e refazê-lo no sentido inverso e as características do pensamento infantil são: animismo - tentativa de projetar e atribuir um sentido de vontade e poder ao mundo externo e; conservação - manutenção de invariâncias - quando uma criança acredita que um jarro fino e alto contém mais líquido que um jarro baixo e largo, quando na verdade os jarros possuem a mesma capacidade. 
2o) Período das Operações Concretas (7 a 11 -12 anos) - o egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto de vista de outros) que caracteriza a fase anterior dá lugar à capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem) e de integrá-los de modo lógico e coerente. A criança começa a ter capacidade de interiorizar as ações, ou seja, a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da inteligência sensório motor (se lhe perguntarem, por exemplo, qual é a vareta maior, entre várias, ela será capaz de responder acertadamente comparando-as mediante a ação mental, sem precisar medi-las usando a ação física). Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta. A criança evolui da perspectiva egocêntrica ao pensamento organizado sistematicamente e apresenta lógica nas operações mentais, que começam a se tornar reversíveis - a adição é a reunião sucessiva de elementos que pode ser revertida na subtração. Ela já é capaz de realizar a construção mental dos números e mostra equilíbrio reversível de classes e subclasses, revelando mobilidade e flexibilidade do pensamento. Também é capaz de identificar os contrastes e comparações de objetos reais - reconhece o jarro que pode conter mais líquido. A criança apresenta capacidade de raciocínio lógico, porém as operações mentais ainda precisam incidir diretamente sobre os objetos reais. 
3o) Período das Operações Formais (11 - 12 anos em diante) - a criança amplia as capacidades conquistadas na fase anterior e consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que já é capaz de formar esquemas conceituais abstratos - executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal. Com isso, a criança adquire capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta. É capaz de discutir os valores morais de seus pais e construir seus próprios, adquirindo, portanto, autonomia. Ao atingir essa fase, a criança adquire a sua forma final de equilíbrio, ou seja, consegue alcançar o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta. Isso não quer dizer que ocorra uma estagnação das funções cognitivas. Seu desenvolvimento posterior consistirá numa ampliação de conhecimentos, tanto em extensão como em profundidade, mas não na aquisição de novos modos de funcionamento mental. O adolescente articula o pensamento formal e inicia o raciocínio por hipóteses, sendo capaz de manipular construtos mentais. Adquire a capacidade de construir sua própria visão de mundo, através de conceitos abstratos, e realizar operações de forma abstrata e resolver fórmulas matemáticas. 
Para Piaget, também existe um desenvolvimento moral que ocorre por etapas, de acordo com os estágios do desenvolvimento humano. Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por estas regras. Piaget entende que nos jogos coletivos as relações interindividuais são regidas por normas que, apesar de herdadas culturalmente, podem ser modificadas consensualmente entre os jogadores, sendo que o dever de respeitá-las implica a moral por envolver questões de justiça e honestidade. Piaget apontou que o desenvolvimento da moral abrange três fases: 
1a) Anomia (até 5 anos) - as regras são seguidas, porém o indivíduo ainda não está mobilizado pelas relações entre o bem e o mal e sim pelo sentido de hábito, de dever;
2a) Heteronomia (até 9, 10 anos) - a moral é igual a autoridade, isto é, as regras não correspondem a um acordo mútuo firmado entre as pessoas, mas sim como algo imposto pela tradição e, portanto, imutável; 
3a) Autonomia (a partir de 11 -12 anos) - corresponde ao último estágio do desenvolvimento da moral. Há legitimação das regras e o adolescente pensa a moral pela reciprocidade, quando o respeito a regras é entendido como decorrente de acordos mútuos entre as pessoas, sendo que cada um consegue conceber a si próprio como possível legislador em regime de cooperação entre todos os membros do grupo.
Para Piaget, as relações entre moral e inteligência têm a mesma lógica atribuída às relações entre inteligência e linguagem. Quer dizer, a inteligência é uma condição necessária, porém não suficiente ao desenvolvimento da moral. Nesse sentido, a moralidade implica pensar o racional, em três dimensões: 
a) Regras - formulações verbais concretas, explícitas - os Dez Mandamentos; 
b) Princípios - representam o espírito das regras, como, por exemplo, amai-vos uns aos outros; 
c) Valores - dão respostas aos deveres e sentidos da vida, permitindo entender de onde são derivados os princípios das regras a serem seguidas.
Assim sendo, as relações interindividuais que são regidas por regras envolvem, por sua vez, relações de coação - que correspondem à noção de dever  e de cooperação - que pressupõem a noção de articulação de operações de dois ou mais sujeitos, envolvendo não apenas a noção de dever, mas a de querer fazer. Uma das peculiaridades do modelo piagetiano consiste em que o papel das relações interindividuais, no processo evolutivo do homem, é focalizado sob a  perspectiva da ética. Isso implica entender que o desenvolvimento cognitivo é condição necessária ao pleno exercício da cooperação, mas não condição suficiente, pois a postura ética deve completar o quadro. 
REFERÊNCIAS:
FURTADO, O; BOCK, A.M. B;  TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13a. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
LA TAILLE., Y. Prefácio. In, PIAGET, J. A construção do real na criança. 3a. ed. São Paulo: Editora Ática, 2003.
Cheila Szuchmacher

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