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1 AVC – AVALIAÇÃO CONTÍNUA FOLHA DE RESPOSTA Disci INFORMAÇÕES IMPORTANTES! LEIA ANTES DE INICIAR! A Avaliação Contínua (AVC) é uma atividade que compreende a elaboração de uma produção dissertativa. Esta avaliação vale até 10,0 pontos. Atenção1: Serão consideradas para avaliação somente as atividades com status “enviado”. As atividades com status na forma de “rascunho” não serão corrigidas. Lembre-se de clicar no botão “enviar”. Atenção2: A atividade deve ser postada somente neste modelo de Folha de Respostas, preferencialmente, na versão Pdf. Importante: Sempre desenvolva textos com a sua própria argumentação. Nunca copie e cole informações da internet, de outro colega ou qualquer outra fonte, como sendo sua produção, já que essas situações caracterizam plágio e invalidam sua atividade. Se for pedido na atividade, coloque as referências bibliográficas para não perder ponto. CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES - DISSERTATIVAS Conteúdo: as respostas não possuem erros conceituais e reúnem todos os elementos pedidos. Linguagem e clareza: o texto deve estar correto quanto à ortografia, ao vocabulário e às terminologias, e as ideias devem ser apresentadas de forma clara, sem incoerências. Raciocínio: o trabalho deve seguir uma linha de raciocínio que se relacione com o material didático. Coerência: o trabalho deve responder às questões propostas pela atividade. Embasamento: a argumentação deve ser sustentada por ideias presentes no conteúdo da disciplina. A AVC que atender a todos os critérios, sem nenhum erro conceitual, de ortografia ou concordância, bem como reunir todos os elementos necessários para uma resposta completa, receberá nota 10. Cada erro será descontado de acordo com sua relevância. CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES - CÁLCULO Caminho de Resolução: O trabalho deve seguir uma linha de raciocínio e coerência do início ao fim. O aluno deve colocar todo o desenvolvimento da atividade até chegar ao resultado final. Resultado Final: A resolução do exercício deve levar ao resultado final correto. A AVC que possui detalhamento do cálculo realizado, sem pular nenhuma etapa, e apresentar resultado final correto receberá nota 10. A atividade que apresentar apenas resultado final, mesmo que correto, sem inserir as etapas do cálculo receberá nota zero. Os erros serão descontados de acordo com a sua relevância. Disciplina: GESTÃO DA QUALIDADE - EAD 2 Resolução / Resposta Enunciado: Enunciado: Uma pandemia de sinofobia Desinformação e teorias conspiratórias reforçam ódio por asiáticos 25.mar.2021 às 9h30 Mariana Mandelli Coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta Quando pensamos nas primeiras notícias que alertavam sobre um novo e misterioso vírus que se disseminava pela China no fim de 2019, a sensação é de que isso ocorreu há muito mais tempo do que há somente um ano e meio. Mesmo o “resgate” dos brasileiros e brasileiras que viviam em Wuhan, epicentro do que viria a se tornar uma crise assustadora, também parece uma história distante. Naquele momento, sem muitas informações detalhadas, muitos se referiam à doença simplesmente como o "vírus chinês". Desde então, o novo coronavírus se espalhou pelo planeta, matando até agora mais de 2,7 milhões de pessoas —número que aumenta a cada instante, especialmente no Brasil, onde vivenciamos hoje a fase mais nefasta dessa tragédia sanitária. Novas variantes surgiram, o perfil dos doentes mais graves mudou e a vacinação teve início em diversos países, entre tantos fatos que vêm preenchendo a complexa narrativa da maior pandemia do século 21. Com novos hábitos e informações que incorporamos ao nosso dia a dia, pode parecer que a associação da doença com o lugar onde ela teria surgido ficou para trás. No entanto, a estigmatização de chineses (conhecida como sinofobia) e outros cidadãos asiáticos por conta da Covid-19 nunca esteve tão forte. Nos Estados Unidos, uma onda recente de ataques tem provocado pânico entre essa população. O caso mais recente ocorreu em 16 de março, quando um homem branco atacou a tiros casas de massagem na cidade de Atlanta, no estado da Geórgia, matando oito pessoas, sendo seis delas mulheres asiáticas. Apesar do acusado, um jovem de 21 anos chamado Robert Long, afirmar não ter sido motivado por ódio racial, a chacina faz parte de um contexto de racismo que se agravou no país por conta da pandemia, fazendo com que o presidente Joe Biden se pronunciasse e viajasse ao local do incidente para dialogar com a comunidade asiático-americana. No domingo, 21 de março, milhares de 3 pessoas foram às ruas em diversas cidades dos Estados Unidos para se manifestar contra a violência e a xenofobia. Pessoas marcham no domingo (21), em Montreal, no Canadá, contra o preconceito sobre asiáticos - Andrej Ivanov/AFP O caso em Atlanta soma-se a outras violências experienciadas por asiáticos de diversas origens no último ano em território norte-americano. A chinesa Xiao Zhen Xie, de 76 anos, foi atingida na rua por um soco por um homem no dia 17 deste mês. Ao revidar, sua reação foi gravada e o vídeo viralizou. Já o filipino Danny Yu Chang, de 59 anos, foi atacado no dia 16, mesma data do atentado aos spas em Atlanta, por outro homem desconhecido que o golpeou diversas vezes. As duas agressões ocorreram em San Francisco, Califórnia. Nada disso é repentino: é resultado de meses de ódio disseminado nas redes sociais por teorias conspiratórias, grupos supremacistas e autoridades públicas. O discurso do ex-presidente norte-americano Donald Trump é um exemplo que une todos esses elementos: durante seu mandato, ele usou a expressão “vírus chinês” diversas vezes, ameaçou o país asiático com tarifas aos produtos de lá importados e afirmou sem provas (ou sem qualquer evidência) que a doença foi criada em um laboratório em Wuhan, culpando a China pelo surgimento da Sars-CoV-2. A sinofobia generalizada nos Estados Unidos fez surgir, em março de 2020, a campanha Stop AAPI Hate, que já contabilizou 3.795 denúncias do tipo. A sigla AAPI significa Asian Americans/Pacific Islanders e faz referência a chineses, coreanos, japoneses, vietnamitas, cambojanos e filipinos, entre outras nacionalidades. No Brasil, tivemos um contexto similar no que tange a uma postura sinofóbica de autoridades públicas: parlamentares e ministros de Estado propagaram, nas redes sociais, ideias semelhantes por meses, imputando à China a responsabilidade pela pandemia e gerando graves conflitos diplomáticos com a embaixada do país. A estigmatização social de um país, uma população ou uma comunidade, quaisquer que sejam eles, é fruto de uma combinação perigosa de medo, desconhecimento e preconceito, e pode ter consequências trágicas em um momento crítico como o pandêmico, em que a desinformação prolifera em uma velocidade frenética. Ciente disso, a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) tem diretrizes específicas para nomear novas enfermidades: Covid-19, por exemplo, significa Corona Virus Disease (doença do coronavírus), sendo que o número 19 se refere ao ano de sua detecção (2019). Em fevereiro passado, quando o nome foi anunciado, Tedros Adhanom, diretor-geral da entidade, reforçou a importância 4 do uso dessa nomenclatura em detrimento de expressões estereotipadas. Nomear as doenças conforme essa orientação, sem designá-las por apelidos populares, é uma questão de cidadania. É uma maneira de não reduzirmos populações inteiras a estigmas que as desumanizam e incitam discursos de ódio, como aconteceu na época da “gripe espanhola” e com a borreliose, também conhecida como Doença de Lyme — mesmo porque o local onde uma nova enfermidade foi descoberta nem sempre coincide com a sua origem exata. É sabido que é muito mais fácil buscar culpados e soluções simples paraproblemas de dimensões globais, como uma pandemia, mesmo que essas respostas pareçam fantasiosas e até neuróticas. Mas evitar o uso de termos como “vírus chinês” ou “vachina” é um exercício de empatia e respeito por toda uma cultura e um povo. Combater tais narrativas, por meio de uma visão crítica e responsável da informação e do conteúdo midiático que consumimos, é defender o conhecimento, a diversidade e a ciência. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/03/uma-pandemia-de- sinofobia.shtml O tema pandemia coronavirus-19, nos permite analisar aspectos diversos de nosso comportamento ético e sobre o exercício da compreensão da diversidade e direitos humanos em nossa contemporaneidade. De acordo com o texto, o fato das pessoas – americanos ou brasileiros- dirigirem suas frustrações, ódios e receios contra os chineses ou asiáticos torna a intolerância uma realidade evidente e o direito à cidadania uma quimera. De forma dissertativa: 1) Indique dois fatores que tornaram a cidadania dos orientais ameaçada. Mudanças culturais e de comportamento têm desafiado a democracia, a separação de poderes, o exercício da cidadania e os direitos humanos. Mas é por meio do exercício da cidadania que direitos são conquistados e exercidos. Atualmente a sociedade vive em choques culturais. Essas ações possuem consequências no dia a dia e afetam a economia, a política, a cultura, a integração pretendida pelo fenômeno da globalização, a sociedade como um todo. https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/03/uma-pandemia-de-sinofobia.shtml https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/03/uma-pandemia-de-sinofobia.shtml 5 Crises assumem contornos dramáticos, como imigração e xenofobia, o levante de populismos políticos que ameaçam a democracia liberal com políticas de intolerância, crises financeiras que aprofundam ainda mais as desigualdades; o meio ambiente cada vez mais em risco. As migrações em massa foram componentes essenciais do processo de globalização. Mas, a intolerância e a violência desmedida causam mais medo na sociedade. Basta observar nos dias atuais, conflitos, as tensões entre Ocidente e Oriente que ameaçam a visão de democracia liberal e de respeito aos direitos humanos, tudo acompanhado além de mortes e secções entre famílias, projetou um aumento do desemprego, da pobreza e das desigualdades sociais em escalas globais, cenário potencializado pela estagnação econômica. A única via de salvação ante as perplexidades contemporâneas surgidas das crises pode se dar por meio do exercício da cidadania, que direitos são conquistados e exercidos. O próprio exercício da cidadania é um direito fundamental. Apenas assim será alcançada a correção de rumos, com a vinda de melhores dias. É preciso ter fé na humanidade. Como cidadãos livres, solidários e conscientes, devemos fazer nossa parte, exercendo e defendendo sempre a democracia, o único meio capaz de ensejar evolução. A coexistência, em um mesmo território nacional, de diversos grupos étnicos com culturas e religiões diferentes, questiona a tradicional visão liberal de igualdade que sempre ignorou as diferenças socioeconômicas e culturais existentes na população. Segundo Sergio Costa: "[...] o multiculturalismo é a expressão da afirmação e da luta pelo reconhecimento desta pluralidade de valores e diversidade cultural no arcabouço institucional do Estado democrático de direito, mediante o reconhecimento dos direitos básicos dos indivíduos enquanto seres humanos e o reconhecimento das necessidades particulares dos indivíduos enquanto membros de grupos culturais específicos" (Costa, 1997:159). 6 2) Indique um procedimento que daria maior suporte, para a compreensão da importância da diversidade, dentro de uma sociedade livre. Diversidade é qualidade do que é diverso, um conjunto variado de coisas ou pessoas que integram um todo. A importância da diversidade está intrínseca em nosso dia a dia. É na multiplicidade que encontramos oportunidades de aprendizagem e da prática de habilidades diferenciadas: empatia, inteligência emocional e compreensão. O brasileiro experimenta a diversidade em sua rotina diariamente. Nossa população é etnicamente diversa à custa de muito sofrimento: dizimação de povos indígenas, colonização dos portugueses, escravidão e imigração europeia e asiática. Todos esses fatos históricos contribuíram para a criação de um sincretismo religioso e cultural pelo qual deveríamos nos orgulhar. Porém, infelizmente, nossa dívida social fomenta a indiferença, o preconceito, o racismo e até a xenofobia. Ressaltamos a importância da diversidade e os motivos pelos quais precisamos combater as mazelas que assolam a convivência harmônica entre os povos integrantes da nossa sociedade. O Brasil é um país miscigenado com costumes, hábitos, culinária e crenças diversas que atestam a riqueza do povo. Entretanto, a diversidade da cultura brasileira também evidencia o que há de pior no ser humano, sentimentos baseados na falta de empatia e compreensão, mazelas sociais, elitismo e preconceito. Grande parcela da população desconhece os elementos culturais que integram as vivências de um povo. Essa falta de conhecimento inibe a ressignificação da diversidade como um fator que agrega valor, e não como mais uma forma de apartar pessoas do convívio coletivo. 7 Na Antropologia, alguns pensadores já tentaram formular teorias para justificar o injustificável: a elevação de alguns povos, classificados como superiores, em detrimento de etnias consideradas inferiores em função do seu fenótipo ou de suas manifestações culturais. A subjugação pela qualidade de estar fora do “comum” foi explicada, por exemplo, pelo darwinismo social, teoria combatida posteriormente pelo estruturalismo de Claude Lévi-Strauss. Felizmente, hoje a multiplicidade é mais evidente do que antes. Diferentes etnias ocupam lugares que em um contexto histórico seria impossível: em âmbito corporativo e político, nos sistemas de comunicação e afins. Entretanto, essa presença é insignificante se compararmos à situação ideal e, por isso, precisamos ressaltar diariamente a importância da diversidade em nossa sociedade. A importância da diversidade para a nossa evolução como sociedade. A representatividade étnica e cultural em um contexto social, seja no local de trabalho, seja na política ou televisão, é um fator imprescindível para combater o medo que muitos de nós sentimos do novo. Quando crianças, recebemos imposições limitantes que muitas vezes ensinam de forma errada o que podemos ser ou fazer. Com a representatividade e o reconhecimento de que as diferenças engrandecem, as pessoas são encorajadas a lutar para ocupar o seu lugar de direito. Conviver com culturas diferentes é um aprendizado constante e único, que exige adaptação, respeito e compreensão. O ato também favorece a criatividade e o “pensar fora da caixa”, uma vez que mantemos contato constante com novas perspectivas de um mesmo elemento. Compreender, aceitar e valorizar as diferenças é parte do processo de inclusão. A inclusão é possível em um ambiente múltiplo, baseado na convivência entre pessoas de diferentes condições, pensamentos e características. https://www.oxfam.org.br/blog/falta-de-representatividade/ 8 A multiplicidade das equipes também favorece a inovação. Times de trabalho diversificados tendem a criar uma visão mais abrangente, da mesma forma como acontece com a criatividade. Várias perspectivas de um todo permitem um brainstorming cultural, que viabiliza o surgimento de novas ideias. Em ambientes engessados e pouco diversos, dificilmente essas ideias seriam consideradas, visto que nossas experiências individuais moldam nossas perspectivas. Como cada pessoa tem uma vivência única, baseada em uma bagagem cultural, interpretações e decisões, issocontribui para demonstrar a importância da diversidade no trabalho. A diversidade está em nosso cotidiano em todos os espaços. Isso significa vivenciar tradições, aprender novas habilidades, ter uma visão mais ampla e menos egoísta de nós mesmos para edificação de uma sociedade mais justa. Essa é a importância da diversidade: proporcionar a oportunidade de reforçar o nosso desenvolvimento como sociedade. Evidentemente, vivemos em um mundo formado por etnias com suas especificidades, mas todos com os mesmos direitos e deveres, baseados em uma condição única de ser humano. Existem duas grandes opções para os que constatam a ruptura do elo entre cidadania e nacionalidade. A primeira declara a morte da cidadania política e propõe sua substituição pela "nova cidadania", de natureza essencialmente econômica e social. A segunda propõe a construção de uma cidadania política pós-nacional, fundada sobre os princípios dos direitos humanos. Trata-se de um debate ao mesmo tempo científico e político (Schnapper, 1997). Um procedimento totalmente válido seria a relação entre educação, escola e sociedade: concepções de Educação e Escola, com uma função social. 3) Uma vez compreendido o conceito que fundamenta a ética, podemos afirmar que a ética não está sendo observada neste momento pandêmico? Justifique. https://www.oxfam.org.br/blog/desenvolvimento-sustentavel-e-desigualdade-de-genero/ 9 A ética não é individual. Não tem a ver com um ser único, e sim com todos! A ética não é unívoca entre as pessoas, pois não há um mesmo entendimento sobre o que é ético. Mas de uma forma bastante simples, a ética é uma ciência da prática, do fazer e mesmo tendo como base diversos pensamentos e teorias de escolas filosóficas, é agindo que a ética é vista, conhecida e entendida. Há várias virtudes que norteiam as condutas éticas, tais como honestidade, prudência, responsabilidade, sigilo, empatia, responsabilidade, entre outros. No entanto, não é você quem fala da sua própria virtude e sim o outro que reconhece a virtude em você. As nossas virtudes são públicas e em tempos de pandemia não seria diferente. A ética se dá em momentos de contingência que permeiam em termos azar ou sorte ou pelo momento que estamos vivendo, se me isolo ou não. No entanto, é certo que a pandemia redefine comportamentos, identifica certas virtudes e vícios, tais como a irresponsabilidade, que é o oposto da prudência e o gozo paranoico com discurso exagerado e pessimista acerca do vírus. É prudente resistir a discursos irresponsáveis e apocalípticos. Nunca foi tão fundamental a virtude aristotélica da prudência, principalmente nas decisões de distanciamento social e de quando sair dela. A prudência que devemos ter está entre aqueles que pregam nenhuma medida e aqueles que anunciam o fim do mundo. Vivemos um período complexo e regado de insegurança tanto nas relações e nas emoções, quanto nas tarefas que costumavam passar desapercebidas e que agora nos fazem refletir. Talvez a maior complexidade que temos enfrentado esteja em nossos dilemas diários, em que o momento de crise coloca à prova nossos valores, princípios, escolhas e prioridades. Esse período é favorável para o surgimento de dúvidas que envolvem as tomadas de decisões de todos os atores da sociedade, para estabelecer qual o equilíbrio há entre a reclusão e uma economia saudável e ativa, pondo em voga quando o sistema público atingir sua capacidade máxima, aqueles quem 10 poderão serem escolhidos para ser salvos, priorizando a proteção e direitos dos indivíduos ou podemos infringi-los em nome de um interesse coletivo, os chamados dilemas éticos, que são moralmente muito complexos para se solucionar ou até mesmo, insolúveis. No âmbito econômico, o principal dilema ético está entre: a adoção de políticas para o enfrentamento da pandemia e os desafios de manter a economia ativa e reduzir os impactos econômicos sobre o mercado e evitar o aprofundamento da pobreza, da desigualdade e, no limite, da fome. É função do Estado, em última instância, garantir mecanismos que respondam ao enfrentamento da crise econômica. Um possível alívio ao impasse entre a quarentena e a economia, seria o Estado reduzir os impactos a partir da emissão de moeda e da dívida pública. No entanto, essa decisão impõe um novo desafio, de efeito de médio a longo prazo, que é a política a ser implementada para pagar esse endividamento, em que as consequências são duras e podem ser igualmente complexas. No campo da saúde, os dilemas éticos são intensificados em um cenário de pandemia e calamidade pública. A demanda por equipamentos, medicamentos e tratamentos se intensificam, o consumo, no limite da disponibilidade (escassez), leva a decisões complexas como decidir quais vidas valem mais para a sociedade, em que o valor social de cada pessoa é medido e avaliado. Não é simples e nem justo deliberar sobre a vida de indivíduos com base em valores sociais, sendo posto um outro dilema a ser enfrentado na tomada de decisão que alivie a consciência individual da escolha. Sobre a ética digital está um dos dilemas mais complexos a ser compreendido, provavelmente porque não temos dimensão da profundidade que seus impactos possam ter em nossa sociedade. Somos diariamente tentados a ceder às facilidades da tecnologia como resposta e aliada no enfrentamento da crise, sem a total compreensão dos riscos ou do que estamos concedendo. No contexto da pandemia, as soluções tecnológicas nos apoiam a lidar com a 11 quarentena, seja através da comunicação pessoal ou profissional, ou a prestação de serviços à distância, como a telemedicina e os estudos. No entanto, não se pode deixar de refletir entre o equilíbrio das relações de força entre indivíduos e seus direitos e os benefícios da tecnologia. É essa ferramenta que, ao mesmo tempo em que nos incluiu em uma sociedade reclusa, nos exclui de nossa totalidade, aprofunda nossas desigualdades e provoca desequilíbrios em nossas relações. O compartilhamento de dados para uso do controle da pandemia e a vigilância digital nos colocam outros tantos dilemas. O uso das informações pode ser benéfico para o combate à pandemia, ao mesmo tempo em que pode gerar repúdio ou ferir direitos fundamentais (como usado nos países asiáticos, por exemplo, para monitorar e controlar infectados, além de notificar pessoas que estavam próximas aos infectados). Os dilemas em um contexto de situações extremas intensificam a luta pela sobrevivência. As reflexões sobre essas questões são importantes, apesar de dolorosas, e fazem parte do processo que enfrentamos. São elas que possibilitarão nos conduzir a compreensão de qual é a sociedade que desejamos ver no futuro. Se estamos comprometidos com a construção de uma sociedade justa, igualitária e sustentável, nossos parâmetros precisam ser outros além de capital, produtividade, renda e trabalho. Não podemos ser determinados exclusivamente pelas nossas relações econômicas, precisamos retomar o contexto amplo das relações sociais e nos valermos de outras variáveis para estabelecermos novos padrões. Princípios e valores como a ética, transparência, integridade e respeito devem ser mantidos em quaisquer que sejam as tomadas de decisões, de maneira que nenhuma medida lacere os direitos humanos de cada indivíduo.
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