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Tutorial 04 – Mod VII Pneumonia DEFINIÇÃO: é infecção do parênquima pulmonar, não sendo comumente diagnosticadas e tratadas adequadamente e sua ocorrência é subestimada. Eram classificadas em adquiridas na comunidade PAC, adquiridas em hospital PAH ou associadas á ventilação mecânica PAV. Uma quarta categoria foi introduzida associada aos serviços de saúde PASS, abrangendo casos de PAC causados por patógenos resistentes a múltiplos fármacos (MDR) normalmente associados com PAH. Estudos identificaram os pacientes sob risco para patógenos resistentes aos antibióticos geralmente usados, definiram fatores de risco para infecção com Staphylococcus aureus resistente á meticilina MRSA, e descobrirem que dois ou três fatores de risco são necessários. Entre eles: internação hospitalar por dois ou mais dias no últimos 90 dias, uso de antibióticos, imunossupressão, condição de ambulação, alimentação por sonda e etc. FISIOPATOLOGIA A infecção resulta da proliferação dos patógenos microbianos nos espaços alveolares e da resposta do hospedeiro a eles. Os patógenos chegam á via aérea inferior por aspiração das secreções orofaríngeas, sendo o mais comum, podendo ocorrer frequentemente durante o sono (especialmente em idosos) e nos pacientes com níveis deprimidos de consciência. Em casos raros, pode ocorrer por disseminação hematogênica (endocardite da valva tricúspide) ou por extensão contigua dos espaços pleurais ou mediastinal infectados. Os pelos e as conchas nasais das narinas retêm as partículas maiores inaladas. A arquitetura traqueobrônquica retém microrganismos no revestimento das vias, onde a atividade mucociliar e os fatores antibacterianos locais atuam nos patógenos potenciais. Os reflexos de vomito e tosse atuam contra aspiração. E mais, a flora normal aderida ás células da mucosa da orofaringe impede que as bactérias patogênicas se liguem. Quando essas barreiras são ultrapassadas, os macrófagos alveolares são eficientes na eliminação e destruição dos patógenos. Os macrófagos são auxiliados por proteínas das células epiteliais locais (proteínas A e D do surfactante) e possuem propriedades de opsonização ou atividade antibacteriana ou antiviral. Após serem fagocitado, mesmo que não sejam destruídos, são eliminados pelo sistema elevatório mucociliar ou pelos vasos linfáticos. A pneumonia ocorre apenas quando a capacidade dos macrófagos alveolares é superada. As células ativam uma resposta inflamatória para reforçar as defesas das vias aéreas inferiores, desencadeando a síndrome clínica da pneumonia. A liberação mediadores inflamatórios como IL-1 e o fator de necrose tumoral provoca febre. As quimiocinas IL-8 e o fator estimulador das colônias de granulócitos estimulam a liberação dos neutrófilos e sua atração ao pulmão, causando leucocitose periférica e secreções purulentas aumentadas. Os mediadores liberados pelos macrófagos e pelos neutrófilos acarretam no extravasamento alveolocapilar, e até as hemácias conseguem atravessar, causando hemoptise. Esse extravasamento é responsável pelos infiltrados radiográficos e pelos estertores detectáveis á ausculta, enquanto a hipoxemia é resultado do preenchimento dos espaços alveolares. A hipoxemia grave é causada por patógenos bacterianos que interferem na vasoconstrição. O aumento do drive respiratório na síndrome da resposta inflamatória sistêmica causa alcalose respiratória. A dispneia surge da redução da complacência pulmonar secundaria ao extravasamento capilar, hipoxemia, hiperestimulação do centro respiratório, secreções prófugas e do broncoespasmo pela infecção. Ocorre shunt. A presença de microbiota alveolar normal (que deveria ser estéril ou quase) aumenta a possibilidade de uma via alternativa para o desenvolvimento da pneumonia, predominando gram-positivas. O fato de muitos patógenos causadores de PAC serem componentes da microbiota alveolar normal sustenta esse modelo alternativo de patogênese. A microbiota alterada se deve as infecções virais do trato superior, PAC e terapia antibiótica para a PAH/PAV. PATOLOGIA A fase inicial é edema com exsudato proteináceo e geralmente de bactérias nos alvéolos, sendo uma fase raramente evidenciada na clínica ou na necropsia. A presença de hemácias no exsudato intra-alveolar celular é responsável pela hepatização vermelha, deixando o pulmão menos esponjoso (parecido com o fígado) e avermelhado. As bactérias são isoladas em culturas dos materiais patológicos nessa fase. Na terceira fase, chamada hepatização cinzenta, não há hemácias recém-chegadas no material extravasado, e as que estavam presentes foram desintegradas e degradadas. Os neutrófilos se tornam as células predominantes, a deposição de fibrina é abundante e as bactérias já desapareceram. Essa fase é a delimitação bem-sucedida da infecção e á melhora da troca gasosa. Assim, os macrófagos reaparecem na resolução, retornando a predominância nos espaços alveolares, e os restos de neutrófilos regridem. Esse padrão tem sido visto bem claramente na pneumonia pneumocócica lobar, mas pode não ser aplicável nas pneumonias virais ou causadas por Pneumocystis. A PAV pode fazer com que a bronquiolite respiratória ocorra antes do desenvolvimento dos infiltrados detectáveis radiograficamente. O padrão de broncopneumonia é mais comum nas pneumonias nosocomiais, enquanto o lobar é mais frequente com as PACs bacterianas. As pneumonias causadas por vírus e Pneumocytis são processos alveolares, e não intersticiais. Pneumonia Adquirida na Comunidade ETIOLOGIA: pode ser causada por bactérias, fungos, vírus e protozoários. Um patógeno recém-identificado é o metapneumovírus, que é o coronavirus responsável pela síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e pela síndrome respiratória do Oriente Médio (SROM). O Streptococcus pneumoniae é o mais comum, mas tem-se a separação dos patógenos típicos e dos atípicos. Entre os típicos: S. pneumoniae, Haemophilus influenzae, S. aureus e bacilos gram-negativos, como Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. Entre os atípicos: Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, e as espécies de Legionella, assim como os vírus respiratórios, como influenza, adenovírus e metapneumovirus, e vírus sinciais. A incidência de pneumonia pneumocócica vem diminuindo por causa da vacina, porem os casos de Mycoplasma e de Chlamydia vem aumentando entre adultos jovens. Os vírus são responsáveis por grande proporção de PAC que necessita de hospitalização, mesmo em adultos, causados por influenza, parainfluenza e vírus sincial. Os patógenos atípicos são intrinsecamente resistentes a todos os antibióticos b-lactâmicos e devem ser tratados com macrolídeos, uma fluoroquinolonas ou uma tetraciclina. Os anaeróbios apresentam papel significativo apenas quando houve episodio de aspiração dias ou semanas antes da apresentação clínica da pneumonia. O fator de risco principal seria a combinação de vias aéreas desprotegidas e gengivite significativa. Essas pneumonias geralmente são complicadas por abscessos e por empiemas significativos ou derrames parapneumônicos. A complicação da infecção pelo vírus influenza é a pneumonia por S. aureus. Isso ocorre pela disseminação do MRSA dos hospitais para as comunidades e o desenvolvimento de cepas geneticamente diferentes na comunidade. Em mais de 50% dos casos é impossível determinar o agente etiológico especifico. EPIDEMIOLOGIA: junto com a influenza, a PAC é a oitava causa de morte nos EUA, sendo 80% dos pacientes tratados ambulatoriamente e 20% internados. A taxa de mortalidade nos pacientes ambulatoriais costuma ser ≤ 5%, enquanto a de pacientes hospitalizados pode variar cerca de 12 a 40%, dependendo de o tratamento ser administrado dentro ou fora da unidade de terapia intensiva (UTI).Nos Estados Unidos, a PAC é a principal causa de morte por infecção entre pacientes com idade > 65 anos. Fatores de risco para PAC: alcoolismo, asma, imunossupressão, institucionalização e idade maior ou igual a 70 anos. Em idosos, fatores como redução dos reflexos da tosse e vomito e redução de respostas de anticorpos e receptores semelhante ao Toll aumentam a probabilidade de pneumonia. Fatores de risco para pneumonia pneumocócica: demência, distúrbios convulsivos, insuficiência cardíaca, doença vascular encefálica, alcoolismo, tabagismo, DPOC e HIV. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pode ser uma apresentação indolente ou fulminante e sua gravidade varia de leve a casos fatais. Frequentemente ocorre febre, taquipneia, calafrios e/ou sudorese. A tosse pode ser seca ou produtiva com escarro mucoide, purulento ou sanguinolento. A hemoptise fraca é sugestiva de MRSA-AC. Dependendo da gravidade, o paciente pode ser capaz de pronunciar frases inteiras ou apresentar dispneia grave. Se tiver acometimento da pleura, o paciente pode referir dor torácica pleurítica. Até 20% dos pacientes apresentam queixas gastrointestinais como náuseas, vômitos e/ou diarreia. Outros sintomas incluem fadiga, cefaleia, mialgias e artralgias. No EF é comum observar aumento da FR e utilização dos músculos acessórios para a respiração. A palpação pode detectar acentuação ou atenuação do frêmito toracovocal, e a percussão evidencia submacicez e macicez, que refletem a condensação pulmonar ou liquido pleural subjacente. A ausculta detecta estertores, sopros brônquicos e atrito pleural. Em idosos, inicialmente apresentam confusão mental de inicio súbito ou agravada e poucos sinais clínicos adicionais. Os mais graves apresentam choque séptico e indicio de falência dos órgãos. Complicações cardíacas ao aumento da inflamação e da atividade pró-coagulante: infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva ICC e arritmias, principalmente em idosos. DIAGNÓSTICO É evidenciado com base nos exames clínicos e radiográficos, enquanto a etiologia depende de técnicas laboratoriais complementares. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: o diagnostico diferencial inclui os distúrbios infecciosos e não infecciosos, como bronquite aguda, exacerbações agudas da bronquite crônica, insuficiência cardíaca, embolia pulonar, pneumonite de hipersensibilidade e pneumonite pós- radiação. Assim, a história detalhada tem importância fundamental. A radiografia é necessária para ajudar a diferenciar entre PAC e outros distúrbios, podendo até sugerirem o diagnostico etiológico. Exemplo, pneumatoceles indicam S. aureus, enquanto lesões cavitárias nos lobos superiores sugerem tuberculose. A TC pode ser útil nos casos suspeitos de pneumonia obstrutiva causada por tumor ou corpo estranho ou suspeita de doença cavitária. DIAGNÓSTICO ETILÓGICO: a identificação de um patógeno inesperado pode restringir o uso do esquema empírico inicial, reduzir pressão seletiva dos antibióticos e diminuir o risco de resistência. Sem culturas e testes de sensibilidade, não é possível acompanhar cuidadosamente. Coloração de gram e cultura de escarro: confirmar que uma amostra é apropriada para cultura, podendo identificar alguns patógenos (S. pneumoniae, S. aureus e bactérias gram-negativas) por seu aspecto característico. A amostra de escarro vai ser apropriada para cultura se contar mais que 25 neutrofilos e menos que 10 células epiteliais escamosas. Muitos pacientes, especialmente idosos, podem não conseguir fornecer amostras adequadas de escarro expectorado, podendo ser por desidratação. Hemoculturas: a positividade é decepcionantemente baixa, sendo apenas 5-14% dos pacientes hospitalizados com PAC positivas. As hemoculturas positivas para tal patógeno tem pouco ou nenhum efeito no desfecho clinico e são pouco sensíveis, assim, não são mais consideradas obrigatórias. Alguns pacientes de alto risco – incluindo aqueles com neutropenia secundária à pneumonia, asplenia, deficiências de complemento, doença hepática crônica ou PAC grave – devem fazer hemoculturas. Teste de Antígenos Urinários: existem dois testes para detectar antígenos pneumocócicos e de Legionella na urina. O de Legionella detecta apenas o sorotipo I, porem é muito sensível. O teste para o antígeno pneumocócico na urina também é muito sensível e especifico. Reação em cadeia da polimerase: são testes de PCR que amplificam o DNA ou RNA . O PCR de swabs de nasofaringe, por exemplo, se tornou o padrão para diagnóstico de infecções respiratórias virais. Além disso, a PCR pode detectar o ácido nucleico de espécies de Legionella, M. pneumoniae, C. pneumoniae e micobactérias. Sorologia: elevação de quatro vezes no título dos anticorpos IgM específicos entre as amostras de soro das fases aguda e de convalescença geralmente é considerada diagnóstica da infecção pelo patógeno em questão. São menos usados devido o tempo necessário, mas antigamente identificavam a Coxiella burnetti. Biomarcadores: Os dois mais comumente usados são a proteína C-reativa e a procalcitonina (PCT). Os níveis desses reagentes de fase aguda aumentam na presença de uma resposta inflamatória, particularmente com patógenos bacterianos. A proteína C-reativa pode ser útil na identificação de piora da doença ou falha do tratamento, e a PCT pode ajudar para diferenciar entre infecções bacterianas e virais e determinar a necessidade de terapia antibacteriana, ou ainda para decidir quando suspender o tratamento. Tratamento da PAC Existem dois critérios para avaliar os desfechos desfavoráveis da doença: Índice de Gravidade da Pneumonia IGP, um modelo prognóstico utilizado para identificar pacientes com risco baixo de morte, e os critérios do CURB-65, que avaliam a gravidade da doença. IGP: o medico atribui pontos a 20 variáveis, inclusive idade, doenças coexistentes e anormalidades do exame físico e das analises laboratoriais. Com base no escore resultante, os pacientes são classificados em 5 grupos com as seguintes taxas de mortalidade: G1 0,1%, G2 0,6%, o G3 2,8%, G4 8,2% e o G5 com 29,2%. Assim, do grupo 3 pra cima, os pacientes podem ser internados em unidades de observação até que se possa tomar novas decisões. CURB-65: inclui cinco variáveis como confusão, ureia > 7mmol/L, FR > ou igual 30/minuto, PAs menor ou igual a 90 e PAd menor ou igual a 60, e idade maior ou igual a 65 anos. Os pacientes com escore 0, entre os quais a taxa de mortalidade em 30 dias é de 1,5%, podem ser tratados ambulatorialmente. Com um escore de 1 ou 2, o paciente deve ser hospitalizado a menos que o escore seja totalmente ou em parte atribuível a uma idade ≥ 65 anos. Em tais casos, a hospitalização pode não ser necessária. Entre os pacientes com escores ≥ 3, a taxa de mortalidade global é de 22% e esses indivíduos podem necessitar de internação em UTI. Choque séptico ou a insuficiência respiratória no setor de emergência são indicações óbvias para cuidados em UTI. Porém, as taxas de mortalidade são maiores em pacientes menos doentes internados em enfermaria geral e que depois pioram do que em pacientes igualmente enfermos monitorados na UTI. RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS S. PNEUMONIAE: a resistência dos pneumococos é adquirida por incorporação e remodelação direta do DNA resultante do contato com outras bactérias comensais orais muito semelhantes, pelo processo de transformação natural ou mutação de alguns genes. A resistência à penicilina pareceu estabilizar-se, mesmo antes da alteração dos limiares da concentração inibitória mínima. A resistência dos pneumococos aos antibióticos β-lactâmicos é atribuída unicamente à baixa afinidade das proteínas ligadoras de penicilina. Os fatores de risco para infecção por pneumococos resistentes à penicilina incluem tratamentoantibiótico recente, idade < 2 anos ou > 65 anos, frequentar creche com regularidade, internação hospitalar recente e infecção por HIV. A resistência aos macrolídeos vem aumentando por diferentes mecanismos genéticos. Ocorre resistência dos pneumococos ás fluoroquinolonas. As cepas resistentes aos fármacos de três ou mais classes de antimicrobianos com mecanismos de ação diferentes são consideradas MDR. M. PNEUMONIAE: a resistência aos macrolídeos está aumentando como resultado de mutação em sitio de ligação no domínio V do rRNA 23S. MRSA-AC: são adquiridas direta ou indiretamente pelo contato com os serviços de saúde, e também em alguns hospitais. Tem-se a resistência do S. aureus á meticilina por um gene que codifica a resistência aos antibióticos b-lactâmicos BACILOS GRAM-NEGATIVOS: resistência ás fluoroquinolonas entre as cepas de Escherichia coli está aumentando. As enterobacters são resistentes ás cefalosporinas. TRATAMENTO ANTIBIÓTICO INICIAL Como o medico quase nunca reconhece a etiologia da PAC antes de iniciar o tratamento, o esquema antibiótico inicial é empírico e tem como proposito cobrir os patógenos mais prováveis. A cobertura para patógenos atípicos oferecida pelo acréscimo de um macrolídeo a um β-lactâmico ou pelo uso isolado de uma fluoroquinolona foi associada claramente à redução expressiva das taxas de mortalidade, quando comparadas com os pacientes tratados apenas com β-lactâmicos. Para a PAC grave, dos dados mostram os benefícios da inclusão de um macrolídeo, como a redução da mortalidade. Se houver preocupação em relação à resistência a macrolídeos, se o paciente estiver bem sob outros aspectos e não tiver recebido antibióticos recentemente, e se a taxa de resistência local à doxiciclina entre os isolados de pneumococos for < 25%, a doxiciclina deve ser usada em vez da monoterapia com macrolídeo. Caso contrário, deve-se usar uma fluoroquinolona, ou um β-lactâmico mais um macrolídeo. A ceftarolina é superior à ceftriaxona como componente β-lactâmico do tratamento intravenoso (IV) empírico da PAC em pacientes hospitalizados na classe de risco PORT III ou IV sem uso recente de antibióticos. As taxas de resposta clínica em pacientes infectados com S. pneumoniae ou S. aureus também favoreceram a ceftarolina. Nos pacientes com PAC internados em UTI, o risco de infecção por P. aeruginosa ou MRSA-AC é maior. A cobertura empírica deve ser considerada quando um paciente tem fatores de risco ou quando a coloração de Gram for sugestiva desses patógenos. Se houver suspeita de MRSA-AC, pode-se acrescentar linezolida ou vancomicina – com ou sem clindamicina para inibir a produção de toxinas – ao regime empírico inicial. Embora tradicionalmente os pacientes hospitalizados sejam tratados inicialmente com antibióticos IV, alguns fármacos – principalmente as fluoroquinolonas – são muito bem absorvidos e podem ser administrados por via oral desde o início em determinados pacientes. Para os pacientes tratados inicialmente com antibióticos IV, a substituição pelos fármacos orais é adequada, contanto que eles possam ingerir e absorver os antibióticos, estejam hemodinamicamente estáveis e mostrem melhora clínica. MEDIDAS ADJUNTAS Hidratação adequada, Oxigenoterapia para hipoxemia, vasopressores e ventilação assistida quando necessária são fundamentais para um tratamento bem-sucedido. INEXISTÊNCIA DE MELHORA Os pacientes que demoram a responder ao tratamento devem ser reavaliados em torno do terceiro dia. Alguns distúrbios não infecciosos podem simular pneumonia, inclusive edema ou embolia pulmonar, carcinoma do pulmão, pneumonites pós- radiação e de hipersensibilidade e doenças do tecido conectivo com acometimento dos pulmões. O patógeno pode ser resistente ao antibiótico escolhido ou um foco sequestrado (p. ex., abscesso pulmonar ou empiema) pode estar impedindo o acesso do(s) fármaco(s) ao patógeno. O paciente pode estar piorando porque o fármaco, a dose ou a frequência de administração estão incorretos. Também pode acontecer de a PAC ser o diagnóstico certo, mas o agente etiológico ser um patógeno diferente. As superinfecções nosocomiais – pulmonares e extrapulmonares – são explicações plausíveis para a falta de melhora ou o agravamento em um paciente hospitalizado. COMPLICAÇÕES Insuficiência cardíaca respiratória, choque e falência de múltiplos órgãos, coagulopatia, exacerbações das comorbidades existentes, infecções metastáticas, abscesso pulmonar (associado à espirações) e derrame pleural complicado. Em geral, a pneumonia por aspiração é uma infecção polimicrobiana causada por aeróbios e anaeróbios. ACOMPANHAMENTO Febre e a leucocitose regridem em 2 a 4 dias nos indivíduos com PAC e saudáveis sob outros aspectos, mas as anormalidades do exame físico podem persistir por mais tempo. As anormalidades das radiografias de tórax demoram mais a regredir e podem necessitar de 4 a 12 semanas para desaparecer, com a rapidez de regressão dependendo da idade do paciente e da doença pulmonar subjacente. Os pacientes podem ser liberados do hospital quando suas condições clínicas, incluindo comorbidades, estiverem estáveis. PROGNÓSTICO Dependa da idade do paciente, das suas comorbidades e do local em que o tratamento é efetuado (ambulatório ou hospital). Os pacientes jovens sem comorbidades evoluem bem e, em geral, recuperam-se por completo depois de aproximadamente 2 semanas. Os pacientes idosos e os que apresentam comorbidades podem demorar várias semanas ou mais para se recuperarem totalmente. A taxa de mortalidade geral da população ambulatorial é < 5%. Para os pacientes que necessitam de hospitalização, as taxas gerais de mortalidade variam entre 2 e 40%. PREVENÇÃO A medida profilática é a vacinação para influenza e pneumococos. Classificação Anatômica das Pneumonias Pneumonia lobar – disseminação uniforme nos lobos. Ocorre edema e vasodilatação. Ocorre o processo de hepatização (fica mais solido) e vermelho, por causa da vasodilatação (vermelho) e o extravasamento ocupa os alvéolos. Depois se tem a hepatização cinzenta, pois a vasodilatação cessa. Pneumonia lobular ou broncopneumonia – acontece em focos e pode ser multifocal, tendo o mesmo aspecto da pneumonia lobar. Pneumonia Intersticial – acomete o interstício. Ocorre edema dos septos alveolares, infiltrado mononuclear (macrófago e linfócito) e dano alveolar com formação de membrana hialina. Pneumonias Bacterianas Pneumonia Pneumocócica – Streptococcus pneumoniae (pneumococo), sendo um diplococo gram + e comete 90% das pneumonias lobares. Afeta mais homens entre 30-50 anos. A complicação é um dano alveolar difuso. Morfologia: lobar ou broncopneumonia Pneumonia por Klebsiela – Klebsiela pneumoniae, um gram negativo encapsulado. Acometa alcoolatras com higiene oral precária. Forma aguda é lobar e a crônica forma abscessos e bronquiectasias Pneumonia por Legionella – é epidêmica, esporádica ou em imunossuprimidos. Pode ser lobar ou broncopneumonia e fibrino-purulenta. Pneumonia Estafilocócica – Stafiloccocus aureus. Ocorre focos de hemorragia e formação de abscessos. Observa-se invasão da pleura (empiema). É precedida por quadro viral ou septicemia. É manifestada com inicio abrupto de tosse, dor pleural e febre. Pneumonia por Haemophilus influenza – geralmente precedido por infecção vrial, forma abscessos, pode ser lobar ou broncopneumonia Pneumonia por Pseudomonas – são bacilos gram negativos que acometem pacientes com doenças pulmonares crônicas, queimados, imunossuprimidos ou oncológicos. É hemorrágica e multifocal. Pneumonias Virais Herpes Simplex – comprometimento focal, nodular ou confluente do interstício. Ocorre necrose dos bronquíolos (broncopneumonia). Contagio no primeirocontato com as lesões ativas da herpes 2. Ocorrem inclusões intranucleares tipo Cawdry A (núcleo muda a forma). Citomegalovírus – aumento do volume das células infectadas, inclusões nucleares (centrais, vermelho purpura e halo claro). Podem acontecer inclusões citoplasmáticas (granulações grosseiras e basofilicas). Outras – influenza, varicela/zoster e adenovírus. Pneumonias Fúngicas Aspergilus – hifas longas, finas, septadas e dicotomizam em ângulos agudos. Demonstra infarto hemorrágico, infiltrado inflamatório escasso e invasão fúngica de casos e alvéolos. Candida – pode ser hematogênica (forma nódulos, necrose e pseudo-hifas com gemulações) ou aspirativa (broncopneumonia e abscessos). Cryptococcus neoformans – infecções profundas em imunossuprimidos, ocorrendo por disseminação. Forma necrose extensa associada a inflamação aguda e crônica. São fungos pequenos, redondos ou ovalados, circundados por capsula gelatinosa. Pneumocytis jiroveci – pneumonia de células plasmocitárias. Ocorre em imunossuprimidos (desnutrição, neoplasias malignas e HIV). Os alvéolos ficam preenchidos por material xantomizado. Septos adjacentes ficam alargados por infiltração monocnuclear. Histoplasma capsulatum – ocorre inalação de poeira infectada em geral por excreções de aves.