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5ª aula – Tema: Adolescência Desenvolvimento afetivo- emocional Leituras: PAPALIA; FELDMAN. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed. 12ª edição • Capítulo 12: Desenvolvimento psicossocial na adolescência p. 422-427; 444-448 ERIKSON, E. Identidade, juventude e crise • Capítulo 3: O ciclo vital: epigênese da identidade p. 128-136 PAPALIA E FELDMAN - Introdução do capítulo 12 Este rosto no espelho que me fita a perguntar Quem é você? Em que se transformará? E, zombeteiro, Nem você sabe. Repreendido, encolho-me e concordo e então, porque ainda sou jovem, mostro-lhe a língua. Eve Merrian, Conversation with Myself, 1964. • ABERASTURY, Arminda; KNOBEL, Mauricio. Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre: Artmed, 1981. • Arminda Aberastury: a marca característica da puberdade é a necessidade de entrar no mundo adulto • Entrar no mundo dos adultos – desejado e temido – significa para o adolescente a perda definitiva de sua condição de criança – O jovem se sente atemorizado e ao mesmo tempo impulsionado pelas novas forças internas; ele pode então • refugiar-se em seu mundo interior • buscar, desesperadamente, inserir-se no mundo externo • Além do medo do que é novo, o adolescente deve elaborar a perda do mundo infantil (no qual se refugia de forma nostálgica nos momentos de dificuldade) – Luto pelo corpo infantil – Luto pela identidade e papel infantil – Luto pelos pais da infância Identidade como tarefa do adolescente – autoafirmação e rebeldia • De acordo com Mauricio Knobel, a adolescência é marcada pela passagem de uma identidade reconhecida para uma identidade assumida – Consiste em conquistar um lugar para desenvolver-se como pessoa – Este lugar deve ser descoberto e apropriado pelo adolescente: a partir da sua consciência como sujeito de sua atividade • A formação da identidade na adolescência realiza-se a partir das identificações infantis – As identificações com os pais mantêm seu significado e, a elas, são acrescentadas identificações com figuras ideais, com amigos, grupos religiosos ou políticos, com determinada classe social ou subcultura... e até inimigos • A desorientação própria do adolescente está ligada à busca de modelos para o seu processo de identidade – O adolescente pretende ser o que ainda não é e não admite ser o que ainda é • Joel Zac: explica a formação da identidade adolescente utilizando o termo uniformidade, que se verifica no vestir, falar, gesticular... dos grupos de adolescentes – Esse comportamento (uniformidade) supõe a fantasia comum entre os membros do grupo de que • “é preferível dissolver minha identidade pessoal na identidade grupal do que não ter identidade alguma” • “entre todos podemos construir pelo menos uma identidade” • O adolescente recorre à busca de uniformidade como comportamento defensivo • Porque o grupo pode dar-lhe segurança e estima pessoal • Este processo pode ser tão intenso que parece impossível separar o adolescente do grupo • Ele pertence ao grupo • Inclina-se aos modismos, costumes e regras • Recusa o que vem da família • Com esse comportamento ele adia a formação da sua individualidade • A rebeldia tem por finalidade fazer com que o adolescente deixe de ser considerado criança e que o ajudem a separar-se – Ele destaca aspectos negativos da imagem e do vínculo com os pais para poder afastar-se deles sem sentir culpa de deixar algo valioso • Com o despertar da personalidade, o adolescente toma consciência de ser alguém diferente dos demais • A elaboração da identidade pessoal implica conseguir um equilíbrio entre – a tendência a diferenciar-se, discriminar-se, separar-se dos demais – e a tendência a ser aceito, assemelhar-se a, igualar-se a • Atitudes familiares que aumentam as formas indesejadas de rebeldia – Pais que negam o desenvolvimento de seus filhos – Pais que fazem uso arbitrário, abusivo de sua autoridade – Pais que não exercem autoridade Leituras: PAPALIA; FELDMAN. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed. 12ª edição • Capítulo 12: Desenvolvimento psicossocial na adolescência p. 422-427; 444-448 ERIKSON, E. Identidade, juventude e crise • Capítulo 3: O ciclo vital: epigênese da identidade p. 128-136 Erik Erikson • A principal tarefa da adolescência é confrontar a crise de identidade X confusão de identidade ou confusão de papel • De modo a tornar-se um adulto singular com uma percepção coerente do self e com um papel valorizado na sociedade • A identidade forma-se quando o jovem resolve três questões importantes – O desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória • IDENTIDADE SEXUAL – A adoção de valores sob os quais viver • IDENTIDADE IDEOLÓGICA – A escolha de uma ocupação • IDENTIDADE PROFISSIONAL • Ou seja, basicamente: quem eu sou, em que mundo quero viver, fazendo o quê • Os adolescentes não formam sua identidade tomando outras pessoas como modelo (como fazem as crianças), – eles modificam e sintetizam identificações anteriores para formar “uma nova estrutura psicológica, maior do que a soma de suas partes” • Para formar sua identidade, os adolescentes devem afirmar e organizar suas habilidades, necessidades, interesses, desejos para que possam ser expressados em um contexto social, ou seja, devem apresentar crise e comprometimento • A identidade forma-se pela resolução de três questões importantes: – a escolha de uma ocupação (identidade profissional) – a adoção de valores nos quais acreditar e segundo os quais viver (identidade ideológica-política-religiosa) – o desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória (identidade sexual) • A aquisição da identidade profissional – A realização profissional é o que dará ao jovem a capacidade de sentir-se membro ativo e produtivo dentro do grupo social • A definição ideológica – O adolescente, em permanente reconstrução interna, deve acompanhar a reconstrução do mundo e posicionar-se • A identidade sexual é a definição genital de seu papel – A segurança do papel sexual assumido é o que permitirá ao jovem estabelecer os comprometimentos característicos das etapas seguintes. – É estando seguro do que se é, que se pode finalmente buscar a relação com o outro sem contaminações • o outro não é mais visto em relações projetivas, como extensão do eu; • mas como um outro com quem se relacionar. • Pode-se até suportar as diferenças, entendê-las e conviver com elas, pois que as divergências já não mais ameaçam os próprios valores, seguro que está o sujeito por suas aquisições • Erikson apresenta a ideia de moratória social – Um período de adiamento permitindo que os jovens busquem compromissos (escolhas) aos quais possam ser fieis • Os adolescentes que resolvem essa crise satisfatoriamente desenvolvem a virtude da fidelidade • Fidelidade pode ser entendida como – Lealdade constante, um sentimento de integração com uma pessoa amada, com um amigo e companheiros – Identificação com um conjunto de valores, uma ideologia, uma religião, um movimento político... • Fidelidade é uma extensão da CONFIANÇA – Na primeira infância é importante que a confiança supere a desconfiança – Na adolescência torna-se importante que a própria pessoa seja confiável • O principal perigo desse estágio é a confusão de identidade ou de papel – Que pode atrasar consideravelmente a maturidade psicológica – Algum grau de confusão de identidade é normal • A confusão é responsável pela natureza aparentemente caótica de grande parte dos comportamentos dos adolescentes e pela penosa autoconsciência deles • Grupos fechados (as panelinhas), intolerância com as diferenças, regressão à infantilidade SÃO DEFESAS CONTRA A CONFUSÃO DE IDENTIDADE • A vitória desta etapa de formação da identidade é deixar o sentimento básico de que “eu sou” Marcia: Estados de Identidade • Estados de identidade é um termo utilizado por James Marcia para os estágiosde desenvolvimento do ego e que dependem da presença ou ausência de crise e compromisso • Crise = período de tomada consciente de decisões (período de vivências para fazer uma escolha) • Comprometimento = investimento pessoal (fazer escolha após um período de vivência) • Marcia distinguiu 4 tipos de estado de identidade – Realização – Execução – Moratória – Difusão • Realização de identidade - É a crise que leva ao compromisso • Execução de identidade – Compromisso sem crise • Moratória de identidade – Crise sem ainda haver compromisso • Difusão de identidade – Não há crise nem compromisso • Conquista de Identidade (crise que leva ao comprometimento): as pessoas nessa categoria são mais maduras e mais competentes nos relacionamentos do que as pessoas que estão nas outras categorias. O jovem está comprometido com escolhas feitas após uma crise, período em que se exploram alternativas • Pré-fechamento (comprometimento sem crise): o jovem não dedicou tempo para a consideração de alternativas (ou seja, não passou por uma crise) está comprometido com os planos de outra pessoa para sua vida • Moratória (crise sem ainda haver comprometimento): o jovem está considerando alternativas (está em crise) e pode rumar para o comprometimento • Difusão de identidade (nenhum comprometimento, nenhuma crise): o jovem não apresenta considerações de alternativas nem comprometimento. Algumas pessoas nessa categoria tornam-se errantes sem objetivos. Tendem a ser infelizes e, muitas vezes, são solitárias, porque têm apenas relacionamentos superficiais Critérios para os Estados de Identidade Estado de Identidade Crise (período de consideração das alternativas) Comprometimento (adesão a uma ação) Conquistade Identidade Resolvida Presente Pré-fechamento Ausente Presente Moratória Em crise Ausente Confusão de identidade Ausente Ausente • RAPPAPORT, FIORI, DAVIS. Teorias do desenvolvimento – conceitos fundamentais. Vol 1. p. 45 Cap. 2 – Modelo psicanalítico Item – 2.7.5 Fase genital Contribuições teóricas para a compreensão da adolescência • Freud: “adolescência” é a época em que acontece um aumento da pressão pulsional que rompe o equilíbrio do período de latência – Com isto tem início o último estágio de desenvolvimento da sexualidade: o genital • Alcançar a fase genital, segundo Freud, significa atingir o pleno desenvolvimento do adulto normal • É ser, finalmente, a pessoa que começou a se fazer desde o nascimento: – As adaptações biológicas e psicológicas aconteceram – Aprendeu a amar – Discriminou seu papel sexual – Desenvolveu-se intelectual e socialmente • AGORA É HORA DE REALIZAÇÕES: AMAR E TRABALHAR – É capaz de amar num sentido genital amplo – É capaz de definir um vínculo heterossexual significativo e duradouro – Sua capacidade orgástica é plena, e o prazer dela oriundo será componente fundamental de sua capacidade de amar – A genitalidade se expressará num sentido amplo • Poderá gerar vida e os filhos serão fonte de prazer • Sublimará e será capaz de trabalhar e produzir • Produzir (é sublimação do gerar) – Obra social – derivada da genitalidade – Filiações significativas: profissão, política; religião etc. » São sublimações da sua capacidade de amar, de estabelecer um vínculo maduro nas relações naturais homem-mulher